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Contavam-se nos dedos as mesas ocupadas, na última terça-feira à noite, no restaurante Alloro, requintado estabelecimento gastronômico do Rio, localizado no térreo do Hotel Windsor Atlântica. No mesmo prédio, em outros idos, jorraram do alto cascatas de fogos iluminando o réveillon da cidade. Eram 20h10, um horário em que casas daquele gabarito começam a acender os fornos na cozinha.
Chamava a atenção na meia luz do ambiente o beija-mão que os raros presentes concediam a um casal jantando discretamente em uma mesa próxima à janela. As mesuras eram feitas em voz baixa. Evitavam declamar em bom som o nome do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves. A palavra de ordem podia ser entreouvida: “Nosso governador”. Alguns até iam mais fundo: “Se o Eduardo Paes vier candidato, vai ser uma lavada”.
Neves é filiado ao Partido Verde e substituiu o ex-prefeito Jorge Roberto Silveira como latifundiário da política no município fluminense. Entre um gole e outro na taça trans-lúcida, fazia um ligeiro aceno de mão. Ali no Alloro, de repente, não mais que de repente, a reputada culinária do norte da Itália tornou-se um detalhe.
A trufa do dia era o político jovial que todos pareciam saborear. A julgar pela adulação, um senhor candidato ao governo do mais desmilinguido estado do país. Em tempo: o último prefeito de Niterói que atravessou a Baía e assumiu o Palácio Guanabara foi Moreira Franco.
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