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Lula cria círculo contra o cubismo da economia

  • 20/06/2013
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Há uma versão cabocla do Círculo de Bloomsbury se reunindo periodicamente em salas reservadas de hotéis alternados, em São Paulo. Não, esse círculo climatizado, bem abrasileirado, não se caracteriza pela predominância de intelectuais e artistas. Para início de conversa, quem domina o grupo é o ex-presidente Lula, que está mimetizando o slogan do “paz e amor” para “Lulinha inflação e câmbio” – preços mais baixos, é claro, e um dólar mais perto do câmbio de equilíbrio. Nos lugares do poeta Lytton Strachey e da escritora Virgínia Woolf, integrantes do Círculo britânico, estão Paulo Okamoto e Antônio Palocci. Sim, Palocci voltou ao centro da articulação política da economia – se é que um dia chegou a sair inteiramente. O “Bloomsbury do PT” tem se dedicado ao acompanhamento e a discussões sobre a conjuntura, sob o comando de Lula, cada vez mais enfurnado nas questões econômicas. O ex-presidente tem a intuição dos adivinhos. Estaria captando que determinados esgarçamentos da economia não seriam resultado direto de falhas de gestão, comunicação ou formulação, mas, sim, de um incômodo com a agenda do governo. Neste caso, a infraestrutura seria um exemplo paradigmático. Os empresários todos querem a modernização, mas, ao mesmo tempo, são agentes do atraso, obstrutores do processo, pois temem serem desalojados desse arranjo de ocupação histórica do setor. O embate pela taxa de retorno, ampliação de incentivos e captura do Estado seriam alguns desses pontos. Lula entendeu que a mão da regulação que afaga é a mesma que bate, e tudo a um só tempo. O Bloomsbury caboclo foi se alastrando. Tem o seu Maynard Keynes – bem mais gordo, diga-se de passagem, porém com o mesmo humor sardônico. O ex-ministro Delfim Netto tornou-se o mais combativo, operante e preparado assessor econômico pessoal de Lula, do governo e – por que não dizer? – do PT. Desde março, foram incorporados também os ministros Aloizio Mercadante e Guido Mantega. Ambos participaram de um desses almoços na semana passada – ver RR edição nº 4.642 -, quando foi discutida a provável ideologização de medidas necessárias pelo governo na área macroeconômica. O que precisa ser feito tanto pode ser interpretado como pragmatismo quanto uma guinada a  direita, na qual o governo negaria a si próprio e adotaria o modelo de gestão da oposição. Os cavalheiros do Círculo do PT concordam que a ênfase deve ser dada aos aspectos microeconômicos. A ourivesaria dessas medidas pode ser feita fora da luz dos grupos de interesse, destrutivos patológicos, mídia engajada e outros que pré-julgam ou interpretam negativamente não o resultado, mas o processo. Dilma participou de um almoço. A presidente tem convicções fortes, algumas delas na mão inversa do que pensa o grupo. Lula levou recentemente um pedido do pequeno staff informal: que Dilma concentre todos os esforços do aparelho de Estado para não deixar que atrase nenhum, nenhunzinho, dos leilões de concessões previstos para os quatro últimos meses do ano. Parece prosaico, mas vai fazer para ver se é mole… O ex-pau de arara Lula enxerga através das xícaras de porcelana usadas por aqueles engalanados de Bloomsbury no seu chá das cinco. Talvez tenha que ser ele a dar o norte

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