Galileo Educacional Á  espera de um milagre

  • 25/06/2014
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Seis meses depois do descredenciamento e, consequentemente, da paralisação das atividades da Gama Filho e da Univercidade, o pastor Adenor Gonçalves dos Santos ainda tem fé na ressurreição das duas instituições de ensino. A Galileo Educacional, controlada pelo híbrido de empresário e líder religioso, fez chegar ao Ministério da Educação uma nova proposta na tentativa de reverter a decisão e reabrir as duas universidades. A engenharia passa pela securitização dos imóveis pertencentes a  Gama Filho e a  Univercidade. A Galileo estima que poderia arrecadar até R$ 300 milhões com a operação, valor que cobriria mais da metade da dívida das instituições – em torno de R$ 550 milhões. A securitização seria uma solução intermediária, uma forma de contornar os entraves a  venda dos imóveis. No início do ano, o grupo chegou a avaliar os prédios da Gama Filho e da Univercidade com o objetivo de negociá-los. No entanto, dívidas tributárias impedem a venda das propriedades. O RR fez várias tentativas de contato com a Galileo Educacional por telefone e e-mail, mas não obteve retorno. O pastor Adenor Gonçalves talvez precise da providência divina para reverter o descredenciamento e reabrir as duas universidades. A situação é bastante desfavorável a  Galileo Educacional. Além da obrigatoriedade de levantar quase meio bilhão de reais para cobrir o passivo, o grupo ainda teria de enfrentar uma ambiência política bastante negativa. O nome de Adenor Gonçalves enfrenta forte resistência no Ministério da Educação. Como se não bastassem os graves problemas financeiros e administrativos da Gama Filho e da Univercidade, o pastor/empresário partiu para o enfrentamento com altas autoridades da República. Em março deste ano, a Galileo abriu um processo contra os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Educação, José Henrique Paim. O grupo exige uma indenização de quase R$ 7 bilhões a título de reparação por danos materiais em razão do descredenciamento das duas universidades. Talvez, numa estratégia jurídica arriscada, Gonçalves tenha usado o expediente de colocar o bode na sala, para depois tirá-lo – qualquer possibilidade de interlocução com o Ministério da Educação passa obrigatoriamente pela retirada da ação contra os dois ministros. Mesmo que consiga dobrar as autoridades, suspender o descredenciamento e tirar as duas instituições de ensino do limbo, o Galileo ainda precisará provar que tem condições financeiras para assegurar a reabertura da Univercidade e da Gama Filho. Os recursos amealhados com a eventual securitização dos imóveis seriam quase que integralmente consumidos no pagamento de dívidas trabalhistas e fiscais. Para financiar a complexa reabertura das duas universidades, o Galileo sinalizou ao Ministério da Educação a disposição de realizar uma emissão de debêntures. Haja milagre!

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