Buscar
Acervo RR
Se o varejo de eletroeletrônicos fosse comparado ao setor de mineração, o empresário Milton Kakumoto seria dono de uma das maiores reservas de terras raras do Brasil. Neste caso, o almejado mineral não atende pelo nome de lantânio, lutécio ou neodímio, mas, sim, de Fast Shop. É crescente a cobiça da concorrência pela empresa controlada por Kakumoto. O interesse é inflado exatamente pelo que ela tem de raridade: trata-se de uma das poucas redes de eletroeletrônicos do país moldadas a imagem e semelhança da classe A. O empresário vem sendo assediado por uma sortida plêiade de candidatos, investidores que apostam suas fichas na célebre frase de Oscar Wilde: “Se me derem o supérfluo, eu abro mão do indispensável”. Nos últimos meses, foi procurado pelo Magazine Luiza, que estaria decidido a ter uma operação focada exclusivamente em um público mais sofisticado. Segundo fonte próxima a Kakumoto, o norte-americano Carlyle e o BTG Pactual também bateram a porta do empresário. O informante do RR calcula que a Fast Shop não sai da vitrine por menos de R$ 2 bilhões. Praticamente todo o formato da Fast Shop – desde o portfólio até a arquitetura das lojas, com amplos e reservados espaços dedicados a linhas específicas de produtos – foi elaborado para atender as preferências da turma mais endinheirada. O próprio atendimento se diferencia do padrão do varejo. Os vendedores são orientados a não abordar os clientes de imediato, para estimulá-los a percorrer toda a loja. Em cima deste modelo, a Fast Shop chegou a mais de 70 pontos de venda e faturamento em torno de R$ 3,5 bilhões por ano. Ainda assim, a Fast Shop enfrenta alguns percalços. Não tem conseguido crescer em um ritmo similar aos das grandes redes de varejo. De 2010 para cá, abriu apenas oito lojas – atualmente, são 71 pontos de venda. Além disso, há uma questão ainda mais delicada, que transita na tênue e frágil fronteira entre o societário e o matrimonial. O discretíssimo Kakumoto – tão discreto que há até quem duvide que ele exista – divide o controle da Fast Shop com a esposa, Marie. De acordo com a mesma fonte, o casal tem falado línguas distintas no que diz respeito aos investimentos em expansão e a própria possibilidade de venda de uma participação ou do controle da rede varejista. O RR apurou que Marie enxergaria a negociação com mais simpatia do que o marido. Procurada, a Fast Shop não se pronunciou. Carlyle e BTG informaram “não comentar especulações de mercado”. Já o Magazine Luiza negou qualquer negociação.
Todos os direitos reservados 1966-2024.