Fundos preparam o tiro de misericórdia na BR Malls

  • 17/01/2017
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A deposição de Carlos Medeiros do Conselho de Administração da BR Malls é apenas o primeiro tiro desferido contra o executivo, que acumula também a presidência da empresa. O objetivo maior do pelotão liderado pelas gestoras Dynamo e Squadra é tomar o poder na companhia, colocando um ponto final no longevo mandato de Medeiros, à frente da gestão há uma década. No que depender do apetite dos fundos, uma boa aposta para a data do fuzilamento é o próximo dia 16 de março. Nesse dia, o board da BR Malls se reunirá pela primeira vez com a nova formação, já com os integrantes indicados pela Dynamo e pela Squadra – um deles, Claudio Bruni, ex-Multiplan e ex-BR Properties, é visto como um candidato à presidência da administradora de shopping centers.

Dona de 12% das ações ordinárias, a dupla Dynamo/Squadra conta com o apoio de outros fundos para defenestrar Medeiros da gestão executiva. Um deles seria o norte-americano BlackRock, notório pela agressividade com que entra no capital de companhias e varre administradores. Não é de hoje que o executivo enfrenta forte resistência entre os acionistas da empresa. A fragilização de Medeiros está diretamente vinculada ao avanço da Dynamo no capital da BR Malls, que, nos últimos meses, saltou de 2% para 9%, o suficiente para torná-la a maior acionista individual. Curiosamente, o executivo é contestado em um momento em que a companhia apresenta melhores resultados.

Entre janeiro e setembro do ano passado, teve um lucro de R$ 318 milhões, contra um prejuízo de R$ 21 milhões no mesmo intervalo em 2015. É bem verdade que, em igual período, as margens caíram 8,7 pontos percentuais e a perda do Ebitda chegou a 36%. Na balança, mais do que os próprios resultados, o que pesa contra Medeiros é a corrosão de uma gestão extremamente centralizadora ao longo de dez anos.

No mercado, costuma-se dizer em tom sarcástico que, apesar do capital pulverizado, a BR Malls sempre teve dono e é possível encontrá-lo na sala da presidência. O desenfreado aumento da remuneração dos administradores e decisões financeiras também ajudaram a desgastar a atual gestão, notadamente a emissão de US$ 400 milhões em títulos perpétuos realizada em 2012. Indexados ao dólar, os papéis arrasaram com os resultados da companhia no segundo semestre de 2015, quando a moeda americana passou dos R$ 4.

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