Heineken sobe a temperatura do mercado cervejeiro

  • 9/03/2017
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A aquisição da Brasil Kirin é o ponto de partida do grande projeto de expansão da Heineken no mercado brasileiro, que passa por expressivos investimentos em distribuição, expansão da rede de re-venda e consolidação de ativos. A companhia adotará uma estratégia de marketing mais agressiva, focada nos pontos de venda, com o intuito de disputar espaço consumidor a consumidor. Não é para menos: cada ponto a mais de market share no setor significa uma receita anual próxima dos R$ 800 milhões.

No entanto, para matar a sede dos holandeses no mercado brasileiro só mesmo com novas aquisições. Neste caso, todos os caminhos apontam na direção da Petrópolis. A companhia é vista como uma presa enfraquecida por uma conjunção de fatores. Habituada a disputar a vice-liderança do setor, a fabricante da Itaipava ficou em uma posição difícil. Com aproximadamente 13% de share, viu a Heineken abrir uma boa distância ao saltar de 9% para 17%. Outro ingrediente nessa levedura é a Lava Jato.

O avanço das investigações sobre Walter Faria e a Petrópolis fragiliza a companhia e pressiona o empresário a deixar o negócio. Ressalte-se que os problemas fiscais de Faria vão muito além da Lava Jato. Uma eventual aquisição da Petrópolis pela Heineken criaria uma circunstância até pouco tempo inimaginável, com o surgimento de um concorrente capaz de arranhar a condição de quase monopolista da Ambev.

Até porque a cervejeira de Jorge Paulo Lemann e cia. tem contribuído para esse cenário com seus próprios erros estratégicos. Há sete anos, segundo a Nielsen, a Ambev dominava 70% das vendas de cerveja no Brasil. De lá para cá, seu market share caiu para 66%. Há controvérsias. De acordo com os dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, sua participação não passa de 58%. No caso de compra da Petrópolis, a Heineken passaria a ser uma “Meia Ambev”, com 30% do mercado.

A Ambev corre sério risco de ver essa diferença cair ainda mais caso não resolva problemas crônicos. Segundo relatório do analista Carlos Laboy, do HSBC Securities, divulgado no dia 2 de março, a “estratégia de marketing adotada pela companhia nos últimos anos fracassou no sentido de convencer os consumidores sobre o valor e a diferença das marcas”. Na sua avaliação, a “empresa se recusa a admitir as falhas mercadológicas, se limitando a classificar a situação como temporária”.

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