Kroton usa Somos Educação como atalho para a Cruzeiro do Sul

  • 4/05/2018
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O CEO da Kroton, Rodrigo Galindo, trata a aquisição da Somos Educação, anunciada na semana passada, como preâmbulo de um negócio ainda maior: a associação com a Cruzeiro do Sul Educacional. A ponte entre as duas operações é o GIC, fundo soberano de Cingapura. A companhia de investimentos asiática é acionista tanto da Somos – com 18,5% –, quanto da Cruzeiro do Sul, da qual detém uma participação ainda mais expressiva (43,5%).

Galindo pretende se aproveitar dessa onipresença do GIC para costurar a negociação. Com o seu habitual estilo trator, nem esperou a compra da Somos esfriar. Segundo o RR apurou, Galindo mantém conversações com a direção do fundo asiático no Brasil – comandado por Wolfgang Schwerdtle –, em torno do projeto. Ao que tudo indica, as peças do tabuleiro já começaram a ser movimentadas nesta direção. Na última segunda-feira, a Cruzeiro do Sul entrou na CVM com o pedido de registro de companhia aberta. A oferta de ações seria a porta de entrada da Kroton no capital da companhia.

Procuradas pelo RR, as duas empresas não quiseram se pronunciar. As famílias Figueiredo e Padovesi, que, juntas, detêm 56,5% da Cruzeiro do Sul, sempre se mostraram arredias à ideia de abrir mão do controle do grupo. No entanto, as pressões para que isto ocorra vêm de fora e de dentro. Em fevereiro, a empresa comprou a Faculdade Serra Gaúcha e a Cesuca junto ao fundo norte-americano Advent. Em março, adquiriu a Veritas Educacional.

Ainda assim, no mercado há dúvidas quanto à musculatura financeira da companhia para acompanhar o ritmo de expansão de seus maiores concorrentes, como a própria Kroton, a Estácio e o Grupo SEB. Por sua vez, o GIC – diferentemente do fundo inglês Actis, de quem comprou a participação na Cruzeiro do Sul – tem uma participação ativa na gestão, além de uma postura mais agressiva em relação ao futuro do grupo. Os asiáticos foram voz determinante na decisão da Cruzeiro do Sul em abrir o capital. Agora, o trabalho é convencer os Figueiredo e os Padovesi dos ganhos decorrentes de uma eventual fusão com a Kroton. Se, de um lado, as duas famílias abririam mão do controle da empresa que fundaram há 50 anos, por outro, ainda que minoritários, passariam a ser sócios de um negócio ainda maior. Kroton e Cruzeiro do Sul teriam uma receita somada de mais de R$ 8,5 bilhões e um Ebitda combinado de quase R$ 3,5 bilhões, além de mais de um milhão de alunos matriculados.

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