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O presidente Michel Temer tornou-se adepto de um antigo pleito do setor de navegação e portos: a profissionalização da gestão da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), autoridade portuária de Santos. Desde que, é claro, ele faça os cargos centrais da diretoria. Segundo uma fonte do RR, a medida não passa de um subterfúgio para dissimular os desmandos praticados na companhia há quase duas décadas. O atual presidente da autoridade portuária, José Alexi Oliva, tem sentido cada vez mais o círculo fechar em torno da sua gestão.
A empresa tem o nome mencionado em extensos trechos de delações da Lava Jato. Estar hoje no comando da companhia sem abrir inquéritos administrativos é a mesma coisa que ser conivente com as operações pouco ortodoxas do passado. Consultada sobre as mudanças na direção, a Codesp não se pronunciou até o fechamento desta edição. Oliva faz parte de um seleto time de presidentes das Docas feitos sob a influência de Michel Temer: Marcelo Azeredo, Paulo Fernandez Carmo e Wagner Rossi.
O presidente, de acordo com a mesma fonte, quer mudar para que tudo continue como está. Ou seja: pretende deslocar a autoridade portuária e colocar um tampão naquela instância-marítima onde flutuam improbidades de toda ordem. Seu nome já está na boca do sapo, quer dizer do STF, que terá de apreciar o pedido da Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, para que seja autorizada investigação sobre as estranhas relações de Temer com a Codesp. Para o RR o assunto é velho, basta ver as edições de 21 e 22 de março de 2016 e 21 de março e 14 de setembro deste ano.
Temer aparece ligado às Docas paulistas em mais de mil citações no Google. Mesmo se fosse só a nata desse creme azedo, ela já seria esclarecedora. Basta ver os balanços da Codesp que, se não revelam repasses de propinas, explicitam estranhos passivos de operações pouco esclarecedoras. Os documentos das diversas administrações da companhia sobre o controle do mesmo grupo de interesse são comprovantes do que não fazer na gestão de uma empresa pública.
Durante esse período, a autoridade portuária não teve gestores independentes. Respondeu a ordens do oligopólio da marinha civil e da oligarquia dos governantes do país. Se forem buscados, não faltarão testemunhos para descortinar a quem serviu a autoridade portuária em Santos. Sobre os nomes das empresas que sofreram extorsão e as que usufruíram do butim, o RR pretende se manter em silêncio.
Eles estão repetidos em diversos e longos trechos nas delações premiadas. São grandes operadoras e políticos supracitados. Os números superam os R$ 3 bilhões. E muitos pagaram e não receberam a contrapartida pelo dinheiro que deram, tendo que engolir calados. Os delitos mais graves estão trancados em um cadeado com trinca de titânio. É mais fácil pressionar Eduardo Cunha para que inclua esses escândalos no seu “Almanaque de delação premiada”. Temer com certeza não dirá nada.
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