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Acervo RR
Surgiu um terceiro e importante personagem no imbróglio jurídico entre Previ e Celesc, que se arrasta há mais de uma década. A Copel quer aproveitar o contencioso para entrar no capital da distribuidora catarinense e dar a partida na montagem de um colar de participações em concessionárias estaduais. O presidente da estatal, Ronald Ravedutti, vem mantendo conversações cruzadas com o governo de Santa Catarina e a diretoria da Previ. A Copel já teria apresentado uma proposta pela parte do fundo de pensão na Celesc, equivalente a 33% das ONs e a 15% do capital total. Além da compra das ações, compromete-se a participar de um aumento de capital na distribuidora catarinense com o objetivo de assegurar a execução do plano de investimentos, orçado em R$ 1,3 bilhão para os próximos três anos. As tratativas com o governo de Santa Catarina envolvem ainda a formação de um consórcio entre as duas estatais para a construção de linhas de transmissão e duas hidrelétricas de médio porte na Região Sul. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Copel negou estar em negociações com a Previ. A fundação, por sua vez, não se pronunciou até o fechamento desta edição. A entrada da Copel no capital da Celesc ainda depende da costura de várias pontas. Para começar, a Previ e o governo de Santa Catarina terão de encerrar a disputa que perdura desde a década de 90. O Estado entende que a participação societária da fundação, resultado da conversão de uma dívida em ações, é indevida. No início do ano, a Justiça chegou a decretar o cancelamento da operação, mas o fundo de pensão conseguiu suspender a decisão. A Previ alega que tem mais de R$ 1 bilhão a receber do governo catarinense. De acordo com informações apuradas pelo RR ? Negócios & Finanças, a proposta da Copel pela participação da Previ é bem inferior ao suposto valor da dívida. Tomando-se como base a atual cotação da Celesc em Bolsa, a participação do fundo está avaliada em menos de R$ 300 milhões. Nem tanto ao céu nem tanto a terra. A fundação e a Copel negociam uma conta de chegada que permita a transferência das ações. O governo de Santa Catarina, por sua vez, teria de se comprometer a reconhecer a participação do fundo de pensão e encerrar o contencioso, abrindo caminho para a chegada da Copel. Além da questão jurídica, a operação passa também por um acordo político. O governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, terá de buscar o apoio da Assembleia Legislativa a associação entre a Copel e a Celesc. A parte mais intrincada diz respeito ao futuro aumento de capital da distribuidora. Qualquer operação que coloque em risco a supremacia societária do governo costuma criar celeuma no estado.
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