Metrô do Rio empurra a Lava Jato em direção ao Citi

  • 12/01/2017
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O banco que nunca dorme tem motivos para ficar ainda mais insone. Os trilhos do Metrô do Rio estão conduzindo a Lava Jato na direção do Citibank. Os procuradores de Curitiba, que atuam em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro, dedicam-se a destrinchar as relações entre Sérgio Cabral e a Opportrans. Trata-se do antigo consórcio que administrou o transporte metroviário na cidade até janeiro de 2009, quando a concessão foi vendida à Invepar.

O que mais intriga a força tarefa da Lava Jato é uma operação consumada em 2007, ano em que o Citi dava as cartas no comando da Opportrans – representado por uma tradicional banca de advocacia –, após romper a sociedade com o Opportunity, em 2005. Na ocasião, o então governador Sérgio Cabral estendeu a concessão do metrô por mais 20 anos, até 2038. Em contrapartida, o consórcio se comprometeu a investir cerca de R$ 1 bilhão na compra de novos vagões. O acordo percorreu um caminho tão sinuoso e desalumiado quanto os túneis do metrô do Rio. Por meio de um Instrumento Particular de Transação, a Opportrans quitou uma antiga dívida do próprio governo do Rio com a Camargo Corrêa, no valor aproximado de R$ 40 milhões. Em troca da gentileza, a empreiteira concordou em retirar as cinco ações judiciais que movia contra o estado.

Outro ponto chama a atenção dos procuradores: o acordo foi publicado no Diário Oficial do Rio de Janeiro ao apagar das luzes de 2007, precisamente no dia 31 de dezembro, uma data mais propícia para abafar do que dar visibilidade ao acerto. Naquele mesmo ano, coincidência das coincidências, o Metrô Rio havia contratado os serviços do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. Todas essas decisões tiveram a anuência do Citi, à época responsável pela administração do consórcio e na linha de frente das negociações com o governo do Rio.

Uma das tarefas da Lava Jato é cruzar os repasses da Opportrans/Citi à Camargo Corrêa com os pagamentos do Metrô ao escritório da então primeira-dama. Mais do que isso: juntar essas peças e confrontá-las com as próprias movimentações financeiras de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo. Boa parte desse enredo, não custa lembrar, chegou a ser escarafunchada na Operação Castelo de Areia, que tinha como alvo a Camargo Corrêa. No entanto, todos esses fatos foram para o limbo com a anulação das investigações. Agora, o caso ganha um novo tom, com a entrada em cena dos procuradores da Lava Jato e do Ministério Público do Rio. A exemplo do Citi, eles também nunca pregam o olho.

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