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A mais esperada consolidação do setor siderúrgico nacional está se tornando uma questão de Estado. Aliás, uma dupla questão de Estado. A fusão entre a CSN e a Usiminas entrou na agenda bilateral dos governos do Brasil e do Japão – que recentemente, aliás, elevaram suas relações ao status de “parceria estratégica global”. Na esteira de uma série de outros investimentos conjuntos, em áreas como infraestrutura e construção naval, o primeiro ministro Shinzo Abe já manifestou seu apoio a associação entre as duas siderúrgicas. A operação é vista pelos japoneses como a melhor forma de salvaguardar os históricos interesses da Nippon Steel no Brasil. Neste caso, Benjamin Steinbruch é o homem certo no lugar certo. O ponto de partida seria a compra pelo empresário da participação da Ternium na Usiminas. Não custa lembrar que Benjamin já tem um pé fincado na siderúrgica mineira, com 14% das ações ordinárias e 20% das preferenciais. A saída dos ítalo-argentinos não apenas significaria o fim da sanguinolenta disputa societária na Usiminas – hoje na fronteira entre o noticiário econômico e o policial – como abriria caminho para a posterior fusão com a CSN. Neste caso, Benjamin e Nippon Steel passariam a controlar um grupo com capacidade de produção anual de 14 milhões de toneladas de aços planos, o equivalente a quase um terço do parque siderúrgico nacional. A rigor, a aproximação entre Benjamin Steinbruch e Nippon Steel poderá resultar não apenas em uma, mas em duas fusões. O acordo entre ambos abriria espaço também para uma combinação entre os ativos de minério de ferro da CSN e da Usiminas. Na prática, esta associação representaria um avanço em relação a reorganização societária da Namisa, em curso neste momento, e a retomada de uma parceria interrompida em 2011. Na ocasião, a Nippon Steel deixou o braço de mineração da CSN, um prenúncio da longa temporada de divergências entre Benjamin e seus sócios que viria nos anos seguintes e somente agora parece estar sendo debelada. Há menos de um mês, a CSN anunciou um acordo com o pool de siderúrgicas e tradings do Japão, Coreia do Sul e Taiwan que detém 40% da Namisa. O retorno da Nippon Steel ao palco daria um gás ao projeto de fusão entre a Namisa e a Casa de Pedra, o grande ativo mineral de Benjamin. O caminho natural seria a posterior associação desta nova empresa com a Usiminas Mineração, subsidiária que congrega as quatro jazidas da empresa mineira. Peneira daqui, peneira dali, esta tríplice associação daria origem a uma companhia com capacidade de produção de 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Todos estes movimentos passam pelos gabinetes de Tóquio e de Brasília. Se, do lado japonês, há todo o empenho do governo Shinzo Abe em desatar o imbróglio societário da Usiminas e fortalecer a presença da Nippon Steel no Brasil, do lado brasileiro estas operações poderão selar a reaproximação entre Benjamin Steinbruch e o Planalto. As relações esfriaram consideravelmente depois que o empresário adotou uma postura dúbia e sinuosa durante a campanha eleitoral. Agora, o momento pede pragmatismo, até pela necessidade do governo de reconstruir suas pontes com o empresariado. O apoio do BNDES a Benjamin para a compra da participação da Ternium na Usiminas permitiria a criação de um grande grupo siderúrgico e o fortalecimento do capital nacional no setor.
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