Conselheiros transformam Postalis em campo de batalha

  • 15/08/2016
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 O que mais falta acontecer ao Postalis? Abalado por seguidos escândalos, suspeitas de desvios de recursos e um rombo da ordem de R$ 6 bilhões, o fundo de pensão dos Correios enfrenta agora uma guerra entre as suas mais altas instâncias de poder. De acordo com uma fonte ligada à fundação, o Conselho Fiscal estaria entrando com uma representação na Secretaria de Previdência Complementar (Previc) contra o Conselho Deliberativo. O objetivo seria anular uma série de atos aprovados pelo órgão, a começar pela recente demissão de Silvio Gulias, que chefiava a área de auditoria da fundação. Gulias foi responsável pela elaboração de um minucioso relatório que levanta denúncias contra o novo presidente do Postalis, André Luiz Motta – ver RR edição de 4 de julho. Segundo a mesma fonte, o documento lista mais de uma dezena de contratos com fornecedores firmados quando André Motta ocupava a diretoria de investimentos do fundo. Na avaliação da auditoria interna, alguns desses acordos teriam sido fechados sem licitação por influência do executivo. Procurado pelo RR, o Postalis confirmou a demissão do auditor Silvio Gulias “por motivos técnicos”. O fundo negou a existência de disputa entre os conselhos. Disse também desconhecer qualquer ação de conselheiros junto à Previc. O fundo não se pronunciou especificamente acerca do relatório elaborado pela área de auditoria. Sobre as denúncias contra André Motta, o Postalis afirma que “se houvesse qualquer irregularidade envolvendo o nome do executivo, a Previc não teria concedido a habilitação ao novo presidente.”  Antes que André Motta assumisse a presidência, os conselheiros fiscais chegaram a recomendar o adiamento da sua posse com base no relatório produzido pela equipe de auditoria, conforme também noticiou o RR em 4 de julho. No entanto, menos de uma semana depois, a nomeação foi confirmada. O próprio Conselho Deliberativo não apenas bancou a indicação do executivo como estaria fazendo de tudo para blindá-lo no cargo.  O fogo cruzado entre os poderes do Postalis se intensifica a cada dia, com acusações de parte a parte. Nos bastidores, os conselheiros fiscais alegam que o Conselho Deliberativo estaria agindo para acobertar possíveis irregularidades cometidas pelo André Motta na diretoria de investimentos com o intuito de salvar a própria pele. Isso porque muitas das operações e contratos firmados à época foram aprovadas pelos mesmos conselheiros. Em contrapartida, o Conselho Deliberativo acusa os conselheiros fiscais de vocalizarem interesses de grupos políticos que foram derrotados na escolha do novo presidente – diga-se de passagem, uma indicação do PSD, do ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab. Segundo o RR apurou, o Conselho Deliberativo defende a destituição dos integrantes do Conselho Fiscal, a começar pelo seu presidente, Reginaldo Chaves.

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