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Acervo RR
Abílio Diniz baixou em Rubens Ometto, dono da Cosan. Antes que alguém pense tratar-se de uma ofensa a Ometto, deixamos claro que é apenas uma alusão a mania de ambos de querer mudar as regras do jogo com a bola rolando. Apenas três meses após a oficialização da associação com a Shell, o empresário propôs aos anglo- holandeses uma reestruturação das participações societárias de cada empresa no negócio. Ou seja: quer jogar uma pá de cal sobre todo o trabalho que uma tropa de advogados e assessores financeiros levou mais de um ano para concluir e ele próprio aprovou. Ometto pretende aglutinar em uma só companhia as três empresas que foram criadas pela Cosan e pela Shell: uma voltada a produção de açúcar e etanol, outra destinada a distribuição de combustíveis e uma terceira, dedicada exclusivamente a administração das outras duas. Ometto defende a criação de uma holding com o capital dividido fifty to fifty, englobando todas as usinas da Cosan e as operações de distribuição de combustíveis da Shell. A manobra de Rubens Ometto não se limita a composição acionária da joint venture. Espraia-se também por uma questão bem mais nevrálgica, que diz respeito ao próprio futuro da Raízen, empresa resultante da associação entre Cosan e Shell. Ometto teria sugerido a extensão de 10 para 15 anos do prazo em que os anglo-holandeses poderão exercer seu direito de preferência sobre as ações da Cosan se a companhia se decidir pela venda de parte ou da totalidade da sua participação. A proposta causou perplexidade e mal-estar entre os dirigentes da multinacional. A Shell não é Casino, mas tende a achar que o parceiro está tentando virar a mesa, com o objetivo de evitar uma futura perda de poder no negócio. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Cosan negou qualquer mudança no acordo. A Shell, por sua vez, não se pronunciou até o fechamento desta edição. Como justificativa para a súbita mudança, Ometto defende que elas resultarão na simplificação societária da joint venture, o que facilitará uma futura captação no mercado de ações. Alega ainda que os critérios que levaram a montagem do projeto original não fazem mais sentido. a€ época, havia diferenças no valuation dos ativos que motivaram diferentes estruturas societárias para cada uma das empresas. No caso da subsidiária de açúcar e álcool, a Cosan detém 51% e a Shell, 49%. Na empresa de combustíveis, as posições se invertem. A companhia de administração é a única que tem o capital igualmente fatiado.
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