Delação de ex-presidente vira especialidade da OAS

  • 21/09/2017
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A deduragem da OAS não deverá se limitar a políticos brasileiros. A empreiteira estaria em tratativas com a Justiça do Peru para fechar um acordo de colaboração premiada. Tal lá, como cá, o alvo-mor é um ex-presidente da República. Segundo informações filtradas da companhia, as negociações envolvem, sobretudo, a confissão de suborno a Ollanta Humala, que governou o país de 2011 a 2016 e hoje está preso, assim como sua mulher, Nadine Heredia.

A exemplo do que fez no Brasil, a OAS teria usado e abusado do pagamento de propinas e de caixa 2 em contribuições a políticos locais. A empreiteira é acusada de ter repassado, de forma irregular, cerca de US$ 3 milhões para a campanha de Humala à presidência do Peru, em 2011. De acordo com as investigações, parte do dinheiro foi
entregue em mãos; parte sob a forma de pagamento de publicidade eleitoral.

Guardadas as devidas propoções, a vida da OAS também virou um inferno no Peru. A Controladoría General de la República, órgão similar à nossa CGU, abriu oito processos penais contra a OAS, além de dois por responsabilidade civil. O possível acordo de delação é uma tentativa da empreiteira de cancelar todas as ações judiciais e, de quebra, reverter o bloqueio de máquinas e contas bancárias no Peru, decretado pela Justiça local em fevereiro deste ano.

A OAS é acusada ainda de ter feito uma contribuição mensal de US$ 9 mil a Rocío Calderon Vinatea, amiga de Nadine Heredia e personagem notória da política peruana, apontada como “laranja” da ex-primeira-dama. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Segundo a imprensa peruana, a propina paga pela OAS lhe permitiu ganhar a licitação para a construção do Hospital Lorena de Cusco, um contrato de aproximadamente US$ 180 milhões. A obra sequer foi concluída. A empreiteira não cumpriu os prazos, e autoridades locais rescindiram o contrato, em março de 2015. Segundo a imprensa peruana,a OAS chegou a abrir 12 processos de arbitragem contra o Governo Regional de Cusco cobrando uma indenização pela interrupção do serviço.

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