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O empresário Josué Gomes da Silva está no epicentro de um contencioso que promete dar muito pano para manga. Minoritários da Companhia Tecidos Santanense, controlada indiretamente pela Coteminas por meio da Oxford Comércio e Participações, entraram com uma representação na CVM contra a companhia. Josué e demais acionistas do grupo têxtil são acusados de abuso de poder de controle e de deliberadamente sugar recursos do seu caixa para a própria holding da família.
Ao longo de 2017, a Santanense emprestou para a Coteminas cerca de R$ 71 milhões – no total, os créditos contra a controladora somam hoje R$ 107 milhões. Tamanha generosidade com a empresa-mãe tem custado caro à tecelagem. Em vez de amortizar o próprio passivo, a Santanense viu sua dívida líquida subir de R$ 138 milhões para R$ 177 milhões no ano passado. Pior: segundo o RR apurou, a empresa teria captado recursos no mercado a 160% do CDI e feito empréstimos à Coteminas cobrando 120% do CDI.
Na visão dos minoritários, é como se a Santanense tivesse virado uma espécie de agência de fomento particular da holding, à custa do próprio caixa. Para os minoritários da Santanense, a gota d ´água veio no mês passado. Em reunião realizada no dia 23 de março, o Conselho de Administração da companhia, presidido por Josué Gomes da Silva, aprovou a aquisição da Tropical Agroparticipações S/A pelo valor de R$ 175 milhões. A Tropical, cujo único ativo é uma fazenda de 31 mil hectares no Piauí, pertence ao próprio Josué e a outras empresas da família.
A companhia foi fundada há pouco mais de um ano – 25 de janeiro de 2017. No dia 28 de março, foi a vez do board da Coteminas se reunir e autorizar a venda da Tropical para a Santanense. Mais uma vez, os herdeiros de José Alencar tiraram de uma mão e passaram para a outra, “socializando” a conta com os minoritários da subsidiária. Procuradas, Coteminas, Santanense e CVM não quiseram se pronunciar.
A cifra a ser paga pela Tropical – baseada em laudo de avaliação da Mercatto Assessoria – equivale a 63% de todo o patrimônio da Santanense, em torno dos R$ 263 milhões. Os investidores se perguntam se a companhia têxtil tem sangue suficiente para sobreviver às seguidas transfusões para a holding e seus controladores. Além disso, mesmo que o seu estatuto permita a exploração de propriedades rurais, ainda não está claro para os minoritários da Santanense o que a empresa fará com a fazenda, localizada na cidade de Baixa Grande do Ribeira, mais precisamente na Subida da Serra do Mico s/no.
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