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Iberdrola mexe nos fios societários da NeoEnergia

  • 26/09/2012
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A Iberdrola acredita estar perto de um royal straight flush na NeoEnergia. Os espanhóis garantem ter a  mão uma carta capaz de encerrar o pôquer societário da empresa de energia elétrica. O curinga em questão atende pelo nome de State Grid. A Iberdrola costura a entrada da companhia chinesa no capital da NeoEnergia. Até agora, o que se viu nesse jogo foram apenas blefes. Mas uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia assegura que os ibéricos promoveram recentemente contatos entre executivos do grupo chinês e Edison Lobão para tratar do assunto. Procurados, NeoEnergia, State Grid e o Ministério de Minas e Energia não se pronunciaram. Nessa história, tudo é oblíquo, pontiagudo, cheio de arestas. Para começar, os espanhóis querem vender o que não é seu. A Iberdrola vem tentando convencer a Previ e o Banco do Brasil a negociar sua participação para os chineses – a dupla detém 49% do capital ordinário. Trata-se de uma negociação difícil, sobretudo em função do histórico de atritos e antipatia mútua entre a fundação e os ibéricos. Um detalhe, no entanto, pode jogar a favor: segundo a fonte ouvida pelo RR, o governo defende que a Previ concentre seus investimentos em energia na CPFL, cavalgando o crescimento da empresa ao lado do BNDES. Outro óbice a ser superado diz respeito a  própria State Grid. A NeoEnergia parece ter escolhido a dedo o personagem de mais alta voltagem para subir neste palco. Há alguns meses, quando se aventou a possibilidade de o grupo chinês comprar as ações da própria Iberdrola na NeoEnergia, o governo se movimentou para barrar a operação. Mas o tempo passou. De lá para cá, a State Grid investiu quase US$ 2 bilhões em transmissão no Brasil. Deve aportar mais US$ 1 bilhão caso feche a compra de um pacote de ativos da Abengoa no país – ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.456. Ou seja: a  exceção de estatais como Eletrobras e Cemig, os chineses estão hoje entre os principais investidores em transmissão de energia elétrica no Brasil. A aposta da Iberdrola e da própria State Grid é que o governo pode até torcer o nariz para a acelerada expansão dos chineses no setor, mas daí a desperdiçar esse caminhão de dinheiro é outro departamento. Ainda mais no momento em que caçar recursos para o setor de infraestrutura praticamente virou o primeiro artigo da Constituição. Esta pode ser uma saída para a Iberdrola costurar todas as pontas neste carretel de arame farpado, e, enfim, consumar a reestruturação societária da NeoEnergia e seu divórcio da Previ e do Banco do Brasil. O desembarque da State Grid ampliaria consideravelmente o potencial de investimentos da empresa – justo em um momento em que a Iberdrola está espremida pela crise em seu país natal. Nos contatos mantidos recentemente com o ministro Edison Lobão, os chineses sinalizaram a disposição de transformar a NeoEnergia em ponta de lança para a formação de um grande conglomerado de negócios nas áreas de geração e transmissão, incluindo a compra de outras empresas. Desde que desembarcou no Brasil, os chineses sempre idealizaram a formação de uma operação verticalizada no país.

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