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Candido Botelho Bracher, o “Candinho”, se autodesignou sucessor de Roberto Setúbal na presidência do Itaú – o apêndice Unibanco da marca sempre foi um artificialismo. A candidatura patrocinada por ele mesmo não chega a fugir aos cânones. “Candinho” vem de uma linhagem nobre de banqueiros – é filho de Fernão Bracher, ex-presidente do Banco Central – e comanda o Itaú BBA, um dos negócios mais celebrados da holding dos Setúbal. Não tem o sangue azul dos donos, mas sobra-lhe determinação, predicado que ajudaria a demover o patriarca da ideia de adiar um pouco mais sua aposentadoria compulsória. No ano passado, Setúbal alterou os estatutos do banco, alongando o deadline dos 60 para os 62 anos hoje, ele tem 59. A mudança, ressalte-se, se deu na linha do “partido do eu sozinho”; valeu apenas e tão somente para o cargo de presidente do Itaú. Se depender da ala mais jovem do banco, “Candinho” é bem-vindo. Ganha de goleada do candidato Ricardo Villela Marino, neto de um dos fundadores e, então, principal acionista do banco, Eudoro Villela, um dos anjos negros do grupo de empresários que derrubou a democracia e provavelmente o homenageado com o lançamento de uma agenda-brinde do Itaú saudando a Revolução de 1964 – ver RR edição nº 4.814. Se destronar Roberto Setúbal, “Candinho”, que é bem mais agressivo, empurrará ainda mais para o ostracismo o outro acionista principal do Itaú, Pedro Moreira Salles. Este último poderá exercer um talento temporão para ganhar milhões de reais no anonimato. Por enquanto, no banco as conspirações estão em suspenso. Foram abaladas pelo ato falho dos dizeres na agenda: a revelação de antigas preferências ideológicas, nem tão secretas assim, pois sempre foi de comum conhecimento que, depois de Dr. Gastão Bueno Vidigal, potentado do Banco Mercantil de São Paulo, os senhores controladores do Itaú eram o bolso do golpe militar. Os aristocratas radicais, porém sinceros, do sistema bancário hoje mudaram de foco. Fazem campanha aberta contra o”governo do Lula”. Assim são chamados, no quartel da Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, todos os mandatos do PT. A exemplo do que fizeram tanto no autêntico governo do “operário” quanto no de Dilma Rousseff, o departamento econômico do Itaú dispara, sem piedade, seus mosquetões contra as políticas do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Mas março, mês da “Redentora”, há de chegar e com ele retornam as articulações nos bastidores. Ao que tudo indica, somente Roberto Setúbal poderá abortar o destino pertencido de “Candinho”, promovendo um golpe branco capaz de adiar a sua aposentadoria compulsória. Não será a primeira vez. Induzido pelo desespero das crises premonitórias de um ócio desolador – segundo uma fonte próxima, atravessou dois momentos de melancolia, recentemente – voltaria a virar a mesa, protelando a saída do banco. Mas não parece aconselhável, contudo, apostar em uma quartelada bancária em meio ao arrastado processo sucessório. Aliás, para quê? O Itaú já gasta suas energias fazendo revoluções através da sua folheteria de mau gosto. É “Candinho” na cabeça!
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