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Acervo RR
O banqueiro André Esteves atravessou o dia de ontem ainda mais irrequieto do que de costume. Quem conhece Esteves sabe que isso quer dizer, no mínimo, trepidante. O motivo de tanta excitação não é tão óbvio quanto parece, ou seja, a derrubada da ação do BTG Pactual na Bovespa. O frenesi deve-se ao prenúncio de mais uma tarefa épica: levar seu banco de investimento a figurar no top five das maiores instituições financeiras privadas antes do final da década. Hoje, este é um panteão restrito a bancos comerciais. Para uma missão colossal como essa, somente um parceiro igualmente colossal. A disposição manifesta do Banco do Brasil em criar um braço atacadista bifronte para concorrer com os grandes do mercado, na visão de Esteves, é uma correspondência acordada, recebida e aceita. Tamborilando seus dedos sobre o joelho e empurrando a cadeira para a frente e para trás, o hipertímico banqueiro idealiza os passos do porvir. O BTG Pactual teria, por exemplo, 51% – ou, no mínimo, 50% – de um futuro “BBTG”.A nova placa operando conjuntamente com o BTG se tornaria imbatível em um mercado no qual as instituições nacionais já fazem frente a banca estrangeira. Para Esteves, o “BBTG” teria mil e uma utilidades. Uma delas seria fechar o cerco na área financeira do governo. O BTG já é sócio da Caixa Econômica Federal no PanAmericano, que funciona como uma espécie de “ação entre amigos” feita pelo banqueiro. a€ guisa de blague, só faltaria o BTG tornar-se sócio do BNDES. Nos seus frenéticos devaneios, Esteves bem poderia estar pensando: depois do “BBTG”, compraremos, finalmente, o UBS. No comando desse banco idílico, um perfil sob medida seria o do sócio Pérsio Arida. Aliás, não custa reparar que Arida parou de participar das tertúlias dos mosqueteiros da Casa das Garças. Esteves tira e põe, tira e põe seus óculos de aro no melhor estilo Jerry Lewis em “O Professor Aloprado” e cantarola baixinho, com a sua voz metálica: “O “BBTG” vem aí”, “O ?BBTG” vem aí”. No meio do caminho, existirão muitas pedras, mas, também, agradáveis afazeres, tais como os jantares com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cada vez menos frequentado restaurante do Maksoud Plaza. É bom ressaltar que, embora Esteves e Mantega sejam unha e carne, de antemão, este não é um fato decisivo para o enlace bancário. De jeito nenhum. Quem foi que disse isso? O que o “BBTG” tem, sim, de sobra é o manequim correto, único e hoje indiscutível no governo para a parceria. O BTG se encaixa nos objetivos e planos traçados pelo BB para a nova instituição. A maior e mais ousada das metas é fazer do futuro banco líder na área de mercado de capitais. No segmento de emissão de títulos no exterior, por exemplo, o BB já figurava na ponta do ranking da Anbima em novembro do ano passado. Somando- se seus valores aos do BTG Pactual, a cifra chega a US$ 35 bilhões em operações, US$ 10 bilhões a mais do que o então segundo colocado, o JP Morgan. No que diz respeito ao lançamento de ações no mercado interno, o “BBTG” dispararia na dianteira. Curiosamente, até novembro de 2012, BTG e BB ocupavam, respectivamente, o primeiro e segundo postos do ranking. Dentro das metas do BB, a associação também permitiria ao banco ter, enfim, uma posição de destaque na área de fusões e aquisições – muito embora o ano de 2012 não tenha sido dos melhores para o próprio BTG: até novembro, a instituição não figurava nem entre as seis primeiras deste segmento.
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