A lenta “higienização” do Itamaraty

  • 5/04/2021
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O novo chanceler, Carlos Alberto França, parece empenhado em descontaminar o Itamaraty do “vírus” Ernesto Araújo. Além da iminente saída do embaixador Otávio Brandelli da Secretaria Geral das Relações Exteriores, França prepara mudanças importantes no chamado núcleo acadêmico e formulador do Ministério. Segundo o RR apurou, a ideia seria trocar o comando do Instituto Rio Branco, responsável pela formação dos diplomatas brasileiros, e da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), o think thank do Itamaraty. Os cargos são ocupados, respectivamente pela embaixadora Maria Stela Pompeu Brasil Frota e pelo diplomata Roberto Goidanich, ambos indicados por Araújo. Procurado, o Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou.

Ernesto Araújo já vinha sofrendo forte pressão interna por mudanças nos dois postos, especialmente na Funag. A gestão de Roberto Goidanich tem sido duramente criticada por diplomatas puro sangue. Goidanich é visto no Itamaraty como um robô teleguiado por Olavo de Carvalho, alguém que transformou a Funag em um bunker ideológico e um difusor das ideias do “guru da Virgínia”. Blogueiros e militantes “olavistas” tornaram-se presenças constantes em seminários e palestras da Funag.

O Palácio do Planalto tem encontrado dificuldades para definir o destino do Ernesto Araújo. A ideia inicial de Jair Bolsonaro era nomeá-lo para uma embaixada de destaque. Trata-se, inclusive, de uma tradição do Itamaraty: quando cai, o ex-chanceler costuma ser designado para um posto diplomático de primeiro nível. No entanto, dificilmente o nome de Araújo seria aprovado pelo Senado. Dessa forma, outra solução cogitada é a indicação para um organismo multilateral. Há cargos vagos da cota brasileira na OEA e a OMC. Neste caso, a nomeação não precisaria passar pelo Senado. Ainda assim, não vai ser simples: o filme de Araújo está bem queimado nessas entidades.

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