“Django” chega à TIM com seu caixão de maldades

  • 7/08/2015
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A cena é um clássico do western italiano. O enigmático personagem todo vestido de preto surge na tela, atravessando com esforço o lamacento terreno. Carrega às costas uma pesada sela de couro, mas o que realmente lhe dificulta o passo é o empoeirado caixão de madeira que arrasta feito um penitente – como se verá depois, penitentes são aqueles que cruzam seu caminho. Quase 50 anos após a interpretação de Franco Nero, Django reaparece em sua versão telefônica, na pele do italiano Pietro Labriola, que, nos próximos dias, assumirá uma diretoria na TIM Brasil. Sua chegada à empresa é cercada de mistérios. Na operadora, a imagem do executivo repentinamente despachado pela Telecom Italia para o Brasil é a de um exímio atirador que caminha em direção à TIM com uma cartucheira a ser descarregada e uma missão a ser cumprida. O que todos se perguntam é a quem se destina – metaforicamente, é claro – o caixão que o forasteiro traz às costas: se ao presidente da companhia, Rodrigo Abreu, aos demais diretores ou, no limite, à própria TIM. Os paranoicos cravam “todas as respostas acima”. Tudo leva a crer que a operadora está sob intervenção e Labriola chega para ser a voz e a mão do dono, responsável por alvejar a atual gestão, assumir as rédeas do negócio e preparar a venda do controle da TIM. Tudo em menos de um ano, e, ressalte-se, com o devido imprimatur da Vivendi, que se tornou acionista da Telecom Italia ao herdar a participação da Telefônica com a venda da GVT para os espanhóis. As mudanças na TIM Brasil já começaram. O chamado plano de eficiência anunciado na última quarta-feira, que prevê a redução de até R$ 1 bilhão em custos, é apenas o cartão de visitas da Telecom Italia. As medidas incluiriam um corte significativo de funcionários e de serviços terceirizados e uma política ainda mais agressiva de desmobilização de ativos de infraestrutura – no primeiro semestre deste ano, a operadora só não teve queda de lucro graças à venda de torres de telefonia celular. Tudo sob o comando de Pietro Labriola. A reputação de Labriola lhe precede. Homem de confiança do CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, o executivo é habitualmente designado para as mais sensíveis tarefas. Comandou, por exemplo, a complexa cisão da rede de telefonia fixa do grupo. Na maioria das vezes, não costuma ficar mais de um ano no mesmo posto – em seus dois últimos cargos, não completou sequer seis meses. Chega à cidade, cumpre sua missão e desaparece num rastro de poeira. Seu atual cargo, aliás, já diz tudo: Chief Transformation Officer.

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