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Denúncias e prejuízos dividem cada metro quadrado da Brookfield

  • 19/03/2014
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O presidente da Brookfield Incorporações, Nicholas Vincent Reade, é um homem em permanente estado de tensão. Para onde quer que se vire, só enxerga problemas. De um lado, enfrenta o desafio de estancar a sangria financeira da empresa, fragilizada por sucessivos prejuízos; do outro, depara-se com uma questão tão ou até mais grave, que atinge duramente a reputação da companhia: o escândalo da máfia das propinas em São Paulo. Quanto mais se debate e tenta tirar o corpo fora do caso, mais a Brookfield, antiga Brascan, afunda na areia movediça – na qual estão também outras importantes incorporadoras, como Tecnisa, Trisul e Cyrela, entre outras. Em dezembro de 2013, segundo farto noticiário a respeito, a própria construtora admitiu a  Justiça que pagou cerca de R$ 4 milhões em propinas a fiscais do ISS em troca da liberação de 20 empreendimentos em São Paulo. No entanto, ao que tudo indica, pode haver ainda mais linha neste carretel. Segundo uma fonte que acompanha as investigações, o Ministério Público de São Paulo recebeu denúncias de que a Brookfield teria adotado expediente similar para obter o “Habite-se” de outros imóveis na capital paulista. De acordo com a mesma fonte, o deep throat seria uma construtora concorrente, em busca dos benefícios da delação premiada. Oficialmente, o MP informa que “não há nada de novo sobre o assunto”. Está feito o registro. A aflição de Nicholas Reade com a assídua presença da Brookfield no noticiário policial é anabolizada pela performance da companhia. Os prejuízos parecem brotar das paredes da incorporadora. No ano passado, a  custa de uma drástica política de redução de custos, a empresa até conseguiu diminuir suas perdas: entre janeiro e setembro, teve um prejuízo 25% inferior ao registrado em igual período em 2012. Ainda assim, engoliu um resultado negativo da ordem de R$ 260 milhões, que se somam aos quase R$ 390 milhões de déficit em 2012. Na contabilidade pessoal de Reade, todos estes números equivalem a doses cada vez maiores de pressão dos acionistas sobre a sua gestão. Um dos maiores problemas da Brookfield é o elevado índice de encalhe. Os estoques da incorporadora – imóveis lançados e não comercializados – somam aproximadamente R$ 2,8 bilhões. Tomando-se como base as vendas de 2013, a empresa precisaria de mais de 11 meses para negociar todas estas unidades. Ou seja: se fosse uma fábrica, a Brookfield poderia ficar quase um ano inteiro sem ligar suas máquinas e ainda assim teria produtos em estoque. Não por acaso, a incorporadora praticamente congelou seus lançamentos. No terceiro trimestre de 2013, por exemplo, ofertou apenas 11 unidades ao valor total de R$ 40 milhões. Em 2012, no mesmo período, chegou a colocar em mercado quase 2,5 mil unidades novas, somando mais de R$ 570 milhões.

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