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O vazamento da Barragem da Pedra, que provocou severas inundações no sudoeste baiano, está arrastando a Eletrobras para um contencioso socioambiental de razoáveis proporções. Segundo uma fonte do Ministério Público Federal da Bahia, as primeiras investigações apontam negligência e graves falhas da Chesf, controlada da companhia, na operação de abertura das comportas do reservatório. O RR apurou que o MPF-BA deverá receber até amanhã relatórios técnicos e laudos periciais produzidos por diferentes entidades. De acordo com a mesma fonte, dados preliminares comprovam que o volume despejado na Bacia do Rio de Contas foi três vezes superior ao limite máximo permitido para evitar inundações, corroborando estimativa prévia do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Há indícios de que a Chesf não teria cumprido o protocolo de aumentar gradativamente o nível de vazão, saltando em apenas um dia de 1,2 mil metros cúbicos por segundo para 2,4 mil metros cúbicos por segundo. Consultado pelo RR, o MPF-BA não se manifestou. Também procurada, a Eletrobras não se pronunciou.
As investigações do Ministério Público deixam a holding Eletrobras em uma situação ainda mais delicada. Elas deverão embasar novos processos e pedidos de indenização contra a companhia. O governo da Bahia já saiu na frente: conforme o RR antecipou, entrou com uma ação civil pública cobrando da Chesf, sua subsidiária, cerca de R$ 100 milhões para cobrir os danos causados pela enchente. As inundações afetaram mais de 200 mil pessoas em 106 municípios baianos. O número de desabrigados e desalojados pela Defesa Civil passa dos 26 mil moradores. Além das eventuais sanções financeiras, o episódio afeta diretamente o capital reputacional da Eletrobras. Pouco mais de seis meses após a sua privatização, o vazamento e o consequente contencioso lançam dúvidas sobre as práticas ESG da companhia. O acidente joga foco nas demais estruturas similares da empresa: somando-se todas as suas subsidiárias, a Eletrobras tem 33 barragens de hidrelétricas.
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