A postura exemplar do comandante Pujol frente à crise brasileira

  • 1/06/2020
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Quem espera que o comandante do Exército seja sensível ao despautério de intervenção militar pode ir tirando o cavalo da chuva ou a baioneta das mãos. O general Edson Pujol veio quase que por encomenda para a atual circunstância, voltado a rever a demasiada exposição do Exército, uma marca do comando de seu antecessor, general Eduardo Villas Bôas. A gestão de Villas Bôas foi pontuada  por duas características. A primeira, o indiscutível espírito de chefia; a segunda, os excessos na comunicação. Há quem diga que não fosse a liderança de Villas Bôas, a coisa poderia ter degringolado. Ou seja: a democracia teria, no mínimo, trincado. “Não esperem um comandante como o Villas Bôas”.

De acordo com uma das fontes ouvidas pelo RR, a frase teria sido talhada pelo próprio general Pujol e compartilhada, em tom de confidência, entre os mais próximos. Foi como se, logo na partida, ele procurasse estabelecer diferenças em relação à gestão do antecessor no que diz respeito à comunicação da Força. Pujol vem tendo um comportamento impecável até agora. Até porque sabe que um deslize verbal, em um ambiente que o presidente da República fricciona as Forças Armadas, relembrando, de forma recorrente e inconsequente, a possibilidade de um golpe militar, exige um perfil baixo.

O comandante não irá a nenhum púlpito digital para fazer pregações dúbias. “Política é para políticos”, costuma dizer entre colegas do Alto Comando, segundo uma fonte. O RR tomou a temperatura de oficiais da ativa e da reserva. O general é um consenso para conter a agitação das vivandeiras hoje cada vez mais oriundas do próprio Executivo, buliçosas em se agarrar a uma anacrônica tradição de que tudo no Brasil acaba em golpe. A newsletter conseguiu extrair uma informação junto a um oficial próximo ao general Pujol.

Uma das raras preocupações que o comandante deixou escapar diz respeito à necessidade de pacificação federativa, um assunto extremamente sensível aos militares. Segundo a fonte, essa declaração seria o máximo da linha de corte dos pronunciamentos politizáveis de Pujol. “Para fora do meio militar, ele não diz uma vírgula”. Mas não se confunda um estilo contido de comando com omissão institucional. O general Pujol tem a tropa na mão e sabe como e para quem fala, sem que sejam necessários termos opacos e obscuros. É um exemplo de postura para o comandante em chefe das Forças Armadas.

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