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Na noite de sexta-feira, no Rio, por volta de 21 horas, o restaurante Gero espocava de jovens financistas, celebridades e noveaux riches. Em meio ao frenesi e afetação, os comensais dispostos em uma mesa localizada à direita do generoso bar se destacavam pela extrema discrição. Os dois senhores de avançada idade, acompanhados de duas moças, falavam baixo e com gestos contidos.
O mais idoso vestia uma espécie de colete de nylon, desses usados em competições esportivas. Um senhor vistoso, distinto, que lá ficou sem que ninguém se apercebesse de quem se tratava. O RR rastreou o poder imanente e se manteve em alerta. A certa altura, o senhor se levantou com seus acompanhantes. Caminhou até a porta. O RR pensou em uma abordagem sorrateira, como de praxe.
O senhor virou-se, com instinto felino, e mirou com os olhos claros o jornalista indeciso. Era o ex-banqueiro e acionista da Embraer, Julio Bozano, a lenda. Dono de uma das maiores fortunas do país, estimada em R$ 5,5 bilhões, Bozano criou o mais emblemático banco de investimentos brasileiro em uma época em que Jorge Paulo Lemann ainda engatinhava. Quando saiu de cena, cobriu-se com o manto da elegância e do silêncio absoluto. A newsletter, normalmente intrusona, recuou em prudente atitude de respeito. Quem sabe em outra vez. São raros esses tipos, mas alguns personagens mitológicos merecem ser bem guardados. Até mesmo pelo RR.
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