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Cemig lidera uma inconfidência energética

  • 30/01/2013
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A decisão da Cemig de recusar o modelo de renovação das licenças do setor elétrico proposto pelo governo federal foi apenas o primeiro ato de conjuração. A “Inconfidência Mineira” irá além da não-adesão ao plano de concessões e de redução de tarifas. Ainda que por vias transversas, a Cemig passará a adotar uma postura mais estatizante do que nunca, aumentando em centenas de volts sua já agressiva política de aquisições. O que está sobre a mesa é uma guinada estratégica na companhia. Antonio Anastasia pretende consolidar a Cemig como uma grande holding integrada da área de energia. Além dos negócios em geração, distribuição e transmissão, o projeto prevê o avanço da estatal na distribuição de gás e até mesmo a entrada em exploração e produção de petróleo. A mudança estratégica já vinha sendo alinhavada por Anastasia desde o ano passado. No entanto, o novo modelo de renovação das concessões e seu impacto sobre a empresa acabaram servindo como um dínamo. Até porque, ao não aceitar o plano de prorrogação das licenças, o governo mineiro passou a ter um estímulo natural para diversificar as áreas de atuação da companhia e criar essa espécie de “Cemigão”. Com a contenção dos investimentos em geração, automaticamente a empresa terá um reforço de caixa que não estava no script. Há ainda uma motivação de caráter eleitoral, não tão explícita, mas facilmente identificada por aqueles que enxergam através das lentes do interesse político. A diversificação dos negócios, notadamente na área de gás, evitará um corte maior do volume de contratos com construtoras, compensando a redução dos investimentos em geração. Para quem tem pretensões eleitorais – casos de Antonio Anastasia no âmbito regional e de Aécio Neves numa escala bem maior – a suspensão dos empenhos e contratos com fornecedores do primeiro time é contra-indicada em qualquer bula. Até as pedras sabem que as empresas de construção civil estão entre as maiores doadoras de campanha. O plano de diversificação da Cemig prioriza sua presença no segmento de gás natural. Após a compra de 40% da Gas Brasiliano, as baterias estão voltadas na direção da Comgás e da concessionária do Espírito Santo. Em ambos os casos, são tratativas complexas. Em relação a  Comgás, a Cemig precisa alinhavar um acordo com Rubens Ometto, que assumiu recentemente o controle da companhia. A estatal, no entanto, acredita ter moeda de troca: oferecer a Ometto participação em negócios do setor elétrico. No Espírito Santo, por sua vez, a associação com a concessionária local depende de um duplo acordo. Além da anuência do poder concedente – leiase o governo capixaba, nas mãos de Renato Casagrande, do PSB -, o tucano Anastasia terá de acertar os ponteiros com o PT na esfera federal, uma vez que o controle integral da empresa pertence a  BR Distribuidora. Não obstante essa encruzilhada política, dois pontos podem jogar a favor da Cemig. Um deles é o clima de dissenso entre o governo capixaba e a BR, que teria diminuído os investimentos na distribuidora – ver RR edição nº 4.423. Ao mesmo tempo, obrigada a fazer caixa, a Petrobras está reavaliando seus negócios em outras áreas e deverá reduzir sua participação em distribuidoras de gás. Procuradas, Cemig, Comgás e o governo do Espírito Santo não se pronunciaram. Já a BR informou que está investindo na distribuição de gás no estado e desconhece a operação.

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