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Acervo RR
A Brookfield Incorporações tem saudades dos tempos em que era Brascan. O polvo canadense virou um molusco menor na fauna empresarial brasileira. Cada vez mais longe dos seus anos dourados, a companhia tem sido carregada por uma onda de prejuízos e equívocos estratégicos. O esforço de seus executivos em disseminar um discurso otimista e uma ideia de recuperação, por conta do recém-anunciado lucro de R$ 31 milhões no terceiro trimestre, não reflete o clima de apreensão que predomina dos muros para dentro da Brookfield. A companhia virou um sugadouro de recursos de seus controladores. Os acionistas majoritários, reunidos na Brookfield Brasil, já discutem a necessidade de um novo aumento de capital, provavelmente no primeiro trimestre de 2013. O aporte de R$ 400 milhões feito no mês passado não deu sequer para a saída. Já foi quase que inteiramente destinado a amortização de parte do passivo. A Brookfield tem uma dívida de curto prazo em torno de R$ 1,3 bilhão, quase o triplo do volume de recursos em caixa. Entre os indicadores financeiros, este é apenas um dos tantos blocos de concreto que a empresa carrega sobre os ombros. Entre janeiro e setembro deste ano, a incorporadora acumulou perdas de R$ 348 milhões, contra um lucro de R$ 251 milhões em igual período em 2011. Parte expressiva destes prejuízos se deve a tropeços de gestão. A direção da companhia, por exemplo, perdeu a mão no controle das despesas operacionais. Os erros de cálculo chegaram a tal ponto que, só no segundo trimestre deste ano, a incorporadora foi obrigada a lançar em balanço mais de R$ 300 milhões referentes a estouros de orçamento em alguns de seus principais projetos. Os insucessos da Brookfield começam a ser debitados na conta do primeiro escalão da empresa. O diretor de construção, Elias Calil Jorge, está deixando a empresa. De acordo com a fonte do RR, a situação do próprio presidente, Nicholas Reade, é delicada. Procurada pelo RR, a Brookfield confirmou a saída de Calil Jorge, mas garantiu que ela ocorrerá por decisão pessoal do executivo e já estava acertada desde o início do ano. A empresa negou a substituição de Reade e a realização de um novo aumento de capital.
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