Lula se “sacrificaria” em nome de uma nova esquerda?

  • 5/05/2016
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 Circulam com velocidade em Brasília rumores do que pode vir a ser uma péssima notícia. Lula estaria sofrendo uma recidiva do câncer. O Relatório Reservado tentou, por todos os meios, apurar a informação, mas, por questões de ordem ética, plenamente justificáveis, foi atendido com o silêncio dos médicos e os desmentidos de praxe dos companheiros. Na edição de ontem, a Folha de S. Paulo levanta suspeita sobre o estado de ânimo do ex-presidente. De uma forma ou de outra, as condições físicas de Lula preocupam. Há evidência de que ele, há muito, já deixou de ser sua versão 2.0. O ex-presidente vive o dilema do mito de um deus pater, que, por sua vez, devora todos aqueles que poderiam sucedê-lo. Lula é detentor de 20% das intenções de votos firmes para a Presidência da República. Estaria, portanto, em suas mãos viabilizar uma nova candidatura do campo progressista das forças políticas.  Não haverá um novo candidato forte à esquerda sem que Lula generosamente permita que ele exista. Ponto final. É possível, talvez desejável, que essa candidatura não emergisse do PT, cuja revitalização exige férias da hegemonia entre os partidos progressistas. Lula deterá os direitos eleitorais sobre o discurso do “golpe” – direitos que pertencem de fato a Dilma, mas ela está morta – e permanece com um elevado piso de votos certos. Entretanto, não se sabe até que ponto esse capital político é transferível ou se trata de um ato de amor do eleitorado. Lembrai-vos de Dilma, diriam os lulistas mais otimistas. Também nesse caso vale uma ressalva: as condições de popularidade do governo e do próprio Lula eram bem diferentes.  Por enquanto, Lula faz parte do “sebastianismo” da esquerda. E é considerado mesmo pelos conservadores uma carta-chave do baralho eleitoral de 2018. A preferência dos seus partidários, ainda que arriscada, devido à visível debilidade física, é colocar o retrato do velho outra vez. É uma das decisões políticas mais sensíveis do nosso tempo. É bom lembrar que a candidatura permanente tem um papel fundamental na blindagem de Lula. Mas não custa ressaltar que, caso seja preso, ele se tornará provavelmente o maior eleitor do Brasil. Talvez um movimento sutil em direção à recusa de ser o nome do PT nas eleições de 2018 possa ser realizado com a habilidade dos grandes enxadristas. É uma questão de jogar com o timing e o mimetismo. E Lula é o mestre de todas as estratégias.

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