Buscar
Acervo RR
Por trás das golas de camisa mais bem engomadas do Brasil, dos nós de gravata de causar inveja aos Windsor e do penteado de primeiro aluno da classe que costumam caracterizar João Dória Jr. esconde-se um lobista de práticas cada vez mais agressivas. Que o diga o investidor Marcus Elias, dono da gestora de recursos Laep. Ambos estão protagonizando um encarniçado duelo nos bastidores empresariais de São Paulo. O epicentro da questão é o contencioso entre a Laep e a administradora de fundos inglesa GLG. Os britânicos cobram de Marcus Elias uma dívida de R$ 160 milhões. O valor se refere a uma emissão de debêntures não conversíveis feita em 2007 pela Parmalat Brasil, então controlada pela Laep. Os títulos não teriam sido resgatados nos prazos estabelecidos. A GLG briga na Justiça para ficar com quatro fábricas da Parmalat, em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rondônia, dadas como garantia no lançamento das debêntures. Os ingleses perderam em primeira instância. Tiveram ainda outra derrota na Justiça de Nova York. A Laep ganhou o direito de acesso a documentos internos da GLG referentes a operação que ajudariam a comprovar a inexistência da dívida. O processo se arrasta há meses, mas, nas últimas semanas, ganhou novo combustível com a entrada em cena do misto de empresário, publicitário, apresentador de TV e organizador de convescotes empresariais. João Dória Jr. vem atuando como um aríete da GLG junto a empresários e formadores de opinião. No mesmo pacote, tem ciceroneado o encontro de executivos do fundo inglês com investidores, banqueiros e jornalistas. Sua atuação no episódio, no entanto, não estaria restrita ao trabalho strictu sensu de um public relations. Há quem enxergue as digitais de Dória por trás da tentativa de instauração de uma campanha difamatória contra Marcus Elias em curso na mídia paulista. Diversos jornalistas têm sido municiados com uma saraivada de informações com o claro objetivo de desconstruir a imagem de Elias. Como o investidor é reconhecidamente um personagem polêmico, qualquer dia desses alguma dessas maledicências emplaca. Seja ou não o responsável pelo tiroteio, o que mais chama a atenção na participação de João Dória em todo este episódio é o seu vira-casaca. Há pouco mais de um ano, Dória fez uma série de mesuras na tentativa de se aproximar do dono da Laep. Teria, inclusive, se oferecido a ajudá-lo na venda de ativos da Parmalat. Diante da recusa de Elias, deu meia volta, volver amuado para reaparecer, meses depois, já com o monograma da GLG bordado em suas camisas. Em meio a queda de braço entre João Dória Jr. e Marcus Elias, o embate promete novos e acalorados capítulos. A GLG aposta suas fichas no julgamento do mérito e do recurso contra a decisão em primeira instância. Marcus Elias, por sua vez, está empenhado em desqualificar a atuação do Morgan Stanley, que foi o adviser da emissão de debêntures. O banco comprou 100% dos papéis e os alocou em um Fundo de Direitos Creditórios. Ato contínuo, teria feito uma operação de derivativos e transferido as debêntures para a GLG, que entrou no negócio por meio do -fundo abutre – Emerging Markets Special Situations 3. No entanto, o repasse das debêntures a GLG teria desrespeitado cláusulas do contrato de emissão, o que desobrigaria a Laep do pagamento cobrado pelos ingleses.
Todos os direitos reservados 1966-2024.