Categoria: Política
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Política
Kwai entra na mira da AGU por vídeo falso com Lula, Alckmin e Haddad
16/04/2025
Política
A melhor aposta? CPI das Bets não vai dar em nada
16/04/2025Os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Romário (PL-RJ) articulam com Davi Alcolumbre, presidente da Casa, a prorrogação da CPI das Bets, prevista para ser encerrada no próximo dia 30. É uma aposta de risco. Kajuru e Romário, respectivamente presidente e relator, tentam ganhar tempo na expectativa de evitar o que hoje é praticamente inevitável: que a CPI termine como um rotundo fracasso. Até o momento, não há notícia de que a Comissão Parlamentar tenha levantado qualquer fato novo relevante sobre fraudes nas bets esportivas. Por ora, trata-se de uma colcha de retalhos de suspeitas e acusações já conhecidas. Quando terminar, talvez a CPI das Bets seja mais lembrada pelo conflito de interesses do seu relator. A Superbet é o principal patrocinador da recém-lançada Romário TV, no Youtube. Assim como do América, clube presidido pelo ex-jogador.

Política
Desgastado, Carlos Fávaro já fala em trocar Senado por Câmara
15/04/2025Ao que tudo indica, participar do governo Lula não tem feito muito bem à carreira política de Carlos Fávaro, ministro da Agricultura. Fávaro já trabalha a possibilidade de um downgrade nas eleições de 2026. Em conversas reservadas com aliados mais próximos, tem mencionado a hipótese de abrir mão da sua candidatura à reeleição para o Senado e concorrer a uma vaga na Câmara. Na verdade, é o Senado ou o próprio eleitorado que parece estar abrindo mão de Fávaro. No PSD, seu partido, há quem considere bastante alto o risco de o ministro não se reeleger. A passagem pelo gabinete de Lula agastou a relação entre Fávaro e o agronegócio, sua principal base política. A candidatura à Câmara seria um movimento pragmático, que aumentaria consideravelmente a probabilidade de Fávaro permanecer no Congresso ao fim do governo Lula. Ainda que com uma vitória eleitoral com gosto de derrota.

Política
Alcolumbre e Motta não querem saber de amarras para indicações à Aneel
14/04/2025Corre à boca miúda no Congresso que os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, trabalham para dinamitar o projeto de lei 4738/24, de autoria do deputado Duarte Jr. (PSB-MA), que propõe novas regras para a escolha dos diretores da Aneel. Entre outros pontos, o PL veda a nomeação de pessoas que tenham mantido qualquer vínculo profissional com empresas do setor elétrico nos dez anos anteriores. A ideia causa urticárias nos partidos da base aliada, por restringir a possibilidade de indicações para a Aneel. O próprio Alcolumbre seria um dos afetados caso a regra estivesse em vigor. Neste momento, o presidente do Senado articula a nomeação de Alexandre Aniz para a agência reguladora. Até janeiro deste ano, Aniz ocupava a diretoria jurídica e de gestão corporativa da Eletrobras.

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Alcolumbre retira obstáculos que separam apadrinhado da Aneel
10/04/2025O presidente do Senado, David Alcolumbre, está removendo do caminho os óbices para a nomeação de Alexandre Aniz, ex-diretor jurídico e de Gestão Corporativa da Eletrobras, à diretoria da Aneel. Em Brasília, a decisão do TCU de retirar a inabilitação de Aniz para o posto é creditada na conta de Alcolumbre, que teria se envolvido diretamente nas gestões com ministros da Corte. Em fevereiro, o TCU inabilitou o executivo e outros cinco ex-diretores da Eletrobras para exercer cargos públicos pela suposta contratação do escritório de advocacia americano Hogan Lovells em 2015 com sobrepreço – à época, a empresa ainda era estatal. A decisão do TCU, no entanto, não durou mais do que 40 dias. Foi o tempo para o veto a Aniz ser derrubado. Agora, o caminho está aberto para Alcolumbre trabalhar dentro do Senado pela aprovação do nome do ex-diretor da Eletrobras para a Aneel.

Política
Sombra de José Sarney preocupa acionistas da Eletrobras
9/04/2025A indicação de Silas Rondeau para o Conselho de Administração da Eletrobras enfrenta resistências entre os acionistas privados da empresa. Rondeau é aliado histórico de José Sarney, responsável direto por levar seu nome ao presidente Lula. Entre os investidores da Eletrobras, o entendimento é que sua presença no Conselho aumentará em demasia o grau de politização em torno de decisões estratégicas. Rondeau nunca é apenas Rondeau, mas, sim, personificação de uma tropa de emedebistas liderada por Sarney que há décadas mantém posição de influência no setor elétrico. Ex-presidente da própria Eletrobras e ex-ministro de Minas e Energia no Lula I e II, Silas Rondeau ocupa atualmente a presidência da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).

Política
Governo Lula chegará ao 1º de maio com fissuras no sindicalismo
8/04/2025Nas últimas duas semanas, o governo, à frente a própria ministra Gleisi Hoffmann, fez gestões junto às grandes centrais sindicais na tentativa de costurar um ato unificado para o Dia do Trabalhador. Mas o tiro saiu pela culatra. Pela primeira vez desde 2018, o sindicalismo vai chegar rachado ao 1º de maio. A CUT está organizando um evento em São Bernardo do Campo. Por outro lado, um grupo de centrais liderado pela Força Sindical promoverá um “showmício” na Praça Campo de Bagatelle, no Santana, Zona Norte de São Paulo. Lula já foi convidado para ambos. Ainda não disse nem “sim” nem “não”. Não custa lembrar que o Dia do Trabalhador no ano passado foi um fiasco para o governo. Em um ato conjunto organizado pelas centrais sindicais, o presidente da República discursou para menos de dois mil gatos pingados.

Política
Juscelino Filho e Alcolumbre mostram sintonia em indicação para a Anatel
8/04/2025O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o presidente do Senado, David Alcolumbre, estão na mesma frequência: ambos trabalham pela indicação de Edson Holanda, ex-gerente jurídico da Telebras, para a diretoria da Anatel. A questão é que a nomeação de Holanda exigirá contorcionismos. De acordo com a Lei 13.848, funcionários de empresas reguladas não podem ser designados para agências do mesmo setor. Holanda correu para resolver a questão: em janeiro desligou-se da Telebras. Como a legislação não é clara com relação a exigência de quarentena, de repente cola.

Política
Procura-se um cargo para o candidato Paulo Pimenta
31/03/2025O jantar realizado pelo ex-ministro Paulo Pimenta no último dia 19, em Brasília, para celebrar seus 60 anos teve um tom de desagravo. Petistas presentes ao convescote, como a ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, e seu namorado, Lindbergh Faria, defenderam abertamente que o governo deve achar um novo cargo para Pimenta. Trata-se de um cálculo político eivado de pragmatismo. O argumento é que o ex-ministro, pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul em 2026, precisa de uma função com maior visibilidade para alavancar, desde já, suas chances eleitorais. Defenestrado da Secom com a pecha de carregar sobre os ombros a culpa pela queda de popularidade do presidente Lula, Pimenta cumpre seu “exílio” de volta à Câmara dos Deputados.

Política
As peças de Bolsonaro no tabuleiro do Senado em 2026
20/03/2025Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto estão debruçados sobre o tabuleiro das eleições para o Senado, em 2026. Neste momento, as discussões se concentram na movimentação das peças nos dois principais estados da federação. No Rio de Janeiro, não há nem discussão: Bolsonaro não abre mão de indicar os dois candidatos do PL.
E, no que depender do ex-presidente, os nomes já estão mais do que dados: Flavio Bolsonaro e o atual governador do estado, Claudio Castro. No PL, há vozes que defendem a candidatura de Flavio ao próprio governo do Rio, ideia que esbarra na resistência de seu pai. Com Eduardo Paes pela frente, a ameaça do “01” perder a eleição e consequentemente o foro privilegiado mexe com o coração de Bolsonaro.
Em São Paulo, as dúvidas são maiores. Tudo depende do movimento a ser feito por Eduardo Bolsonaro, que, ao menos no momento, cumpre um autoexílio nos Estados Unidos. Por ora, o “03” é um pêndulo que oscila entre a reeleição à Câmara, líquida e certa, ou uma candidatura ao Senado, sempre com uma taxa de risco maior.

Política
Damares Alves, a “xerife” das redes sociais
19/03/2025Ao contrário do que costumava dizer o Barão de Itararé, às vezes de onde menos se espera até vem alguma coisa. A senadora Damares Alves, bolsonarista de carteirinha, está empenhada em colocar um pouco de ordem na terra sem lei da internet. Damares negocia com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, urgência na votação do projeto de lei de sua autoria que tipifica o crime de falsa identidade digital. O PL prevê punições para quem usa perfis fakes em redes sociais ou aplicativos de mensagens, sobretudo para aplicar golpes financeiros ou causar danos à honra de terceiros. A proposta de Damares estabelece pena de um a cinco anos de reclusão e multa. O que será que o gabinete do ódio pensa sobre o projeto de lei da sua correligionária?

Política
Comando da Comissão de Minas e Energia provoca curto-circuito entre PSD e PT
18/03/2025Mais uma demonstração da disfuncionalidade do governo Lula na área política. O ministro Alexandre Silveira tem feito duras críticas à falta de apoio do PT para o PSD assumir a Comissão de Minas e Energia da Câmara. O partido de Silveira indicou o nome do deputado Diego Andrade, de Minas Gerais. Mas, do outro lado, há uma operação-trator comandada pelo PL, que trabalha pela nomeação do deputado Joaquim Passarinho (PA). Silveira trata como fundamental ter um correligionário à frente da Comissão para tocar mudanças regulatórias e projetos de interesse do governo. Bem, é uma missão para Gleisi Hoffmann, a “mulher bonita” escolhida por Lula para dar ordem ao caos da articulação política.

Política
PL atira em Itaipu para acertar em Gleisi Hoffmann
17/03/2025
Política
Arthur Lira cobra do governo nomeação da sua candidata ao STJ
14/03/2025O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, pressiona o governo pela nomeação da procuradora de Justiça de Alagoas, Maria Marluce Caldas Bezerra para o STJ, na vaga destinada ao Ministério Público. Lira usa as armas que tem e sabe manejar com maestria. Já fez chegar ao Palácio do Planalto a possibilidade de brecar projetos de interesse da gestão Lula no Congresso caso a indicação não saia ainda neste mês. A escolha já era dada como certa nos bastidores do Judiciário, mas, nos últimos dias, o processo emperrou, ao que consta por interferência de Renan Calheiros. Maria Marluce é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, aliado de Lira.

Política
Asilo nos Estados Unidos? Tratar com Cristiane Brasil
12/03/2025O 8 de janeiro e afins virou um grande negócio. Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, tem aparecido nas redes sociais ofertando consultoria a brasileiros que querem “asilo” nos Estados Unidos. Nos vídeos, a ex-deputada federal e ex-ministra do Trabalho se dirige especialmente a “quem é de direita, assim como eu, e se identifica com essas pautas…” e “tem medo de ser perseguido por suas opiniões ou por fazer parte de algum grupo”. No reclame comercial, Cristiane garante à clientela a obtenção de “work permit” e de “social security”. Ou seja: ao que tudo indica, há um mercado de turismo receptivo para golpistas, foragidos e congêneres.

Política
Alexandre Silveira tem mil e uma utilidades para o governo Lula
12/03/2025Lula é mestre na arte da dissimulação, de fritar colaboradores sem sujar a mão de óleo. Mas, a julgar pelos recados encaminhados pelo Palácio do Planalto a Gilberto Kassab, Alexandre Silveira (PSD-MG) seguirá firme à frente do Ministério de Minas e Energia, apesar das manobras do Centrão para eletrocutá-lo. Silveira conta com o apoio de Rui Costa, o que, no atual governo, é meio caminho andado. Tem também notória ascendência sobre a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. É uma voz firme a favor da exploração da Margem Equatorial. E atende às demandas do Palácio do Planalto e de aliados que passam pelo seu gabinete. E não são poucas. Para que trocar o certo pelo duvidoso?

Política
Haddad e governadores reagem contra reajuste da polícia do DF
7/03/2025
Política
A caravana do ministro – e presidenciável? – Camilo Santana
28/02/2025O ministro da Educação, Camilo Santana, vai iniciar, logo após o Carnaval, uma temporada de visitas a universidades públicas federais. A peregrinação deverá começar pelo Nordeste. O principal objetivo é se reunir com reitores para discutir questões de ordem orçamentária e novos critérios da Pasta para o processo de avaliação de cada instituição. Santana também vai aproveitar o “road show” para inaugurar obras de instalação e ampliação de campi previstas no PAC. Trata-se de uma agenda com potencial para reavivar rumores sobre o futuro político de Santana. E talvez seja isso mesmo que ele queira. Em hostes petistas, seu nome aparece como um possível candidato do partido à Presidência caso Lula não queira disputar a reeleição, e a economia derreta as chances de Fernando Haddad.

Política
Consórcio Brasil Central vira vitrine para o presidenciável Caiado
27/02/2025O governador Ronaldo Caiado, recém reeleito para o seu segundo mandato à frente do Consórcio Brasil Central, vai usar a posição como uma alavanca da sua candidatura presidencial. Caiado prepara uma agenda de viagens ao Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, estados que compõem o bloco, ao lado de Goiás e do Distrito Federal. Na paralela, está elaborando com os governadores dessas unidades um colar de propostas para a área de segurança pública. Caberá a Caiado capitalizar e instrumentalizar politicamente o trabalho. A ideia, inclusive, é que algumas das proposições não fiquem apenas no papel. Os governadores – Caiado na proa – discutem a aquisição conjunta de viaturas, equipamentos, armamentos etc.

Política
Na carta aberta ao PT, onde está Kakay leia-se José Dirceu
20/02/2025Entre os convidados, lá estavam Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, ao lado de outros tantos poderosos da República. Ainda assim, a participação mais importante no evento organizado por Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, na última segunda-feira, em sua residência, em Brasília, foi de um ausente: José Dirceu. A “presença” do ex-ministro era sentida em cada canto ou roda de conversas. Dirceu teria sido o subscritor oculto da dura carta aberta publicada por Kakay um dia antes. Não é de se estranhar, portanto, que o manifesto tenha chacoalhado as hostes petistas. No fundo, é Dirceu quem considera que “o Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.” Assim como é possível ouvir os pensamentos do ex-ministro no alerta ao PT: “Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026”.
Kakay e José Dirceu são unha e carne. Entre ambos há uma notória simbiose no pensamento – além de um histórico de inestimáveis préstimos trocados. Se Kakay diz na carta aberta que “o ‘grupo’ do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento”, trecho interpretado dentro do PT como uma crítica direta a Janja e a Gleisi Hoffmann, é como se o próprio Dirceu estivesse desferindo o ataque ao “matriarcado” do partido. O mesmo pode ser aplicado à tentativa de preservação de Fernando Haddad, virtual candidato do PT caso Lula não concorra à reeleição: “E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel”. Ou seja: no fundo, as palavras de Kakay foram o primeiro grande chamamento de Dirceu aos seus mirando em 2026.

Política
Ciro Nogueira quer Gusttavo Lima e Pablo Marçal nos palcos do PP
18/02/2025Procura-se um presidenciável no PP. Ao menos na ala do PP liderada pelo senador Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro. Além do convite público ao cantor Gusttavo Lima, Nogueira também procurou Pablo Marçal, com o objetivo de atrai-lo para o partido. Atualmente, o híbrido de coach e candidato ao Palácio do Planalto é filiado ao PRTB, pelo qual disputou a Prefeitura de São Paulo. A julgar pelas movimentações, o senador não leva muita fé de que Jair Bolsonaro vá conseguir reverter a sua inelegibilidade. O que não quer dizer que os convites a Lima e a Marçal sejam uma garantia de candidatura. Entre aqueles que conhecem Nogueira mais de perto, há línguas ferinas dizendo que a verdadeira intenção de Nogueira ao se aproximar dos dois presidenciáveis é valorizar seu passe para uma futura aliança com o candidato indicado por Bolsonaro. A ver.

Política
Rui Costa empurra uma peça para fora do tabuleiro da reforma ministerial
17/02/2025O onipresente Rui Costa está torpedeando a indicação do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para a Secretaria de Relações Institucionais. Ribeiro é o nome mais cotado para o cargo caso Alexandre Padilha seja deslocado para a Pasta da Saúde na ciranda da reforma ministerial. O chefe da Casa Civil considera o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), também cogitado para o lugar de Padilha, uma figura, digamos assim, mais maleável e, portanto, mais manejável. Além disso, Rui Costa e Aguinaldo Ribeiro guardam algumas rusgas recíprocas, decorrentes, sobretudo, de disputas por cargos no governo. Ribeiro, no entanto, tem pontos junto a Lula acumulados principalmente na posição de relator da reforma tributária na Câmara.

Política
Eduardo Cunha já “absolveu” Domingos Brazão
13/02/2025O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tem dito a líderes parlamentares que o deputado federal Chiquinho Brazão não será cassado. Cunha nunca foi um bravateiro. Portanto, a leitura entre seus interlocutores é que o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, dificilmente vai levar o caso a plenário. Ressalte-se que Motta é um apadrinhado histórico de Eduardo Cunha, com quem sempre teve uma relação pautada por uma boa dose de subserviência. Em grande parte, o deputado deve a Cunha a sua eleição para o comando da Câmara. Em agosto do ano passado, o Conselho de Ética da Casa aprovou o pedido de cassação de Brazão, acusado de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. E, de lá para cá, o processo não andou. E, pelo jeito, assim seguirá.

Política
Ex-aliado conspira com bancada ruralista para tirar Fávaro da Agricultura
6/02/2025“O Ministério da Agricultura está acéfalo”. A declaração pública do ex-secretário de Política Agrícola do governo Lula, Neri Geller, é apenas a ponta mais visível da sua ofensiva contra Carlos Fávaro. Geller articula e conspira o tempo todo. Tem trabalhado em dobradinha com Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, para derrubar Fávaro. Em sua trama, tocam de ouvido com Arthur Lira, preferido do Centrão para assumir o cago. A ofensiva de Geller estava escrita nas estrelas, e no RR. Aliado histórico de Lula, o ex-secretário não se conformou de ter sido demitido do cargo, em junho do ano passado, no rastro das denúncias de irregularidades no leilão de arroz.

Política
O fator Arthur Lira na escolha do novo ministro do STJ
5/02/2025
Política
Valdemar age para evitar que Marcos Pontes seja ejetado do PL
5/02/2025Valdemar Costa Neto entrou em campo na tentativa de debelar as labaredas no relacionamento entre o senador Marcos Pontes (PL-SP) e a ala mais radical do partido, ou seja, o enclave bolsonarista. Há vozes dentro da sigla, como o senador Carlos Portinho (PL-RJ) e Jorge Seif (PL-SC), defendendo uma punição ao parlamentar. Há quem fale até em expulsão do partido. Os bolsonaristas puro-sangue do PL não engolem o fato do parlamentar ter lançado sua candidatura à presidência do Senado para enfrentar o “invencível” David Alcolumbre. Pode até ter sido um tiro no pé, mas Valdemar, mais pragmático e racional, não quer nem ouvir falar da possibilidade de o PL perder um senador. Hoje, o partido tem a segunda maior bancada da Casa, com 14 nomes. Uma eventual defecção faria a sigla ter seu poder de fogo reduzido em relação ao PSD, de Gilberto Kassab, o maior “condomínio de senadores”, com 15 nomes. Ou seja: a expulsão do “astronauta” Marcos Pontes é coisa de quem vive no mundo da lua.

Política
Rui Costa comanda a blindagem da BYD no governo
4/02/2025
Destaque
Governo Lula tenta aumentar sua aprovação com tijolo e cimento
4/02/2025O governo Lula tenta reagir à deterioração da sua popularidade. O presidente da República tem discutido com o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, medidas para turbinar o Minha Casa, Minha Vida. Vai ter mais dinheiro em 2025 e, sobretudo, 2026, ano eleitoral.
O combustível virá principalmente do aumento do volume de crédito habitacional tanto por parte da Caixa Econômica quanto do Banco do Brasil. No caso da Caixa, circulam informações de que o banco deverá ajustar para cima o orçamento previsto para financiamento imobiliário neste ano, inicialmente de R$ 70 bilhões.
Não custa lembrar que, no ano passado, a instituição financeira errou a mão no seu planejamento orçamentário e, a partir de maio, o funding para empréstimos habitacionais começou a escassear, o que, inclusive, forçou a Caixa a mudar as regras dos financiamentos pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Ao mesmo tempo, o governo cogita também ampliar o montante de recursos do FGTS para a habitação, originalmente de R$ 126 bilhões. O assunto já teria sido levado a integrantes do Conselho Curador do Fundo. Na equipe de Jader Barbalho, já se fala na entrega de 2,5 milhões de moradias até 2026, um aumento de 25% em relação à meta original, de dois milhões de imóveis. Desse total, ressalte-se, mais de 60% já estão contratados.

Política
Ex-tesoureiro do PT está livre, leve e solto
31/01/2025Parece até difícil de acreditar, mas João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, tem participado de discussões dentro do partido relacionadas à ocupação de cargos em agências reguladoras. Mira, sobretudo, na Aneel e na ANP. Vaccari vem demonstrando desenvoltura também nas indicações para fundos de pensão. Foi responsável pela nomeação de Gustavo Gazaneo para a diretoria de Investimentos da Petros, no fim do ano passado. Ou seja: de forma surpreendente até mesmo entre petistas raiz, Vaccari tem conseguido, ainda que de maneira enviesada, romper resistências naturais aos criminalizados da Lava Jato, caso dele próprio. Mas sua movimentação, muito provavelmente, deverá ficar restrita a esse circuito fechado, de uma indicação aqui e outra acolá para segundo escalão. Pelo seu passado, Vaccari é um daqueles nomes maculados, que podem atrapalhar muito o PT em 2026.

Política
Governo empurra disputa entre Silveira e Pacheco para o PSD
31/01/2025O governo não está dando conta de administrar sozinho a queda de braço entre Alexandre Silveira e Rodrigo Pacheco. O Palácio do Planalto tenta empurrar para Gilberto Kassab, prócer do PSD, a missão de intervir na disputa entre o ministro de Minas e Energia e o presidente do Senado, ambos filiados ao partido. Pacheco quer a cabeça de Silveira, tentando, desde já, enfraquecer sua posição no tabuleiro eleitoral de 2026. Ambos correm na mesma raia e travam um duelo, metro a metro, pelo direito de ser o candidato do PSD ao governo de Minas Gerais. Ressalte-se que a relação entre o governo e Kassab não vive o momento mais sereno, vide a declaração do ex-prefeito de São Paulo chamando Fernando Haddad de “fraco”.

Política
A saideira de Arthur Lira na presidência da Câmara
29/01/2025Ao apagar das luzes no cargo de presidente da Câmara, Arthur Lira negocia com o governo uma nova leva de indicações em autarquias federais. Na mira, uma diretoria no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e outra na Codevasf, onde Lira, diga-se de passagem, já tem uma aliada, a diretora de Irrigação, Alessandra Cristina Rossin.

Política
Tarcísio de Freitas oscila entre o boné de Trump e os extremos climáticos
24/01/2025Tarcísio de Freitas é um pêndulo, com movimentos milimetricamente calculados. O governador de São Paulo recusou convite de Eduardo Bolsonaro para integrar a comitiva bolsonarista puro-sangue que foi a Washington acompanhar a posse de Donald Trump. Evitou, assim, figurar no time dos “barrados no baile” – nem Eduardo nem Michelle Bolsonaro tiveram acesso aos eventos oficiais.
Mas se, por um lado, manteve prudente distância física do clã, por outro o pendular Freitas teve o cuidado de não se dissociar de todo de Bolsonaro ao postar o vídeo nas redes sociais em que aparece usando um boné com o slogan trumpista “Make America Great Again”. Passadas 48 horas, já sem o adereço, o governador moveu-se delicadamente na direção dos moderados ao anunciar a criação de um conselho de mudanças climáticas em São Paulo.

Política
Bancada ruralista promete passar o trato em veto de Lula sobre o Fiagro
22/01/2025
Política
Parlamentares estão de olho gordo nas “emendas Juscelino”
22/01/2025Em meio ao interminável imbróglio das emendas PIX, deputados e senadores miram novas “fontes pagadoras”. É o caso, por exemplo, dos recursos oriundos dos leilões de frequências de telefonia, notadamente o 5G. Lula deu uma mãozinha. Em dezembro, tirou a gestão desse dinheiro da Anatel, transferindo a missão para o Ministério das Comunicações. Uma manobra que parece ter sido feita sob encomenda para saciar a sede dos parlamentares. O ministro Juscelino Filho já tem recebido uma romaria de congressistas com pedidos de liberação de recursos para projetos de telecomunicação e conectividade. A maioria está ligada a programas de Internet nas escolas. O governo Lula promete investir R$ 27 bilhões até 2026 para a conectividade da rede pública de ensino.

Política
Crise da bilhetagem no Rio: Paes deve detonar a Autopass
21/01/2025Se não houver mudança de última hora, o prefeito Eduardo Paes desembarca amanhã no Rio, proveniente da Suíça, disposto a responsabilizar de todas as formas e maneiras a secretária de Transportes do município, Maína Celidônio, pelo imbróglio em torno do novo sistema de bilhetagem do Rio. O ponto nevrálgico é a possibilidade de transferência do controle do Consórcio Bilhete Digital, responsável pela gestão do cartão Jaé, para a Autopass, conforme informou o RR. Não será surpresa nenhuma se o prefeito, logo na chegada, detonar a empresa de bilhetagem paulista. Paes ficou entre a cruz e a espada. Pela terceira vez, ele deverá anunciar o adiamento da exclusividade do cartão no município, que já havia sido postergado para 1º de julho.

Política
Carlos Fávaro mapeia desafetos entre os incendiários da sua gestão
20/01/2025
Política
Rui Costa comanda o processo de blindagem de Alexandre Silveira
17/01/2025O chefe da Casa Civil, Rui Costa, trabalha, articula e se movimenta por tudo que é lado para assegurar a permanência de Alexandre Silveira na Pasta de Minas e Energia. O desafio é blindar o ministro da ofensiva de Davi Alcolumbre, candidatíssimo a assumir a presidência do Senado em fevereiro, que conspira dia e noite para derrubá-lo do cargo. Alcolumbre e Silveira colecionam fricções políticas, alimentadas, sobretudo, por disputas na indicação de nomes para agências regulatórias e por divergências referentes à legislação das eólicas offshore. Rui Costa e Alexandre Silveira formam uma dupla ministerial afinadíssima. Costa, por exemplo, foi um parceiro de primeira hora de Silveira na ofensiva para derrubar Jean Paul Prates da presidência da Petrobras. Apoio com apoio se paga. Entre outras retribuições, Silveira costurou o repasse de R$ 1,5 bilhão no âmbito do programa Luz para Todos para a Bahia. Costa também capitalizou politicamente o investimento de R$ 14 bilhões da Iberdrola, controladora da Neoenergia Coelba, no estado. O anúncio foi feito no ano passado, após visita do ministro de Minas e Energia à Espanha.

Política
PSD e PP fazem marcação cerrada sobre Romário
10/01/2025O PSD, de Eduardo Paes, e o PP estão cercando Romário (PL) por todos os lados, ávidos para “comprar” o passe o senador. Com o partido de Paes, o flerte é antigo. No caso do PP, a investida faz parte de um arrojado movimento da sigla para minar a base bolsonarista no Rio, vide o convite ao governador Claudio Castro, também do PL – conforme informou o Valor Econômico no último dia 8. Romário tem uma relação de tapas e beijos dentro do PL – ultimamente, mais tapas do que beijos. Em 2022, sentiu-se traído por Jair Bolsonaro, que decidiu apoiar um candidato de outro partido ao Senado, Daniel Silveira (PTB). deu o troco no ano passado, ao declarar voto em Eduardo Paes e chutar para escanteio Alexandre Ramagem, que disputou a eleição à Prefeitura do Rio pelo PL.

Política
Bolsonaro joga com duas peças para a eleição no Distrito Federal
9/01/2025O estilo caótico de fazer política de Jair Bolsonaro está provocando faíscas na sua base aliada no Distrito Federal. A senadora Damares Alves tem recebido sinais de Bolsonaro encorajando-a a se candidatar ao governo do DF no ano que vem pelo Republicanos. Ocorre que o ex-presidente já havia se comprometido a apoiar uma chapa encabeçada pela atual vice-governadora Celina Leão (PP), outra bolsonarista de carteirinha, a exemplo de Damares. Esta seria uma peça de uma articulação ainda mais ampla e sensível, que incluiria a candidatura do atual governador, Ibaneis Rocha, ao Senado. Ao piscar um olho para Damares e outro para Celina, Bolsonaro cria um clima de tensão entre seus aliados. Além de dar munição àqueles que pregam que o ex-presidente é um político, no mínimo, demasiadamente volúvel, para não se dizer inconfiável.

Política
Rui Costa e Jaques Wagner disputam indicação de presidente da Embasa
8/01/2025Há um novo round no pugilato político entre Rui Costa e Jaques Wagner. Corre em Brasília que o ministro da Casa Civil articula a indicação de Carlos Mello, atual presidente do Conselho de Administração da Embasa, para o cargo de CEO da empresa. No entanto, Wagner e aliados trabalham para dinamitar a nomeação. O senador contaria, inclusive, com o apoio de lideranças dos trabalhadores da estatal de saneamento baiana. Pesa contra Mello o fato de que, no passado, ele defendeu a privatização da Embasa. Ressalte-se que a presidência da estatal baiana está vaga justamente por conta de uma vitória política de Wagner, que conseguiu emplacar o ex-CEO da empresa, Leonardo Goés, em uma das diretorias da ANA (Agência Nacional de Águas). Se brecar a indicação de Carlos Mello para o comando da Embasa e ainda cravar o sucessor de Goés, Wagner terá feito barba cabelo e bigode para cima do desafeto Rui Costa.

Política
Ruralistas pressionam governo por um refresco para dívidas do agronegócio
6/01/2025A bancada ruralista – sempre ela – colocou seus soldados na porta dos ministros Fernando Haddad e Carlos Fávaro na tentativa de arrancar um waiver do Banco do Brasil e da Caixa Econômica a dívidas do agronegócio. Nos últimos 12 meses, o índice de inadimplência na carteira rural do BB mais do que duplicou, passando de 0,71% para 1,9%. No caso da Caixa, a estressada é ainda mais aguda: no terceiro trimestre, os contratos com atraso de mais de 90 dias saíram de 0,75% para 3,3% na comparação com igual período em 2023. A maior parte das dívidas vem de grandes agricultores, notadamente produtores de soja do Centro-Oeste. O timing da pressão da bancada ruralista é péssimo para o governo. Há um pacote fiscal por aprovar no Congresso. E sem o apoio da Frente Parlamentar da Agricultura não se vota nem moção honrosa em plenário.

Política
Governo Lula busca um teto eleitoral em territórios da oposição
2/01/2025Feliz 2025! Bem-vindo a 2026. O Ministério das Cidades trabalha para entregar um pacotão de imóveis do Minha Casa, Minha Vida no primeiro trimestre. São Paulo e Goiás devem aparecer logo na primeira leva de inaugurações. Provavelmente não há nada de coincidência no fato de serem os estados dos presidenciáveis Tarcísio Freitas e Ronaldo Caiado. Por sinal, se entrega de projetos é um termômetro da disputa eleitoral, Caiado está bem cotado como adversário no Palácio do Planalto. Uma semana antes do Natal, o próprio ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, esteve em Goiânia para a entrega de 46 ônibus para a frota da cidade.

Política
Janja vai acumulando “cargos” no governo Lula
19/12/2024O mercado – como disse o RR (https://relatorioreservado.com.br/noticias/mercado-ja-precificou-um-futuro-sem-o-governo-lula/) – não teve o menor prurido em precificar os riscos à saúde de Lula, vide a queda do dólar e dos juros futuros nos dias de UTI. No entanto, o que talvez os agentes financeiros ainda não tenham aquilatado é a apreciação do “fator Janja”. A primeira-dama, que já atuava como chefe informal da Secom, “assumiu” também funções da Secretária Geral da Presidência ou algo equivalente. Janja tem participado ativamente de uma série de decisões de ordem política e administrativa. Sua rotina passou a incluir despachos com ministros e assessores palacianos. Para quem priva da rotina do Planalto, sua ascensão dentro do governo já estava mais do que anunciada. No entanto, a internação de Lula não apenas precipitou como potencializou responsabilidades que possivelmente seriam incorporadas por Janja de forma gradual, diferidas ao longo do tempo. Desde a semana passada, é a primeira-dama quem filtra os assuntos que circulam entre ministros e o presidente.
Aqueles que acompanharam in loco a internação de Lula no Sírio Libanês puderam testemunhar ocasiões em que a ascendência de Janja se pronunciou. Todo o trabalho de divulgação das informações clínicas do petista passou por ela, assim como a aprovação dos conteúdos veículos nos canais oficiais da Presidência nas redes. A primeira-dama também defendeu que Lula deveria conceder um depoimento à imprensa ainda no hospital. Dito e feito. O presidente irrompeu “de surpresa” durante a coletiva de imprensa da equipe médica. Janja participou também dos preparativos para a entrevista exclusiva que Lula concedeu no próprio domingo ao Fantástico, da Rede Globo, além de ter prestado seu depoimento ao programa. Por sinal, a exposição na mídia é um bom termômetro da sua influência no governo. Desde o início do terceiro mandato de Lula, portanto em 1 de janeiro de 2023, Janja soma 23.101 menções nos 80 veículos jornalísticos de maior audiência e alcance no Brasil – segundo pesquisa feita pelo RR com o uso de ferramenta da Knewin, maior empresa de monitoramento das mídias da América Latina. Ou seja: a primeira-dama tem uma 0.

Política
Governo deve deixar os “jabutis” das eólicas offshore sossegados
18/12/2024
Política
Republicanos enxerga um oásis no Departamento contra Secas
18/12/2024O Republicanos, de Marcos Pereira, nem esperou pela provável reforma ministerial. Trabalha junto à articulação política do Palácio para fisgar cargos no segundo e terceiro escalações. Um dos alvos é a diretoria-geral do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas). O órgão conta com um orçamento da ordem de R$ 1 bilhão. O problema é que o DNOCS é “propriedade” do PP, de Arthur Lira. Trata-se, por sinal, de uma das capitanias mais resilientes do partido. O diretor-geral, Fernando Marcondes de Araújo Leão, foi nomeado ainda no governo Bolsonaro. Lá está há quase cinco anos.

Política
Qual será o ministério de Arthur Lira? Façam suas apostas
17/12/2024Há um tiroteio de informações cruzadas em Brasília sobre a entrada de Arthur Lira no ministério de Lula. Depois da Pasta da Agricultura e da Saúde, agora o nome de Lira é especulado para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, hoje ocupado por Waldéz Góes. De imediato, não soa como um cargo dos mais atraentes, sobretudo se comparado à Agricultura e, principalmente, à Saúde. Mas a Pasta tem uma rede de veias e artérias bem ao feitio de Lira, leia-se estatais, autarquias e departamentos como Codevasf, DNOCS, Superintendências de Desenvolvimento Regionais etc. Trata-se de um sistema circulatório que permitiria ao atual presidente da Câmara fazer política e ter poder sobre a distribuição de recursos, notadamente para o Norte e Nordeste. Ou seja: permitiria a Arthur Lira ser Arthur Lira.

Política
PP e União duelam por anabolizado Ministério das Comunicações
16/12/2024O Ministério das Comunicações entrou na lista de desejos do PP, de Arthur Lira, para 2025. A cadeira de ministro, hoje ocupada por Juscelino Filho (União-MA), tornou-se ainda mais cobiçada com a recente decisão do governo de Lula de transferir para a Pasta o controle sobre R$ 3,1 bilhões obtidos com os leilões de frequência 5G. Os recursos são destinados a projetos de conectividade da rede pública de ensino. Antes o repasse dependia do aval da Anatel. Agora, basta a assinatura do ministro das Comunicações. É dinheiro na veia para ser potencialmente distribuído a bases eleitorais. Por isso mesmo, é de se esperar que o União não entregue o cargo assim tão facilmente nas mãos do PP. Bem, os dois que são Centrão que se entendam.

Política
Banco do Nordeste vira objeto de cobiça do PT
13/12/2024
Política
Será que Paulo Pimenta ainda vai fazer falta?
13/12/2024No Palácio do Planalto, é voz corrente que a iminente nomeação de Sidônio Palmeira para a chefia da Secom vai reforçar o poder de Janja na comunicação do governo Lula, especialmente nas redes sociais. Durante a campanha, a futura primeira-dama já interferia na produção dos programas para o horário eleitoral e na elaboração de conteúdos para as mídias digitais, sempre com a parcimônia do marqueteiro. Em quase todos os debates, Janja juntava-se a Sidônio na preparação do roteiro para Lula e também nas intervenções durante os intervalos. Ou seja: a chegada do publicitário, se confirmada, parece feita sob medida para a primeira-dama.

Política
A caravana federativa de Camilo Santana
11/12/2024O ministro Camilo Santana pretende percorrer diversos estados em reuniões com secretários de Educação para esmiuçar as diretrizes do novo ensino médio, aprovadas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) no mês passado. Parafraseando a história do porco, se tem focinho, orelha e pé de campanha eleitoral, então é campanha eleitoral… Ressalte-se que no fim de outubro Santana já havia levado para o Ceará, seu estado, um dos eventos paralelos do G20, capitaneado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com Fernando Haddad patinando no pacote fiscal e as renovadas dúvidas sobre o estado de saúde de Lula – ver RR, as inscrições para ser o Plano B do PT em 2026 estão abertas

Política
Tarcísio Freitas dá aula de campanha eleitoral antecipada
5/12/2024Números redondos sempre têm mais charme e impacto, ainda mais quando se trata de um pré-candidato à Presidência da República. Nos gabinetes do Palácio Bandeirantes, assessores do governador Tarcísio Freitas falam na construção de 200 novas escolas em todo o estado até o fim do mandato por meio de PPPs. O projeto segue o mesmo modelo do leilão realizado no mês passado, para a implantação de 33 colégios na rede pública estadual, com apoio do BNDES. Os vencedores da licitação ficarão responsáveis pela construção e pela chamada operação não-pedagógica, a gestão administrativa das unidades de ensino. Para o ano que vem, está previsto também um leilão para a reforma de 143 escolas.

Política
Arthur Lira quer ampliar seu latifúndio na Caixa Econômica
4/12/2024Arthur Lira pressiona o governo pela efetivação de Rodrigo Hideki Hori Takahashi na vice-presidência de Agente Operador da Caixa Econômica. Takahashi ocupa o cargo de forma interina desde maio. O Palácio do Planalto cozinha o pleito de Lira em banho-maria. Talvez ele venha a ser atendido no bojo das negociações para aprovação das medidas do pacote fiscal que dependem do Congresso. Lira, não custa lembrar, já têm três tentáculos na cúpula da Caixa: o próprio presidente do banco, Carlos Vieira, o vice-presidente Negócios de Atacado, Tarso Duarte de Tassis, e o diretor-presidente da Caixa Assistência, Rodrigo Valença.

Política
Eduardo Bolsonaro pretende chacoalhar suas redes com live na posse de Trump
4/12/2024Eduardo Bolsonaro prepara uma “superprodução” para a posse de Donald Trump. O simulacro tupiniquim de Leni Riefenstahl, a cineasta de épicos da propaganda nazista, pretende fazer uma live direto de Washington ao longo do dia 20 de janeiro, não apenas com a transmissão da cerimônia principal, mas também entrevistando membros do Partido Republicano. Eduardo já vislumbra dezenas e dezenas de cortes para abastecer suas redes sociais. Para levar o projeto adiante, o deputado espera ter o apoio de Jason Miller, assessor direto de Trump e fundador e CEO da Gettr, rede social de extrema direita. Há três anos, Miller esteve no Brasil para participar da edição brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora, organizada por Eduardo Bolsonaro.

Política
Caso Carrefour vira trunfo de Fávaro na Fazenda
3/12/2024Na cúpula do PSD, o entendimento é que o imbróglio com o Carrefour caiu do céu para Carlos Fávaro. O ministro da Agricultura está se valendo do recuo da rede francesa em sua intenção de boicotar a carne brasileira para se cacifar politicamente e escapar da guilhotina da reforma ministerial. Nas últimas semanas, surgiram rumores em Brasília de que Arthur Lira poderá assumir a Pasta da Agricultura no ano que vem.

Política
Um prêmio de consolação para Gleisi Hoffmann
29/11/2024A articulação política do governo segue empenhada em garantir uma vaga para Gleisi Hoffmann no TCU dentro do acordo para apoiar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. O que se diz é que o próprio Palácio do Planalto trabalha para esfriar as pretensões de outros nomes do PT para o Tribunal de Contas, como os deputados Jilmar Tatto (SP) e Odair Cunha (MG). Línguas ferinas do partido dizem que o empenho palaciano por Gleisi não é exatamente uma demonstração de apreço pela deputada, mas, sim, a forma pragmática que Lula teria encontrado para se livrar da atual presidente do PT.

Política
Bolsonaro pressiona PL para retomar pagamentos a Braga Netto
27/11/2024Jair Bolsonaro pressiona o presidente do PL, Waldemar da Costa Neto, para que o partido volte a pagar salário ao general da reserva Braga Netto. Até fevereiro deste ano, o candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022 recebia aproximadamente R$ 28 mil mensais da legenda, mas os proventos foram cortados por decisão do próprio Costa Neto. No próprio PL, línguas ferinas dizem que Bolsonaro quer criar uma espécie de “Bolsa Advogado” para Braga Netto, uma alusão ao indiciamento do general no inquérito da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe e uma suposta trama para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

Política
Rodrigo Pacheco busca aclamação a sua candidatura em Minas Gerais
27/11/2024
Política
Bancada ruralista passa um trator em cima da reforma agrária
26/11/2024Ontem, o deputado Pedro Lupion (PP-PA), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), contabilizava mais de 320 votos na Câmara favoráveis ao projeto de lei 2.502/24. De autoria de Rodolfo Nogueira (PL-MS), a proposta impede a desapropriação de propriedades rurais produtivas, independentemente do seu tamanho, para fins de reforma agrária. Há um pulo do gato. O projeto reduz de 80% para 50% da área total o grau mínimo de utilização para que o imóvel seja considerado produtivo. É um breque na reforma agrária. A proposta foi aprovada Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara no último dia 19. No que depender da bancada ruralista, o PL será plantado na pauta de votação do plenário ainda neste ano.

Política
Eduardo Bolsonaro, o embaixador de Trump na América do Sul? Era só o que faltava
19/11/2024O clã Bolsonaro saiu vazando ontem que o convite a Eduardo Bolsonaro para comparecimento à cerimônia de posse de Donald Trump já está confirmado – e seria extensivo ao próprio Jair Bolsonaro se ele não estivesse com seu passaporte retido pelo STF. Pode haver alguma coisa mais esdrúxula? Pode. Os bolsonaristas afirmam que existem negociações para emplacar Eduardo como conselheiro formal do governo Trump para assuntos referentes à América do Sul, uma espécie embaixador plenipotenciário dos EUA na região. Os Estados Unidos permitem a dupla cidadania. Portanto, o país de origem do “03” não seria um empecilho. O interlocutor notório do clã é o já nomeado Secretário de Eficiência – que muito pode ser um cargo equivalente ao de Secretário de Estado -, Elon Musk. Este certamente não desgostaria da ideia. Musk é próximo de Jair Bolsonaro e se posicionou publicamente em diversas vezes apoiando o ex-presidente. Imagine só tratar a Venezuela e o Brasil como uma coisa só. Noves fora algum exagero, seria esse o encargo do embaixador plenipotenciário dos EUA na região, unificar a chancelaria na área, o que daria bem a ideia da importância de que Trump confere aos países da América do Sul.
Quem com ferro é ferido com ferro fere. Em 2019, no início do mandato, Jair Bolsonaro cogitou nomear Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Desistiu antes do óbvio veto do Senado Federal. À época, a simples especulação já foi algo escalafobético. Agora, a aprovação do nome do deputado federal como um híbrido de conselheiro político e embaixador pode significar algo ainda pior. A aludida possibilidade de Eduardo ser o diplomata do governo Trump na América do Sul tem lugar no topo do ranking das bizarrices.

Política
Ex-tesoureiro do PT povoa fundos de pensão
18/11/2024O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto tenta emplacar dois aliados no Comitê de Investimentos da Funcef. Há duas cadeiras vagas, uma de titular e outra de suplente, ambas a serem indicadas pela própria Caixa Econômica. O Comitê de Investimentos é um órgão de assessoramento técnico da diretoria e, como o nome sugere, tem alguma dose de influência sobre o destino dos recursos da fundação.
Vaccari, por sinal, está a pleno vapor. Ele trabalha pela nomeação de Francisco Ferreira Alexandre, suplente da senadora Teresa Leitão (PT-CE), para uma das diretorias da Petros – conforme informou a colunista Malu Gaspar, de O Globo, no último dia 1 de novembro. Ferreira foi denunciado pelo Ministério Público Federal por gestão temerária quando era diretor de investimentos da Previ.

Política
Henrique Meirelles surge como o “Paulo Guedes” de Ronaldo Caiado
14/11/2024
Política
Sempre cabe mais um na excursão bolsonarista à posse de Trump
14/11/2024A “vovó” Stella Barros, simpática decana das agências de turismo no Brasil, orgulhava-se, nos áureos tempos, de levar mais de 25 mil brasileiros a Orlando por ano. Eduardo Bolsonaro não almeja chegar a tanto, mas não para de “vender” pacotes para a “Disney da extrema direita”, a posse de Donald Trump, em janeiro. Além de parlamentares, a maior parte do PL, Eduardo está arregimentando governadores, como Jorginho Mello, de Santa Catarina, prefeitos recém-eleitos e outros “parças”. Ernesto Araújo, ex-chanceler no governo de Jair Bolsonaro, também já teria confirmado presença. Atualmente, Araújo presta consultoria para a Fundação Disenso, vinculada ao partido de extrema direta espanhola Vox. Eduardo quer fazer da posse de Trump uma demonstração de força do bolsonarismo raiz, que saiu chamuscado das últimas eleições municipais.

Política
PEC “6×1” avança de “impossível” para “pouco provável” na classificação de risco dos patrões
13/11/2024
Política
Rui Costa e Jaques Wagner disputam as prévias da perfídia
12/11/2024

Política
Governo trabalha para esvaziar outras candidaturas à presidência da Câmara
11/11/2024O Palácio do Planalto já colocou o bloco na rua em prol da candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. A articulação política do governo está focada em buscar votos no PSD e no União Brasil. Trata-se de uma investida cirúrgica, com o objetivo de esvaziar possíveis concorrentes de Motta. Os dois partidos ainda mantêm a disposição de lançar candidatos próprios, respectivamente Antonio Britto e Elmar Nascimento, ambos da Bahia. Obrigado a engolir o nome de Arthur Lira para o comando da Câmara, o Palácio do Planalto quer, ao menos, se creditar politicamente junto a Motta, tendo uma participação ativa na sua eleição.

Política
Bolsonaro quer senadores do PL a sua permanente serventia
6/11/2024Jair Bolsonaro está dinamitando as pretensões eleitorais de uma parte da sua tropa de choque no Congresso. Bolsonaro tem defendido dentro do PL que os senadores Marcos Rogério, Izalci Lucas e Eduardo Gomes, recuem em sua intenção de disputar, respectivamente, os governos de Rondônia, Distrito Federal e Tocantins. Para o ex-presidente, o trio não deve trocar a alta probabilidade de reeleição em 2026 por uma incerta candidatura a governador. No fundo, é o jeito Bolsonaro de fazer política, pensando em si e na sua prole. Entre ampliar a base de governadores do PL e ter aliados fiéis no Senado – por onde passam projetos de lei de anistia do 8 de janeiro, propostas de cassação de ministros do STF, votações de suspensão de mandatos de outros parlamentares – Bolsonaro nem titubeia em ficar com a segunda hipótese.

Política
As aproximações sucessivas entre Tarcísio Freitas e o MDB
4/11/2024
Política
PSD desponta como fiel da balança na sucessão da ANP
4/11/2024Davi Alcolumbre, candidatíssimo à presidência do Senado, chamou para si a missão de articular a candidatura de Daniel Maia Vieira, diretor da ANP, para o comando da agência. O principal desafio é o “racha” no PSD. Ainda que de forma um tanto quanto contida, o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está do seu lado, a favor da indicação de Maia Vieira. Só que outro cacique do PSD, o próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem um nome diferente para o cargo, Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Pasta e atual presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Política
Antes de reconstruir a esquerda, José Dirceu derruba os muros do PT
31/10/2024O povo da esquerda teria um motivo para estar efusivo: José Dirceu está livre e solto, pronto para ossificar um PT em estado mucilaginoso. A anulação de todas as suas condenações só não causou maior frenesi porque o partido está carpindo a morte das suas expectativas eleitorais. Mas, logo o luto vai passar, ao contrário de José Dirceu, que voltou para ficar. A esquerda mais ingênua e juvenil julga que o ex-guerrilheiro virá com a cara pintada para a guerra.
Seu objetivo primordial seria rearticular o partido em torno das velhas bandeiras e bolsões, que foram aposentados, por caduquice ou pela incompetência de lidar com um presidencialismo de coalizão – ou de Centrão – ou mesmo pelo pragmatismo acentuado de Lula. O presidente, dependendo da moeda de troca política, não tem qualquer prurido em negociar – ou mesmo apoiar – os pleitos da centro-direita e da direita. Nada muito diferente do principal estrategista do PT. O Dirceu idealizado pela esquerda é hoje pura ficção. Os petistas da antiga sabem que ele consegue ser até mais pragmático do que Lula.
De um jeitinho que faz seu discurso parecer a retórica de uma esquerda tônica, Dirceu já disse que o partido se distanciou das bases; não conseguiu atrair outros segmentos para uma nova sindicalização; deixou a classe média à míngua; não entendeu que o assistencialismo seria incorporado como algo já dado e velho e sem impacto eleitoral; não se preparou para dominar a ferramenta digital, uma espécie de eleitor virtual; que há uma aliança no horizonte com a centro-direita, inclusive para dividi-la; e que é preciso, urgentemente, encontrar ou criar novas lideranças. Dentro do próprio PT ou mesmo junto a aliados com poder político – ver RR.
A partir de agora, os movimentos de José Dirceu – políticos e geográficos – dizem muito. Na última terça-feira, dia 29, Dirceu esteve no Rio de Janeiro. A cidade é um lócus importante de articulações para 2026, precisamente por um personagem. No cenário de alianças mais ao centro, um dos nomes que desponta no tabuleiro de hipóteses é o do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Faz todo sentido. O PT foi um dos eleitores de Paes na sua esmagadora vitória eleitoral no Rio. O prefeito é jovem, carismático e trabalhador. Se entrelaçar suas pernas com a centro-direita, especificamente no Rio, e afinar o discurso, o PT pode criar, notadamente para dentro de suas próprias fileiras, um sentimento de que quem mudou foi Paes e não os fundamentos ideológicos da legenda. O prefeito é um dos candidatos mais aptos do Brasil para ganhar a vaga de governador na próxima eleição. Quem sabe pode vir até a ser o candidato do partido à Presidência da República – “um Tarcísio Freitas do PT”.

Política
Sucessão no Senado cria ruídos entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto
31/10/2024A sucessão no Senado é o novo ponto de divergência entre Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro. No que depender de Valdemar, que sempre joga o jogo olhando até as bordas do tabuleiro, o PL vai apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre. Bolsonaro, no entanto, que faz política pensando, prioritariamente, na própria pele e na da sua prole, condiciona a declaração de apoio à promessa de Alcolumbre de que defenderá a anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023.

Política
A quem interessa tantas CPIs das apostas?
30/10/2024Resposta curta e grossa de uma raposa felpuda do Centrão ao RR, quando perguntado sobre a abertura de mais uma CPI para investigar apostas esportivas: “Aí, tem”. Em um fato raríssimo, o Senado terá duas Comissões Parlamentares de Inquérito para investigar rigorosamente o mesmo assunto: a recém-instalada CPI das Bets e a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, presidida por Jorge Kajuru, que foi prorrogada até fevereiro de 2025. Parece coisa de quem criar dificuldade para depois vender facilidades a um setor que transborda dinheiro.

Política
O preço da reforma tributária vs. o preço da eleição na Câmara
29/10/2024Arthur Lira costuma colocar o Palácio do Planalto em corner. Mas a recíproca também é verdadeira. Há uma alta dose de pragmatismo no silêncio do governo em relação à sucessão na Câmara. Primeiro o Planalto quer garantir a aprovação da regulamentação da reforma tributária. O segundo Projeto de Lei Complementar, o PLP 108/2024, foi pautado para hoje. Ainda há mais de uma dezena deles. Só depois o governo vai trabalhar para valer pela eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato de Lira à presidência da Câmara.

Política
Alckmin tem uma “sabatina” marcada com as centrais sindicais
25/10/2024O “companheiro” Geraldo Alckmin foi escalado, mais uma vez, para tourear o movimento sindical. Segundo o RR apurou, Alckmin vai se reunir com lideranças do setor de todo o país no próximo dia 8 de novembro, na sede da Força Sindical, em São Paulo. Mais de 400 dirigentes sindicais estão sendo convidados para o encontro. A orelha do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria vai arder. Força Sindical, CUT, CGT, UGT, entre outras, vão cobrar medidas mais agudas do governo para aumentar a geração de emprego na indústria. O que não falta são perguntas sem resposta: “A quantas anda o Nova Indústria Brasil?”, “Quais são os setores prioritários para o governo?”, “Qual o volume de investimentos já liberado no âmbito do programa”? “Quais são as contrapartidas dos subsídios públicos em termos de abertura de postos de trabalho?”

Política
Que distância é essa entre Hugo Motta e Eduardo Cunha?
24/10/2024Talvez seja o caso de se fazer uma acareação ou algo do gênero entre o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e Eduardo Cunha. Na tentativa de assegurar o apoio do governo a sua candidatura à presidência da Câmara, Motta tem repetido a emissários do Palácio do Planalto que Cunha não participa da sua campanha e muito menos terá ingerência sobre a sua eventual gestão no Parlamento. Chega a dizer que ambos estão afastados. Talvez estejam, na distância de um palito.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados mantém uma intensa agenda de articulações com lideranças do Congresso em busca de votos para Motta. Quem acompanha a movimentação de Cunha chega até a dizer, em tom de troça, que ele próprio parece ser o candidato ao comando da Câmara. Talvez o chiste não esteja de todo equivocado. Cunha joga esse jogo de olho em 2026, quando pretende disputar a eleição para deputado federal.

Política
Eduardo Bolsonaro quer um tête-à-tête com Trump antes das eleições norte-americanas
22/10/2024Eduardo Bolsonaro quer marcar sua posse como secretário de Relações Institucionais e Internacionais do PL em grande estilo. O parlamentar tem feito gestões junto a assessores de Donald Trump para um encontro com o republicano antes das eleições norte-americanas. Um dos principais interlocutores do “03” é Jason Miller, que acumula uma posição no staff de campanha de Trump com o cargo de CEO da Gettr, rede social de extrema direita.
Em 2021, Miller veio ao Brasil para participar da edição brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), organizada por Eduardo Bolsonaro. Na ocasião, antes de voltar para os Estados Unidos, Miller teve um compromisso adicional: um depoimento à Polícia Federal no âmbito das investigações sobre a organização e o financiamento de manifestações antidemocráticas no Brasil.
Em tempo: em outras circunstâncias, Jair Bolsonaro seria nome certo em um eventual beija-mão a Trump nos Estados Unidos. Mas seu passaporte está na gaveta de Alexandre de Moraes.

Política
Só resta à esquerda caminhar de mãos dadas com o centro e a centro-direita
17/10/2024“É preciso rediscutir o papel eleitoral do PT”. Lula não dá ponto sem nó. A declaração dada pelo presidente da República na semana passada deve ser lida como um pequeno spoiler da lavagem de roupa suja que começa a ser feita dentro do partido. A frase de Lula dialoga, sobretudo, com o pensamento de José Dirceu, responsável por puxar a tal rediscussão do “papel eleitoral do PT”. Dirceu jamais dirá em público, mas, intramuros, tem repetido que o resultado do primeiro turno das eleições municipais foi arrasador para o partido e a esquerda como um todo. É preciso interpretar a voz das urnas. O ex-ministro prega, desde já, a necessidade de uma guinada estratégica, sob risco de uma derrota ainda mais devastadora em 2026. Às favas com veleidades e purismos ideológicos. No entendimento de Dirceu, a esquerda terá, pragmaticamente, de caminhar junto com o centro e a centro-direita civilizada.
Neste momento, estes são os dois campos com força política suficiente para promover avanços sociais. Ambos topam discutir propostas para o desenvolvimento nacional. São, digamos assim, conservadores esclarecidos. E têm um ponto nevrálgico em comum com a esquerda: também não querem o avanço da extrema direita, seja por divergência de valores, seja pelo instinto de preservação do seu próprio território político. Ao mesmo tempo que avançam sobre a esquerda, os radicais de direita também mordem pelas beiradas um espaço que sempre pertenceu ao centro e à centro-direita. Portanto, nada mais natural que os espectros mais distantes dos extremos da régua se unam. É a velha e surrada máxima de Deng Xiaoping: “Não importa a cor do gato, desde que ele cace os ratos”. Mas que não se enxergue nessa aproximação com o centro e a centro-direita uma capitulação da esquerda. José Dirceu não escreve por linhas retas. O movimento está mais para um processo schumpeteriano de destruição criativa, ou seja, uma forma de a esquerda desmontar por dentro o que, a julgar pelo pleito municipal, parece ser uma crescente hegemonia eleitoral do centro e da centro-direita.
O adversário está dentro. As ideias que José Dirceu tem colocado sobre a mesa são um duro recado para o PT e a esquerda, que hoje rodam em círculo ao redor das mesmas pautas – bandeiras identitárias, questões ambientais, avanço dos diretos civis etc. São todas causas essenciais. Mas, a interlocutores, Dirceu tem ressaltado que a esquerda não consegue ampliar o arco de discussões para temas que conversem com um raio maior do eleitorado. Ela perdeu a capacidade de interpretar os anseios e pretensões da sociedade e de dar respostas. É uma pregação para convertidos. O ex-ministro da Casa Civil bate na tecla de que a direita capturou até mesmo os programas sociais, algo que o PT, mais especificamente, sempre tratou como um patrimônio privado. Hoje, é também a direita quem mais consegue psicografar a classe média baixa, um estrato significativo da população que ascendeu graças às políticas assistencialistas dos governos do PT, mas hoje quer mais. Apenas a título de exemplo dessa dissintonia alertada por José Dirceu, a esquerda ainda acena com o sonho da carteira de trabalho àqueles que não querem mais trabalhar para ninguém, mas, sim, empreender. “Empreender”, por sinal, é um “palavrão”, sinônimo de “alienação” para uma ala mais ideológica e anacrônica da esquerda, a mesma que cunhou e repete o mantra “Como pode ter pobre de direita?”. É como um humorista ruim, que conta uma piada ruim e culpa a plateia por não dar risada. Para a esquerda, parafraseando Sartre, o inferno são os eleitores.

Política
O vai-não-vai de Bolsonaro na eleição de São Paulo
17/10/2024Jair Bolsonaro comprometeu-se a participar mais ativamente da campanha de Ricardo Nunes, mas, na prática, a promessa ainda não se consumou. Bolsonaro já teria desmarcado por duas vezes a gravação de um vídeo para o horário eleitoral gratuito. Tampouco confirmou sua presença em atos públicos ao lado de Nunes. Por ora, a única agenda prevista é um almoço com o prefeito de São Paulo e mais de 300 empresários, marcado para a próxima terça-feira, dia 22.

Política
Arthur Lira acena uma bandeira branca para o STF
16/10/2024
Política
Bolsonaro já pensa em Ramagem para o governo do Rio em 2026
15/10/2024O clã Bolsonaro quebra a cabeça em torno das eleições de 2026 no Rio de Janeiro, seu habitat político original. No momento, ainda sob o calor do pleito municipal, Jair Bolsonaro defende a candidatura de Alexandre Ramagem ao governo do Rio. O entendimento é que, mesmo perdendo no primeiro turno para Eduardo Paes, o ex-diretor geral da Abin ganhou alguma cancha e saiu da disputa com um razoável patrimônio político, 30% dos votos na capital. Há ainda outro fator que pesa bastante no cálculo do ex-presidente: Ramagem não existe sem Bolsonaro, ou seja, terá de seguir o que “mestre” mandar. Já houve quem soprasse no ouvido de Jair Bolsonaro a possibilidade de Flavio Bolsonaro sair candidato ao governo, mas o chefe do clã encara essa opção como conselho de “inimigo”. O mandato de Flavio ao Senado terminará em 2026. Se ele concorrer ao governo do estado e perder, acordaria no dia 1º de janeiro de 2027 sem prerrogativa de foro. Bolsonaro pai não quer pensar nessa hipótese.

Política
Marketing de campanha é mais uma cerca a separar Ricardo Nunes e Bolsonaro
14/10/2024Além de Tarcísio Freitas, outro nome, ainda que bem menos votado, saiu em alta da vitória de Ricardo Nunes no primeiro turno das eleições: o marqueteiro Duda Lima. Segundo informações, Nunes via o assessor com ressalvas. No entanto, Lima acabou se tornando homem de confiança do atual prefeito de São Paulo. Também pela estratégia de comunicação, mas, sobretudo, por uma questão simbólica: o clã Bolsonaro fez pressão pela demissão do marqueteiro. Consta que Jair Bolsonaro tentou impor o nome de Sergio Lima, que cuidou da sua campanha em 2022 e hoje bate ponto como vice-presidente de marketing do Vasco. Entre um Lima e outro, Nunes bancou a permanência de Duda e deixou Bolsonaro a ver navios. Moral da história: está cada vez mais difícil para o ex-presidente capitalizar a iminente eleição de Nunes em São Paulo.

Política
O bônus e o ônus de ser um Bolsonaro
11/10/2024A eleição de Jair Renan, o vereador mais votado em Balneário Camboriú (SC), é, ao mesmo tempo, motivo de celebração e de preocupação no clã Bolsonaro. A entrada na política automaticamente coloca foco sobre o “04”. Há um receio entre os Bolsonaro de que a eleição de Jair Renan estimule o reavivamento de processos contra ele que andam em banho-maria na Justiça. O novato é réu, acusado por crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica – em agosto do ano passado, chegou a ser alvo de uma operação de busca e apreensão. Em tempo: à exceção de raríssimos estados, Rio de Janeiro, Piauí e Roraima, vereadores não têm prerrogativa de foro privilegiado.

Política
Marcos Pereira é um parlamentar à espera do seu “cashback
9/10/2024Marcos Pereira, presidente do Republicanos, desconversa, despista, mas, no Congresso, é voz corrente que ele quer ser ministro de Lula em 2025. Esta teria sido, inclusive, a moeda de troca acertada com o governo para retirar sua candidatura à presidência da Câmara. Ressalte-se que o Republicanos já tem um representante na Esplanada dos Ministérios, Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. A eventual presença de dois membros da sigla no governo criaria um desequilíbrio no jogo de forças partidárias e, certamente, seria questionada por outras legendas da base aliada. Mas esse é um problema para o Palácio do Planalto e, talvez, para o próprio Silvio Costa Filho.

Política
Os bolsonaristas-raiz que enchem os olhos do Capitão
9/10/2024Jair Bolsonaro começa a definir suas prioridades para o segundo turno das eleições municipais. O ex-presidente pretende mergulhar de cabeça nas campanhas de Bruno Engler, em Belo Horizonte, e Cristina Graeml, em Curitiba. Ambos são vistos como bolsonaristas puro-sangue, com baixíssimo risco de oscilação ideológica a depender das circunstâncias. Em outras palavras, para Bolsonaro nenhum dos dois é um Ricardo Nunes. Já existem, inclusive, conversas prévias para que Cristina Graeml, hoje no PMB, migre para o PL após as eleições, independentemente do resultado. Engler já é da casa.

Política
O “Calabar” de Pablo Marçal?
8/10/2024A campanha de Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo chegou ao fim em clima de caça às bruxas. No domingo à noite, antes mesmo do término da apuração, Marçal dizia a pessoas mais próximas que ia descobrir quem foi o sujeito que o traiu – não usava exatamente esses termos mais educados. Referia-se a notícias publicadas na mídia ao longo do último sábado descortinando divergências dentro da sua própria equipe por conta da divulgação do laudo médico falso contra Guilherme Boulos. Em off the records, um dos advogados de Marçal chegou a declarar a jornalistas que a publicação do documento ilegítimo havia sido um grande erro e que o candidato foi alertado por seus assessores jurídicos sobre os riscos de cassação. Tratando-se de que se trata, a indignação com o suposto Calabar tanto pode ser um delírio persecutório ou mais um dos já manjados jogos de cena de Marçal.

Política
Bolsonaro x Marçal: quem vai marcar primeiro um gol em El Salvador
7/10/2024Eduardo Bolsonaro está montando uma comitiva de parlamentares para uma viagem a El Salvador. A ideia é ter uma agenda com Nayib Bukele, presidente reeleito. Bukele tornou-se um estandarte da extrema direita latino-americana pela fama de ter instituído uma implacável política de segurança no país. Seus métodos triscam nos limites do Estado de Direito, quando não ultrapassam a linha. Em uma única operação, as forças policiais prenderam 70 mil pessoas para “retomar o controle das ruas”.
Em maio de 2021, com o apoio do Congresso, o presidente de El Salvador destituiu todos os juízes da Suprema Corte. Quando pensa em Alexandre de Moraes, tudo o que Jair Bolsonaro mais gostaria de ser era Nayib Bukele. A busca de Eduardo Bolsonaro por um encontro com Bukele pode ser interpretada como mais um capítulo da guerra fria entre o clã e o ex-aliado Pablo Marçal. Marçal esteve recentemente em El Salvador onde tentou se reunir com Bukele. Voltou de mãos abanando. Sem encontro, sem foto, sem cortes para as suas redes sociais.

Política
Bancada ruralista é o benchmarking para parlamentares argentinos
3/10/2024O Brasil está exportando sua expertise na criação de grupos de interesse dentro do Congresso. Ontem, na Câmara, correu a informação de que uma comitiva de mais de 20 deputados argentinos e representantes do agronegócio desembarcará em Brasília nos próximos dias.
Vai se reunir com líderes da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) em busca de uma “consultoria” para replicar, por lá, o modelo da bancada ruralista. Em 2008, houve uma articulação similar que não avançou. A delegação dos hermanos será encabeçada por parlamentares do La Libertad Avanza, do presidente Javier Milei, e do Propuesta Republicana, fundado pelo ex-presidente Maurício Macri – ambos de direita.
O programa de visitas deverá incluir também uma ida ao Instituto Pensar Agropecuária, um híbrido de think tank e braço de lobby do agronegócio.

Política
Eleição em São Paulo causa diáspora no sindicalismo
30/09/2024A eleição em São Paulo causou um racha no sindicalismo. O deputado Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”, líder da Força Sindical, articula para esta última semana de campanha um ato em favor da candidatura de Ricardo Nunes. O parlamentar vem tentando reunir o maior número possível de sindicatos para o evento, inicialmente previsto para a próxima sexta-feira.
A iniciativa provocou a reação imediata da CUT e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Lideranças das duas centrais, que apoiam Guilherme Boulos, trabalham nos bastidores para esvaziar o ato organizado por “Paulinho da Força”. Em tempo: a única figura da República capaz de acabar com o assunto num piscar de olhos e unificar o sindicalismo em torno de Boulos seria o presidente Lula.
Mas nem ele próprio parece muito empolgado com a campanha do seu aliado, vide a sua asséptica participação na campanha.

Política
Onde está Lula? É a pergunta na campanha de Guilherme Boulos
26/09/2024Guilherme Boulos jamais admitirá publicamente. Mas é grande o seu desconforto com o “sumiço” de Lula. Ao contrário do que sinalizou, o presidente da República não tem participado da reta final da campanha à Prefeitura de São Paulo. No entorno de Boulos, a informação é que a própria Martha Suplicy, candidata a vice em sua chapa, entrou em contato com Lula para garantir a sua presença nos eventos programados para a última semana antes do primeiro turno das eleições. Martha tem dito internamente que o presidente estará em São Paulo no fim de semana e comparecerá a atos públicos junto a Boulos. A conferir.

Política
SAF de Gusttavo Lima também está na mira da Justiça
25/09/2024
Política
Sarney movimenta os títeres da eleição no Senado
24/09/2024Do alto dos seus 94 anos, José Sarney tem atuado de forma ativa nos bastidores para dinamitar a candidatura de David Alcolumbre à presidência do Senado. O ex-presidente da República trabalha com dois nomes para o cargo: Eliziane Gama (PSD-MA) e Eduardo Braga (MDB-AM). Sarney e Alcolumbre romperam relações há 10 anos. Em 2014, Alcolumbre teria passado por cima de um acordo com o ex-presidente lançando sua candidatura ao Senado. Na época, havia apenas uma vaga em disputa e sua entrada em cena não apenas inviabilizou a reeleição de Sarney como decretou sua saída da vida parlamentar – nunca mais ele disputou uma eleição.

Política
Lula quer uma overdose de Martha na campanha de Boulos
23/09/2024A ordem partiu do próprio Lula: Martha Suplicy, candidata a vice, terá uma participação maior na reta final da campanha de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo. O presidente quer ver Martha dando entrevistas ao lado de Boulos, comandando eventos políticos com mulheres e fazendo visitas à periferia, onde a ex-prefeita sempre teve bons índices de popularidade.

Política
A nova profissão de fé de Eduardo Cunha
13/09/2024
Política
Lula vai ouvir governadores sobre a PEC da Segurança Pública
9/09/2024
Política
O “efeito Shein” nas eleições do Rio Grande Norte
4/09/2024
Política
Não é hora para o governo remover o WhatsApp do grupo
4/09/2024O presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, tem sido aconselhado a recuar em seu projeto de contratar um novo serviço de mensagens para substituir o WhatsApp nas comunicações entre o alto escalão do governo. No próprio Palácio do Planalto, o entendimento é de que não é hora para isso. Há o receio de que a iniciativa seja vista como mais um embate do Estado brasileiro contra as redes sociais e plataformas internacionais. É um temor com alguma base empírica. Logo que Capelli anunciou o projeto, no mês passado, surgiram posts dizendo que o governo Lula ia banir o WhatsApp do Brasil. Já basta a queda de braço do ministro Alexandre de Moraes com o X, de Elon Musk.

Política
Venezuela é sempre um prato cheio para o bolsonarismo
3/09/2024Parlamentares da “bancada bolsonarista”, liderados pelo próprio Eduardo Bolsonaro, se articulam para acionar o TCU. Vão pedir formalmente ao Tribunal de Contas que investigue a origem dos recursos usados para custear a recente viagem de uma delegação do MST à Venezuela. Os sem-teto se encontraram com Nicolás Maduro, que chegou a usar o tradicional boné do movimento. Provavelmente, não vai dar em nada. Mas quem disse que os bolsonaristas estão preocupados com isso. A simples ida ao TCU já dará munição de sobra para a extrema direita torpedear o governo Lula e o PT nas redes sociais. E o que mais importa?

Política
Tarcísio Freitas também tem seu “fundinho” de pensão para investir em infraestrutura
30/08/2024A proposta do governo federal para que os fundos de pensão de estatais sejam usados para turbinar projetos de infraestrutura agrada em cheio Tarcísio Freitas. O governador de São Paulo já vislumbra a possibilidade de a Prevcom, a fundação de previdência complementar dos servidores do estado, financiar obras públicas e até mesmo entrar em concessões. A entidade não é nenhuma Previ. Mas, com R$ 3,6 bilhões de ativos em carteira, pode ser útil para destravar empreendimentos de infraestrutura em São Paulo. Coincidência ou não, há menos de um mês o economista Sylvio Medeiros assumiu a presidência da Prevcom. Medeiros ocupou o cargo de assessor do Ministério da Economia na gestão de Paulo Guedes. Foi, portanto, colega do próprio Tarcísio Freitas no governo Bolsonaro. É tido como um competente cumpridor de missões.

Política
Governo segura 1.400 cargas até depois das eleições
27/08/2024O governo está colocando sobre a mesa todas as suas armas eleitorais. No arsenal, estão por exemplo os mais de 1.400 cargos vagos neste momento na administração federal. O recado do Palácio do Planalto para os aliados – sobretudo os mais volúveis – é curto grosso. O governo só vai preencher essas cadeiras após o pleito de outubro, quando terá o mapa dos leais e dos traidores. Nesse pacotão estão diretorias de estatais e de agências reguladoras, postos em ministérios e autarquias, vagas no segundo escalão de bancos públicos, superintendências de agências de desenvolvimento regional. Ou seja: tem cargo para tudo que é gosto. Basta dançar conforme a música em outubro. Depois é só tratar o assunto com o ministro da Casa Civil, Rui Costa

Política
Lewandowski queria estar onde era melhor que não estivesse
26/08/2024Vai ver é um episódio pontual de mania de perseguição ou uma crise de ciúmes interministerial. Mas o que se dizia ontem em Brasília é que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se sentiu preterido ao não ser um dos representantes do presidente Lula no almoço entre os 11 ministros do STF, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na última terça-feira.
Lewandowski entendeu que deveria ter lugar à mesa na condição de um dos principais interlocutores entre o governo e o Supremo, ou seja, seus ex-colegas. No entorno de Lewandowski, a decisão é atribuída ao ministro Rui Costa, que participou do encontro.
Não sem motivos, Costa se tornou um para-raios de divergências dentro do governo. Mas dessa vez, se a “culpa” foi mesmo sua, o titular da Casa Civil fez um favor à pax institucional. Por mais que Lewandowski seja da casa, imaginem como a presença de um ministro da Justiça no STF em um encontro para apaziguar os ânimos entre o Judiciário e o Legislativo seria interpretada…

Política
Bancada ruralista quer tirar o “extrato” das emendas de Carlos Fávaro
23/08/2024A crise das emendas orçamentárias tem sua utilidade. Que o diga a Frente Parlamentar da Agricultura. Integrantes da bancada ruralista estão cavoucando o volume de recursos destinados a municípios do Mato Grosso onde o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, mantém sua base eleitoral, entre os quais Canarana, Matupá e Campo Verde. Partem da premissa de que a melhor defesa é o ataque. A “auditoria” sobre um ministro de Estado seria uma maneira de criar algum constrangimento ao governo Lula em meio à tensão institucional que cerca o Orçamento da União. Em novembro do ano passado, por exemplo, Fávaro foi exonerado da Pasta por um dia, o tempo suficiente para reassumir o mandato de senador e ordenar a liberação de emendas parlamentares. Para não falar dos recursos que foram repassados para cidades do interior do Mato Grosso por meio de gestões diretas do ministro junto a outros parlamentares do estado.

Política
Sucessão de Rodrigo Pacheco divide a “República de Bolsonaro” no Senado
22/08/2024A eleição do futuro presidente do Senado, no início de 2025, está causando fissuras na base bolsonarista. Nos últimos, o nome de Tereza Cristina voltou à mesa, com o apoio da bancada ruralista e de Rogério Marinho, também ex-ministro do governo Bolsonaro. Marinho está licenciado do cargo de senador para cuidar das candidaturas do PL nas eleições municipais. O que não o impede de participar ativamente das articulações para a sucessão de Rodrigo Pacheco. No entanto, há uma ala do bolsonarismo-raiz, a começar pelo próprio Flavio Bolsonaro, que pensa o jogo de modo mais pragmático e acha que David Alcolumbre é pule de dez. Por isso mesmo, defende o apoio ao senador já pensando no day after, quando ele estiver na cadeira da Presidência do Senado.

Política
Bolsonaro escala Tarcísio como o “interventor” na campanha de Nunes
21/08/2024Jair Bolsonaro quer que o governador Tarcísio Freitas assuma formalmente a articulação política da campanha de Ricardo Nunes à reeleição. Segundo informação que circula no entorno do clã Bolsonaro, o ex-presidente já conversou diretamente com Tarcísio sobre o assunto. E com o próprio Nunes? Quem sabe um dia. Bolsonaro e o prefeito de São Paulo têm se falado cada vez menos. Mas o ex-presidente quer ter as rédeas não apenas da campanha de Nunes, mas, sobretudo, do pós-eleição. Na visão dos Bolsonaro, a presença de Tarcísio à frente da articulação seria uma forma de assegurar, desde já, a indicação de aliados para cargos no primeiro escalão caso o atual prefeito seja reeleito. “Esse sujeito vai nos trair” é a frase mais dita ao pé do ouvido de Bolsonaro, sobretudo pelos filhos, em alusão a Nunes.

Política
Arthur Lira não tira o olho da Caixa
20/08/2024
Política
Tarcísio mira construção de cem escolas com os olhos em 2026
19/08/2024As paredes do Palácio Bandeirantes escutam demais. Escutam, por exemplo, que o governador Tarcísio Freitas pretende construir 100 escolas no estado por meio de PPPs. Ou seja: três vezes o número previsto para o primeiro leilão de projetos, marcado para o dia 25 de setembro. A licitação prevê a concessão de 33 colégios de ensino médio e fundamental II, da construção à gestão e operação. O investidor privado vai tomar conta do business, e o estado, do conteúdo pedagógico e da contratação de professores. Tarcísio enxerga por trás da lousa. Este é o típico projeto que, se der certo, vira um dos pilares da campanha à Presidência em 2026.

Política
Sergio Moro é um ponto de interrogação envolto em um enigma
14/08/2024A pole position do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro nas pesquisas eleitorais para governador do Paraná, em 2026, apesar da distância, já é motivo de polarização. Uma parcela do eleitorado acredita que Moro faria como Nikita Khrushchov na Assembleia da ONU: tiraria o sapato, bateria com ele na mesa e sairia “lava-jatando” os petistas, por quem estaria tomado pela raiva eterna. Outros, talvez um tanto quanto ingênuos, acham mais provável que Moro alimente o sentimento de que foi traído por Jair Bolsonaro e sua turma. Nessa linha de raciocínio, o ex-juiz, como bom quinta coluna, se sentaria ao lado de Gleisi Hoffmann e iria deletando, sem qualquer prêmio ou prova, seus antigos aliados. Pois bem, assim é se lhe parece. Mas que Moro é uma esfinge, ninguém dúvida.

Política
Marcos Pereira abusa do sincretismo na disputa pela presidência da Câmara
8/08/2024O bispo Marcos Pereira é um parlamentar ecumênico. De um lado, Pereira tem mantido intensas articulações com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Articulação Política, Alexandre Padilha; do outro, grudou em líderes da oposição, notadamente Carlos Jordy e Altineu Cortes, ambos deputados do PL do Rio. Busca o apoio tanto de gregos quanto de troianos a sua eleição para a presidência da Câmara. Pereira foi aliado de Jair Bolsonaro e está na base do presidente Lula no Congresso. Se amanhã o Brasil não tiver mais governo, o bispo licenciado da Igreja Universal será um anarquista, graças a Deus.

Política
Embasa é o novo campo de batalha de Rui Costa e Jaques Wagner
7/08/2024A briga política entre o ministro Rui Costa e o senador Jaques Wagner chegou ao tatame da Embasa, a empresa de saneamento da Bahia. Costa quer derrubar o presidente da estatal, Leonardo Goes, indicado por Wagner. O que se diz em Brasília é que o ministro da Casa Civil já tem dois nomes para o cargo: um executivo egresso de uma grande empresa privada da área de saneamento e o ex-secretário de Administração Penitenciária da Bahia, Nestor Duarte Neto, que o próprio Costa já havia tentado emplacar no comando da Embasa no início de 2023.

Política
Eduardo Paes reserva outra missão para Pedro Paulo?
6/08/2024Uma tese ganha corpo no entorno do prefeito Eduardo Paes: a de que o prefeito do Rio montou sua chapa para 2024 pensando em 2026. Ao escolher o deputado estadual Eduardo Cavaliere como vice, Paes teria preservado o super-aliado Pedro Paulo para uma missão tão ou mais importante: ser o seu vice na candidatura ao governo do Rio, daqui a dois anos. A opção pelo seu fiel escudeiro agora praticamente inviabilizaria a repetição da dobradinha em 2026. Assim como o próprio Paes, Pedro Paulo também teria de renunciar ao posto de vice-prefeito para disputar as eleições ao governo estadual, o que representaria entregar dois anos de mandato na Prefeitura ao presidente da Câmara dos Vereadores. E ninguém sabe quem estará nesse cargo em 2026. Ou seja: Paes correria o risco de ter um adversário político como seu sucessor no município. O que seria um obstáculo a uma eventual tentativa de retorno à Prefeitura em 2028, caso ele perca a eleição para governador. Sentido faz.

Política
Gleisi Hoffmann vira a promoter da militância petista
2/08/2024Além de assinar notas apoiando as obscuras eleições venezuelanas, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem se dedicado a outra missão. Gleisi vem participando diretamente da coordenação de caravanas com militantes petistas para eventos públicos com a presença de Lula. Foi assim, na última quarta-feira, em Várzea Grande (MT), onde o presidente compareceu para entregar imóveis do Minha Casa, Minha Vida.
Será assim nas próximas agendas de caráter, digamos assim, mais popular. Para Gleisi, uma ordem de Lula é sempre um pedido. Seu envolvimento direto com uma tarefa razoavelmente comezinha tem a ver com o rotundo fracasso do 1º de maio, quando o presidente discursou para meia dúzia de gatos pingados em São Paulo. A irritação de Lula ainda ecoa nos ouvidos de Marcio Macedo secretário geral da Presidência, responsável por convocar as centrais sindicatos para o ato do Dia do Trabalho.

Política
Governo cata imóveis de Itaipu para engordar Minha Casa, Minha Vida
31/07/2024
Política
Eduardo Girão já tem seu “Sergio Moro”
31/07/2024O senador Eduardo Girão (Partido Novo), que vai disputar a eleição para a Prefeitura de Fortaleza, já tem seu candidato a Sergio Moro. Girão teria convidado o ex-procurador e ex-deputado (cassado) Deltan Dallagnol para integrar sua eventual gestão. Seria um cargo voltado à área de segurança pública. Sabe-se lá que geringonça é essa que Girão idealizou para acomodar Dallagnol, uma vez que segurança é assunto do governo de estado. No máximo, o ex-comandante da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público poderia chefiar a Guarda Municipal. Bem isso se vê depois. Agora, o que Girão, bolsonarista de carteirinha, quer mesmo, é usar a figura de Dallagnol e o lava-jatismo para galvanizar o apoio do eleitorado mais conservador.

Política
Arthur Lira quer mais tempo para os “fichas sujas” limparem sua barra
26/07/2024Informação que circulava ontem em petit comité em Brasília: Arthur Lira mantém articulações com o presidente do TCU, Bruno Dantas, para que a Corte antecipe a publicação da sua “lista suja”. Por “lista suja”, entenda-se a relação dos gestores públicos que tiveram suas contas reprovadas pelo TCU nos últimos oito anos. A apresentação está originalmente prevista para 15 de agosto. Mas Lira quer ganhar tempo. E se comprometeu com lideranças partidárias a trabalhar pelo “fast track” junto a Bruno Dantas. Pelo sim, pelo não, qualquer dia a mais ou a menos pode fazer diferença na apresentação de recursos à Justiça Eleitoral por parte dos candidatos que forem declarados inelegíveis para o pleito de outubro. Lira sabe muito bem o que é isso. Em 2022, precisou recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas para validar sua candidatura a deputado federal. A ameaça, nesse caso, não veio exatamente do TCU, mas de sua ex-mulher, Jullyene Lins. A ex-Sra. Lira pediu à Justiça Eleitoral a impugnação da sua candidatura alegando que ele estava inelegível por atos de improbidade administrativa quando era deputado estadual, entre 2003 e 2004. Lira foi condenado no âmbito da Operação Taturana.

Política
Braga Netto e Bolsonaro tentam burlar o STF com operação audiovisual
19/07/2024A convenção que oficializará a candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio, nesta segunda-feira, deverá contar com a presença do general Braga Netto. Houve quem estranhasse a ausência do militar no ato político de lançamento do deputado federal à sucessão de Eduardo Paes, na última quarta-feira, no Centro da cidade.
Afinal, ele ocupa a Secretaria Nacional de Relações Institucionais do PL e tem viajado aos estados articulando campanhas do partido nas eleições municipais. Porém, apesar das tentativas junto ao STF, o ministro Alexandre de Moraes manteve a proibição de Braga Netto ter contato com Jair Bolsonaro – e assim será durante toda a campanha. A ausência do general chegou a gerar rumores de que ele não aprova o nome de Ramagem. A razão, como se percebe, foi outra. O reverso da moeda? A presença de Braga Netto, na segunda-feira, significa a ausência de Bolsonaro.
Ou não. Um Bolsonaro “hectoplásmico” não está previsto na determinação do ministro do STF. Comenta-se que o ex-presidente pode tentar uma jogada de mestre: “burlar” a decisão de Moraes, fazendo uma dobradinha com o general. Braga Netto compareceria “in loco”; o outro, em vídeo transmitido em tempo real (já fez gravações na semana passada).
Para além disso, há uma outra forma de aplicar um drible em Moraes: a presença dos filhos do presidente ao evento. Há também uma forte expectativa na campanha de Ramagem de que os filhos do presidente, primeiro, e depois o próprio Bolsonaro engatem agendas com o candidato na cidade. Na avaliação do entorno de Ramagem, essa seria a melhor maneira de estancar, de vez, os boatos de que “Bolso” pode deixar o aliado pelo caminho, após ter ficado enfurecido com os “grampos” surpresa fabricados pelo ex-diretor da Abin.

Política
Foi o que sobrou para Arthur Lira na Justiça Trabalhista
18/07/2024Todo o Judiciário de Alagoas sabe que basta um estalar de dedos de Arthur Lira para que o advogado trabalhista Adriano Costa Avellino se torne embaixador do TRT-AL. Depende mais de Avellino se contentar com o cargo ou não. De fato, seria um prêmio de consolação. Em abril, o advogado entrou na lista tríplice para uma cadeira no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Mas acabou preterido pelo mineiro Antônio Fabrício de Matos Gonçalves. Nem todo o poder de Lira na República foi suficiente para convencer Lula a nomear alguém que, no passado, já disse publicamente, nas redes sociais, que o presidente da República e Dilma Rousseff mereciam uma “guilhotina”, como foi o caso de Avellino.

Política
Brasil sofre da “Síndrome de Reformite Aguda”
17/07/2024Para implementar uma das carradas de projetos reformistas sugeridos por políticos, analistas, especialistas e oportunistas que repetem serem as reformas a única salvação do país, pergunta-se: qual delas, em que prazo, com qual apoio? Sem dúvida, qualquer uma delas ajudaria a combater a disfuncionalidade do Estado. Mas, até que uma seja a eleita prioritária, é preciso alguma unanimidade sobre quem puxará o pelotão de frente. No momento, o Brasil sofre de “reformite”, uma enfermidade comum em quem cobra reformas e não tem soluções políticas para a sua implementação. Por enquanto, temos meia reforma, a tributária, e uma já feita, mas que já depreciou, a previdenciária.
Com o auxílio de ferramenta da Knewin, maior empresa de monitoramento de mídia da América Latina, o RR levantou quantas vezes o tema prioridade das reformas – federativa, administrativa, educação, saúde, fiscal e, novamente, a previdenciária – foi citado ao longo da última década. A análise abrangeu 2.040 veículos da imprensa. Pois, espantem-se: mais de um bilhão de menções – ressalte-se que as redes sociais não estão contabilizadas nesse cálculo. Caso fosse possível converter o total de registros em número de cidadãos, o contingente seria muito superior à lotação de todos os estádios de futebol do país. Portanto, brasileiros, uni-vos, se entendam, pressionem o Executivo, o Judiciário, o Congresso, façam um referendo, joguem na loteria, mas parem de dizer em vão o “santo” nome das reformas.

Política
Nunca houve uma primeira-dama como Janja
17/07/2024É consenso na alta corte do governo que Janja está mandando demais e atrapalhando a governança no Palácio do Planalto. É unanimidade também que ninguém sabe o que fazer com o empoderamento da primeira-dama. Talvez só reste relaxar e deixar para lá.
Janja, por exemplo, tem ampliado o uso de dependências do governo em diferentes estados para conversas com influencers. No início, o proselitismo era com os influencers de esquerda. E em poucas ocasiões. Mas os encontros se multiplicaram e essa distinção ideológica já virou coisa do passado. Janja agora fala com quem tem audiência, seja de que tribo for. E faz o maior sucesso.

Política
Ricardo Nunes tem uma eleição ou uma batida policial pela frente?
15/07/2024Jair Bolsonaro “sugeriu”, quase determinando, ao prefeito Ricardo Nunes que monte uma espécie de batalhão para a sua campanha à reeleição. Por batalhão entenda-se um grupo de policiais para aconselhá-lo em questões de segurança pública. Aos olhos de Bolsonaro, essa tropa de fardados seria um ativo eleitoral. O ex-presidente já teria até um nome para liderar o grupo: o deputado estadual Contes Lopes, do PL, capitão da PM de São Paulo. Ressalte-se que Bolsonaro emplacou quase a fórceps o ex-comandante da Rota, Ricardo Mello Araújo, como vice na chapa de Nunes. O curioso nessa estratégia de “policializar” a campanha de Nunes é que segurança pública é atribuição de governador, não de prefeito. Mas isso é apenas um detalhe, que não vale para a lógica “bolsonarista” e nem para seu eleitorado mais fiel.

Política
Será que Neri Geller vai pular a cerca para o latifúndio da oposição?
11/07/2024O Palácio do Planalto tem monitorado de perto os passos políticos de Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola. O radar do governo já identificou, por exemplo, que Geller vem mantendo interlocução assídua com Arthur Lira. O mesmo se aplica a líderes da Frente Parlamentar da Agricultura, “base aliada” de Jair Bolsonaro. Geller tem uma história de proximidade com o próprio Lula e os governos do PT – foi ministro da Agricultura de Dilma Rousseff. Mas, hoje, seus ressentimentos talvez sejam maiores do que essas memórias. Geller perdeu o cargo no mês passado, por conta das denúncias de irregularidades no leilão de arroz. Em conversas reservadas, culpa o ministro Carlos Fávaro por sua queda. Mas não esconde a mágoa com Lula, que não moveu um dedo para mantê-lo no cargo.

Política
Luciano Coutinho desponta como o “Mantega da vez” na sucessão da Vale
10/07/2024
Política
Planos de saúde enxergam em Arthur Lira um santo remédio
10/07/2024O presidente da Câmara, Arthur Lira, tornou-se interlocutor de carteirinha dos grandes planos de saúde do país. O lobby é pesado. O setor busca apoio político de alto calibre para derrubar as ações civis públicas movidas contra as operadoras após uma onda de rescisões de contratos que atingiram grupos específicos – pessoas com deficiências, autismo, doenças raras, entre outros. A Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça, já abriu procedimentos administrativos contra mais de 20 empresas de medicina de grupo.
Arthur Lira provavelmente vai ter de se desdobrar ainda mais. Há propostas bastante convincentes de que os planos de saúde acima de determinado valor não possam mais ser debitados do Imposto de Renda. Hoje, de uma forma não distributivista, os contribuintes podem deduzir integralmente do IR gastos com saúde, independentemente da sua renda mensal. No entendimento do governo, a falta de um teto beneficia os mais bem afortunados.

Política
Rui Costa e Gleisi Hoffmann despejam óleo na fritura de ministro
9/07/2024No Palácio do Planalto, a intriga da vez é que Rui Costa e Gleisi Hoffmann trabalham para ejetar Marcio Macedo da Secretaria Geral da Presidência da República. No caso de Costa, bater de frente com outros ministros não é nenhuma novidade. Pelo contrário: trata-se de um de seus esportes preferidos. Já em relação a Gleisi, o motivo da fritura de Macedo é, digamos assim, de caráter “político pessoal”: a presidente do PT quer o seu lugar no Ministério. Se depender de apoio junto ao presidente Lula, Gleisi já pode se considerar nomeada. Ela tem como principal aliada a primeira-dama, Janja.

Política
O plano B para Alexandre Ramagem em 2026
8/07/2024O núcleo duro bolsonarista já se dedica a montar o quebra-cabeças para as eleições parlamentares de 2026. No Rio, por exemplo, uma peça importante do tabuleiro é Alexandre Ramagem. O ex-diretor da Abin é o candidato de Jair Bolsonaro à Prefeitura do Rio. Mas já se fala na hipótese de ele disputar uma vaga no Senado em 2026, caso perca as eleições municipais deste ano. Não custa lembrar que, dentro de dois anos, cada estado elegerá dois senadores. Portanto, haveria espaço para uma dupla candidatura puro-sangue bolsonarista. O outro nome, como é de se supor, é o de Flavio Bolsonaro, cujo mandato no Senado vai até o fim de 2026.

Política
Fator Milei aumenta os pontos de fissura no Mercosul
5/07/2024A ausência de Javier Milei da reunião de cúpula do Mercosul, na próxima semana, em Assunção, acendeu um sinal de alerta na diplomacia brasileira. Para além de questões simbólicas ou ideológicas, o Itamaraty já calcula os próximos passos de distanciamento entre Brasil e Argentina dentro do bloco econômico. O Ministério das Relações Exteriores captou sinais de que o governo Milei vai intensificar a pressão para que os membros do Mercosul fechem acordos bilaterais à margem do bloco, fazendo coro com o Uruguai. Um agravante: pelo Protocolo de Ouro Preto, a partir de janeiro do ano que vem a Argentina assumirá a presidência rotativa do Conselho do Mercosul, no lugar do Paraguai.

Política
PSB sonha com a sua própria “reforma ministerial”
5/07/2024Ontem, correu nos gabinetes do Congresso, a informação de que o PSB, de Geraldo Alckmin, estaria articulando a sua própria “reforma ministerial”. O partido quer a volta de Marcio França ao Ministério de Portos e Aeroportos, no lugar de Silvio Costa Filho (Republicanos). A saída de França da Pasta das Micro e Pequenas Empresas abriria caminho para a indicação de Paulo Câmara, atual presidente do Banco do Nordeste (BNB). Formalmente, Câmara se desfiliou do PSB para assumir o comando do BNB. Mas, informalmente, a sigla ainda é o seu lócus político. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas até agora não se sabe se o PSB já perguntou a quem manda, o presidente Lula, sobre essa dança das cadeiras on demand.

Política
Bolsonaro molda campanha de Ricardo Nunes a sua imagem e semelhança
2/07/2024Após impor o vice da chapa, o coronel da PM e ex-comandante da temida Rota Ricardo Mello Araújo, Jair Bolsonaro quer “takeoverizar” também o marketing da campanha de Ricardo Nunes à reeleição. O indicado é o publicitário Pablo Nobel, o estrategista de Javier Milei na eleição presidencial argentina do ano passado. O pragmático Nobel estava “do outro lado” na disputa pela Prefeitura de São Paulo, assessorando Tabata Amaral. É sintomático, no entanto, que, no último mês de abril, tenha deixado a campanha da candidata do PSB. O nome do marqueteiro tem sido citado também no entorno do seu xará Pablo Marçal, o coach bolsonarista raiz que lançou sua candidatura a prefeito de São Paulo. Ainda assim, se Bolsonaro insistir, não tem conversa: Nobel vai parar na campanha de Ricardo Nunes.

Política
Quando Lula fala demais, o Brasil ganha de menos
1/07/2024A nova bravata de Lula contra Javier Milei, ao exigir um “pedido de desculpas ao Brasil”, calou fundo no Ministério de Minas e Energia. A cutucada se dá justamente no momento em que o ministro Alexandre Silveira e sua equipe estão submersos em mais uma rodada de negociações com o governo argentino para a importação de gás do campo de Vaca Muerta. No Ministério, há, inclusive, a expectativa de que uma delegação liderada pelo próprio Silveira vá a Buenos Aires durante o mês de julho para tratar do assunto. No mês passado, uma comitiva da Petrobras já esteve na Argentina para discutir com autoridades locais possibilidades de rotas para o transporte do gás para o lado de cá da fronteira.

Política
Vai ser difícil Arthur Lira digerir a derrota para Renan Calheiros no Cade
1/07/2024Uma certeza absoluta: quando não é verba, é cargo que fricciona a relação entre Arthur Lira e o Palácio do Planalto. Lira tentou emplacar o advogado Celso de Barros Correia Neto, diretor-geral da Câmara dos Deputados, na superintendência do Cade. Em 2023, já havia indicado Correia Neto para uma vaga de conselheiro do órgão antitruste. Tanto no ano passado quanto agora, não foi atendido. Desta vez, com um agravante: Lula reconduziu Alexandre Barreto ao posto de superintendente do Cade, nome apadrinhado pelo ministro do TCU Bruno Dantas e por Renan Calheiros. E quem conhece Arthur Lira de perto sabe muito bem: há poucas coisas na vida que o irritam mais do que perder uma disputa para o desafeto Renan.

Política
Seguro-desemprego causa fricção entre equipe econômica e “sindicalistas” do governo
26/06/2024Fernando Haddad e Simone Tebet enfrentam em mais uma queda de braço dentro do governo. A ala “sindicalista” da gestão Lula – leia-se os ministros do Trabalho e da Previdência, respectivamente Luiz Marinho e Carlos Lupi – têm defendido o pagamento de mais duas ou até três parcelas adicionais do seguro-desemprego para quem já recebia o benefício no Rio Grande do Sul no mês de maio, quando foi declarado o estado de calamidade.
O que se diz em Brasília é que Paulo Pimenta, ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul e virtual candidato ao governo estadual em 2026, também trabalha junto ao Palácio do Planalto em favor da medida. Para quem não precisa fazer conta, é mais fácil. Não é o caso de Haddad e Tebet. A proposta encontra resistências entre os ministros da Fazenda e do Planejamento.
O governo já iniciou o pagamento de duas parcelas adicionais do seguro-desemprego no Rio Grande do Sul. Ampliar esse cobertor exigiria um contorcionismo ainda maior no orçamento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para este ano, todo amarrado, rubricado e comprometido. O pagamento de até três benefícios extra significaria um desembolso em torno de R$ 745 milhões, que se somariam aos R$ 497 milhões já liberados.

Política
O desabafo curto e grosso de Geraldo Alckmin
26/06/2024
Política
À mestra com carinho: Lula prepara homenagem a Maria da Conceição Tavares
20/06/2024O presidente Lula pretende fazer uma homenagem à saudosa professora Maria da Conceição Tavares, na próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS). Lula adorava a “Ceiça”, como chamava carinhosamente Conceição – e a recíproca era verdadeira.
Conceição era petista roxa e apoiou Lula e Dilma Rousseff em todas as suas campanhas eleitorais. Logo após vencer sua primeira eleição, em 2002, o presidente eleito viajou ao Rio de Janeiro para visitar o economista Celso Furtado e Conceição, em uma demonstração de enorme deferência. Alguns meses antes da professora falecer, Lula chegou a programar uma visita a Maria da Conceição Tavares, em Nova Friburgo, onde ela morou na fase final da sua vida.
O encontro não chegou a ser realizar. Mas o carinho foi feito. Conceição soube da intenção e ficou felicíssima. Uma foto, que circula na internet, mostrando Lula beijando o rosto da professora é a mais perfeita tradução do bem gostar de ambos.

Política
Caravanas Federativas alimentam o buzinaço bolsonarista
10/06/2024As Caravanas Federativas de Lula estão na alça de mira dos bolsonaristas. A informação ouvida em importantes gabinetes do Senado é que Rogério Marinho e Damares Alves articulam um pedido de investigação à Procuradoria-Geral Eleitoral. O argumento é que a iniciativa tem sido usada para mascarar atos ilegais de campanha eleitoral. O que se diz é que os dois senadores se deram, inclusive, ao trabalho de levantar uma agenda de visitas de ministros acompanhados de candidatos a prefeitos e a vereadores em diversas cidades do país, notadamente no Nordeste. Não há registro de que a dupla Marinho e Damares tenha levado qualquer queixa à Procuradoria Geral Eleitoral, em 2022, quando Jair Bolsonaro abriu o cofre e turbinou uma série de benefícios na reta final da campanha. Muito provavelmente o pedido de investigação das Caravanas Federativas não vai dar em nada. Mas já será o suficiente para a militância digital de Bolsonaro fazer o estardalhaço de sempre nas redes sociais.

Política
Gado de Bolsonaro garante doações para o Sul
6/06/2024
Política
Governo Lula não consegue ter química nem com o sindicalismo
4/06/2024Um problema a mais para o governo resolver nas cercanias da sua base aliada: o encontro entre o presidente Lula e a diretoria da Associação Brasileira da Indústria Química, na última semana de maio, ainda não foi digerido pela cúpula da CUT e da Força Sindical. As duas centrais tiveram um papel importante nas negociações para a volta do Reiq, o regime especial de tributação para o setor químico. O benefício havia sido suspenso pela gestão Bolsonaro em março de 2022 e foi recriado pelo governo Lula no fim do ano passado. Na hora de capitalizar o impacto positivo da medida, os sindicalistas ficaram de fora da foto. O que se diz é que o incômodo maior é com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria, Geraldo Alckmin, que participou ativamente das discussões para a volta do Reiq, tendo diversas conversas com a cúpula da CUT e da Força Sindical.

Política
Bancada do Nordeste quer blindar verbas da Codevasf da tragédia gaúcha
29/05/2024Tragédias, tragédias, “negócios” à parte. Ontem, no fim da tarde, líderes da bancada nordestina no Congresso se mobilizavam para brecar o projeto de lei apresentado pelo deputado federal deputado Marcio Biolchi (MDB-RS), que amplia a abrangência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba) ao Rio Grande do Sul. Pela proposta, a estatal esticaria sua jurisdição alguns milhares de quilômetros, atendendo temporariamente as cidades atingidas pelas chuvas. Significa dizer que os gaúchos também teriam direito a parte do orçamento da Codevasf, com a possibilidade inclusive de obter verbas que já estavam engatilhadas para estados do Nordeste. A principal objeção vem do PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira

Política
Lira e Pacheco também “lucram” com as medidas de apoio ao Rio Grande do Sul
17/05/2024Tem dividendo para todo mundo. Além do próprio Lula, os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, também devem capturar algum ganho político das medidas adotadas para a reconstrução do Rio Grande do Sul. O Congresso já autorizou a exclusão dos recursos extraordinários enviados ao estado do cálculo da meta fiscal. Já aprovou o redirecionamento de emendas parlamentares para o enfrentamento da catástrofe climática. E o que mais vier pela frente vai passar de roldão. Ou seja, além do dever cívico e da compreensão humanista, Lira e Pacheco vão tirar uma casquinha desse novo “protagonismo soft”. Chama a atenção, inclusive, o número de vezes que já apareceram ao lado de Lula no anúncio de medidas para o Rio Grande do Sul. Ainda que com um diferença na casa decimal, é quase como se ambos estivessem indexados ao presidente da República na busca de soluções para a destruição no sul do país.

Política
Governo enfrenta a catástrofe gaúcha com uma enchente de divergências
16/05/2024A ideia de criação do Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul desponta como a melhor solução encontrada para criar a percepção de presença contínua do governo federal em Porto Alegre. Mas, até quando acerta, o governo não consegue escapar do estado de desorientação que tem pautado a condução da catástrofe no sul. A própria proposta do Ministério temporário causou desencontro no Palácio do Planalto. Desencontro este que se desdobrou em dois. Primeiro, houve dúvidas em relação à ideia da criação de uma autoridade federal no Rio Grande do Sul; depois, batido o martelo, surgiram discussões se Paulo Pimenta seria o nome mais apropriado. Houve quem sugerisse uma figura mais ilustre e representativa, sob o argumento de que o responsável pela função estaria para a catástrofe gaúcha como Pedro Parente esteve para a crise do racionamento de energia no governo FHC.
O grau de desbaratamento chegou ao ponto de Janja ter assumido o papel de arbitrar sobre dúvidas e discordâncias um tanto quanto comezinhas, como, por exemplo, se Lula deve ou não ficar mais tempo em Porto Alegre, inclusive transferindo o governo para a cidade, ou se deve seguir no seu “bate-e-volta” entre Brasília e a capital gaúcha. Pode ser que seja mais confortável o presidente pegar um avião e ir ao Sul dia sim, dia não. Não parece. A primeira-dama é favorável a esta segunda hipótese. Um ponto de vista.
Outro aspecto que causou divergência no Palácio foi relativo à forma de comunicação das medidas. Uma ideia seria uma operação no estilo Plano Real, ou seja, disponibilizar os ministros diretamente envolvidos no problema, com seus respectivos assessores, durante o período de maior intensidade da crise para divulgar todas as iniciativas de forma conjunta e organizada, assim como responder permanentemente as dúvidas da mídia. Por outro lado, no governo há quem não veja exatamente como um inconveniente que as iniciativas sigam sendo divulgadas aos poucos, de forma espaçada. Primeiro, porque a dinâmica da tomada de decisões tem sido mais ou menos essa e talvez não haja mesmo outro jeito: as ações vêm sendo discutidas e aprovadas à medida que vai se tendo uma noção maior das consequências da tragédia; e last but not least, há também a efetividade das decisões e o seu retorno político. Não dá para colocar panos quentes, e olhar somente sob o prisma da responsabilidade social. Política é política em qualquer canto. Os desastres é que são diferentes. Ao mesmo tempo, do ponto de vista da comunicação, os anúncios passo a passo, diferidos no tempo, poderiam ajudar a gerar fatos em sequência e alimentar a percepção de uma profusão contínua de soluções. Mas a avaliação do governo nas pesquisas está muito ruim. Há cientistas políticos que consideram a ausência de um conjunto de medidas de impacto e adoção da “política do picadinho de iniciativas” um erro de estratégia.
A desorientação do governo se reflete também nas cifras lançadas no ar até o momento. O valor a ser gasto na recuperação do estado pode ser os R$ 19 bilhões do governador Eduardo Leite, os R$ 57 bilhões da primeira estimativa de Fernando Haddad, os R$ 92 bilhões calculados pelo economista Claudio Frischtak, reconhecido como um dos maiores especialistas em infraestrutura do país, ou R$ 150 bilhões, R$ 200 bilhões, R$ 300 bilhões, o que for dependendo do que o governo vai colocar como “dispêndios suplementares” no balaio das despesas exclusivamente com a reconstrução do Rio Grande do Sul. Na realidade todos esses números são chutes. Até agora, a melhor prática é destinar o dinheiro para que o governo gaúcho defina onde tem que gastar. Vai ver, existe algum método nessa loucura. De repente, o procedimento é proposital. Por mais desconexas que possam ser, esse jorro de cifras podem também contribuir para melhorar o rating reputacional do governo Lula. Repita-se: pensando-se pragmaticamente, é inevitável que o presidente – e assim seria quem quer que fosse o presidente – esteja engajado na crise gaúcha com um duplo chapéu: do humanismo e da política, ou melhor, política eleitoral. 2026 é logo ali na frente. E mais perto ainda é o pleito municipal de outubro.
Entre idas e idas vindas, ao menos a leitura no Palácio do Planalto é que a implementação do Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul pode resolver uma disfuncionalidade do próprio governo, ao tirar Paulo Pimenta da Secom. O ministro é sabidamente um ponto sensível dentro do Palácio. Sob sua batuta, a comunicação do governo tem primado pela regularidade: é ruim na bonança; é ruim na tragédia.

Política
Conselhão vira alvo da guerrilha digital bolsonarista
15/05/2024A horda digital do bolsonarismo encomendou um estudo para desmoralizar o Conselhão. A ideia é demonstrar que o órgão tão festejado por ser uma estrutura de aconselhamento democrático do presidente Lula não emplacou quase nenhuma iniciativa no governo. São intenções, planos, sugestões, rankings e outras informações do gênero. Nada da implementação de iniciativas concretas. Em janeiro, ressalte-se, surgiu nas redes sociais a fake news de que cada integrante do colegiado receberia um salário mensal de R$ 60 mil. Talvez já tenha sido um piloto dos algoritmos bolsonaristas. Não custa lembrar que Jair Bolsonaro extinguiu o Conselhão, criado e posteriormente recriado por Lula.

Política
Até quando a reputação de Lula resistirá ao governo Lula?
10/05/2024Uma coisa é Lula. Outra coisa é seu governo. A cada pesquisa da Quaest, indicando um descolamento da popularidade do presidente e da avaliação do seu terceiro mandato, a orelha do ministro chefe da Secom, Paulo Pimenta, fica mais vermelha. Se ele não fosse da cota direta de Lula, já teria sido incinerado no cargo. O instituto de pesquisas revela que 50% da amostragem enxergam o presidente de forma positiva. Mas apenas 33% aprovam o seu governo, uma diferença de praticamente 20 pontos percentuais. É o pior índice alcançado pelo petista, em todas as suas gestões. Se vale de alguma explicação, o próprio Pimenta acusou que o maior erro do governo em 2023 foi na sua área, ou seja, na comunicação, especialmente a digital.
No Palácio do Planalto os dados da Quaest não revelam nenhuma contradição, mas, sim, um péssimo trabalho da Secom. O RR apurou junto a um parlamentar do PT que a última chance de Pimenta é conduzir um exitoso trabalho na comunicação das medidas para o enfrentamento da tragédia do Rio Grande do Sul. As ações terão de ser certeiras. Difícil. Ontem mesmo, o governo fez uma trôpega divulgação do pacote de ajuda ao estado no valor de R$ 50,9 bilhões. O número por si só já carregava um forte apelo: é mais do que o dobro dos R$ 19 bilhões que, segundo estimativa do próprio governador Eduardo Leite, serão necessários para a reconstrução das cidades atingidas pelas chuvas. No entanto, o anúncio se limitou à antecipação do pagamento de benefícios à população gaúcha, como abono salarial, seguro-desemprego, Bolsa Família, Auxílio Gás, restituição do Imposto de Renda etc. Não que a iniciativa não tenha valor. No entanto, o governo nada disse sobre as medidas que serão adotadas para a recuperação estrutural do Rio Grande do Sul: zero de detalhes sobre plano de ação, prazo, órgãos federais envolvidos, lista de prioridades, custo de cada obra. Silêncio absoluto.
Antes mesmo da catástrofe do Rio Grande do Sul, já havia um incômodo crescente no Palácio do Planalto em razão do diagnóstico de que o governo tem muito a mostrar, mas os erros na comunicação impedem que essas ações sejam devidamente percebidas pela população. Há realizações de impacto direto para a população, como o aumento e a nova política de reajuste do salário mínimo, de acordo com a inflação, e o crescimento do PIB; a ampliação da taxa de isenção do IR para quem recebe até R$ 2.824; a queda continua no IPCA, tanto em 2023 (4,62% frente a 5,79% em 2022) quanto nas projeções para 2024; o PIB reiteradamente acima das expectativas, chegando a praticamente 3% em 2023 e já estimado em mais de 2% para 2024, segundo o último relatório Focus; os números do Desenrola, que negociou R$ 32 bilhões em dívidas em 2023, tornando-se um dos maiores programas do gênero no mundo. E tem mais: emprego, renda, consumo, carteira assinada, e por aí vai. Ora, tudo isso não seria suficiente para mover o ponteiro a favor do governo? Qual a diferença para Lula 1 e 2, quando, mesmo com uma gestão ortodoxa da economia, as políticas compensatórias se refletiam rapidamente nos índices de aprovação da gestão?
A primeira resposta, de acordo com as fontes ouvidas pelo RR, é que o atual governo patina para criar marcas, como foram o Bolsa Família e mesmo o PAC, com todos os seus – muitos – problemas. Na ausência desses fatores, a avaliação positiva recairia na “bandeira” que resta ao Planalto: o próprio Lula, apesar de suas gafes quase diárias. A última foi dizer que o seu maior bastião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “pode errar que o seu governo vai dar certo”. Já um segundo problema de efeito direto para a baixíssima avaliação da gestão seria a resistência na inflação dos alimentos. Um dado exemplificaria o tamanho do buraco: enquanto o IPCA de abril confirma a tendência de “queda livre” (que o BC não nos ouça), desacelerando para 0,21%, o grupo de alimentos cresceu 0,61%, praticamente o triplo. O mal-estar gerado pela sensação de que “nada muda” no custo de vida funcionaria como uma “sombra” de pessimismo sobre todos os resultados de Lula 3. E explicaria, por exemplo, dados aparentemente irracionais, como a percepção de que o desemprego aumentou (o que não é verdade), para 43% dos entrevistados pela Quaest, e o poder de compra diminuiu (67%).
Pelo menos uma solução já está à vista: a utilização de todas as armas para baixar o preço de itens essenciais de alimentação, entre elas a possibilidade aberta pela tragédia no Rio Grande do Sul. A percepção é que, diante da comoção gerada no país, medidas que antes provocariam intensa resistência no mercado e mesmo no Congresso passarão batidas. O cataclisma de Porto Alegre pode dobrar a resiliência do Legislativo em aprovar as medidas que ajudariam a concluir a reforma tributária e aumentar a arrecadação. No meio da liberação de recursos, e eles não podem faltar, passariam também alguns contrabandos, tais como ocorreu no governo Bolsonaro com a moratória dos precatórios.
Para o Palácio do Planalto, pimenta nos olhos da oposição é refresco, e nos olhos de Pimenta é caldo de malagueta. Não bastasse essa unanimidade palaciana contrária à sua performance no cargo, de todos os lados o ministro da Secom recebe más notícias. Agora terá de se virar com as denúncias apresentadas pelas lideranças da oposição e da minoria na Câmara dos Deputados, apresentadas à Procuradoria-Geral da República. A motivação seria o abuso de autoridade após o governo federal ter pedido investigações pela suspeita de propagação de fake news por políticos da bancada do Rio Grande do Sul. O que é pior: as fake news teriam sido usadas durante a enchente de Porto Alegre e cercanias. Pode ser que Pimenta seja deslocado para alguma secretaria particular de Lula no próprio Palácio do Planalto. Mas não se espantem com o desfecho da história. O slogan dessa temporada bem pode ser: “Janja vem aí”.

Política
Cresce a expectativa de que o “Zé” volte ao governo
8/05/2024Nas hostes do PT raiz há um burburinho de que José Dirceu caminha gradualmente para voltar ao governo. Mais do que isso: caminha para retornar a um cargo que já lhe pertenceu, o de ministro da Casa Civil. Tem mais jeito de ser um pensar desejante. Alguns petistas puro-sangue, um pouco mais cautelosos, entendem que esse movimento é muito pouco provável , mas factível. Seja pelos atributos que abundam em Dirceu, seja pelas qualidades que faltam à boa parte dos quadros da gestão Lula. O governo não tem um estrategista, um operador político e muito menos uma autoridade com ascendência sobre a coalizão de esquerda. Dirceu já provou ser tudo isso em um só, com o bônus de ter a capacidade de interagir com todos os demais espectros ideológicos. O ex-ministro é, antes de tudo, um pragmático.
Guardadas as devidas proporções, José Dirceu assumiria a Casa Civil para salvar o governo Lula, como o próprio Lula quase assumiu a Casa Civil para salvar o governo Dilma. A diferença é que agora sem os grampos e vazamentos de Sergio Moro. Nem Rui Costa, atual titular do Gabinete Civil, nem Alexandre Padilha, em tese o responsável pela articulação política, têm o peso e a representatividade de Dirceu. O ex-ministro já foi mais do que testado em situações de crise. É enérgico por excelência, algo indispensável para um governo que só perde seus confrontos, ou melhor, praticamente já nem os cria por saber de antemão da derrota. Também conta a seu favor a relação histórica com Lula.
O prestígio de José Dirceu pode ser medido por demonstrações públicas – vide a recente festa de 94 anos de José Sarney, quando foi incensado por quase todos os presentes – ou por indicadores não visíveis, como as vezes em que é procurado reservadamente por políticos não só da base aliada, mas de diversos outros partidos. Todos costumam se deparar com as mais diferentes faces de Dirceu: o lobista, o articulador, o operador, o observador arguto. O ex-ministro emana poder. Recentemente, ao ser perguntado sobre a possibilidade de voltar a ter um cargo no governo, Dirceu respondeu de pronto: “Por enquanto, não”. Para bom entendedor…

Política
Rodrigo Pacheco ganha a pecha de trancar requerimentos contra o governo
8/05/2024Nos corredores do Congresso, Rodrigo Pacheco tem sido acusado por senadores da oposição, leia-se bolsonaristas, como Rogério Marinho e Sérgio Moro, de travar propositadamente os Requerimentos de Informações (REQs) destinados a ministérios e demais órgãos do executivo federal. A estratégia “tranca-REQ” seria uma forma de Pacheco proteger a gestão Lula de pautas desfavoráveis. Na prática, o Requerimento é um instrumento regimental quase sempre usado por adversários do governo – seja que governo for – para levantar denúncias e suspeições contra atos do Executivo, disfarçadas de pedidos de abertura de dados e informações.
Na semana passada, por exemplo, a Comissão Diretora do Senado responsável pela análise e encaminhamento das solicitações liberou 97 REQs, quase todos já meio embolorados – alguns com meses de atraso. Um exemplo: somente agora, o Itamaraty e o Ministério da Defesa receberão o requerimento do senador Espiridião Amim sobre os procedimentos diplomáticos da Pasta em relação ao conflito entre Venezuela e Guiana e o possível envio de tropas militares para a fronteira com os dois países. Já faz cinco meses que Nicolas Maduro ameaçou invadir a Guiana.

Política
Traumas do 1º de maio: centrais sindicais querem acabar com ato unificado
7/05/2024O rotundo fracasso do 1º de maio, quando Lula discursou para 1,6 mil gatos pingados no Itaquerão, deflagrou uma caça às bruxas pelos mais diversos lados. Se o Palácio do Planalto culpa o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, as centrais sindicais se atacam entre si. Nos bastidores, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, atira na direção da CUT, a quem caberia arregimentar um número maior de afiliados. Os dirigentes desta última, por sua vez, apontam o dedo para UGT e CTB. Um dos líderes da CUT teria disparado: “Isso é que dá se juntar a sindicato sem sindicalista”. Acusação de lá, acusação de cá, há quem defenda o fim do ato unificado do 1º de maio. Já a partir do ano que vem, cada central sindical organizaria seu próprio evento, sendo responsável pelo seu sucesso ou por sua derrocada.

Política
A tal da polarização na ponta do lápis
3/05/2024
Estatísticas para pensar:
- Dia 25 de fevereiro de 2024, um domingo comum. Jair Bolsonaro faz uma convocação e coloca 185 mil apoiadores na Avenida Paulista. Uma multidão espalhada por 135 mil m2. Ou o equivalente a 1,37 manifestante por m2.
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Dia 21 de abril de 2024, outro domingo comum (Vá lá, feriado de Tiradentes). Jair Bolsonaro faz nova convocação e leva 45 mil pessoas à Avenida Atlântica. Seus seguidores ocupam uma área de 9 mil m2. São cinco pessoas por m2.
- Dia 31 de outubro de 2022, tudo menos um domingo comum. Lula reúne 58 mil apoiadores na Avenida Paulista para a festa da vitória na eleição presidencial. Os mesmos 135 mil m2. Portanto, 0,42 pessoa por m2.
- Dia 10 de maio de 2024, Dia do Trabalho, data simbólica para o PT. Lula discursa para 1,6 mil presentes no estacionamento oeste do Itaquerão. A área tem 1,7 mil m2. A cada m2, 0,94 pessoa.
Nos dois eventos citados, Jair Bolsonaro juntou 230 mil seguidores em 144 mil m2, ou 1,59 manifestante por m2 .
Nos dois atos mencionados, Lula arregimentou 59,6 mil apoiadores em 136,7 mil m2, ou 0,43 pessoa por m2.
Para cada lulista, 3,85 bolsonaristas nas ruas. Para cada seguidor do atual presidente da República, em média 3,7 adeptos do ex-presidente da República no mesmo m2.

Política
Senado é a trincheira de Jair Bolsonaro
29/04/2024Jair Bolsonaro trabalha com afinco para construir uma poderosa bancada no Senado Federal. Está escolhendo a dedo os candidatos e os estados onde têm praticamente garantida a eleição dos “seus parlamentares”. Há vários exemplos de estados onde o bolsonarismo é imbatível. Só para citar dois, Roraima e Santa Catarina são verdadeiras capitanias do ex-presidente.

Política
Bolsonaristas querem colocar ministro da CGU no “banco dos réus”
26/04/2024Informação que corria ontem, no início da noite, em um concorrido gabinete da Câmara: o PL – que também pode ser chamado de PB, Partido do Bolsonaro – vai apresentar um requerimento de convocação do ministro da CGU, Vinícius Carvalho. A oposição quer espremê-lo e fazer um suco político em cima da relação entre seu escritório de advocacia e a Novonor (ex-Odebrecht). Em matéria na semana passada, o Estado de S. Paulo revelou que o VMCA Advogados, do qual Carvalho é sócio, cuida do processo sobre o acordo de leniência da companhia no Cade. Assim que a notícia veio a público, o ministro soltou uma nota afirmando que não participa em ações que envolvam a Novonor e que está licenciado do escritório, hoje sob os cuidados de sua esposa. Ontem, em meio às articulações para a convocação do ministro de Lula, uma língua ferina do PL lembrava, a título de provocação, que a firma de advocacia de Adriana Ancelmo ganhou montanhas de dinheiro quando Sergio Cabral, então, seu marido governava o Rio de Janeiro. “Mas Cabral não tinha nada a ver com isso. Quem tomava conta do escritório era sua esposa”.

Política
Eduardo Bolsonaro quer audiência com deputados americanos que vazaram decisões de Moraes
24/04/2024Após a manifestação em Copacabana, no último domingo, o clã Bolsonaro já prepara seu próximo movimento. Segundo o RR apurou, Eduardo e Flavio Bolsonaro pretendem liderar a visita de uma comissão de parlamentares brasileiros, a maioria do PL, a Washington. O objetivo é se reunir com membros do Comitê Judiciário da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, que, na semana passada, divulgou dezenas de sentenças sobre processos sigilosos proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Dois nomes dados como certo na caravana bolsonarista são os deputados Bia Kicis (PL-DF) e Gustavo Gayer (PL-GO), o que aumenta o tom de provocação a Moraes. Em uma das decisões vazadas, o ministro do STF aponta que os dois parlamentares divulgaram informações falsas. Um dos interlocutores de Eduardo Bolsonaro é o republicano Chris Smith, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Estados Unidos. Não custa lembrar que na última vez que tentou articular uma agenda dentro do Congresso norte-americano, com a intermediação do próprio Smith, o “03” deu com os burros n´água. O deputado democrata, Jim Govern, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, vetou sua participação em uma audiência do colegiado. Eduardo teve de se contentar com um discurso improvisado do outro lado da rua.

Política
Elon Musk deixa os Bolsonaro falando sozinhos
16/04/2024Elon Musk, ao que parece, é aliado dos Bolsonaro, pero no mucho. O empresário-troféu da extrema direita tem se esquivado dos movimentos de aproximação mais contundentes feitos pelo clã. Há duas semanas, o deputado Eduardo Bolsonaro vem tentando costurar um encontro com Musk nos Estados Unidos. Até agora nada de resposta. Aliás, a família Bolsonaro não tem conseguido se reunir com o dono do “X” nem de forma remota. Vide o episódio muito mal explicado do último sábado, quando Jair Bolsonaro chegou a anunciar a realização de uma live com Musk, que não aconteceu. Por mais engajado que possa ser do ponto de vista ideológico, Musk não é maluco. Sair na foto ao lado de Bolsonaro, literalmente, tem seus riscos. Seria praticamente uma declaração de guerra ao governo Lula. Com um gesto desses, o empresário fecharia uma porta institucional importante para suavizar a situação de rixa institucional com o Brasil que ele próprio criou – ver RR. O pragmatismo de Musk pode ser medido pela forma como ele equacionou sua relação com a China. O empresário montou uma fábrica nababesca da Tesla para a produção de carros elétricos em Xangai. No ano passado, o faturamento da unidade passou dos US$ 21 bilhões, para não falar dos ganhos intangíveis, leia-se a sintonia entre Musk e o governo central de Pequim. Ou seja: Musk não é um neófito no ofício de gerar polêmica e depois acertar os ponteiros. Há quem diga até que esse é um modus operandi do empresário.
O morde e assopra calculado de Elon Musk não invalida as tentativas dos Bolsonaro. O clã certamente insistirá nesse contato, sobretudo após o encontro do presidente da Argentina, Javier Milei, com o empresário, na última sexta-feira, na fábrica da Tesla em Austin, no Texas. Jair Bolsonaro está fazendo um jogo de ganha-ganha com Musk. O ex-presidente já se beneficiou do posicionamento público do dono do “X” contra o STF e teria ainda mais dividendos políticos no caso de um encontro, seja virtual ou presencial.

Política
Conselho de Medicina pressiona Anvisa para restringir “remédios da moda”
12/04/2024O RR apurou que o Conselho Federal de Medicina (CFM) vai divulgar na próxima segunda-feira um comunicado sobre a venda de remédios para diabetes que estão sendo usados como inibidores de apetite. A entidade fará um alerta para os riscos para a utilização indiscriminada dessas substâncias. O manifesto tende a aumentar a pressão sobre a Anvisa. O CFM já encaminhou um pedido à agência reguladora para que remédios injetáveis, como Ozempic e Wegovys, sejam comercializados apenas com a apresentação e retenção de receita médica pela farmácia. O Conselho cobra ainda a realização de amplas campanhas do governo e da indústria farmacêutica para esclarecer a população sobre benefícios e desvantagens atrelados a esses medicamentos que viraram moda.

Política
PT quer tirar Ricardo Capelli do PSB
11/04/2024O PT quer Ricardo Capelli, hoje à frente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), nas suas fileiras. O interventor do 8 de janeiro é visto como um nome forte para disputar uma vaga no Senado ou o próprio governo do Distrito Federal em 2026. O maior impeditivo para Capelli deixar o PSB seria a fidelidade a Flavio Dino, que o levou para o partido. Mas, com a saída do ex-ministro da Justiça da política, o caminho está liberado. O ex-secretário executivo do Ministério da Justiça chegaria para preencher o vazio de nomes do PT no Distrito Federal. Na eleição de 2022, por falta de candidato próprio, a sigla apoiou Leandro Grass, do PV.

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Absolvição recoloca Sergio Moro e Lava Jato no game de 2026
9/04/2024
Política
Ministério da Ciência e Tecnologia provoca cabo de guerra na base aliada
8/04/2024PT e PC do B estão travando uma queda de braço pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Os petistas trabalham pela nomeação do atual presidente da Finep e ex-deputado federal, Celso Pansera, que comandou a Pasta no breve segundo mandato de Dilma Rousseff. O PC do B, no entanto, quer fazer valer o “mando de campo”. O partido tem cobrado do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, a garantia de que o Ministério seguirá na sua cota. Filiada ao PC do B, a atual ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, deverá deixar o cargo para disputar as eleições à Prefeitura de Olinda (PE).

Política
Guilherme Mello surge como candidato à presidência do BNDES
5/04/2024Agora no fim da tarde, surgiu um bochicho em Brasília na esteira da eventual ida de Aloizio Mercadante para a presidência da Petrobras. O nome que desponta para substitui-lo no comando do BNDES é o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. Ele seria para o banco no governo Lula o que Gustavo Montezano representou na gestão Bolsonaro, com sinais trocados. Ambos são jovens e com excelente formação. Mello é também primo de um influente consultor histórico do PT e de Lula, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Há, no entanto, um pequeno senão, que poderia dificultar sua transferência para o BNDES, uma razão prosaica: Mello carrega o piano para Fernando Haddad na Fazenda. Com a saída de Gabriel Galípolo da Secretaria Executiva da Pasta para o Banco Central, acabou ganhando ainda mais importância na estrutura do Ministério. Abrir mão desse auxiliar deixaria Haddad ainda mais assoberbado.

Política
Um roteiro sob medida para Gleisi Hoffmann
4/04/2024A título de blague: recomenda-se ao chanceler Mauro Vieira transferir o embaixador do Brasil em Havana, Christian Vargas, para dar lugar à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que levaria a tiracolo o namorado Lindbergh Farias, no cargo de adido. Só faltaria isso para explicar a visita do casal a Cuba para firmar um acordo de “cooperação e intercâmbio” com o Partido Comunista local. Segundo Gleisi, a parceria prevê “troca de experiências”. Que experiências? Mais não disse. Como também não disse como o Brasil pode ajudar Cuba em meio ao bloqueio que “o país está sofrendo”, aceno feito ao próprio presidente Miguel Díaz-Canel, em encontro no último dia 28 de março. Tudo muito doido. Nessa linha, talvez a próxima parada da embaixadora extraoficial Gleisi Hoffmann e do seu adido consorte, “Lindinho”, pudesse ser um encontro com Kim Jong-un, o “Líder Supremo” da Coreia do Norte, em Pyongyang.

Política
Wellington Dias entra em ação no STJ
3/04/2024O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, entrou firme na disputa por uma cadeira no STJ. Dias trabalha dentro do próprio Tribunal pela indicação do desembargador Carlos Brandão, do TRF-1, também piauiense. O STJ trata de assuntos, digamos assim, de grande interesse para o ex-governador do Piauí. Tramita na Corte uma ação que investiga a esposa de Wellington Dias, Rejane Dias. A ex-primeira-dama é suspeita de participar de uma esquema de corrupção envolvendo o transporte escolar no Piauí quando ocupava a Secretaria de Educação do estado. É um duplo constrangimento para Dias, seja pelos laços matrimoniais, seja porque o suposto crime teria ocorrido durante sua gestão no governo do Piauí.

Política
Dirceu costura as pontas da sucessão na Câmara
27/03/2024O ex-ministro José Dirceu entrou de cabeça nas articulações para a sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara. Dirceu tem mantido interlocução frequente com Marcos Pereira, presidente do Republicanos, e Elmar Nascimento, do União Brasil – ambos tidos como fortes candidatos ao cargo. Nas conversas, o que mais chama a atenção são os acenos de Nascimento ao Palácio do Planalto – no governo, há resistência ao seu nome pela proximidade com Lira. Dirceu sabe muito bem identificar o ninho onde repousa o ovo da serpente. Entende que qualquer acordo com o “inimigo” é melhor do que gestar um novo Eduardo Cunha.

Política
Lula versão 3.0 não consegue conter a própria língua
25/03/2024O casal Bolsonaro está acionando Lula, por danos morais, seguindo o script clássico dos pedidos de retratação e apostando piamente na sua condenação. O presidente, segundo a normalidade dos acordos na Justiça, teria de se desculpar na mesma mídia, usando o mesmo tempo que utilizou nas ofensas a Jair e Michelle Bolsonaro – ao dizer que mais de duas centenas de móveis sumiram do Palácio do Alvorada. Pau que bate em Chico bate em Francisco. Lula não tem como ganhar a contenda, a não ser com o uso de alguma chicana, o que seria uma saída desavergonhada. Talvez consiga publicar a retratação em outra mídia que não a Globonews, veículo de imprensa exigido pelo casal Bolsonaro. Mas não escapará da confirmação de que foi irresponsável, ou no mínimo precipitado, já que mentiu desaforadamente, ao afirmar que 261 móveis desapareceram do Palácio da Alvorada, atribuindo a suposta cleptomania ao casal de moradores anteriores. O casal Bolsonaro também pede R$ 20 mil de indenização que serão doados para a caridade. Os móveis já foram encontrados. Ficará tudo como uma patetice. Só que os residentes anteriores foram tratados como ladrões. É coisa séria.
Em outro tempo e circunstâncias completamente diferentes, o jornalista Paulo Francis, irresponsavelmente, afirmou no ar, em pleno programa de televisão, que os diretores da Petrobras detinham cada um US$ 30 milhões em contas no exterior. Francis não tinha e nem teria jamais como provar essa declaração. O então presidente da Petrobras, Joel Rennó, e toda a diretoria da estatal processaram o jornalista, em Nova York. Ganharam a causa e deixaram Francis desesperado porque não tinha fundos para pagar a fortuna devida. Rennó conta em detalhes o episódio em livro sobre sua trajetória, que acaba de ser lançado. Pois bem, o então presidente Fernando Henrique e José Serra, entre outros personagens influentes, se mobilizaram para que Rennó voltasse atrás, mas todos os diretores que tiveram a imagem conspurcada foram inflexíveis. Francis morreu antes que a novela tivesse um capítulo final. Talvez Rennó e seus subordinados até retirassem a ação. Mas o falecimento do jornalista foi atribuído ao processo por uma quase maioria de formadores de opinião.
No caso de Lula, não se trata de achar US$ 30 milhões, à época irrastreáveis, mas de móveis que, inclusive, foram encontrados quase ato contínuo. Ou seja, não há contravenção alguma da parte de Bolsonaro e de sua esposa. O que há é mais uma declaração desbocada do presidente. Lula não vai morrer por isso. Ao contrário, repetirá várias vezes os desvarios verbais. É da sua natureza. Bolsonaro fica na torcida para que o desafeto continue errando passes no seu campo. Em cada vacilada, fará um estrago nas redes, sua área de maior expertise. Parece até que, na política, trocaram apenas de cadeira. Bolsonaro em sua gestão era seu principal opositor. Lula, ao que tudo indica, gostou do modelo e adotou a “auto fritura”. Fica tudo meio por isso mesmo, com forte tempero de ridículo.

Política
Tarcísio quer transformar renegociação da dívida dos estados em crédito eleitoral
19/03/2024O “pseudo acordo” entre o Ministério da Fazenda e os governos estaduais para renegociação das dívidas, publicado na edição de hoje do Globo, ainda tem muita água para correr ainda em direção ao mar. A negociação será complicada porque o governo propõe a indexação pelo IPCA mais juros de 4% ou a Selic integral. São percentuais maiores do que os pleiteados pelos estados do Sul e do Sudeste, da ordem de 3%. As dívidas mais altas em ordem decrescente são as do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A negociação faz parte do jogo político. Mas o que chama atenção é o oportunismo do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, que não tem seu débito sequer classificado entre os 10 maiores do país. O comandante da paulicéia tem se aproveitado da circunstância para fazer uma barulhão em favor do escalonamento da dívida do seu estado. “Farinha de sobra, meu pirão primeiro”, é o lema de Freitas.
Ocorre que o governador enxerga na frente. Como o débito de São Paulo é, proporcionalmente, o maior em relação ao PIB, Tarcísio Freitas poderá dizer, quando do seu interesse, que aumentou a renda per capita do cidadão bandeirante. Os paulistas, assim, ainda que contabilmente, ficariam mais ricos durante seu governo. Freitas é um dos principais candidatos à herança eleitoral do capitão Jair Bolsonaro. E tem mais: São Paulo é um dos estados que têm condições de dar as melhores garantias, afetando menos o balanço da União. A renegociação das dívidas estaduais meio que atinge as contas públicas. Na verdade, o resultado é quase um empate, já que, por um lado, amplia o passivo da dívida pública, e, por outro, assegura o crédito junto aos estados. Outro diferencial é a qualidade das garantias. Freitas não vai dar de barato essa renegociação, que, ainda que tratada com discrição, tem por objetivo a eleição presidencial de 2026.

Política
E tome mais uma missão sobre os ombros de Haddad
13/03/2024
Política
Haddad dá sinais de incômodo com as seguidas trapalhadas do governo
13/03/2024A “reestatização” da governança da Vale e a interferência aberta na Petrobras têm incomodado Fernando Haddad. O ministro da Fazenda vem sendo o fiador das invencionices do grupo palaciano, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, à frente, seguido do inoperante ministro da Secom, Paulo Pimentel, e do ministro de Assuntos Institucionais, Alexandre Padilha, que, fora sua interlocução anódina com o Congresso, não consegue dar uma declaração capaz de distender as falas trapalhonas do chefe. Some-se a isso a resistência dos dirigentes das estatais em aderir a uma comunicação integrada e facilitadora da gestão do presidente Lula. No fim do dia, Haddad é o avalista quase solitário de toda essa disfuncionalidade.
Segundo uma fonte da cúpula do PT, é Rui Costa o principal responsável pelo anúncio das medidas intervencionistas do presidente Lula, que se embanana todo quando tem de explicar mudanças na política econômica. Haddad e Costa se bicam elegantemente, como se estivessem em uma mesa de chá de lordes ingleses. O fato é que toda a comunicação do governo relacionada à economia resulta em problema. Não que o eleitor dê pelota ao que acontece no andar de cima, mesmo porque as medidas populistas de Lula visam quase sempre a transferência direta ou indireta de renda para o bolso da população ou facilidades na qualidade de vida. Mas o ambiente, de uma maneira geral, fica permanentemente contaminado com a ideia de que o presidente está errando na mão – problema este agravado pela incapacidade da Secom de mudar a percepção da opinião pública – ver RR.
A orientação de que as ações do governo sejam todas direcionadas para adequação à energia renovável simplesmente é ignorada. Esse deveria ser o maior mote da comunicação do governo, justificando até a ida do mandatário aos canais de televisão no horário nobre. O “Brasil Verde” é um ativo de enorme valor que está sendo depreciado. A incompetência impera. E “amassa” Haddad, que pode vir a se tornar um ministro mais poderoso do que Paulo Guedes, não por atitude própria, mas por circunstâncias que fogem ao seu controle, notadamente a ausência de outros quadros de prestígio na gestão Lula. O ministro da Fazenda carrega sobre os ombros a missão de representar o governo em todos os caldeirões fumegantes. Haddad já dá sinais de cansaço. Seu incômodo é alimentado por vários fatores: por um lado, o ego da tecnoburocracia do PT; por outro, o trabalho de desconstrução permanente dos ministros palacianos; e, finalmente, a incompetência da comunicação do governo.
Um teste será a decisão e capacidade do BNDES de fazer do “Nova Indústria Brasil” um “Plano Real” do setor. Caberá ao banco explicar, analisar, destrinchar em minudências a estratégia para a indústria, tal qual fizeram os pais do Real por quase um mês – ver RR. Por enquanto, a nova política industrial é só uma carta de intenções. E tome lambada por parte dos ortodoxos, da Faria Lima e da classe média, que reproduz o que lê e ouve nas mídias. Mas, Senhor, esta última não sabe o que faz. Pelo menos, se serve de consolo, Janja está calada.

Política
Tarcísio Freitas arrasta uma leva de prefeitos para o PL
13/03/2024A iminente transferência de Tarcísio Freitas do Republicanos para o PL desponta como uma jogada de mestre de Jair Bolsonaro em ano de eleições municipais. Como se não bastasse a migração do governador do maior estado do país e nome fortíssimo para disputar a Presidência da República em 2026, Tarcísio deverá carregar consigo uma parcela de parlamentares e prefeitos de seu atual partido. Dentro do próprio Republicanos, calcula-se que dez dos 28 alcaides da sigla em São Paulo vão acompanhar o governador de mala e cuia.

Política
Ex-tesoureiro do PT exorciza Lava Jato e volta ao game
11/03/2024O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto está saindo das sombras, ainda que não muito. Tem participado de articulações políticas para o lançamento de candidaturas do partido a prefeituras. O petista tem razoável influência em municípios da Grande São Paulo, como Guarulhos e Osasco. Vaccari, aos poucos, vai entrando na lista de petistas que conseguiram exorcizar a Lava Jato. No início do ano, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou a condenação de Vaccari por suposta corrupção em contratos de navios-sondas com a Petrobras. Na semana passada, a desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do TRF1 trancou uma ação contra o petista que corria na 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.

Política
Há um caso no STF que une os adversários Arthur Lira e Renan Calheiros
7/03/2024Uma pauta em comum está colocando os desafetos Arthur Lira e Renan Calheiros na mesma trincheira. O presidente da Câmara e o senador têm feito gestões junto ao STF, mais precisamente ao ministro Dias Toffoli, pela recondução do desembargador Washington Damasceno Freitas à presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). Toffoli é o relator do recurso movido por Freitas na tentativa de reassumir o cargo. No encontro de contas das relações institucionais e pessoais, Lira e Renan têm dívidas e créditos com Damasceno. No ano passado, quando o desembargador ainda estava na presidência da Corte, o presidente da Câmara foi absolvido no TJ-AL da acusação de peculato. Renan, por sua vez, comanda o MDB de Alagoas, que abriga três parentes de Damasceno. Relembrando o caso: o desembargador foi afastado do comando do TJ-AL pelo CNJ por supostamente ter beneficiado o prefeito de Delmiro Gouveia (AL) ao conceder liminar, em 2015, determinando que a Chesf pagasse uma indenização de R$ 445 milhões ao município.

Política
Um “bolsonarista” puro-sangue na campanha de Ricardo Nunes
1/03/2024O marqueteiro argentino Pablo Nobel está cotado para comandar a campanha do prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição em São Paulo. É mais uma prova da forte influência de Jair Bolsonaro, a quem caberá também indicar o vice da chapa. Nobel trabalhou para as vitoriosas candidaturas de Tarcísio Freitas ao governo de São Paulo e de Javier Miler à presidência da Argentina.

Política
Os fiéis seguidores de Silas Malafaia nas urnas
29/02/2024Silas Malafaia pretende lançar uma dezena de candidatos à Prefeitura e mais de uma centena de postulantes a Câmaras de Vereadores nas 30 maiores cidades do Brasil. Promessa do próprio a Jair Bolsonaro em conversa reservada antes das manifestações do último domingo, na Avenida Paulista.

Política
Bolsonaro empurra assessor para a conta de Tarcísio Freitas
29/02/2024Valdemar Costa Neto, presidente do PL, se livrou de um problema ao cortar o pagamento de salários de R$ 20 mil mensais a Marcelo Câmara, assessor direto de Jair Bolsonaro. Agora, Bolsonaro quer jogar o problema sobre os ombros de Tarcísio Freitas, pleiteando um cargo para o colaborador no governo de São Paulo. Tudo indica que Tarcísio vai incorporar o apaniguado. É pedido do “chefe”.

Política
Lula desdenha da Avenida Paulista e aposta na agenda internacional
26/02/2024O presidente Lula não vê com preocupação o mal-estar causado pela menção a Hitler ao condenar o massacre realizado por Israel na Faixa de Gaza, seus efeitos negativos junto à comunidade internacional ou mesmo seu uso como insumo para a volta de Jair Bolsonaro às ruas e o resgate do bordão do impeachment. Pelo contrário. Lula considera que esses fatos aumentaram sua centralidade. O presidente talvez seja a pessoa no país que mais acredita na máxima “falem mal, mas falem de mim”. Na história recente do Brasil, ninguém teve sua imagem tão triturada quanto ele. Ontem, segundo informações filtradas do Palácio do Planalto, o presidente acompanhou com desdém a passeata do seu principal opositor, recebendo relatórios da área da Inteligência e telefonemas que só confirmavam seu ponto de vista. Lula é um especialista em amenizar discursos anteriores que foram “mal interpretados”. O presidente tem um Judiciário alinhado, está afinando as relações com o Congresso, tem uma economia que anda mais favoravelmente do que o esperado e vai usufruir da melhor agenda internacional que um mandatário recebeu de bandeja.
Segundo informa o jornal Valor Econômico na edição de hoje, só nas próximas semanas, Lula participa como destacado chefe de Estado da Cúpula da Comunidade do Caribe (onde certamente vai meter sua colher no conflito entre a Venezuela e Guiana), o encontro de chefes de Estado da Comunidade de Chefes de Estado Latino-Americanos e Caribenhos e do encontro dos presidentes dos Bancos Centrais em São Paulo. Mais à frente, tem presença garantida em reunião da Una-África. Depois, ainda vão rolar o encontro dos chefes de Estado do G20 e o discurso de abertura dos trabalhos na ONU. Ano que vem ainda terá o presentão da COP-30, em Belém (PA), um palco sob medida para Lula. No meio dessa miríade de eventos, a diplomacia brasileira está encaixando visitas consideradas estratégicas. No mais, Lula vai aguardar que a Polícia Federal, STF e aliados deem conta de Bolsonaro. O ex-presidente, conforme já se viu, não sabe lidar com uma “centralidade que lhe é negativa”. E Lula ainda guarda munição para ser usada na hora certa. Um exemplo: a palavra “genocídio” pode ser resgatada para se referir à gestão da pandemia no governo Bolsonaro.
O script é positivo. Ainda assim, é sempre provável que o Lula faça da limonada um limão, tropeçando nas próprias palavras. Seu histórico de tombos verbais é razoável. Há também o risco de que aliados cometam suas bobagens – Gleisi Hoffmann, por exemplo, é campeã em declarações desastrosas. Mas, para contrabalançar, sempre haverá Bolsonaro, um expert em discursos politicamente incorretos.

Política
Brasil x Israel respinga em Davi Alcolumbre
23/02/2024Davi Alcolumbre, judeu sefardita, está entre a cruz e a espada. O senador tem sido pressionado por entidades da comunidade judaica no Brasil a se pronunciar contra as declarações do presidente Lula em relação ao holocausto. Segundo o RR apurou, uma delas chegou a solicitar uma audiência com o parlamentar para tratar do tema. Até o momento, no entanto, o pragmatismo político tem falado mais alto: Alcolumbre é candidatíssimo à presidência do Senado no ano que vem e conta com o apoio do presidente Lula.

Política
Imbróglio com Israel: recomenda-se ouvir Marcilio Marques Moreira
21/02/2024Palavra do embaixador Marcílio Marques Moreira em conversa com o RR: a melhor saída para o contencioso diplomático com Israel seria não uma retratação, mas, sim, uma contextualização das declarações do presidente Lula por parte do governo brasileiro. É a voz de um mestre da conciliação, com larga trajetória no Itamaraty. Entre outros postos, foi embaixador do Brasil em Washington entre 1987 e 1991.

Política
Imbróglio com Israel: uma saída pelo centro
21/02/2024As discussões travadas no Palácio do Planalto contemplam ainda uma terceira via: a divulgação de um comunicado focando menos na parte e mais no todo. A ideia seria embalar o posicionamento com um discurso de pacificação mundial. Ou seja: Lula pode até ter usado de palavras duras e de imagens fortes em relação a Israel, mas com o propósito de liderar um movimento para debelar os conflitos internacionais que se espalham pelas mais diversas regiões do planeta. Seria como uma conclamação a chefes de Estado de todo o mundo para se empenharem pelo fim não apenas da guerra entre Israel e Hamas, mas também dos confrontos entre Rússia e Ucrânia e dos combates armados em Mianmar, Sudão, Somália, entre outros. Essa estratégia teria, sim, uma dose de diversionismo. No entanto, poderia ser uma maneira de Lula tentar fazer do limão uma limonada para ser servida não só no front interno, mas, sobretudo, para líderes internacionais. É a missão mais difícil.

Política
Imbróglio com Israel: uma saída pela esquerda
21/02/2024Os colaboradores de Lula, principalmente Celso Amorim, acham que o presidente deve soprar via comunicado e morder com a continuidade dos protestos às atitudes ofensivas e anti diplomáticas de Israel. O tom é que o agravo foi contra a Nação brasileira, indo além da condenação da fala do presidente. Ou seja: Amorim defende que se morda mais antes de soprar. E que o comunicado seja o suficientemente amplo para incluir, mesmo que de forma as vezes subliminar, os públicos judaicos interno e externo, e afins, como os neopentecostais e simpatizantes.

Política
Imbróglio com Israel: uma saída pela direita
21/02/2024Os assessores do presidente Lula diretamente envolvidos em encontrar uma solução adequada para retirar a crise com Israel da pauta – à frente Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira – estão quebrando a cabeça com uma questão de ordem semântica: fazer com que um pedido de desculpas seja compreendido como um esclarecimento. A narrativa exige a condenação firme do holocausto, a distinção do povo judaico do massacre da Palestina – esta, uma decisão de Estado -, e a confissão de que no calor da indignação o presidente fez uma associação forte que não corresponde ao seu real pensamento. Esse caminho pressupõe outro malabarismo: condenar os atos terroristas e desumanos do Hamas. No momento, está sendo feito um enorme garimpo em declarações anteriores de Lula positivas a tudo que se refere a Israel e aos judeus, para embasar o comunicado. A linha da argumentação é a de “como Lula disse em outra oportunidade…”. O esforço é encontrar a referência nos seus dois mandatos anteriores. Isso daria um peso institucional e credibilidade maiores à iniciativa. Vão achar. Lula fala sobre tudo e sobre todos.

Política
Ometto já tem candidato para comandar a bancada ruralista
21/02/2024Uma notícia alvissareira para o governo Lula: Rubens Ometto, um dos empresários mais próximos ao presidente da República, está empenhado em fazer o novo presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura). O dono da Cosan é apontado nos gabinetes da Câmara como artífice da candidatura do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). O mandato do atual nº 1 da bancada ruralista, Pedro Lupion, vai até dezembro, mas as costuras para a sua sucessão já estão a pleno vapor. Ao contrário de outras lideranças da FPA, Jardim costuma adotar um tom menos rascante em relação ao governo Lula, inclusive com elogios em determinadas ocasiões, como no lançamento do Plano Safra. No setor, é notória a relação e, mais do que isso, a influência de Ometto sobre o parlamentar. Em tempo: em 2018, por sinal, o empresário foi um dos principais doadores da campanha de Jardim à Câmara.

Política
Israel x Gaza: José Dirceu dispara contra aliados por falta de apoio a Lula
20/02/2024O ex-ministro José Dirceu passou o dia de ontem disparando ligações para todos os lados. O tema foi um só: a repercussão em torno da declaração de Lula sobre o conflito entre Israel e Gaza. Dirceu ficou inconformado com a falta de articulação dos petistas e do núcleo duro do governo junto a toda base aliada. Lula foi alvo de protestos das organizações judaicas mais variadas, já não bastasse o poder brutal de comunicação do Estado de Israel. Nos contatos feitos ao longo do dia, Dirceu não escondeu sua indignação com a “tímida” reação do PT, que ficou praticamente circunscrita às falas do embaixador Celso Amorim e de Gleisi Hoffmann.
Ontem, em declaração à colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, José Dirceu classificou a reação contra Lula como “uma hipocrisia sem tamanho”. Intramuros, em conversas reservadas, usou um tom ainda mais duro para se referir ao entorno do presidente. A um dos interlocutores, o ex-ministro teria dito que a “tal” base aliada “só chia” quando é para dentro ou quando a briga é pequena. Dirceu também apontou sua metralhadora para partidos aliados, políticos, intelectuais e formadores de opinião, pela ausência de manifestações de apoio a Lula. Em outro front, o petista atacou duramente o tratamento dado pelo governo israelense ao embaixador brasileiro em Tel-Aviv – “uma ofensa” e um gesto de “anti diplomacia”.

Política
Lula e Bolsonaro não deixam um centímetro de espaço para a terceira via
16/02/2024A polarização da política brasileira, ao que tudo indica, ainda vai durar muito. Lula e Jair Bolsonaro são as maiores personificações do Poder no Brasil, tanto na percepção interna quanto aos olhos do mundo. É o que aponta levantamento exclusivo realizado pelo RR junto a 430 veículos da imprensa nacional e internacional. O atual e o ex-presidente da República foram, disparados, os personagens da política e da cena institucional mais citados ao longo de 2023. Lula somou 6.127.892 menções, três vezes mais do que seu antecessor. Bolsonaro totalizou 2.088.935 citações, exposição esta alavancada pelas denúncias e escândalos que se seguiram após a sua saída da Presidência. A presença dos dois antípodas no “ranking do Poder” não chega exatamente a surpreender. O que chama atenção é a concentração de menções a ambos, o que reflete a dualidade da política brasileira e, sob certo aspecto, um vácuo de novas lideranças. Juntos, Lula e Bolsonaro somaram o equivalente a 67% das referências às dez autoridades do país mais citadas em todo o mundo.
O levantamento do RR corrobora a ideia de “judicialização” da política brasileira. A exposição nas mídias retrata o deslocamento do eixo de Poder para membros do Judiciário, o que não deixa de ser uma consequência desse gap de figuras públicas de maior proeminência tanto no Executivo quanto no Legislativo. Depois de Lula e de Bolsonaro, a terceira autoridade do país com maior número de menções em 2023 foi o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foram 852.507 registros nos veículos analisados. Outros dois integrantes da Suprema Corte aparecem no top ten: Gilmar Mendes, na 9ª posição (271.855 citações), e Luis Roberto Barroso (191.028 referências).
Na esteira das investigações envolvendo o próprio Bolsonaro, Moraes mereceu um espaço maior do que o mais importante e visado ministro do governo Lula e eventual candidato à sucessão do petista. Mesmo com o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, Fernando Haddad ficou atrás do ministro do STF, ocupando a quarta posição entre as autoridades brasileiras mais citadas em 2023 no país e no exterior, com 840.627 referências. Na sequência, outro integrante do Ministério de Lula. O ex-titular da Pasta da Justiça, Flavio Dino, ficou em quinto lugar, com 691.425 registros. Uma parcela expressiva da sua exposição espelha a importância e, por extensão, visibilidade que Dino amealhou após o 8 de janeiro de 2023.
Na sexta e sétima posições, aparecem, respectivamente, Rodrigo Pacheco (475.558 citações) e Arthur Lira (385.124 registros), estatística que mostra a amplitude de poder dos presidentes do Senado e da Câmara e o quanto do factual político passa obrigatoriamente por ambos. Já a oitava posição do ranking diz muito sobre 2023, mas talvez, nas entrelinhas, fale ainda mais sobre 2026. Tarcísio Freitas recebeu 368.433 menções das mídias nacional e internacional no ano passado. Uma parcela expressiva dessa exposição vai no embalo do cargo que ocupa – sob certo aspecto, o governador de São Paulo é quase um segundo “presidente da República”. No entanto, muito do foco sobre Tarcísio se deve a sua posição de maior força da centro-direita para a próxima eleição presidencial.

Política
Centrais sindicais vão a Lula para blindar o caixa do FAT
16/02/2024A cúpula do sindicalismo brasileiro, leia-se a direção da CUT, da CTB (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da Força Sindical, quer uma audiência com o presidente Lula. Entre outros assuntos, vai levar o pleito de que o governo pare de usar os recursos do FAT para cobrir o déficit da Previdência – prática que começou na gestão Bolsonaro e tem sido mantida. Os sindicalistas já trataram do assunto com Luiz Marinho, ministro do Trabalho, Simone Tebet, do Planejamento, e o próprio Fernando Haddad. Mas nada aconteceu. Resta ir direto ao Olimpo.

Política
Romero Jucá busca a blindagem de um foro privilegiado
15/02/2024Quem te viu, quem te vê: corre em petit comité dentro do MDB a informação de que Romero Jucá, um dos mais influentes nomes da política nos governos dos PT e de Michel Temer, está buscando o apoio de Lula para disputar a Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. Em 2022, Jucá concorreu a uma vaga no Senado e perdeu. Está sem a proteção de um cargo com foro privilegiado no momento em que a água começa a subir: ele é investigado pela PF por supostamente participar de um esquema de desvio de recursos de obras públicas em Roraima.

Política
Arthur Lira joga como uma nova peça no tabuleiro da Câmara
15/02/2024Diante de toda a plateia, Elmar Nascimento segue como o preferido de Arthur Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara. Mas, na coxia, Lira tem dado corda às articulações da bancada ruralista, mais precisamente de parlamentares do Rio Grande do Sul e do Paraná, para lançar a candidatura de Pedro Lupion (PP-PR). Presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura), Lupion tem alguns handicaps.
Pertence ao mesmo partido de Lira, com quem tem boa relação, e se movimenta, com fluidez, entre todos os partidos do Congresso. No entanto, parlamentares mais argutos enxergam segundas intenções na momentânea simpatia de Lira pela candidatura de Pedro Lupion. O presidente da Câmara estaria apenas usando essa carta para jogar com o Palácio do Planalto e criar algum grau de tensão, com a “ameaça” de apoiar um parlamentar tradicionalmente hostil ao governo Lula, como é o caso de Lupion.

Política
PT quer novo ministro da Articulação. Só falta combinar com Lula
9/02/2024Informação que corria à boca miúda no fim da tarde de ontem, no Congresso: há um movimento dentro do PT, que teria o apoio de governadores do Nordeste, para fazer do deputado federal José Guimarães, do Ceará, o novo ministro da Articulação Política. De certa forma, Guimarães já tem um pé na função como líder do governo na Câmara. O mais provável é que a sua “candidatura” sequer passe da porta no Palácio do Planalto. O ministro Alexandre Padilha pode até cair, mas não agora. Lula não vai colocar essa azeitona na empada de Arthur Lira.

Política
A velha pauta dos costumes atiça Damares e cia
8/02/2024Os bolsonaristas-raiz do Congresso, à frente a senadora Damares Alves, vão lançar logo depois do Carnaval a campanha “Me Respeite, Sou Mulher”. O objetivo, antes tarde do que nunca, é alardear avanços dos direitos femininos durante a gestão de Jair Bolsonaro. Os parlamentares da extrema direita vão usar o movimento como pretexto para atacar recentes peças publicitárias do governo federal, que usaram termos como “pessoa que menstrua” e “pessoa que pariu” para se referir à mulher. Como se não houvesse coisa mais importante para os congressistas tratarem. No fim das contas, o que os bolsonaristas devem estar procurando mesmo é combustível para as redes sociais ou algo que o valha.

Política
Arthur Lira quer recompensa pelo corte das emendas parlamentares
7/02/2024Em meio aos recentes solavancos na relação com a articulação política do governo, Arthur Lira passou o último fim de semana negociando com o Palácio do Planalto o aumento do orçamento da Funasa. Inicialmente, estão previstos R$ 2,8 bilhões para 2024. Lira tenta esticar a corda para a marca de R$ 4 bilhões. Nas suas contas, seria uma forma de o governo se “redimir” e compensar o veto a R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares no Orçamento de 2024. A recriada Fundação Nacional da Saúde é historicamente destino de uma torrente de pedidos de verbas suplementares – uma vez que, segundo a Constituição, 50% das emendas parlamentares devem ser obrigatoriamente para a área de Saúde.

Política
Quem manda mais na Força Sindical?
6/02/2024A eleição municipal de São Paulo está provocando cizânia na Força Sindical. O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), fundador e manda-chuva da entidade, não só declarou apoio ao prefeito Ricardo Nunes como se comprometeu a engajar a central sindical na sua campanha. A aliança, no entanto, enfrenta resistências internas, a começar pelo presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
Há cerca de duas semanas, Torres não compareceu a um encontro entre Nunes e sindicatos da construção civil articulado por Paulinho da Força. Além disso, há informações de que ele já teria convidado os candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata do Amaral (PSB) para um debate na sede da entidade, em mais um gesto de descolamento de Ricardo Nunes.

Política
O poder de Jair Bolsonaro ecoa na bancada ruralista
5/02/2024O RR apurou que o pecuarista Geraldo Melo Filho deverá assumir a direção executiva do Instituto Pensar Agropecuária, think tank ligado à Frente Parlamentar da Agriculta (FPA). O que se diz nos bastidores é que o ex-presidente Jair Bolsonaro influenciou diretamente na escolha. Melo Filho comandou o Incra entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro, de quem costumava receber rasgados elogios. Logo no início do mandato do presidente Lula, em janeiro de 2023, o pecuarista chegou a trocar farpas com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

Política
Pacheco articula novo waiver para dívida de Minas Gerais
5/02/2024O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, articula com o STF, notadamente com o ministro Kassio Nunes Marques, uma nova prorrogação do prazo para a adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que vence em 20 de abril. Na prática, a medida estica o período de carência para o pagamento da dívida do estado junto à União, um fardo da ordem de R$ 156 bilhões. Pacheco, por sinal, parece mesmo ter chamado para si a missão de equacionar o imbróglio fiscal de Minas Gerais, em muitos momentos eclipsando o governador Romeu Zema. O presidente do Senado tem posado também como o principal articulador da proposta de federalização da Cemig, da Codemig e da Copasa em troca do abatimento de parte da dívida.

Política
Haddad trabalha para desengarrafar a pauta do Senado
2/02/2024O ministro Fernando Haddad negocia diretamente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para que a Casa acelere a votação da Provisória 1201/23. Enviada pelo próprio governo ao Congresso, a MP prevê perdão de dívidas tributárias referentes à importação de produtos automotivos do Paraguai – em cifras, uma renúncia fiscal da ordem de R$ 500 milhões. O receio de Haddad é que a tramitação tranque a pauta do Senado e atrase a votação de outras MPs de maior interesse para o governo. É o caso, sobretudo, da MP da Reoneração, que o Executivo ainda tenta reeditar. O prazo limite para votar a MP 1201/23 é 17 de março. O governo quer convencer Pacheco a votá-la ainda em fevereiro.

Política
Gleisi Hoffmann quer ex-presidente de Itaipu no comando da ENBPar
1/02/2024A sucessão na ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacionais), controladora de Itaipu Binacional e da Eletronuclear, promete ser quente. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, trabalha para emplacar Jorge Samek no cargo. Samek comandou a própria Itaipu por 14 anos durante os governos Lula I e II e Dilma Rousseff. Por sua vez, empresas do setor privado fazem campanha pela manutenção de Luiz Fernando Pairoli Santos, ex-presidente da Light e de Furnas. Seu mandato, assim como o de toda a diretoria, se encerrou no dia 3 de janeiro. Ele segue no cargo de forma temporária até 30 de abril, data marcada para a assembleia geral ordinária que poderá reconduzi-lo ao cargo ou eleger um novo presidente. Assembleia “geral”, diga-se de passagem, formada por um único acionista: a União.

Política
Pazuello pode ser o “poste” de Bolsonaro na eleição paulista
25/01/2024O clã Bolsonaro está apostando demasiadamente no seu taco. Só isso explica a carta que Jair Bolsonaro e cia. cogitam colocar na mesa da eleição em São Paulo. Em conversas dentro do PL, o ex-presidente tem defendido o nome do general da reserva Eduardo Pazuello como vice na chapa de Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Ao que tudo indica, a crença de Bolsonaro é que a sua bênção é suficiente para compensar as contraindicações políticas da escolha, independentemente de quem seja o “poste”. Pazuello carrega o peso negativo da sua gestão no Ministério da Saúde durante a pandemia. Outro problema a ser superado é a falta de identificação entre o general da reserva e São Paulo. Pazuello é carioca da gema e exerce mandato de deputado federal pelo Rio. Até por isso, ele teria até 6 de abril para transferir seu domicílio eleitoral para a capital paulista.

Política
Nome de Tereza Cristina surge na mesa de pôquer das eleições no Senado
24/01/2024Há uma “terceira via” despontando na eleição para a presidência do Senado. Ciro Nogueira, o ex-todo-poderoso ministro do governo Bolsonaro, tem consultado reservadamente líderes partidários da oposição sobre a ideia de lançar o nome de Tereza Cristina para concorrer ao cargo. Respeitadíssima entre seus pares, a ex-ministra da Agricultura poderia atrair senadores da bancada ruralista até o momento fechados com a candidatura de David Alcolumbre. Seria também um nome mais palatável do que o do senador Rogério Marinho, até o momento o preferido da oposição para o comando do Senado. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas alguns senadores mais tarimbados enxergam uma possível matreirice de Ciro Nogueira. O “lançamento” da candidatura de Tereza Cristina não passaria de um balão de ensaio, uma forma de Ciro criar “dificuldades” para logo depois entregar “facilidades” a Alcolumbre e, consequentemente, ao próprio Palácio do Planalto, que apoia o senador do Amapá.

Política
Demissão no Ministério das Cidades deixa rusgas entre governo e MDB
23/01/2024A exoneração de Hildo Rocha da Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, autorizada pelo presidente Lula na semana passada, criou uma nódoa no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o MDB. O partido cobra do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, explicações sobre o afastamento de Rocha. O que se diz nos bastidores é que a cúpula emedebista não foi comunicada previamente da decisão e soube da demissão pela imprensa. A sigla pressiona o governo para manter a primazia sobre o cargo e indicar o substituto de Rocha. Talvez seja o caso de cobrar também o ministro Jader Filho, filiado ao próprio MDB, que assinou embaixo a exoneração de seu ex-secretário-executivo.

Política
Procura-se um Ministério para Rubens Ometto
19/01/2024O presidente Lula gostaria de ver o empresário Rubens Ometto em algum Ministério. Mas falta vaga. O único posto com o qual o empresário mais de identifica, Indústria e Comércio, está ocupado pelo vice, Geraldo Alckmin. Imagine só. Em seus outros governos, Lula sempre encontrou espaço no Ministério para destinar a um empresário, inclusive a vice-presidência, ocupada pelo falecido José de Alencar, dono da Coteminas, durante todos os oito anos de seus dois primeiros mandatos.

Política
Centrão garante aos práticos liberdade para cobrar o que quiserem nos portos brasileiros
17/01/2024Sancionada, ontem, por Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei 14.813, que dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário no Brasil, reflete o lobby – bem feito – da cabotagem junto ao Legislativo, com total apoio do Centrão. Em um de seus artigos ficou estabelecido que a entrada e a saída de embarcações dos portos continuam livremente negociadas entre as empresas de navegação e a praticagem. Porém, ao determinar, em outro item, que somente os práticos podem exercer o serviço, a legislação não se adequou ao Século XXI – como seria de se esperar. E agride as regras do livre mercado: se o piloto fixar um valor e a companhia não concordar, o navio não atraca.
A Antaq pensou que seria diferente. Como agência especializada, o órgão chegou a acreditar que a regulação econômica dos serviços de praticagem lhe caberia. A tal ponto que contratou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para elaborar um manual com especificações técnicas sobre os serviços da praticagem, no qual foi considerado uma série de detalhes como as características dos portos, o tamanho dos navios etc. O trabalho deve ir para o fundo de alguma gaveta na agência.
Como o Centrão de bobo não tem nada, deputados e senadores deixaram um artigo na lei que permite a autoridade marítima, no caso a Marinha, provocada por quaisquer das partes contratantes, fixar, em caráter extraordinário, o preço do serviço de praticagem, “por um período não superior a doze meses, prorrogável igual, se for comprovado o abuso do poder econômico ou defasagem dos valores do serviço”.
Fontes ouvidas pelo RR na Antaq e no Ministério dos Portos e Aeroportos, sob condição de anonimato, asseguram que os militares não vão mergulhar nessa marola. Primeiro porque não têm estrutura; depois falta expertise nessa atividade, atribuição muito mais para o staff da Antaq. Finalmente, o trabalho é extremamente complexo, não se prova da noite para o dia quem tem ou não razão numa discussão de preços – enquanto o navio está parado, esperando para atracar. Não há funcionalidade nisso. O lobby dos práticos venceu. E venceu bem.

Política
Lula deve encontrar protestos na Bahia
17/01/2024O Gabinete de Segurança Institucional vai reforçar a vigilância para a visita de Lula à Bahia nesta quinta-feira. O presidente é popular no estado, porém, foi detectado que os trabalhadores da Caraíba Metais preparam uma grande manifestação em Camaçari, por ocasião da cerimônia de implantação do Centro de Tecnologia Aeroespacial da Bahia. Em recuperação judicial, a empresa vem atrasando o pagamento de salário dos empregados, inclusive o décimo-terceiro. A empresa admite dificuldades, mas atribui ao fato de que a sua controladora, a Paranapanema, não conseguiu se desfazer de ativos que permitem capitalizá-la, para retomar o fôlego produtivo. A empresa opera com cerca de 30% de sua capacidade. A Caraíba é o única forte smelter de cobre no Brasil, mas os sócios não estão dispostos a colocar mais dinheiro na empresa, o que agravou a sua situação. Aliás, a Caraíba é um case de dificuldade empresarial desde a sua privatização. Ou seja, a suposta receita para todos, às vezes não dá certo para alguns.
Em contato com o RR, o GSI afirmou que “no cumprimento de suas competências legais, adota todas as providências para zelar pela segurança das autoridades protegidas, com a colaboração dos órgãos de segurança pública federais e estaduais”.

Política
Centrais sindicais podem ser chamadas para colaborar no ato pró-democracia
4/01/2024Os organizadores do ato de “Celebração da democracia” avaliam se será preciso “convocar” forças extras, como as centrais sindicais, para dar quórum na Praça dos Três Poderes no próximo dia 8, em Brasília. Há uma preocupação do Palácio do Planalto sobre a presença do público, diante de uma série de indícios. Até agora, por exemplo, poucos governadores confirmaram presença. O alto escalão do governo foi chamado a perfilar no evento, a começar pelos ministros e as bancadas de apoio ao governo na Câmara dos Deputados e no Senado. Com inúmeros sindicatos associados, as centrais podem dar um indispensável plus na frequência.

Política
Repasse de recursos para o Mercosul trava no Congresso
3/01/2024Por onde quer que se olhe, o Mercosul se mostra um enrosco para a gestão Lula. Até o momento, o governo não conseguiu aprovar no Congresso Nacional a continuidade do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) – mecanismo solidário de financiamento com o objetivo de reduzir assimetrias entre os países do bloco. Os países membros do Mercosul se comprometeram a repassar, no total, cerca de US$ 100 milhões para o Focem. A cota que cabe ao Brasil é de US$ 70 milhões – a partilha é calculada com base na média histórica do PIB do bloco e de cada um dos seus integrantes. Ocorre que a liberação desses recursos depende do aval do Congresso.

Política
Lula surpreende e torna Campos Neto o mais bem tratado
2/01/2024No animado churrasco de fim de ano que Lula ofereceu a ministros, quem saiu com o troféu de mais bem tratado pelo presidente foi o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula disse em alto em bom som para um Campos Neto enrubescido: “Temos as nossas diferenças, e quem não as tem. Mas se hoje fosse o final do ano de 2024, eu o reconduzia a presidência do BC”.

Política
Lula quer fisgar ACM Netto e União Brasil no mesmo anzol
22/12/2023Fonte do Palácio do Planalto disse há pouco ao RR que Lula pretende se encontrar com a ACM Netto. A conversa teria dois propósitos principais. O primeiro, de curto prazo: com seu notório poder de sedução política, o presidente enxerga no ex-prefeito de Salvador um potencial aliado para convencer o União Brasil a entrar de vez na base aliada do governo. Além disso, olhando para 2024, Lula vai trabalhar, desde já, para evitar que ACM Netto dispute a Prefeitura de Salvador aliado ao PL e ao bolsonarismo.

Política
O difícil quebra-cabeças de Paulo Gonet no MPF
20/12/2023O novo procurador geral da República, Paulo Gonet, precisará de muito jogo de cintura intramuros para aprovar matérias de seu interesse no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF). Das 11 cadeiras, Gonet tem relações conturbadas com quatro dos integrantes do órgão máximo do MPF. Um deles é o subprocurador Nicolao Dino, irmão do futuro ministro do STF, Flavio Dino.
Nicolao esteve cotado algumas vezes para assumir a PGR, sem sucesso. Segundo fonte do Ministério Público, os subprocuradores Luiza Frischeisen, Mario Luiz Bonsaglia e José Bonifácio de Andrade são outros componentes do CSMF pouco simpáticos a Gonet. Por sua vez, os subprocuradores Samantha Dobrosolski e Luciano Maia são tidos por seus pares como “independentes” e pouco afeitos a adesões políticas dentro do Ministério Público.
- Votos certos, talvez Gonet possa contar nos casos de Carlos Frederico Santos, Ana Borges e Hildenburgo Chateaubriand, todos mais próximos ao novo procurador-geral da República.

Política
PP quer integrar o Banco da Amazônia ao seu bioma
19/12/2023O presidente do Banco da Amazônia (Basa), Luiz Claudio Moreira Lessa, terá de se segurar firme para não cair da cadeira. Os acordos engatilhados com organismos internacionais para o financiamento de projetos no bioma amazônico abriram o apetite do PP, de Artur Lira, pelo comando do banco. Nos próximos anos, a julgar pelas negociações conduzidas durante a Cop28, vai chover dinheiro no Basa, vindo, sobretudo, do BID e do IFC, do Banco Mundial.

Política
A cada afago do Planalto, o “aliado” Marcos Pereira devolve um espinho
19/12/2023O vice-presidente da Câmara e “ministeriável” Marcos Pereira (Republicanos) foi um dos principais articuladores políticos da derrubada do veto do presidente Lula à desoneração da folha de pagamento. A derrota do governo já era esperada, mas no próprio Palácio do Planalto a atuação de Pereira foi vista como decisiva para a construção da goleada final na Câmara – 378 votos contra e apenas 78 a favor do veto. É mais uma arritmia nas negociações para a entrada em definitivo do Republicanos na base aliada de Lula, que inclui a nomeação do próprio Pereira para um Ministério. Há pouco mais de um mês, o vice-presidente da Câmara causou mal-estar no Palácio do Planalto a recusar convite para uma reunião entre Lula e líderes partidários.

Política
As memórias de um procurador geral da República
18/12/2023Augusto Aras alimenta a ideia de escrever um livro com detalhes sobre a sua passagem pela PGR. Aras confidenciou a procuradores próximos que sua maior motivação é desconstruir a ideia de que foi o “procurador geral do Bolsonaro”. Terá de caprichar na literatura para explicar as razões que o levaram a arquivar 104 pedidos de investigação contra o ex-presidente da República durante o seu mandato à frente do Ministério Público.

Política
O jogo de cena do PT na sucessão de Flavio Dino
15/12/2023O PT colocou um novo nome sobre a mesa para assumir o Ministério da Justiça, o ex-presidente da OAB, Wadih Damous. Só pode ser uma artimanha da base aliada de Gleisi Hoffmann dentro do partido, sugerindo uma indicação ainda mais nonsense para fazer parecer que a ida da presidente do PT para a Justiça tem algum nexo. Atualmente, Damous ocupa a Secretaria Nacional do Consumidor, um cargo de reduzida expressão na estrutura do próprio Ministério. Em tempo: o ex-presidente da OAB é chapa de Lindbergh Farias, namorado de Gleisi.

Política
Lira já fechou o balanço das emendas parlamentares em 2023
15/12/2023Cálculo de Arthur Lira, em conversa, ontem, no fim de tarde, com um importante senador do Centrão: até o início do recesso parlamentar, no próximo dia 22, o Palácio do Planalto ainda deve pingar cerca de R$ 3 bilhões em emendas parlamentares. Essas verbas “residuais” vão se juntar aos R$ 10 bilhões liberados no início desta semana. Com isso, o total de emendas parlamentares contabilizadas em 2023 vai bater nos R$ 42 bilhões.

Política
Bolsonaro quer organizar o “Foro de São Paulo da extrema direita”
14/12/2023No encontro com Viktor Orbán, no último fim de semana, em Buenos Aires, Jair Bolsonaro soprou ao ouvido do premiê da Hungria a ideia de um evento internacional reunindo líderes mundiais da direta. Ou, como o próprio Bolsonaro definiu em conversas com assessores, o “nosso Foro de São Paulo”. O organizador do tenebroso encontro seria o filho Eduardo, que teria o papel de convocar a extrema direita de todos os quadrantes para o Foro. O evento promete ser a maior brabeira.

Política
Dobradinha Delúbio e Vaccari volta à cena eleitoral
14/12/2023Os notórios Delúbio Soares e João Vaccari Neto, ex-tesoureiros do PT, firmaram uma “joint venture”. Têm oferecido à boca miúda serviços de consultoria a pré-candidatos do partido às eleições municipais do ano que vem. Como aquecimento para 2024, a dupla do caixa vem organizando encontros entre correligionários para discutir temas eleitorais.

Política
João Doria vira um “parça” do governo Lula
13/12/2023O governo Lula e João Doria vivem um clima de lua-de-mel. Geraldo Alckmin, que reatou relações com o ex-governador após cinco anos de rusgas e mágoas, deverá participar do Lide Brazil Investment Forum. O encontro de empresários – um dos tantos convescotes organizados pelo Grupo Lide, de Doria – ocorrerá em Nova York, em maio de 2024. O convite é extensivo ao ministro Fernando Haddad. Antes mesmo do armistício com Alckmin, Doria já não vinha poupando elogios a Lula (“Ele pode ser o grande agente pacificador do Brasil”) e à condução da política econômica (“Uma boa surpresa”).

Política
Palácio do Planalto quer evitar penduricalhos na votação da LDO
12/12/2023No fim de semana, o Palácio do Planalto manteve intensas conversas com Rodrigo Pacheco sobre a possibilidade de desmembramento da pauta do Senado prevista para a próxima quinta-feira. Integrantes do governo, a começar pelo próprio ministro Fernando Haddad, defendem que a votação dos vetos do presidente Lula, entre os quais o do marco temporal, seja empurrada para a próxima semana. Há um temor de que essas matérias contaminem a votação do que mais interessa, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, também programada para o dia 14.
Política
Zeca Dirceu cobiça o lugar de Gleisi na eleição para o Senado
12/12/2023Poucos petistas torcem tanto pela indicação de Gleisi Hoffmann para o Ministério da Justiça quanto Zeca Dirceu. A nomeação de Gleisi provocaria um efeito dominó no tabuleiro político do PT no Paraná. Abriria caminho para o filho de José Dirceu disputar a eleição suplementar ao Senado caso Sergio Moro seja cassado pela Justiça Eleitoral. No entanto, Lula tem juízo. É pouco provável que leve a sério essa ofensiva do PT para que Gleisi substitua Flavio Dino.

Destaque
Centrais sindicais disputam cadeira por cadeira no governo Lula
12/12/2023As grandes centrais sindicais do país, base histórica do PT, estão travando entre si uma queda de braço por maior espaço de influência e poder junto ao governo Lula. O objeto de disputa são os assentos nos principais órgãos de governo com representação de trabalhadores, a começar pelo Conselho Deliberativo do FAT (Codefat) e pelo Conselho Curador do FGTS. Um momento importante desse duelo, por ora ainda restrito aos bastidores, se dará na próxima quinta-feira, a partir das 10 horas, em Brasília, na última reunião do ano do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), vinculado ao Ministério do Trabalho. Segundo o RR apurou, com base na Lei 11.648/2008 e no artigo 8º do Regimento Interno do colegiado, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), vai propor uma ampla aferição do total de sindicatos e trabalhadores representados pelas maiores centrais brasileiras. Uma espécie de “censo” do sindicalismo. A CTB alega já ser a segunda maior entidade do setor no país em número de filiados, atrás apenas da CUT. No entanto, para efeito de indicação em conselhos federais, é apenas a quarta com mais representantes, atrás ainda de Força Sindical e UGT (União Geral dos Trabalhadores). O mais provável é que estas duas últimas se unam na reunião do CNT para brecar a proposta da contagem. A incógnita fica por conta da posição do próprio Ministério do Trabalho, a quem caberia a coordenação do “censo”, se aprovado pelo colegiado.
Por mais alguns possam enxergar dessa forma, não se trata de uma disputa paroquial. O que está em jogo é poder político, a força de influenciar em decisões sobre o destino de bilhões de reais. O Codefat e o Conselho Curador do FGTS vão dispor em 2024 de um orçamento somado de aproximadamente R$ 230 bilhões. A CTB, por exemplo, não tem assento no colegiado gestor do Fundo de Garantia.

Destaque
Negociação com Emirados Árabes é o novo ponto de cisão no Mercosul
11/12/2023Há novas fissuras surgindo no já craquelado Mercosul. O motivo é a proposta de negociação de um acordo comercial com os Emirados Árabes. Brasil e Paraguai são a favor. Mas, segundo uma alta fonte do Itamaraty, o novo presidente da Argentina, Javier Milei, e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, já sinalizaram que são contrários ao tratado e vão trabalhar para brecar as tratativas diplomáticas com o país árabe. Por trás dessa postura está a política do “cada um por si”, que ameaça, se não implodir, ao menos esvaziar o Mercosul por dentro. De acordo com a mesma fonte, há informações no Itamaraty de que o Uruguai, na paralela, tem feito contatos diplomáticos com os Emirados Árabes para um possível acordo bilateral, à margem do bloco econômico. O mesmo estaria ocorrendo com Cingapura – outro país no radar de Brasil e Paraguai. Trata-se da mesma posição adotada pelo presidente Lacalle Pou em relação à China.
A oposição de Argentina e Uruguai às negociações em bloco com os Emirados Árabes atingem, mais especificamente, o Brasil e o próprio governo Lula. A tentativa de aproximação do Mercosul com o país árabe leva a assinatura do presidente brasileiro, assim como as negociações para a entrada dos Emirados no grupo dos BRICs. E mesmo a sintonia entre Brasil e Paraguai em relação ao assunto é um tanto quanto cacofônica. Neste momento, o governo brasileiro concentra seus esforços diplomáticos na conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ou seja: as tratativas com os árabes teriam de esperar um pouco. Já o Paraguai, que acaba de assumir a presidência rotativa do Mercosul, tem outros planos. No entanto, o que se diz nos meios diplomáticos é que gestão do presidente paraguaio, Santiago Peña, quer abrir de imediato as conversações com os Emirados Árabes, independentemente do que acontecer nas negociações com o bloco europeu. Possivelmente porque não está levando muita fé na assinatura do tratado com a UE

Destaque
Policiais federais sobem o tom contra o governo em negociação salarial
8/12/2023Antes de deixar o Ministério da Justiça e rumar para o STF, Flavio Dino terá de enfrentar uma última crise no cargo. A queda de braço com a Polícia Federal por conta do reajuste salarial tende a se agravar nas próximas semanas. O RR apurou que policiais federais estão articulando uma “operação-padrão” em portos e aeroportos durante o período de Natal e Ano Novo caso não cheguem a um acordo com o governo. De acordo com uma fonte da própria PF, a medida poderá se estender também para o serviço de emissão de passaportes. Em meios aos preparativos para a sua sabatina no Senado, Dino terá poucos dias para dissuadir as lideranças da categoria e desarmar a mobilização. De acordo com informações filtradas do Ministério da Justiça, a Pasta e o Ministério da Gestão e Inovação deverão apresentar uma nova proposta de aumento aos polícias federais na próxima semana. Em contato com o RR, consultada sobre a convocação de uma “operação-padrão”, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informou que “Não temos ainda nada aprovado para o mês de dezembro, mas nenhuma ação reivindicatória está sendo descartada pela categoria.”. Para bom entendedor… Com relação ao reajuste dos salários, a Fenapef diz esperar “seja feita uma proposta com índices não lineares para que seja corrigida a diferença salarial histórica entre os cargos da carreira policial, proporcionando, assim, uma melhora no relacionamento interno na Polícia Federal.” A Federação afirmou ainda ao RR que “o governo havia sinalizado positivamente nesta linha, mas estranhamente apresentou uma proposta totalmente descabida e que pode desarmonizar ainda mais a PF.”
Trata-se de uma situação sensível. O governo Lula corre o risco de encerrar seu primeiro ano tendo de administrar um caos em portos e, sobretudo, aeroportos justo na época do ano em que o fluxo de passageiros e a circulação de cargas dispara. O presidente conhece bem o tamanho do problema. Guardadas as devidas proporções, seu governo sofreu um duro desgaste entre 2006 e 2007, devido a uma sequência de paralisações e greves no setor, notadamente dos controladores de tráfego aéreo e de polícias federais.
Política
Fator Alcolumbre pode precipitar reforma ministerial
7/12/2023Assessores mais próximos de Lula defendem que ele se livre logo, ainda neste ano, do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. A partir do ano que vem, o maior padrinho político de Juscelino, Davi Alcolumbre, poderá estar na presidência do Senado. Aí tudo será mais difícil.
Política
Neri Geller ainda tem vaga no governo?
7/12/2023Neri Geller tem cobrado do governo, notadamente do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, a garantia de que assumirá a Secretaria de Política Agrícola caso seja absolvido no TSE. O Dia D de Geller é 15 de dezembro, quando a Corte concluirá o julgamento do seu recurso. Condenado pela Justiça Eleitoral, o ex-ministro da Agricultura foi declarado inelegível e impedido de assumir cargo público comissionado. A punição travou a sua nomeação para a Secretaria de Política Agrícola. A cadeira está vaga até hoje. Em tese, é um indício de que o governo espera por Geller. Em tese. Nos bastidores, sabe-se que o próprio ministro Carlos Fávaro tem outro nome para a função, seu assessor especial José Angelo Mazzilo Junior.

Política
Lira é um obstáculo às PECs do Supremo
6/12/2023A coalizão Palácio do Planalto/Arhur Lira se articula para dinamitar não apenas uma, mas duas PECs do STF na Câmara. Além da emenda constitucional das decisões monocráticas, já aprovada no Senado, Lira se compromete a barrar a aprovação da PEC que propõe mandato para os ministros da Suprema Corte. Como de hábito, vai custar caro ao governo, mas é o preço da pax institucional com o STF.
Política
PT x PT: Rui Costa é contra Gleisi na Justiça
6/12/2023O ministro da Casa Civil, Rui Costa, trabalha dentro do Palácio do Planalto para brecar uma eventual indicação de Gleisi Hoffmann para o Ministério da Justiça. Gleisi já sinalizou ser contrária à divisão da Pasta da Justiça. E Costa não só defende a cisão como já teria um nome na manga para comandar o Ministério da Segurança Pública: o ex-chefe do Ministério Público da Bahia, Wellington Lima e Silva. É menos provável, mas história pode se encerrar com Gleisi de ministra da Justiça, comandando a Polícia Federal, e fazendo oposição ao próprio governo Lula de dentro da Pasta. Fica faltando só um lugar para Lindbergh Farias nessa pantomima cheia de perigos.

Política
Governo negocia fast track para marco regulatório das eólicas
4/12/2023O Palácio do Planalto negocia com Rodrigo Pacheco para que o projeto do marco regulatório das eólicas offshore seja votado em plenário a toque de caixa ainda neste ano. Essa talvez seja a parte mais fácil. Pacheco, no entanto, já alertou ao governo que a proposta sofrerá mudanças no Senado, o que exigirá nova votação na Câmara.

Destaque
Há digitais suspeitas na produção da nova carteira de identidade
1/12/2023O RR apurou que Rui Costa já afinou sua escolha para o comando do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), vinculado ao Gabinete Civil. Sua lista tem dois nomes. Mas há um preferido: Enylson Camolesi, assessor da presidência da Dataprev – conforme informou o portal Capital Digital. No entanto, segundo o RR apurou, há uma espécie de “PPP” formada para barrar a indicação.
Nessa parceria, o “P” de privado se refere a duas grandes empresas de tecnologia, especializadas na área de certificação digital, que trabalham para emplacar um representante do setor na presidência do ITI.
Por sua vez, o “P” de público é representado pela Câmara-Executiva Federal de Identificação do Cidadão (CEFIC), ligada ao Ministério da Gestão e da Inovação. O que se diz nos bastidores é que dirigentes da Cefic também fazem pressão no governo contra a indicação de Camolesi para o ITI. O nome alternativo também tem relacionamento com Costa. Em contato com o RR, a Casa Civil informou que “não comenta especulações sobre possíveis indicações para cargos no Governo Federal.”.
Tamanho interesse pela sucessão do ITI estaria ligado a um fator: a nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). Datas e medidas parecem se encaixar de forma perfeita. Perfeita demais. Em meio à queda de braço pela indicação do presidente do ITI, na última segunda-feira, dia 27, a Presidência da República editou o decreto nº 11.797, que definiu novas atribuições para o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. A autarquia terá a responsabilidade de “propor à Cefic a regulamentação dos processos de credenciamento, homologação, auditoria e fiscalização dos entes públicos e privados sobre sistemas biométricos, de personalização e de gráficas no âmbito da expedição da Carteira de Identidade”, “operacionalizar os processos” e “disponibilizar infraestrutura para integração de dados biométricos e biográficos do Serviço de Identificação do Cidadão”.
Ou seja: na prática, ITI e Cefic terão poderes para ditar o processo de produção da Carteira de Identidade Nacional, com as regras que deverão ser seguidas pelos órgãos estaduais de identificação. Regras essas que poderão colocar ou tirar empresas de certificação digital do páreo.
Suspeições cercam o processo de produção da nova carteira de identidade desde o governo Bolsonaro, conforme o RR já informou. No setor, há denúncias de que empresas privadas têm interferido na elaboração das normas para a confecção do documento. E que alguns dos parâmetros em discussão seriam feitos sob medida para beneficiar determinados players. Consultada sobre as suspeições em torno da CIN, a Casa Civil limitou-se a dizer que “o Governo Federal não atua para favorecer empresas”. Somam-se ainda seguidos adiamentos de prazo e falhas técnicas nos testes de implantação do documento.
Política
Governo altera a ordem dos fatores na sucessão da CVM
1/12/2023A articulação política do governo identificou resistências no Senado à nomeação da advogada Marina Copola para a diretoria da CVM. A indicação repousa na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) há cinco meses. Como hedge e para evitar o constrangimento de uma nova derrota política no Congresso, o governo já apresentou outro nome para o lugar de Rangel: o funcionário de carreira da CVM Daniel Bernardo. O ministro Alexandre Padilha recebeu garantias de que a sabatina de Bernardo sai ainda neste ano. E Marina Copola? Foi “guardada” para a próxima substituição na CVM – Flavia Sant´Anna deixa a diretoria em dezembro. Uma forma de o governo ganhar tempo. Seja para quebrar as objeções à advogada, seja para buscar um novo indicado.
Política
Ruralistas querem novo nome no Banco do Brasil
1/12/2023A bancada ruralista está tentando emplacar João Pinto Rabelo Junior na vice-presidência de agronegócio do Banco do Brasil, hoje ocupada por Luiz Gustavo Lage. Funcionário de carreira do BB, Rabelo já comandou a Pasta no governo Temer. Extremamente cobiçado, o cargo dá ao seu titular poder sobre um dos maiores orçamentos da República: só o Plano Safra 2023/24 soma R$ 240 bilhões.

Política
Rui Costa mantém figurino de governador e negocia construção de ponte
30/11/2023O espaçoso ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao que parece, ainda mantém um pé no governo da Bahia. Costa tem participado das tratativas com a CCCC (China Communications Construction Company) e a China Railway para a retomada da construção da ponte Salvador-Itaparica, uma das obras de infraestrutura mais caras do Nordeste. O empreendimento está orçado em R$ 9 bilhões. O projeto começou e parou na gestão de Costa como governador da Bahia. Inicialmente, os atrasos nas obras foram atribuídos à pandemia. Conversa para baiano dormir. Os chineses simplesmente cruzaram os braços. Com o aumento dos custos do material de construção, a viabilidade econômico-financeira do projeto afundou na Baía de Todos os Santos. As conversas preveem um aditivo contratual e a conclusão das obras em 2028.
Política
Vai chover processo para cima do senador Jorge Kajuru
30/11/2023O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) arrumou sarna para se coçar. O Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Norte vai entrar com um processo contra o parlamentar. Seguirá os passos do ABC. No último fim de semana, Kajuru chamou os jogadores do time potiguar de “prostitutas” e “vagabundos”, levantando suspeições de que eles receberam dinheiro de outros clubes para derrotar o Vila Nova, na última rodada da Série B.
Política
Para o Centrão, nunca tem seca
30/11/2023De onde o dinheiro vai sair, nem mesmo a equipe econômica sabe ao certo. Mas o Centrão está pleiteando – e deve levar – mais uma dotação suplementar para o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Na Câmara, corre à boca miúda que a negociação gira em torno dos R$ 200 milhões. Há menos de dois meses, o Congresso aprovou uma verba extra de R$ 180 milhões para o Docs.
de R$ 180 milhões para o
Fonte: Agência Senado
Política
PT e PP movimentam suas peças para as eleições municipais
29/11/2023A articulação política do Palácio do Planalto enxerga as eleições municipais de 2024 como fundamentais para amarrar ainda mais os laços com o Centrão. Há, desde já, conversas avançadas para que o PT e o PP firmem alianças em Alagoas e no Maranhão. No primeiro caso, as tratativas são conduzidas diretamente entre o “primeiro-ministro” do Centrão, Arthur Lira, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No caso do Maranhão, a interlocução se dá entre Flavio Dino e o atual ministro dos Esportes, André Fufuca, historicamente próximo ao ex-governador.

Política
Bolsonaro transforma posse de Milei em palanque para 2024
29/11/2023A posse de Javier Milei vai custar caro para o PL. Jair Bolsonaro quer colocar na conta do partido as despesas com a viagem de boa parte da entourage que o acompanhará a Buenos Aires no dia 10 de dezembro. A cada hora, surge um novo nome na lista. Além dos filhos, da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de assessores mais próximos, o ex-presidente pretende tirar uma casquinha da posse de Milei para fazer campanhas às eleições municipais de 2024. A ideia é levar alguns dos candidatos a Prefeituras de capitais do PL, a começar pelo ex-Abin Alexandre Ramagem, que vai disputar a eleição no Rio de Janeiro.

Política
Caixa Seguridade é o novo alvo do PP
28/11/2023O nome de Gilberto Occhi, que chegou a estar cotado para o comando da CEF, voltou ao balcão de conversas entre o Palácio do Planalto e o Centrão. Occhi é o nome do PP para assumir a presidência da Caixa Seguridade. Os resultados recentes da subsidiária da Caixa aumentam a cobiça do Centrão. Em setembro, a empresa registrou o maior lucro trimestral da sua história – R$ 916 milhões.

Política
Defensor público de Lula vai precisar de um “defensor” no PT
28/11/2023A decisão de Lula de indicar Leonardo Magalhães para o comando da Defensoria Pública da União (DPU) enfrenta resistências dentro do próprio PT. Magalhães não conta com a simpatia de correntes da DPU mais próximas ao partido. Ele é tido como alguém vinculado ao ex-defensor público geral da União, Daniel Macedo, por sua vez nomeado para o cargo pelo então presidente Jair Bolsonaro. O que se diz nos corredores da DPU é que Magalhães só disputou a eleição interna do ano passado a pedido do próprio Macedo, uma forma de evitar a entrada de um candidato mais forte no pleito. Se o objetivo foi esse, a estratégia surtiu efeito: Magalhães acabou como terceiro colocado na lista tríplice.
Política
A “logopolítica” que une Bolsonaro, Milei e Ernesto Araújo
27/11/2023Jair Bolsonaro quer levar o ex-chanceler Ernesto Araújo a tiracolo na comitiva que desembarcará em Buenos Aires para a posse de Javier Milei. No entorno de Bolsonaro, corre a informação de que o ex-presidente já teria, inclusive, recomendado a assessores de Milei o nome de Araújo como uma espécie de consultor na área de política externa. Leia-se, sobretudo, um consultor para a ideia de implodir o Mercosul. Licenciado do Itamaraty, o ex-ministro das Relações Exteriores tem se dedicado a vender cursos nas redes sociais. Um dos mais recentes é uma aula de “logopolítica” ao custo mensal de R$ 40.

Política
Cid Gomes encontra uma barricada na porta do PT
24/11/2023O deputado federal José Guimarães, líder do governo na Câmara, tem se articulado intensamente dentro do PT para barrar a entrada de Cid Gomes no partido. Tornou-se quase uma questão de honra. Trata-se de rixa antiga da política cearense. Guimarães tem o impulsivo irmão do impulsivo Ciro Gomes na conta de um personagem pouco confiável. O parlamentar tem uma aliada importante, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também refratária a chegada do ex-governador cearense. Mas é aquela velha história: se Lula decidir que Cid vai se filiar ao PT, assunto encerrado.

Política
Ramagem e Pazuello é a dobradinha preferida de Bolsonaro para o Rio
24/11/2023Jair Bolsonaro trabalha para que Eduardo Pazuello seja o vice na chapa de Alexandre Ramagem na disputa pela Prefeitura do Rio. No entorno de Bolsonaro há quem enxergue uma contraindicação nesse desenho. Uma dobradinha Ramagem/Pazuello, ambos do PL, significaria fechar as portas para uma aliança com outro partido. Mas o ex-presidente defende a ideia de que essa é uma perda marginal diante da possibilidade de uma chapa bolsonarista puro-sangue, com inegável apelo junto ao seu eleitorado raiz:
um ex-agente da Abin ao lado de um general da reserva. De quebra, Bolsonaro enxerga outra vantagem na composição: seria uma forma de afagar o próprio Pazuello, seu fiel aliado, que tinha a pretensão de concorrer ao cargo de prefeito, mas acabou preterido dentro do PL.

Política
Mesmo longe, Dilma está perto de Jean Paul Prates
23/11/2023Política
Carlos Fávaro pressiona governo por mais recursos para a gripe aviária
23/11/2023Por trás da decisão do ministro Carlos Fávaro de prorrogar o estado de emergência zoossanitária por mais 180 dias há uma engenhosa estratégia política. Com a medida, Fávaro pressiona tanto o Congresso quanto o próprio governo a autorizar a liberação de verbas adicionais para o combate à influenza aviária. Em outubro, o Senado aprovou uma MP abrindo um crédito extraordinário de R$ 200 milhões para ações de enfrentamento da doença. Mas o cobertor curto. Até o momento, não há qualquer garantia de dotação orçamentária adicional para 2024.

Política
Alckmin é um vice-presidente multiuso
23/11/2023Geraldo Alckmin tem mil e uma utilidades no governo. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria foi designado para uma nova missão: nas próximas semanas, cumprirá uma agenda de viagens pelo país. Vai visitar importantes obras de infraestrutura e, de quebra, fazer política junto aos governadores. A peregrinação começa amanhã, pelo Mato Grosso do Sul. Alckmin desembarcará no estado para “supervisionar” a construção da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, que ligará Porto Murtinho à cidade de Peralta, no Paraguai. Orçado em mais de R$ 470 milhões, o trecho é parte de um projeto maior: a implantação da Rota Bioceânica. O RR apurou que Alckmin deverá aproveitar a presença no Mato Grosso do Sul para visitar o site da fábrica de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas, cuja construção será retomada em breve pela estatal. Ou seja, fica o recado: se Alckmin visitar o canteiro, é porque a obra vai andar.
Política
Comissões técnicas vão levar seu quinhão no Orçamento
22/11/2023Segundo o RR apurou, o deputado Danilo Forte (União-CE), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, vai incluir no texto da LDO a liberação obrigatória das emendas das comissões técnicas do Congresso. Palavra do próprio Forte ao presidente da Câmara, Arthur Lira, em conversa no último fim de semana. E palavra do próprio Lira a lideranças partidárias em contatos feitos ao longo do dia de ontem.
Política
Funasa renasce com um número maior de diretorias para o Centrão
21/11/2023A ressurreição da Funasa virá com um bônus para o Centrão. O RR apurou que o Palácio do Planalto tem planos de recriar a Fundação Nacional de Saúde com uma estrutura maior, composta por até seis diretorias. Até o ano passado, antes da sua breve extinção, o órgão era composto por três diretores, além do presidente. O “puxadinho” permitirá acomodar indicações, sobretudo, do Republicanos, PSD e União Brasil, os três partidos que disputam os principais cargos da Funasa. Guardadas as devidas proporções, trata-se de uma estratégia similar à que o governo adotou na Codevasf, com a criação de uma diretoria de Governança e Sustentabilidade on demand, para atender ao Republicanos – o partido indicou o ex-deputado federal Gil Cutrim para a função.

Política
Marina Silva cai na armadilha da CPI das ONGs
20/11/2023O convite à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para comparecer na sessão de amanhã da CPI das ONGs, no Senado, causou mal-estar dentro do governo. O alvo de Marina é o ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha. No entendimento da ministra, o governo pouco ou nada se empenhou para brecar o seu comparecimento à CPI, uma “arapuca” atribuída a ação de senadores bolsonaristas, notadamente Damares Alves e Rogério Marinho. Um tema constrangedor deverá ser levantado na sessão de amanhã: o apoio do governo à ONG Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que recebeu R$ 35 milhões do Fundo Amazônia. A oposição levanta suspeições à dupla presença de Marina: a ministra é integrante do Comitê Orientador do Fundo e conselheira honorária do Ipam.
Política
Jaques Wagner ganha queda de braço com Rui Costa na Codeba
17/11/2023O duelo particular entre Jaques Wagner e Rui Costa apimenta a política baiana. Wagner está prestes a emplacar Antonio Boggio na presidência da Codeba (Companhia Docas da Bahia). Trata-se de uma derrota de Costa. O seu candidato para o cargo era Antonio Carlos Tramm, ex-presidente da Companhia Bahiana de Pesquisas Minerais (CBPM). Tramm chegou a ser indicado para a Codeba em julho, mas sua nomeação travou. Para todos os efeitos, o motivo teria sido a falta de diploma universitário. No entanto, nos bastidores da política baiana, sabe-se que o problema foi outro: Tramm não foi “diplomado” por Jaques Wagner. Por sinal, com a chegada de Boggio, a Codeba vai se tornando uma capitania do ex-governador. Wagner foi responsável também pela indicação de Gilmara Timóteo, diretora financeira da autoridade portuária da Bahia

Política
PT compra o barulho de Lula contra Javier Milei
17/11/2023A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, consultou advogados do partido sobre a possibilidade de mover uma ação por calúnia e injúria contra Javier Milei, candidato de extrema direita à presidência da Argentina. O motivo é a forma como Milei tem se referido sistematicamente ao presidente Lula, chamando-o de “corrupto”. As duas últimas vezes foram no início desta semana, em entrevistas ao jornalista e escritor peruano Jaime Bayly e à Bloomberg. A entrada em cena do PT seria uma forma descaracterizar o processo como uma ofensiva jurídica formal da Presidência da República. A AGU tem uma procuradoria internacional, mas apenas para a defesa da União em demandas do Estado brasileiro junto a Cortes Internacionais.

Política
Ciro Nogueira cerca a Caixa Econômica por tudo que é lado
16/11/2023O nome da ex-deputada Margarete Coelho (PP-PI) voltou à mesa do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha. Margarete, que chegou a estar cotada para a própria presidência da Caixa, ressurge na roleta de indicações do Centrão, agora para a vice-presidência de Governo do banco. A ex-parlamentar é aliada de Ciro Nogueira, o ex-ministro de Jair Bolsonaro que afirma não apoiar o governo Lula, mas negocia cargos com o Palácio do Planalto.
Política
Marconi Perillo deve trocar o aço pelas urnas
14/11/2023A articulação para que Marconi Perillo assuma a presidência nacional do PSDB deverá interromper uma bem-sucedida trajetória na iniciativa privada. Perillo já sinalizou a pessoas próximas que vai trocar o figurino de consultor de grandes empresas, notadamente a CSN, de Benjamin Steinbruch, pelo de candidato à Prefeitura de Goiânia, em 2024, ou a governador de Goiás em 2026.

Política
Nem o Ministério da Pesca escapa do arrastão de Arthur Lira
14/11/2023A Pasta da Pesca e da Aquicultura está sobre o balcão de negociações entre Arthur Lira e o Palácio do Planalto. Ainda que seja um peixe miúdo, o Ministério tem uma importância específica para Lira. O presidente da Câmara quer o cargo para fazer política regional. No entendimento de Lira e de outras lideranças do Centrão na região, tem Pernambuco demais para Nordeste de menos no primeiro escalão do governo. O atual titular da Pesca, André de Paula, forma um quarteto pernambucano na Esplanada dos Ministérios, ao lado de José Múcio, da Defesa, Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, e Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia. Em tempo: ao que parece, André de Paula já sentiu o cheiro do óleo na frigideira. A sua recente decisão de criar um Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca, com 32 assentos, foi vista no Congresso como um movimento defensivo, com o objetivo de buscar um arco de apoios para permanecer no cargo.

Política
Jair Bolsonaro quer grudar em Donald Trump mais uma vez
13/11/2023De primeira: Eduardo Bolsonaro articula um encontro de Jair Bolsonaro com Donald Trump. As conversas são conduzidas junto a Jason Miller, ex-assessor de Trump e fundador da rede social Gettr, identificada com a extrema direita norte-americana. Para o “03”, as circunstâncias são as melhores para Bolsonaro voltar a colar sua imagem à de Trump, no embalo das últimas pesquisas presidenciais nos Estados Unidos, que colocam o ex-presidente à frente de Joe Biden.

Política
José Sarney e Rodrigo Pacheco de mãos dadas na sucessão da PGR
13/11/2023Há uma coalizão de pesos-pesados trabalhando junto ao Palácio do Planalto pela indicação do subprocurador Luiz Augusto Santos Lima para a Procuradoria Geral da República. A aliança é pontificada pelo ex-presidente José Sarney e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. De quebra, Lima tem também como “cabo eleitoral” o Advogado Geral da União, Jorge Messias, bastante próximo a Lula.

Política
Ibaneis quer chutar “CPI do BRB” para longe
10/11/2023O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, entrou em campo para matar pela raiz a ameaça de uma “CPI do BRB”. Nos últimos dias, conversou diretamente com as principais lideranças da Câmara Legislativa do DF para desarmar a proposta. Só não conseguiu impedir a reunião fechada que o presidente do Banco Regional de Brasília, Paulo Henrique Costa, terá com os 24 deputados distritais na próxima segunda-feira. Costa foi “convidado” para explicar os termos da venda da carteira de consignado a aposentados e pensionistas para o Banco Pine e a Byx Capital. Outro polêmico são os contratos de patrocínio do BRB, em especial o acordo com o Flamengo. O banco estatal teve já perdeu quase meio bilhão de reais com a plataforma de empréstimos Nação BRBFla, criada em parceria com o clube.

Política
Sergio Moro vai encarar a PEC do STF?
6/11/2023Primeiro, o PL tentou Flavio Bolsonaro. Não colou. Agora, a ala bolsonarista do partido articula nos corredores do Congresso para que Sergio Moro (União Brasil) seja o relator da PEC que fixa em oito anos o mandato dos ministros do STF. Parece até coisa de inimigo. Moro é alvo de um processo no TRE do Paraná, que pode custar a perda de mandato e sua inelegibilidade. Em caso de condenação, o ex-juiz dependerá de um recurso ao TSE, onde estão três dos ministros do Supremo.

Política
Bolsonaro deixou suas raízes na Embrapa
6/11/2023A Embrapa virou um campo minado. Além do apetite do PP por cargos, conforme o RR informou mais cedo, existe uma intentona interna com o objetivo de desmontar um cluster bolsonarista na estatal. Funcionários da Embrapa cobram do Palácio do Planalto o afastamento de ocupantes de cargos comissionados indicados pela gestão Bolsonaro. A maioria são servidores da confiança do ex-presidente da Embrapa, Celso Moretti, homem de confiança de Tereza Cristina, por sua vez ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro.

Política
Arthur Lira avança sobre o solo da Embrapa
6/11/2023O partido de Arthur Lira se movimenta para fisgar quatro chefias das chamadas unidades descentralizadas da estatal, cujos mandatos dos antigos titulares terminaram em agosto. Entre outros atributos, os chefes dessas unidades têm uma razoável ingerência sobre o orçamento da Embrapa que chega à ponta final, leia-se em áreas de negócio ou escritórios regionais. Em tempo: o avanço do PP provoca reações interna corporis. Na Embrapa, há uma pressão dos funcionários sobre o governo no intuito de barrar indicações de nomes a ligados a partidos do Centrão. Entraram em uma briga que já está perdida.
LEIA AINDA HOJE: O “governo” Bolsonaro sobrevive nos quadros da Embrapa

Análise
Divisão federativa do Brasil é uma obra surreal
1/11/2023Se o saudoso engenheiro Eliezer Batista, ex-presidente da Vale, estivesse entre nós, diria que a circunstância seria a melhor possível para a fusão de municípios. O que faltaria mesmo é um governo forte para estimular a medida. Batista, quando secretário de Assuntos Estratégicos do governo Collor – o Ministério mais forte da gestão – passeava com os convidados em sua sala só de mapas gigantescos demonstrando que 56% das unidades federativas não tinham razão de existir – iam de lugar algum a lugar nenhum. Se fossem extintas, a sinergia dos municípios agregados geraria riqueza e a administração se tornaria bem mais viável.
O M&A dos municípios se daria em condições de complementariedade logística, concentração de indústrias, espaço para pecuária, demografia, orçamento, IDH, saneamento, entre outros vários quesitos. Hoje, 2195 cidades (41,8%) estão em condições críticas. Desse total, 1570 municípios sequer têm Câmara de Vereadores, segundo dados da Firjan, divulgados hoje pelo jornal Valor Econômico.
Eliezer Batista chamava o Brasil de um pé de galinha, ou seja, disforme por qualquer ângulo que fosse visto. Mas não seria tal medida inviável, uma verdadeira revolução? Pois bem, o exemplo não é dos melhores, mas “aqui mesmo”, na América, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, vai agrupar 262 municípios em apenas 44. A partir desse corte de 83% das cidades, o país terá 44 prefeitos, 44 curadores e 372 vereadores, número bem inferior aos atuais três mil. Para o Brasil, uma virada dessas de ponta cabeça é um sonho de verão.

Destaque
Sindicatos e indústria se unem para frear banimento de produtos plásticos
1/11/2023O senador licenciado e atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, conseguiu unir o capital e o trabalho em torno da mesma causa. Grandes representações sindicais estão se juntando a entidades da indústria em uma ofensiva pela reformulação do projeto de lei nº 2524/2022, de autoria de Prates. O PL estabelece o banimento de diversos produtos plásticos de uso único, como canudos, talheres, pratos, copos etc. CUT, Força Sindical e organizações sindicais do setor – notadamente a Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) – têm feito gestões junto a parlamentares da base aliada para impedir a aprovação do atual texto do projeto. Os sindicalistas reivindicam um tempo maior, de até dez anos, para a retirada dos produtos de circulação e a adequação da indústria à nova legislação – o projeto original de Jean Paul Prates propõe uma transição de apenas dois anos, considerada insuficiente pelos trabalhadores.
As lideranças sindicais pleiteiam ainda que o Ministério do Trabalho seja designado para conduzir a mediação e o planejamento desse período de adaptação. As entidades tentam evitar que, junto com utensílios plásticos, o projeto de lei represente também o banimento de milhares de empregos. De acordo com um estudo que circula entre os sindicatos, as medidas previstas no atual texto do PL colocam sob risco aproximadamente 200 mil dos mais de 340 mil postos de trabalho na cadeia de transformação do plástico, o equivalente a uma massa salarial da ordem de R$ 6,7 bilhões.
Em contato com o RR, a CNQ confirmou que “nós instamos aos legisladores a considerarem essas preocupações e a trabalharem em conjunto com as partes interessadas para suavizar o impacto do PL 2524/2023.” A entidade ressalta “a importância de garantir uma transição justa para os trabalhadores da indústria química”. A Abiplast, por sua vez, defende “a necessidade da reformulação do PL 2524/2022, destacando os impactos econômicos que a supressão de uma gama de produtos pode acarretar para a economia e para toda a sociedade.”.
Política
PL quer destrinchar gastos do governo na Defensoria Pública
31/10/2023A oposição encontrou na Defensoria Pública da União (DPU) um flanco para atazanar o governo. O PL vai entrar com um requerimento de informação junto ao TCU. O objetivo é requisitar que o defensor-público geral em exercício, Fernando Mauro, divulgue os gastos do órgão sob a sua gestão – ou seja, desde 19 de maio, quando foi indicado temporariamente para o cargo pelo presidente Lula. O PL alega, desde já, que Mauro teria feito gastos indevidos, notadamente no pagamento de funções de confiança. Mesmo sem ser formalizado no comando da Defensoria, o próprio Igor Roque teria nomeado uma equipe de transição com dez pessoas. Ressalte-se que o PL foi um dos principais artífices para barrar a nomeação de Roque à chefia da Defensoria Pública, rejeitada na semana passada pelo Senado.

Política
Ajuste fiscal x os “desajustes” de Lula
30/10/2023O anúncio de que a meta fiscal poderá tranquilamente não ser cumprida sem maiores ônus para a economia mostra “Lula sendo Lula”. O presidente muda compromissos, ideias, pensamentos em praça pública, sem que ninguém entenda. Não que seja mimético, um camaleão. Ele é o mesmo de sempre. Mas suas intenções é que são difíceis de decifrar. Elas, porém, existem. Complicado é o seu modo de fazer política; ele fala de forma oblíqua e contraditória, mirando o que os outros não veem. É senso comum no mercado que o presidente deu um by pass no ministro Fernando Haddad. Disparatou. Convocou um café da manhã com a imprensa para desautorizar seu principal ministro. Jogou para o alto todo o esforço da política econômica de acertar o fiscal. O que interessa é a gastança com investimentos e a humilhação frente ao Centrão. Essa interpretação faz mais sentido para os que acham Lula um “Bonaparte nordestino”, um político senil ou um caso de borderline avançado. Convém colocar mais elementos nesse caldeirão fiscal já transbordando de incertezas.
O ministro Fernando Haddad, uma rocha para o mercado, mas sincero e sensato quando está no Planalto, já disse publicamente sobre sua insegurança no cumprimento da meta fiscal. No final de agosto, afirmou que ela dificilmente seria atingida, não obstante o mantra de que tudo será feito para alcançá-la. Ainda em outubro, o secretário do Tesouro. Rogério Ceron, apontou dificuldades para o cumprimento da meta de zerar o déficit do resultado primário. Todos, porém, falaram que nada muda na determinação do governo. Amém. Ou seja, dá empate quando se coteja as declarações sobre a firmeza de alcançar a meta com as dificuldades de alcançá-las.
No mesmo dia da sua fatídica declaração, Lula falou com Haddad – assim como fala praticamente todo dia, presencialmente ou por celular. Estranha-se esse desentendimento. Seria uma peça de ficção se o presidente decidisse tomar para si a responsabilidade de flexibilizar uma meta desacreditada pela maioria do governo? Pelo Congresso? Pelo mercado? Pode haver um pulo do gato nessa pantomima. Qualquer declaração dada por Lula já nasce “amaciada”, digamos assim. Suas contradições são facilmente digeridas. E ele voltar atrás não é novidade alguma. O presidente quer se livrar do discurso fura-teto, trazendo à baila o que todo mundo já sabe: as dificuldades políticas e orçamentárias para chegar a uma meta, que depende mais dos demais Poderes do que do governo.
Como está tudo vinculado à receita fiscal, os sinais macroeconômicos indicam que o cenário tem piorado nesse quesito. Lula, portanto, estaria protegendo seu ministro da Fazenda, que permaneceria firme na defesa do seu objetivo, deixando para o presidente as dúvidas e relativizações. Se estourar o resultado do primário não furou teto nenhum. Não será improvável se Lula, em algum momento à frente, afirmar que a meta está mantida e o governo fará tudo para cumpri-la. De forma subliminar, o presidente vai jogando jeitosamente a dificuldade do ajuste nos interesses corporativos do Judiciário e Legislativo.
Lula pretende trocar o rombo no orçamento pela aprovação não só da reforma tributária, mas de outras medidas estruturais – a reforma administrativa, por exemplo, conforme informou o RR. Para o mercado, que quer o ajuste fiscal para hoje, jogar com o tempo dessa maneira é que nem ler hieróglifos. Mas o que seria 0,25 pp a mais no déficit primário se esse rombo significasse o ajuste de um Estado disfuncional, ainda que um pouco mais caro do que o projetado. O presidente estaria jogando na sua carapaça de rinoceronte o impacto negativo já dado. Sendo o único que tem o condão de soluções improváveis, caso elas venham a ocorrer. O RR acredita que o enredo da meta fiscal ainda não terminou. Até agora, Lula fez política sempre de um modo esquisito, mas nunca deu pistas de que é maluco.

Política
David Alcolumbre coloca um braço no Conselho do Ministério Público
30/10/2023David Alcolumbre levou mais uma. A nomeação da procuradora de Justiça do Amapá Ivana Cei para o Conselho Nacional do Ministério Público deve ser creditada na conta de Alcolumbre. O senador costurou a indicação diretamente com o ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha – os nomes dos CNMP são aprovados pelo presidente da República. Com isso, passou a ter uma aliada estratégica em um órgão central do Ministério Público, responsável, entre outras atribuições, por sanções disciplinares aos procuradores. Ressalte-se que Alcolumbre é alvo do MP, que investiga denúncias de um suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do senador.

Política
Tarcísio de Freitas já tem adversário para 2026. E não é Lula
26/10/2023Sergio Moro não morreu. Mesmo com a sombra do processo na Justiça Eleitoral, que pode custar a cassação do seu mandato, o senador está em campanha para a Presidência da República em 2026. Moro trabalha em duas frentes. Na política, articula apoios para viabilizar sua candidatura, dentro ou fora do União Brasil. Um dos cenários traçados é uma dobradinha com Deltan Dallagnol, que testaria a força do lava-jatismo nas urnas já no ano que vem, disputando a Prefeitura de Curitiba pelo Partido Novo. Em outro front, o ex-juiz tem se dedicado a esculpir a imagem de candidato a partir de um meticuloso trabalho de comunicação. Nas redes sociais, é possível identificar uma maior presença de Moro. No X (antigo Twitter), por exemplo, o senador mantém uma média de cinco postagens diárias, praticamente todas com um ponto em comum: Lula é citado, ou melhor, criticado em mais de 90% das publicações.
A edificação da candidatura Sergio Moro se reflete também no aumento da sua exposição. A julgar pelas menções ao seu nome, Moro é o principal candidato a disputar as “prévias da direta” com Tarcísio de Freitas, leia-se a definição do adversário de Lula ou de seu indicado no pleito presidencial. É o que mostra um levantamento exclusivo junto a uma base com 212.180 veículos de todo o país. Do dia 1º de janeiro às 20h30 de ontem, o senador somou 61.392 citações vinculadas à eleição de 2026. É superado apenas pelo próprio Tarcísio, cuja exposição é naturalmente alavancada pelo cargo que ocupa – o governador de São Paulo é quase um segundo presidente do Brasil. O ex-ministro da Infraestrutura totaliza 95.862 registros. Moro está à frente de outros nomes apontados como possíveis candidatos da direita em 2026, como a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (48.948 citações) e o governador Romeu Zema, que, a julgar pela pesquisa e pelas 31.291 referências computadas, tem sua visibilidade circunscrita aos muros de Minas Gerais.
O maior calcanhar de Aquiles de Sergio Moro é também o seu principal handicap, notadamente junto a um eleitorado mais à direita da direita: a vinculação com Jair Bolsonaro. Ainda que esta seja uma relação marcada por frenéticos zigue-zagues. No embalo da Lava Jato, Moro foi um dos primeiros ministros anunciados por Bolsonaro após a eleição de 2018. À frente da Pasta da Justiça, teve poder e foi esvaziado quase na mesma medida. Saiu do governo atirando contra Bolsonaro, com denúncias de interferência na Polícia Federal. O aliado que virou desafeto voltou a ser aliado ao apoiar publicamente a reeleição do presidente. O calendário marcava 2022, mas Moro já enxergava 2026. Mais do que a motivação de se unir a Bolsonaro, o ex-juiz já trabalhava em prol de um autoprojeto: reforçar a imagem do anti-Lula.

Política
Diretora do Banco Central quer esticar ainda mais seu mandato
24/10/2023A diretora de Assuntos Internacionais e Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, pediu ao seu presidente, Roberto Campos Neto, que interceda junto a Fernando Haddad e encaminhe ao Congresso o pedido de prorrogação do seu mandato até pouco antes da reunião do G20 e não só por mais um mês, conforme o pleito anterior. Fernanda diz que quer deixar pronta a agenda do BC para a reunião dos chefes de Estado, em novembro do ano que vem. Não faz muito sentido. A executiva não é insubstituível, está longe de ser uma unanimidade no colegiado do BC e parece não atentar que quem entrar no seu lugar pode desfazer sua contribuição. No BC, a turma da maldade afirma que Fernanda Guardado quer umas linhas a mais no currículo. Ter participado em papel de liderança do grupo que organizou a agenda técnica do BC no G20 cumpriria essa função. Motivações à parte, se a normalidade prevalecer, a economista entregará seu cargo no 31 de dezembro. Nada como ficar no quentinho do governo.

Política
Arthur Lira quer multiplicar a Funasa
23/10/2023Arthur Lira não quer apenas a presidência da Funasa. Quer também mais “Funasas”. O presidente da Câmara levou ao governo o pleito de abertura de escritórios da Fundação Nacional de Saúde em cidades do interior, notadamente no Nordeste – hoje, as superintendências do órgão estão concentradas em capitais. Um mapeamento preliminar feito pelo PP, de Lira, apontou 20 municípios nordestinos que seriam agraciados com a deferência. Além de aumentar o número de cadeiras disponíveis para a indicação, seria uma forma de transferir a colégios eleitorais de aliados algum pedacinho do orçamento da Funasa, de quase R$ 3 bilhões.
Política
Planalto negocia com Rodrigo Pacheco um fast track para novos ministros do STJ
23/10/2023O governo Lula que atrasa a nomeação do futuro Procurador-Geral da República é o mesmo que tenta acelerar a indicação dos novos ministros do STJ. O Palácio do Planalto negocia com Rodrigo Pacheco para que os nomes de Daniela Teixeira, José Afrânio Vilela e Teodoro Santos sejam levados ao plenário do Senado ainda neste mês. O ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, conversou diretamente com Pacheco sobre o assunto. O problema é o tempo apertado. A sabatina do trio na Comissão de Constituição e Justiça está marcada para a próxima quarta-feira, dia 25. A única fresta na pauta do Senado seria na terça-feira seguinte, dia 31.

Política
O difícil caminho de Ricardo Salles para a Prefeitura de São Paulo
20/10/2023A julgar pelos convites recebidos, Ricardo Salles desponta como o candidato do “Centrinho” à Prefeitura de São Paulo em 2026. Até o momento, segundo o RR apurou, apenas Patriota e PSC abriram as portas para que o ex-ministro do Meio Ambiente dispute as eleições no ano que vem. Não são possibilidades das mais animadoras para Salles, sobretudo pelo baixo poder de fogo financeiro das duas siglas. Com base nos critérios de partilha do Fundo Eleitoral, a estimativa é que Patriota e PSC tenham algo entre R$ 85 milhões e R$ 90 milhões para gastar com os seus candidatos em todo o país. Nada que se compare ao PL, atual sigla de Salles, que deverá dispor de uma cifra superior a R$ 400 milhões. O problema é que o partido já brecou os planos do ex-ministro de concorrer à Prefeitura de São Paulo. Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, quer compor com o MDB, do atual prefeito, Ricardo Nunes.
Política
Alcolumbre garimpa votos entre os pragmáticos do PL
17/10/2023David Alcolumbre está acendendo vela para todos os santos. Na semana passada, conversou com Valdemar da Costa Neto em busca do apoio do PL à sua candidatura à presidência do Senado. Com 11 parlamentares, o partido tem a segunda maior bancada da Casa, empatado com o MDB – à frente, o PSD, com 14. Nos cálculos de Alcolumbre e de Costa Neto, seria possível dobrar ao menos oito dos senadores da sigla. As exceções ficam por conta dos bolsonaristas raiz, a exemplo de Flavio Bolsonaro, Magno Malta e Jorge Seif. Enquanto isso, Alcolumbre segue emplacando quase tudo no Palácio do Planalto, de Celso Sabino no Ministério do Turismo ao seu primo Aharon Alcolumbre numa diretoria da Sudam.

Política
Justiça eleitoral dá tempo a Sergio Moro
16/10/2023O ex-juiz Sergio Moro ainda terá um tempo razoável para preparar sua defesa. Segundo um ministro do TSE vaticinou em conversa com o RR, a ação que pede a cassação e a inelegibilidade do senador não será julgada antes de junho de 2024. O cálculo do magistrado se baseia na série de ritos que ainda terão de ser cumpridos no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Até o momento, o União Brasil sequer encaminhou a comprovação dos gastos de campanha solicitados pela Corte. Seria um expediente dos advogados de Moro com o objetivo de empurrar para 2024 o início formal da análise do processo no TRE-PR.
Política
Centrão quer arrastar Conab de volta para a Agricultura
13/10/2023Além da possível cisão da Pasta da Justiça e Segurança Pública, o governo estuda outra mudança razoavelmente importante na estrutura ministerial: o retorno da Conab para a Agricultura. Trata-se de uma medida que interessa principalmente a Arthur Lira. O presidente da Câmara vislumbra a possibilidade de uma jogada dupla no xadrez político. Lira trabalha para derrubar tanto o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quanto o superintendente da Conab, Edegar Pretto. Na sua avaliação, este segundo movimento seria facilitado com a volta da companhia para a Pasta da Agricultura. Hoje, a Conab está dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário, uma redoma petista sob o comando de Paulo Teixeira. O próprio Edegar Pretto é um nome ligado ao partido. A estatal passou a ser cobiçada pelo Centrão com a política do governo Lula de retomar os estoques públicos de grãos. Com a decisão, a Conab voltou a ter dois ativos valiosos: verba e poder.

Política
Remuneração de Braga Netto é questionada dentro do próprio PL
11/10/2023Há pressões dentro do PL para que Valdemar da Costa Neto reveja a remuneração paga ao general Braga Netto e três assessores. Uma das principais vozes que defendem a suspensão dos gastos é o deputado João Carlos Bacelar (BA), um dos líderes do bloco menos bolsonarista ou, melhor dizendo, mais pragmático do partido – o parlamentar, por sinal, acumula no ano mais de 90% das votações favoráveis ao governo Lula. Como se não bastassem as investigações sobre o seu suposto envolvimento em uma possível tentativa de golpe, pesa contra Braga Netto a perda da sua serventia eleitoral. O próprio general da reserva já comunicou ao PL a sua desistência em disputar a Prefeitura do Rio no ano que vem. Sua candidatura era a principal a justificativa para o “cachê” mensal de R$ 26 mil.

Política
PSD quer mandar no agronegócio do Banco do Brasil
10/10/2023O PSD, de Gilberto Kassab e Rodrigo Pacheco, entrou na disputa por uma cadeira no Banco do Brasil. O partido trabalha pela indicação de Gustavo Junqueira para a vice-presidência de Agronegócio, dona de um orçamento de fazer inveja a muitos estados e à maior parte dos municípios brasileiros. A área é a responsável pelo Plano Safra, ou verbas de R$ 240 bilhões a valores de 2023. Junqueira foi presidente da Invest-SP e atualmente é conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, entidade que já comandou. Em 2016, no governo Temer, o PSD também tentou emplacar seu nome na diretoria do Banco do Brasil, sem sucesso.

Política
Com Haddad, está quase tudo dominado
6/10/2023A Faria Lima não comprou Lula. Nem vai comprar. Mas votaria em Fernando Haddad se ele trocasse de partido. Mesmo achando que a mistura de ortodoxia e heterodoxia econômica tem uma combinação maior do que a recomendável – o mercado sempre quer no mínimo uma pitada a mais de ortodoxia –, a política econômica está sendo bem aceita pelas instituições financeiras, conforme o RR apurou junto a três executivos do alto escalão dos seus respectivos bancos. Há senões. A insuficiência do corte de gastos para equilibrar o arcabouço fiscal, todo centrado na receita do governo, é um desses senões. A reforma tributária da renda, a que mexe com dividendos, redução do imposto de renda para pessoa física e aumento para empresas, taxação dos juros sobre capital próprio e etc são outros. No entanto, o que mais incomoda a banca é o timing. Os executivos acham que o governo Lula e, mais especificamente, Fernando Haddad se perdem em negociações muito longas de medidas econômicas que existem presteza.
O arcabouço, por exemplo, que chegou a ser festejado pela bolsa e pelo mercado de câmbio, não foi aprovado ainda. A reforma tributária, que está no Congresso há quatro anos e no início do governo Lula estava pronta para ser aprovada, ainda vem sendo revolvida por comissões e lideranças do Congresso. A disputa sobre quem perderá seus gravetos no inevitável rouba-montinho sobre o resultado das empresas – um arcabouço construído sobre a arrecadação exige que alguém pague mais – interessa menos à Faria Lima, mas está sendo acompanhada com atenção.
Fora uma ou outra lacuna menos expressiva, Haddad faz muito do que Paulo Guedes fez e faria. A principal diferença não é nem a miríade de medidas liberais que o ex-ministro tentaria emplacar, como a privatização, mas que Guedes achava que o Brasil não cabia nas suas necessidades e o governo Lula pensa o contrário. A conjuntura, se não vai muito bem, vai muito razoável. A questão dos juros, que deixava a Faria Lima com os nervos à flor da pele, já está resolvida. Já se sabe o quanto as taxas devem cair neste ano (1 pp a 1,5 pp, chegando a uma Selic entre 10% e 11%). Já está devidamente digerida a estratégia de que os juros podem cair menos do que se previa, ou seja, taxas “menos baixas” não receberão o ataque do governo. A relação entre Roberto Campos Neto e o Palácio do Planalto virou um namoro – o RR já publicou que Campos Neto é candidato e permanecer no cargo, em novembro de 2024. A inflação pode dar um ou outro repique, mas não sobe ao patamar de 5%. O desemprego, que está em 8%, pode chegar a 7% até o fim do ano. O PIB cresce bem em relação às previsões. Vai a 3% neste ano – no início de 2023, a projeção era de 1% – e pode passar um pouco desse índice, sem que o mercado acuse pressão inflacionária com o crescimento da economia. Está sendo construído com parcimônia o monte de dinheiro que o governo vai jogar na economia – BNDES, estatais, orçamento da União, corte de incentivos, fundos do exterior etc.
Que o governo vai gastar mais é líquido e certo. A emenda constitucional do arcabouço prevê aumento de despesa todo ano. Talvez a lentidão nas negociações com o Centrão e outros grupos de interesse tenha a ver também com a conta dos recursos a serem investidos. Lula quer garantir o PIB, que é um grande formador de expectativas no modelo de política econômica do seu governo. A nomeação do novo presidente da CEF, partilha de ministérios, dinheiro a ser distribuído para parlamentares gastarem aqui e acolá, tudo estaria na dependência do total dos dízimos a serem pagos aos mercadores do templo. É preciso ver quanto vai se dispender com os “emolumentos” para calcular os recursos que irão sobrar para fazer a economia crescer mais neste ano e, principalmente, no próximo. O fato é que, na aurora de 2023, quando os mais otimistas ficavam com um crescimento do PIB entre 0,5% e 1,5%, o RR dobrou a estimativa para 3%. Pois bem, a previsão já está dada como certa. Para 2024, o mercado não chega a 2%. O RR repete sua previsão de 3%. Quem quer fazer uma aposta?
O enigma, verdade seja dita, tem muito do fiscal. Só que o mercado acredita que o espaço para aumento de receita não é suficiente para fechar o resultado primário das contas públicas. A publicação considera o contrário. Entre cortes de incentivos, reonerações, dívidas transitadas e julgadas e outras judicializações, além do espaço enorme para medidas criativas, há dinheiro, sim, para se enquadrar nos limites do arcabouço e auferir uma receita adicional para aquecer a economia neste ano e em 2024. Um dos executivos consultados, contudo, considera que, se emplacar os bons índices de 2023 em 2024, arrumar um bocado o lado fiscal e conseguir fazer a reforma administrativa, Lula já garantiu números positivos até o fim do governo. Só não acerta no milhar se a economia mundial entrar em uma espiral de crise. Mas aí, não só o governo Lula, mas todos perdem.

Política
O nome de Arthur Lira para o Ministério da Agricultura
6/10/2023Arthur Lira avança na ofensiva para derrubar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O presidente da Câmara fez chegar ao Palácio do Planalto a indicação do deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura. Lira teria conversado diretamente com o ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, com o objetivo de reduzir eventuais resistências dentro do governo ao nome de Lupion. O parlamentar é tido como próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, costuma reverberar pautas e posições da ala mais radical da bancada ruralista e do agronegócio. Mas tem ativos que são caros ao Palácio do Planalto, a começar pela própria ligação com Lira. Tem também boa relação com governadores importantes no quebra-cabeças do agronegócio, como Mauro Mendes, do Mato Grosso. Mendes e Fávaro vivem em constante fricção.

Política
Ciro Nogueira só pensa dentro da Caixa
3/10/2023O PP que diz que não é governo entrou firme na disputa por cargos na Caixa Econômica. Ontem, no fim da tarde, corria em Brasília a informação de que o senador Ciro Nogueira, ex-ministro de Jair Bolsonaro, trabalha junto à articulação política do Palácio do Planalto para ocupar as vice-presidências de Governo e de Negócios de Varejo do banco. Um dos nomes colocados na mesa é o de Marcelo Lopes da Ponte, que presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em 2022, no último ano de mandato de Bolsonaro.
Ponte é unha e carne com Nogueira. Foi chefe de gabinete do ex-ministro no Senado. E seu filho, Marcelo Henrique Ponte, integra o time de assessores do ex-ministro da Casa Civil. Em tempo: ressalte-se que Ciro Nogueira também pode aterrissar um dos seus na própria presidência da Caixa, neste caso em uma espécie de code share com Arthur Lira.
Gilberto Occhi, um dos cotados para assumir o comando do banco, é considerado um personagem bivolt dentro do PP: opera tanto na faixa de tensão de Nogueira quanto de Lira.
Política
Governo quer jogar isenção tributária para picapes no acostamento
2/10/2023O governo trabalha no Congresso para barrar o projeto de lei 2.966/2019, do senador Irajá (PSD-TO), que zera o IPI na venda de picapes para produtores rurais. A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado na semana passada. A equipe econômica, que está fazendo contorcionismo para arrumar novas receitas, reluta em abrir mão de arrecadação, sobretudo no caso em questão. De um lado, a proposta beneficia um setor aquinhoado de benefícios fiscais, como a indústria automotiva; e, de outro, favorece um segmento da economia que, proporcionalmente, paga pouco imposto vis-à-vis sua pujança, o agronegócio. Some-se a isso o entendimento de que o projeto privilegiará, notadamente, grandes produtores rurais. Em média, os veículos que seriam impactados pela medida custam em torno de R$ 250 mil.

Política
Haddad quer reforço na Câmara para votação das pautas econômicas
29/09/2023O ministro Fernando Haddad negocia diretamente com o presidente Lula para que os ministros com mandato parlamentar sejam “exonerados” por um dia para engrossar a votação a favor de projetos da pauta econômica. O expediente seria usado já na próxima semana, caso Arthur Lira leve ao plenário, conforme prometido, a proposta de tributação dos fundos offshore. Na Câmara, a estratégia do “bate e volta” permitiria o retorno temporário à Casa dos ministros Alexandre Padilha, Luiz Marinho, Marina Silva, Juscelino Filho, Paulo Pimenta, Paulo Teixeira e Sonia Guajajara. O sinal de alerta veio com a aprovação, nesta semana, do marco temporal no Senado. Margareth Buzetti (PSD-MT), suplente do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, votou a favor do projeto e, consequentemente, contra o governo
Política
Centrão atraca sua esquadra no setor portuário
28/09/2023Após garantir a nomeação de Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para o Ministério dos Portos e Aeroportos, o Centrão se dedica agora à tarefa de povoar outros cargos na Pasta. No momento, está tentando emplacar no segundo escalão do Ministério o secretário de estudos e projetos da Antaq, Bruno Pinheiro. Seu nome chegou a ser indicado para a Secretaria Nacional de Portos, em substituição a Fabrizio Pierdomenico, mas a cadeira acabou ocupada por Mariana Pescatori. Pinheiro é ligado a um personagem influente no setor: Diogo Piloni, ex-secretário nacional de Portos no governo Bolsonaro. Piloni rodou a porta giratória do setor público para a iniciativa privada – está na TIL (Terminal Investment Limited), leia-se a MSC. Mas mantém importantes conexões dentro do governo.

Política
Republicanos quer invadir o perímetro de Lira na Codevasf
26/09/2023O Republicanos, de Marcos Pereira, quer tomar uma sesmaria de Arthur Lira. Desde o início da tarde, corre nos gabinetes do Congresso que o partido pressiona o governo para indicar o novo diretor-presidente da Codevasf. O nome mais cotado seria o do ex-deputado Gil Cutrim, do Maranhão. O Palácio do Planalto tenta saciar o apetite do Republicanos com a criação de mais uma diretoria na estatal, como forma de evitar a troca de comando. Seria mexer demais nas peças do Centrão. O nº 1 da Codevasf é Marcelo Moreira. O tempo no cargo já é um distintivo da sua força política: ele ocupa a função desde agosto de 2019. Para todos os efeitos, Moreira foi uma indicação do União Brasil. Mas quem realmente o mantém à frente da Codevasf é Arthur Lira.
Política
PT ergue barricada para evitar mudança no comando da Conab
25/09/2023O avanço do Centrão sobre a Conab provocou a reação do PT. A cúpula do partido, a começar pela própria Gleisi Hoffmann, tem feito gestões junto ao presidente Lula para impedir mudanças na presidência da estatal, cargo cobiçado pelo PP, de Arthur Lira. Hoje, o comando da Conab está nas mãos de um petista raiz, Edegar Pretto, ligado ao MST.
O PT alega que a saída de Pretto e a consequente entrega do cargo ao Centrão colocam em risco a retomada dos estoques públicos de alimentos, projeto a cargo da Conab. No governo Bolsonaro, a estatal abandonou a política de compras de grãos para calibrar os preços no mercado interno, prática que aos poucos vem sendo recuperada pela gestão Lula. Nos bastidores, sobram também ataques do PT ao ministro Carlos Fávaro, que tem participado das articulações com o PP para a troca de comando na Conab. Fávaro teria segundas intenções: arrastar a estatal de volta para a sua Pasta. No início do governo Lula, a Conab foi transferida da Agricultura para o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Política
Uma nova peça no quebra-cabeças da Caixa Econômica
22/09/2023O nome de Nelson Antônio de Souza tem sido repetidamente citado por Arthur Lira nas conversas para a montagem da nova diretoria da Caixa Econômica. É o nome do PP para a vice-presidência de Governo do banco, hoje ocupada por Marcelo de Paula Bonfim, ligado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O cargo é cobiçado pela gestão de programas públicos. São cerca de R$ 4 bilhões em recursos disponíveis neste ano. Ex-presidente da própria Caixa, Souza ocupa hoje o comando da Brasilcap, braço de capitalização do Banco do Brasil.

Política
O ofício da discórdia na Polícia Rodoviária Federal
21/09/2023Um ofício (número 399/2023) encaminhado pelo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Souza Oliveira, ao ministro Alexandre de Moraes, no último dia 12 de setembro, estaria provocando desconforto dentro da corporação. No documento, segundo o RR apurou, Oliveira solicitou audiência ao magistrado para tratar da possível reformulação da doutrina de uso de armamento letal pela PRF. De acordo com a mesma fonte, o gesto teria sido visto internamente como uma demonstração de fragilidade do próprio comando da Polícia Rodoviária em um momento crítico para o órgão. A interpretação é que Oliveira deu margem para que o Judiciário interfira na corporação, revendo a conduta e a forma de atuação de seus agentes.
Em contato com o RR, a Polícia Rodoviária Federal confirmou o envio do ofício ao ministro Alexandre de Moraes “para uma agenda”. Segundo o órgão, a PRF “está convidando diversos setores da sociedade, pesquisadores, especialistas e órgãos de controle externo da atividade policial para reunir visões e opiniões que apoiarão na redefinição dos fundamentos da formação policial e dos manuais operacionais.” Perguntada especificamente sobre manifestações internas de descontentamento, a PRF não se manifestou. A corporação disse que “busca, por meio de audiência pública, a opinião do público interno e do público externo, que terão a oportunidade de participar ativamente na construção de uma polícia que atenda de forma ainda mais eficiente aos seus anseios.”
Nos últimos dias, têm surgido informações de que o STF poderá impor restrições ao uso de armas de fogo pelos policiais rodoviários. Os questionamentos à PRF aumentaram após a trágica morte da menina Heloisa Santos, de três anos, atingida por tiros disparados por um agente da corporação no Rio de Janeiro. O episódio levou o ministro Gilmar Mendes a fazer duras críticas à PRF, dizendo, inclusive, que o órgão “merece ter sua existência repensada”. O pedido de audiência com Alexandre de Moraes pode ser visto como um gesto de Antônio Fernando Souza Oliveira para asserenar as relações com o STF. O problema é que, ao tentar distensionar para fora, o diretor-geral pode ter jogado tensões para dentro da própria PRF.
Um ofício (número 399/2023) encaminhado pelo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Souza Oliveira, ao ministro Alexandre de Moraes, no último dia 12 de setembro, estaria provocando desconforto dentro da corporação. No documento, segundo o RR apurou, Oliveira solicitou audiência ao magistrado para tratar da possível reformulação da doutrina de uso de armamento letal pela PRF. De acordo com a mesma fonte, o gesto teria sido visto internamente como uma demonstração de fragilidade do próprio comando da Polícia Rodoviária em um momento crítico para o órgão. A interpretação é que Oliveira deu margem para que o Judiciário interfira na corporação, revendo a conduta e a forma de atuação de seus agentes.
Em contato com o RR, a Polícia Rodoviária Federal confirmou o envio do ofício ao ministro Alexandre de Moraes “para uma agenda”. Segundo o órgão, a PRF “está convidando diversos setores da sociedade, pesquisadores, especialistas e órgãos de controle externo da atividade policial para reunir visões e opiniões que apoiarão na redefinição dos fundamentos da formação policial e dos manuais operacionais.” Perguntada especificamente sobre manifestações internas de descontentamento, a PRF não se manifestou. A corporação disse que “busca, por meio de audiência pública, a opinião do público interno e do público externo, que terão a oportunidade de participar ativamente na construção de uma polícia que atenda de forma ainda mais eficiente aos seus anseios.”
Nos últimos dias, têm surgido informações de que o STF poderá impor restrições ao uso de armas de fogo pelos policiais rodoviários. Os questionamentos à PRF aumentaram após a trágica morte da menina Heloisa Santos, de três anos, atingida por tiros disparados por um agente da corporação no Rio de Janeiro. O episódio levou o ministro Gilmar Mendes a fazer duras críticas à PRF, dizendo, inclusive, que o órgão “merece ter sua existência repensada”. O pedido de audiência com Alexandre de Moraes pode ser visto como um gesto de Antônio Fernando Souza Oliveira para asserenar as relações com o STF. O problema é que, ao tentar distensionar para fora, o diretor-geral pode ter jogado tensões para dentro da própria PRF.

Política
Planalto e Lira se articulam para barrar a “PEC dos empréstimos externos”
19/09/2023Informação que circula neste momento, à boca miúda, no Congresso: o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, costura um acordo com Arthur Lira para barrar a PEC 03/2023. Trata-se da proposta que condiciona empréstimos de bancos públicos a operações no exterior à aprovação pelo Congresso. Na semana passada, a base governista conseguiu adiar a votação da emenda constitucional na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Há, no entanto, uma forte mobilização do PL e da ala oposicionista do PP para que a PEC volte à pauta da CCJ ainda nesta semana. Desde a manhã de hoje, Lira está conversando com lideranças partidárias para brecar a proposta ainda na Comissão de Constituição e Justiça. O Palácio do Planalto quer matar pela raiz o risco da PEC ir à votação em plenário.

Política
Mais um aceno dos Republicanos a Lula
18/09/2023Após emplacar Silvio Costa Filho no Ministério dos Portos e Aeroportos, o Republicanos dá mais um sinal de alinhamento com o governo Lula. Na semana passada, o presidente do partido, o deputado federal Marcos Pereira, contratou a advogada Ezikelly Barros para atuar em nome da legenda junto à Justiça Eleitoral. A escolha carrega um forte simbolismo político. Atuando como advogada do PDT, Ezikelly foi uma das autoras da ação no TSE que culminou com a condenação e a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
Política
Luiz Marinho costura acordão entre o capital e o trabalho
15/09/2023O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, entrou em campo e tem participado diretamente de articulações entre grandes centrais sindicais e entidades empresariais para a criação do que vem sendo chamado de “taxa negocial”. Trata-se da proposta de contribuição opcional dos trabalhadores aos sindicatos, mediante desconto na folha salarial – uma versão flexível do antigo imposto sindical compulsório, que vigorou até 2017. O ministro tem se empenhado, notadamente, nas conversações com a CNI e a Febraban. Segundo informações filtradas do Ministério do Trabalho, o governo pretende encaminhar um projeto ao Congresso até o fim de outubro, baseado em propostas apresentadas conjuntamente pelos sindicatos e pelas representações empresariais

Política
União Brasil acende a frigideira no Ministério das Comunicações
13/09/2023O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sente um forte cheiro de fritura vindo não do Palácio do Planalto, mas de dentro do seu próprio partido. O União Brasil já discute nomes para substitui-lo. Segundo o RR apurou, o mais cotado é o deputado federal Paulo Azi, da Bahia. Sua experiência na área das Comunicações é similar à de Juscelino: zero. O que importa para o União Brasil é manter a “propriedade” sobre a Pasta, cobiçada por outros partidos do Centrão. Juscelino balança no cargo praticamente desde o dia em que assumiu. Mas, nas últimas semanas, o tempo fechou, com a operação de busca e apreensão contra a sua irmã, Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire (MA). A leitura em Brasília é que a Polícia Federal tem feito aproximações sucessivas e já está na soleira de Juscelino. O ministro e a irmã são investigados no mesmo inquérito, que apura desvios de recursos da Codevasf.
Política
Só o Centrão pode destravar a sucessão na Defensoria da União
11/09/2023No pacote de contrapartidas da reforma ministerial, o Palácio do Planalto está cobrando dos partidos aliados empenho na aprovação do nome de Igor Roque para o comando da Defensoria Pública da União (DPU). Pode até ser um assunto de menor importância diante de outras pautas que correm no Congresso, no entanto o governo busca solução para uma situação constrangedora. Já faz mais de dois meses que a indicação de Roque passou pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas até agora Rodrigo Pacheco não incluiu o tema na pauta a votação em plenário.
Ao contrário do que possa parecer, a morosidade é um favor de Pacheco ao Planalto. Até o momento, o governo não tem garantias de que a nomeação de Roque somará os 41 votos necessários no Senado. O defensor público tem sido bombardeado pela ala bolsonarista do Congresso, sob a alegação de que ele defende pautas como descriminalização das drogas e aborto. Resultado: desde o início da gestão Lula, a DPU tem sido comandada por um interino, Fernando Mauro Junior.
Política
Republicanos atraca em peso no Ministério dos Portos e Aeroportos
8/09/2023O acordo firmado entre o Palácio do Planalto e o Republicanos vai detonar a atual estrutura do Ministério dos Portos e Aeroportos. Segundo o RR apurou, além da escolha do deputado Silvio Costa Filho como novo ministro, o partido fará uma razia no segundo escalão da Pasta. O primeiro a ser trocado será o secretário executivo, Roberto Duarte Gusmão. Ele foi indicado para o cargo pelo PSB de Pernambuco, partido do agora ex-ministro Marcio França. Outro que está na linha de tiro do Republicanos é o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico. Trata-se de um cargo fulcral. Sob a jurisdição de Pierdomenico estão todos os estudos sobre privatizações e concessões no setor, além das tratativas para a renovação de contratos vigentes.

Política
“SUS paralelo” aumenta a saúde eleitoral de Tarcísio Freitas
6/09/2023O governador – e presidenciável – Tarcísio Freitas parece empenhado em fazer da área de saúde uma das marcas da sua gestão. Segundo o RR apurou, nas próximas semanas o governo paulista vai lançar uma nova tabela de remuneração do atendimento ambulatorial nas Santas Casas e outras instituições filantrópicas no estado, conveniados ao SUS. O percentual exato ainda está sendo calibrado. Mas, de acordo com a mesma fonte, a tendência é que o governo de São Paulo pague algo como 50% a mais do que o valor determinado pelo Sistema Único de Saúde. O desembolso será um complemento. A título de exemplo: para cada real que as Santas Casas e demais hospitais receberem do SUS por atendimentos emergenciais e exames ambulatoriais, o estado repassaria aproximadamente 50 centavos a mais. A iniciativa se soma à medida anunciada pelo governo de Tarcísio de Freitas na última segunda-feira, leia-se a criação da “Tabela SUS Paulista”. A partir de janeiro, o governo de São Paulo vai repassar às instituições médicas beneficiadas um pagamento adicional pela realização de cirurgias. Em alguns procedimentos, esse “Bolsa Hospital” prevê uma remuneração adicional de até 400% do valor pago pelo SUS.
Ainda não está claro de onde o governo de São Paulo vai tirar recursos para bancar a iniciativa, que terá de ser incluída na proposta de lei orçamentária de 2024. De toda a forma, dores fiscais à parte, o pacote de medidas é louvável. Seu objetivo é acelerar a realização de atendimentos ambulatoriais a cirurgias que hoje estão representados nas Santas Casas e instituições filantrópicas, responsáveis por mais de 50% dos procedimentos hospitalares no estado. De quebra, como é difícil dissociar qualquer movimento de Tarcísio de Freitas de 2026, trata-se de um projeto capaz de fazer bem à saúde eleitoral do atual governador paulista. Ao instituir esse “SUS paralelo”, com desembolsos mais elevados do que os praticados pelo Ministério da Saúde, Tarcísio cria uma área de comparação, a seu favor, com o governo federal e, em última instância, com o presidente Lula.

Política
Claudio Castro e governo federal acertam os ponteiros da recuperação fiscal
1/09/2023Nem os nove anos do acordo original e nem os 15 anos que chegaram a ser colocados sobre a mesa de negociação: o governador Claudio Castro e o Ministério da Fazenda estão prestes a fechar questão e esticar para 12 anos o prazo para o estado do Rio de Janeiro sair do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O acordo está em linha com as mudanças que a equipe econômica pretende fazer nas regras do RRF, ampliando o tempo de permanência no programa especial. A dívida pública do Rio gira em torno dos R$ 180 bilhões.
Em contato com o RR, a Secretaria de Fazenda do Rio confirmou que o “o Governo do Estado e o Ministério da Fazenda estão em tratativas para rever pontos do RRF”. Perguntada especificamente sobre o prazo do acordo, a Secretaria não se manifestou. Segundo dados oficiais, “desde a homologação do novo RRF, em junho de 2022, até o final de junho de 2023, o Rio pagou R$ 3,6 bilhões de dívida e foi compensado em R$ 421,98 milhões, decorrente das perdas de arrecadação motivadas pela redução do ICMS prevista nas Leis Complementares 192/2022 e 194/2022.” Ainda de acordo com a Secretaria de Fazenda, “até o fim deste ano, a previsão é que o Estado pague mais R$ 1,3 bilhão”.

Política
Sucessão na Anatel vira um duelo entre Lira e Pacheco
29/08/2023Arthur Lira e Rodrigo Pacheco estão travando uma queda de braço nos bastidores do TCU. Em jogo, o processo em curso na Corte que trata do mandato de dirigentes de agências reguladoras e pode decretar mudanças na Anatel. Pacheco trabalha pela permanência de Rodrigo Baigorri à frente da agência. Para isso, tem feito gestões junto ao TCU, especialmente ao ministro Bruno Dantas, para que a Corte entenda que mandatos em cargos diferentes sejam contabilizados separadamente. É o único veredito possível para que Baigorri siga no comando da Agência de Telecomunicações. No entanto, a pressão de Lira na mão contrária é pesada. O PP, do presidente da Câmara, quer fazer o próximo presidente da Anatel. Para isso, o TCU precisa decretar que Baigorri já ultrapassou o período máximo de cinco anos permitido por lei, somando-se o período como conselheiro e como presidente. Os movimentos de Lira dentro do Tribunal de Contas têm endereço certo: o ministro Jhonatan de Jesus, ex-parlamentar do Republicanos. O presidente da Câmara apenas está cobrando os “créditos” que tem junto a Jesus: Lira foi o principal articulador da indicação do ex-deputado a um cargo vitalício no TCU.

Política
Indigenistas vão pedir a Lula que interceda junto a Zanin
29/08/2023A cúpula do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à CNBB, já solicitou uma reunião com o presidente Lula. O assunto é Cristiano Zanin. No entendimento da ONG, maior referência na representação da causa indígena no país, o governo passou a ter um papel fundamental no trabalho de sensibilização de Zanin em relação ao julgamento do marco temporal. Hoje mesmo, pela manhã, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, se reuniu com o ministro do STF para tratar do tema. Na semana passada, Zanin foi contrário a uma ação contra a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, acusa de atos de violência contra indígenas da etnia Guarani Kaiowá. Entre os indigenistas, o voto acendeu um alerta. Foi interpretado como um sinal de que Zanin está inclinado a votar a favor do marco temporal, pelo qual os indígenas somente teriam direito de reivindicar terras ocupadas até a Constituição de 1988.
Política
O teatro de Ciro Nogueira com o governo Lula
28/08/2023À luz do dia, Ciro Nogueira faz campanha para que o PP fique fora do governo Lula; quando a noite cai, o ex-ministro de Jair Bolsonaro trabalha intensamente nos bastidores para emplacar Marcelo Lopes da Ponte na superintendência da Codevasf no Ceará. Está tudo em casa. Ele foi chefe de gabinete de Ciro no Senado, onde hoje seu filho, Marcelo Henrique Ponte, está lotado como auxiliar permanente júnior. No ano passado, Ponte comandou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Sob sua gestão, o FNDE esteve no centro das denúncias de desvio de recursos para atender pedidos de pastores evangélicos.
Política
PT entra de cabeça na campanha por Daniela Teixeira no STJ
25/08/2023No que depender do empenho de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e de Jorge Messias, advogado geral da União, uma das duas cadeiras em disputa no STJ já tem dona. Gleisi e Messias têm feito seguidas gestões junto ao presidente Lula pela indicação da advogada Daniela Teixeira. Seu nome consta da lista tríplice da advocacia encaminhada pelo STJ à Presidência da República. Ligada ao Grupo Prerrogativas, Daniela conta ainda com outros apoios dentro do próprio PT, como o ex-presidente do partido, Rui Falcão, e o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Política
Planalto já embrulha o pacote de cargos do Republicano
25/08/2023Assim que voltar da viagem à África, Lula vai se reunir com o deputado federal Marcos Pereira, presidente do Republicanos. O parlamentar teria sido avisado do encontro no início da noite de ontem, por meio do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. No tête-à-tête, Lula deverá confirmar o que Pereira tanto quer ouvir: o Republicanos vai indicar o futuro ministro dos Portos, no lugar de Marcio França, e o presidente da Funasa. No pacote talvez ainda caiba uma superintendência da Codevasf.

Política
Uma agenda sob medida para estreitar a distância entre Lula e o agro
16/08/2023Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Fazenda, Fernando Haddad, têm discutido medidas emergenciais de apoio aos produtores de leite, que atravessam uma forte crise. É tudo a toque de caixa. A ideia é que Lula capitalize o “pacote” de ajuda. O anúncio seria feito pelo próprio presidente no próximo dia 26 de agosto, em Esteio (RS), na abertura da Expointer, um dos maiores eventos do agro no Brasil. Uma das propostas sobre a mesa é a criação de uma linha de crédito especial do BNDES, algo similar aos R$ 2 bilhões que o banco de fomento deverá liberar para financiar o setor de proteína animal. Fávaro também busca junto à equipe econômica verba suplementar que permita à Conab retomar os estoques oficiais de leite – conforme o RR já informou. O ministro da Agricultura tem pressa. Além da delicada situação enfrentada pela pecuária leiteira, devido ao boom das importações e à forte queda dos preços no mercado interno, Fávaro enxerga uma oportunidade política.
No cálculo tanto de Fávaro quanto do próprio Palácio do Planalto, seria um gesto importante de aproximação com o agronegócio. A Frente Parlamentar da Agricultura tem feito seguidas reivindicações para que o governo restrinja as importações de leite e libere recursos para o setor. Hoje mesmo, segundo o RR apurou, produtores vão se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Vai ter mais pressão sobre Carlos Fávaro.
Em tempo: à medida em que a Expointer se aproxima, maior a preocupação de Fávaro e seus assessores com os movimentos do MST. Uma eventual escalada de invasões nas próximas duas semanas criaria uma ambiência inamistosa para a participação de Lula no evento.

Política
A “marcha cívica” de Lula com os evangélicos
10/08/2023A Frente Evangélica da Câmara articula um grande evento religioso em Brasília, na semana do 7 de Setembro, com a participação do presidente da República. O principal artífice é o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), que assumiu na semana passada a coordenação da “bancada da Bíblia” no Congresso. Câmara lidera uma espécie de dissidência da Frente Evangélica, encabeçando um grupo de parlamentares mais alinhados ao governo. O próprio Lula fez questão de conversar com Silas Câmara antes da sua posse e, não satisfeito, despachou três ministros para a efeméride – Marcio França, da Pasta de Portos e Aeroportos, Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, e Marcio Macedo, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. A aproximação com Câmara é vista no Palácio do Planalto como um pequeno grande passo de Lula para reduzir as notórias arestas com as igrejas evangélicas, que não são poucas. Nas últimas semanas, por exemplo, surgiu mais um ponto de fricção com a recomendação do Conselho Nacional de Saúde a favor da legalização do aborto e da maconha.
Política
PT pode dar um tiro no pé com ofensiva sobre Ricardo Salles
9/08/2023Ontem, no início da noite, circulava à boca miúda no Congresso a informação de que parlamentares do PT – à frente o próprio líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu – trabalham nos bastidores pelo afastamento do deputado Ricardo Salles da relatoria da CPI dos Sem Terra. O pleito já teria sido discutido com Arthur Lira. O objetivo dos petistas seria enquadrar Salles no regimento interno da Casa por seguidas quebras de decoro durante as sessões da CPI. Coisa de quem faz política com o fígado. O risco é a ofensiva contra Salles dar ainda mais voz ao parlamentar. Seria um “presente” para o ex-ministro do Meio Ambiente capitalizar junto ao seu eleitorado.

Política
Sindicalistas pedem a Tebet para estancar sangria de recursos do FAT
7/08/2023Os representantes dos trabalhadores no Codefat, conselho responsável pela gestão do FAT, já pediram a confirmação de agenda para uma reunião, nos próximos dias, com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Em pauta, o uso de recursos do Fundo do Amparo do Trabalhador para cobrir os buracos da Previdência Social. Os líderes das centrais sindicais com assento no Codefat vão pleitear à ministra que o Orçamento da União de 2024 não contemple o repasse de dinheiro do FAT para essa finalidade. A alegação é que o expediente tem reduzido o volume de recursos do Fundo disponíveis para programas de apoio ao trabalhador. A transferência é uma gambiarra que se intensificou no governo Bolsonaro. O orçamento deste ano, por exemplo, aprovado ainda na gestão Paulo Guedes, prevê o repasse de R$ 21 bilhões ao INSS – desse total, já foram empenhados R$ 14 bilhões.
Política
Ministro das Comunicações conseguiu escapar da guilhotina?
4/08/2023No União Brasil, a viagem de Lula ao Pará na próxima segunda-feira está sendo interpretada como um sinal de que Juscelino Filho permanecerá no Ministério das Comunicações. O presidente decidiu ir a Santarém para inaugurar o programa Norte Conectado, que interliga cidades da Amazônia por meio de cabos de fibra óptica. Trata-se de um dos principais projetos da gestão de Juscelino, que, desde o início do mandato, é apontado como um dos ministros mais frágeis e “demitíveis” do governo.

Política
O novo embate entre Arthur Lira e Renan Calheiros
3/08/2023A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) tornou-se o ringue do mais novo round político entre Arthur Lira e Renan Calheiros. O RR apurou há pouco que o senador emedebista indicou Guilherme Lopes para a superintendência da Codevasf em Alagoas. Guilherme é filho do prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes, um dos principais aliados de Calheiros no estado. É a política provinciana ricocheteando no Palácio do Planalto. O pleito de Renan Calheiros cria uma saia justa para o governo. A Codevasf alagoana é um dos feudos mais tradicionais do presidente da Câmara. Desde 2021, a superintendência está nas mãos de João José Pereira Filho, o “Joãozinho”, primo de Lira. “Joãozinho” já foi condenado duas vezes por improbidade administrativa quando era o prefeito de Teotônio Vilela (AL).

Política
Campos Neto e Aras são dois servidores em busca do seu “Dia do Fico”
3/08/2023O que não são 24 horas na vida de um servidor público. A reunião do Copom, realizada ontem, com a redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica pode ter redimido Roberto Campos Neto junto a Lula, Fernando Haddad e parte do PT, inclusive alguns dos seus membros mais raivosos. O imaginário slogan “Bota fé no Campos Neto, que ele passa para o lado de cá” teria um correspondente no “engavetador mor”, Augusto Aras, que tem “prestado serviços” a Lula, limpando sua barra até com o PT. Aras vem recebendo apoio a sua permanência de próceres, como Jaques Wagner e Rui Costa. O procurador geral da República tem detonado as bases da Lava Jato e acossado Jair Bolsonaro por todos os lados. São ações que calam fundo em Lula. Não há nada que tenha recebido o pollice verso do pragmático presidente como a dupla Lava Jato e Bolsonaro: estão condenados à “morte”. Aras tem pouco menos de dois meses para ser reconduzido ao cargo, período em que vence o seu mandato. Já Campos Neto tem 19 meses para criar fatos que o mantenham no posto.
Ontem, Campos Neto foi um dos membros do Copom que deram a maioria apertada para que a Selic descesse em 0,5 ponto percentual – cerca dois terços do mercado apostavam em um corte de 0,25 pp –, votando em uma queda maior da juros. E mais: o Comitê deixou praticamente cravado que o ciclo de afrouxamento da política monetária já está decidido e que podem ser esperadas recorrentes reduções de 0,5 pp na Selic. Haddad já afirmou que gostaria de 10 quedas sucessivas de 0,5 pp nas próximas reuniões do Copom, de forma a chegar uma taxa neutra dos juros de 5%, obtendo sucesso em colocar a inflação no centro da meta de 3% ou mesmo pouquinho acima. O ministro da Fazenda falou, meio que assim sem motivo, que esse prazo de derrubada da Selic culminaria com o período de saída ou recondução de Campos Neto do comando do BC. O que quis dizer com essa associação é ambiguidade pura.
Por um ângulo mais controverso, foi o “Campos Neto de Bolsonaro” que fez o “trabalho sujo” na política monetária para que Lula, com seis meses de governo, pudesse faturar a deflação e uma garantia de declínio firme da taxa de juros. Em agosto de 2021, o BC iniciou o seu longevo ciclo de aumento da Selic. O patamar de 13,75% durou de março de 2022 a junho de 2023. Foram 16 meses com os juros mais altos do mundo. Campos Neto enfrentou uma “inflação de pandemia”. Em um período de 12 meses desde o início da tragedia do coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% no país. Em São Paulo, o valor da cesta básica aumentou 29% devido aos efeitos nefastos do vírus assassino na economia. Com um afrouxo fiscal obrigatório devido à acidentalidade pandêmica, sobrou para segurar a inflação a política monetária, já que o câmbio sofreu pressão inclemente dos resultados excepcionais da exportação das commodities. Fazer o que nessa situação? – ribombava eufórica a Faria Lima.
A crítica maior que se faz ao presidente do BC, que na verdade não deveria ser feita só a ele, mas democratizada entre os 11 membros do colegiado da autoridade monetária, conforme tem insistido o RR, foi manter por tempo demais os juros em 13,75%, segurando o PIB por mais tempo do que o necessário. Talvez vá colher uma deflação maior do que a recomendável, digamos assim, e a inflação negativa contrai o crescimento econômico. Há controvérsias em relação ao erro, porque o PIB deste ano, ainda sob o impacto do arrocho da política monetária na economia, vai crescer acima das expectativas.
A especulação pró-Campos Neto e Aras é boa. Mas, contra a manutenção da dupla, contudo, há um trem petista vindo na direção oposta. Lula já demonstrou sobejamente que, se puder aparelhar os principais cargos da economia, fará as mexidas animadamente. Por outro lado, o próximo presidente do BC já está encomendado: Gabriel Galípolo, principal assessor de Haddad, foi conduzido a diretoria de Política Monetária – segundo cargo mais importante depois da presidência da instituição – com o intuito de substituir Campos Neto no final do seu mandato, em novembro de 2024. Mas se o BC entregar uma Selic de menos 0,75%, com voto favorável do atual comandante da instituição? E se houver uma composição para que Galípolo ocupe um outro cargo estratégico dentro do governo? E se votar pró-governo em outras decisões relevantes. E se a inflação ficar abaixo do centro da meta? Haddad disse que “o Brasil acordou mais aliviado com a queda da Selic”. Campos Netto também deve ter acordado melhor. Se 24 horas podem ser o tempo absoluto para um funcionário público, o que se diria de 570 dias.

Política
Zema busca apoio de Marina Silva para fechar acordo com a Samarco
3/08/2023O governador Romeu Zema tem mantido conversações com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na tentativa de acelerar a repactuação do acordo com a Samarco, leia-se Vale e BHP, referente à tragédia de Mariana, em 2015. Em parte, a assinatura dos termos de reparação tem esbarrado em divergências quanto ao valor da indenização dentro do próprio Grupo de Trabalho criado pela Pasta do Meio Ambiente. Some-se o fato de que a Samarco e seus acionistas resistem a pagar o valor considerado mais justo para mitigar os efeitos do desastre ambiental e social.
Não obstante o impasse, Marina tem sido tratada por Zema como uma aliada para o fechamento do acordo. O mesmo já não se pode dizer de Rui Costa, ministro da Casa Civil. Nas conversas em Brasília, o governador de Minas não tem economizado nas críticas a Costa. Zema tem atribuído a demora na assinatura do acordo a manobras de bastidores do ministro da Casa Civil com o objetivo de estender o pagamento da indenização a cidades do sul da Bahia, seu estado. A princípio, a repactuação com a Samarco alcança apenas Minas Gerais e Espírito Santo.

Política
Rui Costa teme a “invasão” do MST em pautas do interesse do governo
2/08/2023O ministro da Casa Civil, Rui Costa, é o mais incomodado no Palácio do Planalto diante da falta de compromisso do MST com a palavra dada. O combinado com o presidente do Movimento, João Pedro Stédile, é, logo a seguir, descombinado sem quer haja interlocução prévia com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira. Já chega no Palácio como fato consumado. Há uma complicação adicional. Lula tem por Stédile declarada gratidão, devido ao presidente do movimento social ter colaborado, em momentos chaves, arrefecendo as ocupações em terras. Um exemplo: na disputa eleitoral do ano passado o MST reduziu ao mínimo o ritmo das suas invasões e criou 7.000 comitês de luta e “campanha”. Quando o assunto é tratado, Lula responde no seu estilo do “pode ser que sim, mas é bom pensar melhor”. Recado de que não quer mexer no vespeiro.
Rui Costa, contudo, sabe que o perigo cavalga a cavalo e quer agir rapidamente, devido ao risco das CPIs do MST e do 8 de Janeiro, que foram instaladas em maio e, a princípio, deveriam ser concluídas ainda julho (a CPI do 8 de Janeiro já ganhou 60 dias de prorrogação), embolarem com a PEC do arcabouço fiscal. Das emendas constitucionais de interesse imediato do governo essa é mais urgente. Precisa da aprovação do Congresso para ontem. E justamente essa que o presidente da Câmara, Arthur Lira, usa como carta na mesa para ter aprovada a minirreforma ministerial do Centrão. Devido à dificuldade na condução do problema com o MST, Costa analisa trazer reforços para que o assunto seja tratado com maior celeridade. Alguns nomes, com proximidade com Stédile, tais como Miguel Rosseto e Patrus Ananias, ambos ex-ministros nas áreas de reforma agrária e segurança alimentar, seriam convocados para adensar as conversações, isoladamente ou em grupo. Maria Fernanda Coelho também é pensada para integrar a força tarefa, mas é considerada, digamos assim, uma ministra “easy” do Desenvolvimento Agrário – ocupou o cargo em 2016, no fim do governo Dilma. Raul Jungmann, que se entrosava melhor com os sem-terra, virou lobista do Instituto Brasileiro de Mineração. De uma certa forma, está até na ponta contrária.
E onde fica o ministro Paulo Teixeira? Ele tem entregado anéis e até os dedos para amaciar o MST, mas até agora não teve nenhuma recíproca. Teixeira diz que o governo retornará com tutta forza della macchina o programa de reforma agrária no Brasil. Criou uma Comissão de Mediação de Conflitos Fundiários, chamando uma juíza, uma defensoria pública e um delegado de política. O resultado é pífio, os membros da Comissão não têm praticamente agenda de trabalho com o ministro do Desenvolvimento Agrário e, provavelmente, nunca sequer viram alguma das autoridades do governo central. Teixeira fala, fala, fala, mas não tem tato. Afirma, ao mesmo tempo, que o “governo não vai admitir ocupações de terra fora da lei”, com a mesma ênfase que promete carinhos ao MST. Se confunde todo afirmando que “quando os movimentos souberem de alguma terra improdutiva, basta indicá-la ao Incra”. Só que o orçamento do Incra para compra de terras, neste ano, é de apenas R$ 2 milhões.
O MST tem mandado bala. Promoveu o “Abril Vermelho”, referência ao massacre de Eldorado do Carajás (PA), fez uma invasão prolongada nas terras da empresa Suzano e ocupou até áreas da Embrapa. E tem conflitos fundiários em São Paulo, com o nome de “Marielle Vive”; em Minas Gerais, perto de Alfenas; e um pesado ataque fundiário no sul do Pará. Não custa rememorar que o MST, entre organizações, associações e cooperativas, é responsável por 30% da produção alimentar, incluindo os diversos itens agrícolas.
A confusão é tão grande que a questão fundiária envolve 27 siglas, entre órgãos federais e instituições internacionais. Mas qual a quantitativa divergência entre o MST e o governo? Pois bem, Paulo Teixeira afirma que são 80 mil famílias à espera de assentamento. O MST, por sua vez, diz que são 100 mil famílias, das quais 30 mil, em processo de assentamento, até agora levaram um beiço do Incra. Por enquanto, o que se conclui desse enorme imbróglio é que está difícil a paz no campo, que a CPI do MST pode enrolar a aprovação do arcabouço – que não tem compromisso de prazo –, afetar a política econômica de Fernando Haddad e deixar o ministro Rui Costa arrancando os cabelos, já que parece ser o único no Palácio do Planalto que está dando maior peso a questão.

Política
Ex-presidente da CEF amplia seu raio de ação no governo
2/08/2023Há um nome em alta no Palácio do Planalto. A ex-presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, nº 2 da Secretaria Geral da Presidência, é hoje uma das assessoras com mais prestígio junto ao presidente Lula. Com uma atuação transversal, tem colaborado na formulação de propostas que vão do PAC, na Casa Civil, ao Minha Casa, Minha Vida, vinculado ao Ministério das Cidades – a ponto, inclusive, de gerar alguns desconfortos ao entrar em jurisdições alheias, como na esfera de atuação da ex-ministra Miriam Belchior, secretaria executiva da Casa Civil. Mas, no PAC, é bom que se diga, quem manda mesmo é Belchior.

Política
“Lei dos vazamentos” paira sobre a mesa de Arthur Lira
1/08/2023O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem sido assediado para apoiar uma “lei dos vazamentos”. Parece um negócio difícil de pegar. Afinal, vale a sensaboria: vazamentos são vazamentos. Assim foi a festa da Lava Jato. Ocorre que cada vez mais os vazamentos são oficiais, digamos assim. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que o diga. O órgão praticamente assina a quebra de sigilos financeiros, ignorando que os inquéritos estão em andamento, que a defesa ainda desconhece o teor das investigações e que o expediente prejulga o infeliz junto à opinião pública. Nos tempos tenebrosos de Sérgio Moro e “República de Curitiba”, a explicação para o procedimento, feito à luz do dia, era que a pressão da imprensa ajudava a evitar que os processos fossem para a gaveta ou parassem devido à influência de algum “poderoso”. Deu no que deu. Agora, o próprio Moro tem de rezar para não ser vítima da sua criatura. Não se sabe como Arthur Lira conduzirá as conversações, nem mesmo se os deputados incomodados têm disposição ou força para tocar o pleito para frente, mas quando uma lei, a que proíbe os vazamentos de quebra de sigilos nos inquéritos, deixa de ser tratada como lei, há algo de errado que precisa ser corrigido.

Política
“Pacto” entre Lula e Lira tem bônus cruzados e alto retorno para o presidente
1/08/2023O acerto de Lula com Arthur Lira, seja lá o nome que se queira chamar, custa caro para o governo, mas vai render bons frutos para o presidente. Lula diz que não quer conversa com o Centrão, mas com todos os partidos. Na verdade, o papo firme é com Lira, que é quem fala com as siglas. A palavra Centrão já entrou no vernáculo com um significado próximo a “holding de partidos, cujos objetivos, é retirar o máximo de recursos em verbas e cargos”. Lula vai retribuir serviços prestados pela “holding” em número bem superior ao de Jair Bolsonaro, mas o acordo é que os projetos de lei e reformas emanem, prioritariamente, do Congresso e não sejam enviados como de autoria do governo. O orçamento e o arcabouço balizarão montantes. Eles dão os limites. O resto segue as regras conhecidas do troca-troca da política.
O presidente da Câmara, que já tinha dito, espontaneamente, sobre a probabilidade de aprovação de uma reforma administrativa em dois meses – o projeto já está na CCJ, mas provém da gestão Bolsonaro – vai usar, brevemente, a lógica reversa. Dizer que a reforma administrativa é um projeto da Câmara, segundo Lira, adaptado pelo atual governo e que já contaria com o apoio de Lula. A reforma tributária do consumo será aprovada em oito meses, dependendo é claro da celeridade do Senado.
Vale o registro de que a reforma tributária é tentada há 30 anos sem êxito. Mas, a conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é mais fácil; o custo da casa, mais barato, a identificação do interesse dos estados, muito mais veloz; e há bem menos dispersão. Lira já adiantou que a reforma tributária da renda será bem recebida e com tramitação rápida, e os projetos do PAC tratados com entusiasmo pelo “Centrão”.
Lula deixou claro que as PPPs serão bônus valiosos para que o entendimento entre as partes perdure o mais longe possível. Se vingar o que a dobradinha Lula e Lira almejam, o presidente poderá dizer que nunca na história nenhum outro mandatário aprovou tantas reformas estruturais em tão pouco tempo. E com razoável probabilidade de emplacar ainda uma reforma federativa. Lembrando que existe no meio do caminho uma pedra chamada PT. E o risco, ainda que hoje pequeno, de Lira se transmutar em Eduardo Cunha. Mas, aparentemente, Lula dá conta desses fatores.

Política
Centrão quer arrancar Sudene da cota do PSB
1/08/2023A Caixa Econômica é hoje a peça mais importante no xadrez que Lula está jogando com o Centrão. São muitas variáveis em jogo, a começar pela notória preferência do Palácio do Planalto em nomear uma mulher para o lugar de Rita Serrano – nesse caso, o nome mais cotado é o de Margarete Coelho, que conta com a confiança de Arthur Lira. Diante desse desenho, o próprio PP já busca um Plano B para Nelson Antonio de Souza, inicialmente indicado pelo partido para a presidência da CEF. A alternativa colocada sobre a mesa é a nomeação de Souza para o comando da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Trata-se, sim, de um downgrade – mesmo porque não há tantas cadeiras no governo tão valiosas quanto a presidência da Caixa, mais cobiçada do que muitos ministérios. Ainda assim, a Sudene tem sua relevância política, a começar pela ingerência sobre o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), dono de um orçamento de R$ 34 bilhões para este ano. Além disso, Nelson de Souza tem uma notória ligação com a região: já foi presidente do Banco do Nordeste. Tudo muito, tudo muito bem, mas o Plano B negociado pelo PP tem uma contraindicação. A eventual nomeação de Nelson de Souza para a Sudene significaria a saída de Danilo Cabral, que assumiu a chefia do órgão há menos de dois meses. Cabral foi indicado pelo PSB, partido de Geraldo Alckmin e importante aliado do PT no Nordeste.

Política
Simone Tebet pode comandar o conselho das “11 mulheres de ouro”
28/07/2023No encontro que Simone Tebet deverá ter com Lula, na próxima terça-feira – uma conversa cheia de dedos, por sinal, devido à forma deselegante como o próprio presidente interveio no Ipea – a ministra poderá ser surpreendida com um convite cor de rosa choque. A primeira-dama, Janja, convenceu Lula de que, mesmo com o aumento de cargos no Ministério, as mulheres não foram devidamente emponderadas no governo. Tebet, caso a ideia ande, seria recebida por Lula com um agrado: a ministra do Planejamento acumularia a presidência de um Conselho de ministras, todo composto de mulheres fortíssimas, que teria uma agenda de encontros formal com o próprio presidente. Esse colegiado contaria com Nísia Trindade (Saúde), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Margareth Menezes (Cultura), Cida Gonçalves (Mulheres), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), Ana Moser (Esporte) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).
Esse grupo seria uma espécie de Conselho Consultivo, sem poder de decisão efetiva, mas com influência direta junto a Lula. E não será pouca a influência, pois Janja participaria no agrupamento. No Palácio, o virtual Conselho já está sendo chamado das “11 mulheres de ouro”. Tebet seria agraciada não somente com a maior titularidade, o que poderia ser interpretado como uma função meramente simbólica, mas também como a porta voz do Conselho junto à Presidência – claro que Janja será a porta voz no lar. Ou seja: a ministra do Planejamento ampliaria o seu acesso ao presidente, o que permitiria tratar também de questões da sua própria Pasta.
O “Conselhão ” não discutirá temas relacionados aos respectivos ministérios ocupados pelas conselheiras. A proposta é correr por fora dos temas comuns a cada Pasta. Mas as conversas e propostas poderão ser transversais a outros ministérios, Justiça e Defesa, por exemplo. Até prova em contrário, a medida afagaria Tebet, que sairia do caso Ipea até fortalecida. Se Lula encarar, estará dando mais uma tacada política, que pode, inclusive, ter repercussão internacional. Será a Presidência da República mais ESG do mundo. A ideia, que ninguém nos ouça, foi da Janja, que opina mais do que Cida Gonçalves, a ministra das Mulheres, em tudo o que diz respeito à presença feminina no governo.

Política
Arthur Lira enxerga segundas intenções na proximidade entre Republicanos e Planalto
28/07/2023Arthur Lira não admite perder o monopólio. O presidente da Câmara fez chegar a Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, o seu incômodo com as negociações diretas entre o Palácio do Planalto e deputados do Centrão em torno da reforma ministerial. O episódio que gerou maior mal-estar foi o de Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Ele esteve no Palácio para conversar diretamente sobre a sua iminente ida para o Ministério dos Esportes. Lira enxerga figura e fundo. Seu olhar vai muito além da possível nomeação de Costa Filho. Seu foco se concentra no que pode estar por trás do tititi entre o Palácio e o Republicanos: o possível apoio a Marcos Pereira, presidente do Partido, na eleição para o comando da Câmara, em 2025.

Política
Haddad precisa resistir à repetição do velho “clubinho” unicampinense
27/07/2023Fernando Haddad, que é um dos maiores achados para o Ministério da Fazenda desde Antônio Palocci – Paulo Guedes, apesar do excesso de convicção e histrionismos, também teve seus bons momentos, vide a reforma da Previdência – corre o risco de repetir o governo Dilma e formar na sua equipe econômica um “clubinho” de economistas deserdados. Deserdados porque todos erraram nos diagnósticos e recomendaram e/ou implementaram medidas fundamentadas nos seus próprios equívocos de interpretação. Por isso, foram colocados ao relento das funções executivas e perderam o pouco prestígio que tinham na academia. A ratificação do economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE por Fernando Haddad denota uma rachadura na intocável performance do ministro até agora. Se havia dúvidas em relação à formação do “clubinho”, elas estão sendo dissipadas.
Pochmann, que não tem nada a ver com estatísticas e apresenta um viés ideológico bastante acentuado, corre o risco de desacreditar o órgão, noves fora a fortíssima probabilidade de aparelhá-lo. Ele foi aluno de Luíz Gonzaga Belluzzo, primo de Guilherme Mello , secretário executivo de Política Econômica de Haddad e amigo de Gabriel Galípolo, que escreveu um livro a quatro mãos com Belluzzo, que participa da articulação (com Gleisi Hoffmann) para achar um lugar para Guido Mantega em algum órgão da Fazenda ou cercanias; Mantega, por sua vez, tem relações de afetividade com Ricardo Carneiro – um esquecido colaborador, professor titular da Universidade de Campinas -, que participou de vários comitês de campanha de Lula para montagem dos programas econômicos. Todos, por outro lado, têm estima e carinho pela economista Laura Carvalho, professora da FEA-USP queridíssima, uma menina, com seus 39 anos, em meio aos macróbios barões unicampinenses. Laura ainda não encontrou o seu lugar nessa dança das cadeiras onde todos terminam sentados. Mas vai encontrar.
E daí volta para a matriz do “clubinho”, ou seja, o universal Belluzzo, uma espécie de xamã unicampinense que Lula já quis por várias vezes tornar presidente do BC e é responsável pela aproximação do secretário do Tesouro, Rogerio Ceron, de Fernando Haddad. Ceron escreveu três livros em parceria com Belluzzo. É um círculo vicioso carcomido por profissionais condenados, no mínimo, pela conivência com Febeapá econômico que assolou o país. Velhos hábitos são difíceis de serem mudados.
Para não cometer injustiças, vale lembrar que muita gente dos dois lados das fronteiras ideológicas, de fora do “clubinho”, também bateu cabeça na política econômica. No momento, é importante blindar Haddad dessa ofensiva de velhos amigos, dissuadi-lo dessa lealdade infeliz ou mesmo convencê-lo de que remontar o “clubinho” é um chute no próprio pé. Já está de bom tamanho. Se quiser trazer mais técnicos à esquerda para seu Ministério que o faça. Mas traga gente nova, arejada, de fora da pauliceia, evitando abrir espaço para um grupo um tanto obscurantista, que deixou uma herança de desacertos nas diversas incursões feitas pela política econômica. Como dizia o velho Eliezer Batista, “Às vezes eles até pensam bem, derivam com criatividade, mas, como erram a gestalt, o que se vê é a repetição das mesmas ideias adornadas com bijuterias intelectuais desconformes”.
De tudo o que foi dito, o RR tem uma informação firme em relação ao “clubinho”: está sendo procurado rapidamente um cargo para Guido Mantega, que pode ser até o IPEA, motivo de rusga da ministra Simone Tebet, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o próprio Haddad. Ou ainda a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos. Mas o vacilo maior foi de Tebet. A ministra levou a presidenta do Ipea, Luciana Servo, a dar um tiro na reforma tributária quase aprovada, dizendo que teremos o maior IVA do mundo (https://relatorioreservado.com.br/noticias/rui-costa-nao-engole-o-gol-contra-de-simone-tebet/). Ainda bem que o tiro passou de raspão. Mas, com o disparo, Mantega tem mais chance de se aboletar no Ipea.
Política
Procura-se um cargo para Jorge Samek no governo
26/07/2023A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está empenhada em encontrar um cargo no governo para o ex-presidente de Itaipu, Jorge Samek. No momento, tenta emplacar Samek na diretoria da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), holding onde estão penduradas a própria Itaipu Binacional e a Eletronuclear. Seria o famoso “cair para cima”. Durante o período de transição, Samek esteve cotado para voltar à presidência da hidrelétrica. No entanto, perdeu a disputa para Ênio Verri, curiosamente indicado pela própria presidente do PT. Se Gleisi quer mesmo emplacar Samek no governo, basta falar com Janja. Ambas são unha e carne. Foi Gleisi que, em 2019, conseguiu um emprego para a atual primeira-dama em Itaipu.

Política
Flavio Dino desponta como principal avalista de Andre Fufuca
26/07/2023Flavio Dino mergulhou de cabeça nas articulações para que o deputado federal André Fufuca (PP-MA) assuma o Ministério do Desenvolvimento Social – na cota prometida ao PP. Sob certo aspecto, Fufuca tem crédito político junto ao atual ministro da Justiça: foi o principal responsável pela costura que levou o seu partido à base de apoio de Dino, então governador do Maranhão, em 2021. Em tempo: cabe lembrar que, durante o período de transição e de montagem do governo Lula, houve uma rusga entre Flavio Dino e Wellington Dias, atual titular do Desenvolvimento Social. À época, Dias defendeu a cisão do Ministério da Justiça, com a consequente criação de uma Pasta da Segurança Pública, o que, na prática, reduziria os poderes de Dino. O ex-governador do Maranhão ganhou a queda de braço.

Política
Meio Ambiente ganha peso na gestão do “Novo PAC”
25/07/2023Há uma costura para que o Ministério do Meio Ambiente participe dos grupos de discussão e implementação do “Novo PAC”, por enquanto na esfera unicamente do Ministério da Casa Civil. É difícil a combinação de Marina Silva e Rui Costa. Mas faz o maior sentido. Se o meio ambiente será o eixo transversal a todas as obras e demais iniciativas, natural que a Pasta de Marina esteja representada. Aliás, outro eixo transversal, a inclusão do trabalho de forma sustentável, deveria contemplar também as centrais sindicais. Por enquanto, estão convidados para participar da cereja do bolo de Lula somente o Ministério da Indústria e Comércio e o BNDES, que deveriam mesmo ter assento no comitê do PAC.
Na verdade, como o Brasil é um país sem memória, o modelo para nortear o PAC já está pronto e dispensa tanto trololó. Basta revisitar o estatuto da Comissão Permanente de Negociação entre representantes do governo, centrais sindicais e de entidades da construção civil, criada no dia 31 de 2011, idealizada pelo saudoso ex-ministro das Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, juntamente com o então ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Na época, o meio ambiente ainda não tinha a proeminência que tem hoje, mas já despontava como uma variável obrigatória nas discussões da construção pesada. Veio a Laja Jato e exterminou com tudo: a Comissão Tripartite, as empreiteiras e as obras que estavam em andamento ou no backlog. Por trás das discussões no Palácio do Planalto, repousava em mãos de Tourinho, um projeto costurado com o engenheiro Eliezer Batista, chamado de “gestão integrada de obras sustentáveis”. A novidade que veio bater à praia da sustentabilidade nacional ficou escondida na areia do Palácio do Planalto. Saiu da contraposição de mapas e estatísticas e foi repousar em alguma gaveta empoeirada. A gestão integrada consistia em que os projetos que envolvessem obras levassem em consideração todo o entorno das construções, incluindo a preservação do meio ambiente, a melhoria da qualidade de vida da população, treinamento e capacitação dos funcionários, garantia de que a comunidade sairia da obra melhor do que entrou – evitando a “síndrome de Macaé”, quando ao término das explorações da Petrobras a cidade desceu ladeira abaixo.
O governo, por enquanto, se preocupou com duas agendas não constantes no projeto do velho Eliezer: a prioridade à indústria nacional e, uma excelente ideia, buscar integrar o cadastro do Bolsa Família aos contratados para trabalhar nas obras do Novo PAC. Falta saber como dará sustentabilidade aos empregos daqueles que ascenderem de beneficiados pelo assistencialismo a trabalhadores formais. De qualquer forma, tudo parece inicialmente auspicioso. Planejamento, coordenação, políticas públicas de desenvolvimento e uma combinação de financiamentos do governo com recursos do mercado de capitais pareciam palavras e iniciativas condenadas ao desterro.

Política
Rui Costa não engole o “gol contra” de Simone Tebet
25/07/2023A postura da ministra Simone Tebet ao levar a Fernando Haddad uma pesquisa do Ipea apontando uma alíquota de 28% para o IVA (Imposto de Valor Agregado) causou desconforto no governo. Quem mais se incomodou foi Rui Costa, ministro da Casa Civil. Costa vem ressoando dentro do Palácio do Planalto críticas ácidas à atitude da ministra do Planejamento. Chegou a percorrer os principais gabinetes palacianos, inclusive o de Lula, reclamando do episódio. A leitura de Costa é que Simone Tebet quis surfar politicamente em cima do estudo e jogou contra o próprio governo, gerando um ruído desnecessário em plena tramitação da reforma tributária. Ao se reunir com Haddad, levando junto a própria presidente do Ipea, Luciana Servo, Tebet lançou luz sobre o paper, que crava a futura alíquota do novo tributo como a mais alta do mundo. A repercussão obrigou Haddad a vir a público se manifestar sobre o assunto e dizer que o estudo do Ipea “não tem análise de impacto sobre sonegação, sobre evasão, sobre corte de gastos tributários, ou seja, uma série de questões que precisam ser levadas em conta para fixar a alíquota”. Em tempo: não custa lembrar que, em março, o próprio Lula passou um pito nos ministros, dizendo que nenhum deles poderia anunciar “absolutamente nada que seja novo sem passar pela Casa Civil”.
Política
Conab entra na lista de “contrapartidas” do Republicanos
24/07/2023A ala do Republicanos disposta a embarcar no governo Lula – encabeçada pelo próprio presidente do partido, Marcos Pereira – começa a colocar suas cartas sobre a mesa. Além do Ministério do Esporte, a sigla já sinalizou ao Palácio do Planalto o interesse na Conab. O nome do Republicanos para a presidência da estatal seria Cesar Hallum, ex-secretário de Política Agrícola no governo Bolsonaro. Atualmente o cargo é ocupado por um petista, Edgar Pretto, ex-deputado estadual no Rio Grande do Sul. Transferida do Ministério da Agricultura para a Pasta do Desenvolvimento Agrário no início da gestão Lula, a Conab tem como maior ativo político a gestão dos estoques públicos de grãos e, consequentemente, algum grau de ingerência sobre a formação de preços de insumos agrícolas no mercado interno.

Destaque
Paulo Guedes coloca algumas pitadas na reforma tributária
19/07/2023Além dos naturais representantes de setores que serão impactados pelos aumentos de impostos – como serviços, comércio, agronegócios e e-commerce – o deputado Aguinaldo Ribeiro, relator da Reforma Tributária, consultou Paulo Guedes sobre alguns pontos polêmicos do projeto. Entram nesse rol, por exemplo, os impostos seletivos e a alíquota básica. Guedes, segundo apurou o RR, defendeu uma ampliação dos tributos junto a alguns segmentos de forma a reduzir a alíquota básica, que atinge toda a economia graúda. O ex-ministro bateu em uma tecla bem conhecida, ou seja, resgatar a ideia do “sin tax”, ou imposto do pecado, que se traduz em tributar alimentos ultraprocessados e com muito teor de açúcar, entre outros que não fariam bem à saúde. O aumento do gravame nos setores de tabaco e bebida também estaria na lista de medidas sugeridas.
Perguntado se esses últimos setores já não estariam demasiadamente tributados, Guedes saiu-se com a seguinte resposta: “Vejam o balanço deles…” Para aliviar essas medidas duras e politicamente antipáticas, o ex-ministro sacou da mesma receita de sempre: que se resgate a CPMF, modulado conforme o gosto do freguês. É o Paulo Guedes de sempre. Sem o action e o espaço para provocações, tem propostas sensatas.
Política
Arthur Lira entra pesado na sucessão do TST
19/07/2023O presidente da Câmara, Arthur Lira, está empenhado em fazer o futuro ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Lira articula com a cúpula da OAB – a começar pelo próprio presidente do Conselho Federal, Beto Simonetti – a inclusão do alagoano Adriano Avelino na lista sêxtupla que será enviada pela Ordem ao presidente Lula. Avelino é advogado de Lira. O pano de fundo é mais uma disputa entre os dois principais adversários da política alagoana. Renan Calheiros, desafeto do presidente da Câmara, tem um nome para a vaga no TST: o também advogado alagoano Fernando Paiva, ex-integrante do Conselho Federal da OAB.
Política
PSD sai na pole position pelo comando da Funasa
18/07/2023O PSD, de Gilberto Kassab, já fez chegar ao Palácio do Planalto uma indicação para a presidência da Funasa, cobiçada por dez entre dez partidos do Centrão. Trata-se de Marlos Costa de Andrade. Além de Kassab, Andrade tem como padrinho o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE). Há um senão: Marlos Andrade carrega contra si o fato de ter sido diretor do departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp) da própria Funasa durante o governo Bolsonaro. No entanto, o PSD tem trabalhado para desvincular a imagem de Andrade do governo do ex-presidente da República, com o argumento de que o Densp é, digamos assim, seu protetorado político desde a gestão de Michel Temer.
Política
Um ponto de corrosão a mais na engrenagem bolsonarista
17/07/2023Na última sexta-feira, nos corredores do Congresso, circulou a informação de que o deputado Antônio Carlos Rodrigues está articulando uma diáspora no PL, com a saída de parlamentares da ala mais moderado do partido. O grupo seria composto por parte dos 20 deputados que votaram a favor da reforma tributária na Câmara. Seria mais um sinal de erosão no bloco bolsonarista no Congresso. Com o agravante de que muito provavelmente esse grupo vai aderir à base governista. O próprio Rodrigues tem história nas gestões petistas: foi ministro dos Transportes no (breve) segundo mandato de Dilma Rousseff.

Política
Gestão Lula abre as torneiras no Nordeste
14/07/2023O governo Lula está somando crédito daqui e dali para irrigar os estados do Nordeste. O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, sinalizou aos governadores da região que o orçamento do Crediamigo, a carteira de microcrédito da instituição, deverá chegar a R$ 13 bilhões neste ano. A cifra representa um aumento de 30% em relação ao valor desembolsado no ano passado (R$ 10 bilhões). O BNB pretende liberar ainda algo em torno de R$ 8 bilhões em recursos do Agroamigo, seu programa de microcrédito rural. A essa conta devem ser adicionados ainda os R$ 40 bilhões em repasses da Sudene, por meio dos fundos Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE). A pergunta que não quer calar é de onde Lula vai tirar o dinheiro para tantos programas de financiamentos com a restrições fiscais aprovadas. Mas isso parece ser um detalhe para o presidente
Política
Uma fatura a mais na contabilidade do PL
14/07/2023Ainda que indiretamente, a “conta Bolsonaro” não para de crescer no PL. Do jeito que a coisa anda, ainda vai furar o caixa do partido. A deputada federal Carla Zambelli negocia com Valdemar da Costa Neto o apoio da sigla para custear a sua defesa. Antes, a parlamentar terá de buscar um novo advogado. Até a semana passada, Zambelli era representada pela banca de Karina Kufa, que deixou a função por “inviabilidade financeira da cliente”, um eufemismo para falta de pagamento. Um dos nomes cotados para assumir a defesa é a advogada Luciana Lóssio. Haja apoio do PL. Luciana é um peso-pesado da área, ex-ministra do TSE e presidente da Comissão de Direito Eleitoral do Instituto dos Advogados Brasileiros. Carla Zambelli é citada em mais de 40 processos em tramitação Tribunal Superior Eleitoral

Política
Bolsonaristas montam um palanque para adversária de Nicolás Maduro
12/07/2023Parlamentares bolsonaristas, liderados por Eduardo Bolsonaro, articulam a vinda de Corina Machado ao Brasil para participar de uma série de palestras voltada ao eleitorado da direita. Corina lidera as pesquisas de opinião entre todos os 14 pré-candidatos de oposição na Venezuela. É a favorita para as eleições primárias de outubro e consequentemente para disputar a eleição presidencial do ano que vem contra Nicolás Maduro. Isso se Corina puder concorrer. No mês passado, a Controladoria Geral da República da Venezuela declarou a inelegibilidade da ex-deputada. Eduardo Bolsonaro e aliados próximos enxergam a oportunidade de pegar carona no episódio e colar o caso de Jair Bolsonaro ao de Corina Machado, para reforçar a tese de que o ex-presidente foi alvo de perseguição política do TSE.
Política
Semiárido Legal divide governadores da Sudene
10/07/2023Um tema controverso deverá vir à tona na reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, marcada para hoje, às 11h: a reinclusão ou não dos 50 municípios excluídos do chamado Semiárido Legal ainda no governo Bolsonaro, mais precisamente em janeiro do ano passado. O status está longe de ser uma mera questão protocolar. É algo com razoável impacto sobre as finanças de cidades da região. Os municípios enquadrados no Semiárido Legal têm acesso a uma série de benefícios, notadamente no repasse de verbas federais.
Dos 11 governadores que compõem o Conselho Deliberativo da Sudene, a mais empenhada na revisão da medida é Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte. Seu estado foi o mais afetado pela mudança: 10 municípios foram retirados do regime especial. Na época, a alteração foi justificada pelo fato de que essas cidades não teriam déficit hídrico acima de 60% e média de precipitação pluviométrica abaixo de 800 ml, requisitos para o enquadramento. No entanto, as Prefeituras e governos estaduais afetados argumentam que a decisão não poderia ser tomada enquanto a região estava sob os efeitos do El Niño, que alterou temporariamente as condições climáticas.
O Conselho da Sudene está dividido. O pano de fundo da questão é um cabo de guerra federativo por verbas. Na contramão, também no ano passado, outras 215 cidades foram incluídas no Semiárido Legal. Os governadores dos estados mais beneficiados, como Minas Gerais, são pressionados a votar contra nova mudanças.
Política
Washington Quaquá vira alvo de Rui Costa e Alexandre Padilha
10/07/2023O que se diz no Palácio do Planalto é que os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Articulação Política, Alexandre Padilha, trabalham para esvaziar o deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ). O objetivo é reduzir seu poder de influência nas negociações com o Congresso. Dentro do próprio partido, Quaquá tem causado incômodo pela excessiva proximidade com o presidente da Câmara, Arthur Lira, pecha, inclusive, que repousa sobre outros parlamentares petistas neste momento, como José Guimarães. Mas, como se sabe, o PT é uma coisa e Lula é outra. Talvez Quaquá esteja cumprindo uma missão que nem Costa nem Padilha têm conseguido desempenhar a contento.

Política
Tarcísio inicia road show pré-eleitoral no exterior bem ao estilo de Lula
7/07/2023Tarcísio de Freitas iniciou sua campanha à Presidência da República. O vídeo em que aparece sob vaias de “bolsonaristas” em uma reunião do PL, na última quinta-feira, representa simbolicamente o lançamento da sua candidatura. A cena mimetiza os movimentos políticos que vêm sendo cuidadosamente feitos pelo governador de São Paulo. De forma pragmática, Tarcísio tem se distanciado do radicalismo de Jair Bolsonaro, em um processo de higienização que o credencia a ser a segunda via na eleição de 2026. O ex-ministro da Infraestrutura está pavimentando o caminho para ser o candidato capaz de amalgamar o centro e a dita direta civilizada, além de alguns “fanáticos ma non troppo” ainda vinculados a Bolsonaro. E a construção da candidatura mira, desde já, tanto o front interno quanto externo. Tarcísio confidenciou a assessores a intenção de iniciar, no ano que vem, um giro de viagens internacionais. Vai correr o mundo com o chapéu de governante responsável pelo segundo maior PIB do Brasil, com o discurso para boi dormir que vai passar o pires junto aos gringos para trazer investimentos diretos para São Paulo.
Há um aspecto importante a ser considerado do ponto de vista, digamos assim, geopolítico: o fortalecimento do nome de Tarcísio Freitas puxa quase que definitivamente a disputa presidencial de 2026 para dentro de São Paulo. Lula chegará à disputa eleitoral às vésperas de completar 81 anos. Sempre haverá a tentação de poder e a hipótese de o presidente entrar em 2026 com expressivos índices de popularidade. Hoje, no entanto, o mais provável é que ele use esse cacife para fazer seu sucessor. E os dois principais candidatos a candidatos estão também na Paulicéia, cada qual com seus respectivos handicaps. Fernando Haddad está algumas jardas à frente de todos. Além da condição de petista raiz, é o cara do momento. A aprovação da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal o colocarão em um patamar mais alto, inclusive junto à Faria Lima, que, de primeira, torceu o nariz para a sua nomeação como ministro. Um PIB médio em torno de 3% – e as mais recentes projeções mostram que essa é uma hipótese exequível – e o apoio de Lula transformariam Haddad em um supercandidato. Por outro lado, a inevitável indexação à economia pode cobrar seu preço, se algo der errado pelo caminho. Na atual circunstância, Haddad tem que andar na sombra das eleições de 2026. Primeiramente para não melindrar Lula, o orixá do seu partido, e segundo porque está preso à algema de ouro do Ministério da Fazenda, que pode, dependendo da sua performance, ser um grande, senão o seu maior cabo eleitoral.
O outro nome que eventualmente pode vir a enfrentar Tarcísio Freitas em 2026 com o apoio de Lula é Geraldo Alckmin, que tem capitalizado cada vez mais sua dupla jornada de trabalho no governo. O vice-presidente e ministro já recebeu a indústria como capitania hereditária, o que, na prática, significa ser o “donatário” do empresariado paulista. Alckmin afagou as montadoras com carinhos e subsídios para a venda de carros populares. E ontem anunciou um pacote de mais de R$ 100 bilhões para o setor industrial, boa parte dos recursos vinculados a investimentos em inovação e transição energética. Se o gabinete de Tarcísio está a 9,7 km da Fiesp, Alckmin está a um telefonema do BNDES.
E Jair Bolsonaro? O ex-presidente, agora inelegível, é quem parece estar mais disposto a antecipar a disputa eleitoral de 2026, como se fosse possível fazer dela o terceiro turno de 2022. Bolsonaro tem como principal ativo político um contingente mais extremado do eleitorado. A parcela menos radical tende a migrar para Tarcísio de Freitas, que vai disputar o eleitorado do centro e lulistas de ocasião, leia-se aqueles que votaram no petista em 2022 para apear Bolsonaro da Presidência. Com a hipótese Tarcísio já escorrendo entre os dedos, Michelle Bolsonaro desponta como a carta mais valiosa nas mãos do ex-presidente. Enquanto o PL tenta inflar a possível candidatura Michelle, restaria a Bolsonaro torcer para que Lula faça um governo desastroso ou esperar por algum fato novo e grave, algo que não aparece em qualquer previsão meteorológica.
Política
Flerte com o União Brasil causa rachaduras no PP
6/07/2023As tratativas para uma possível fusão com o União Brasil estão provocando fissuras no PP. A ala favorável à federação é capitaneada por Ciro Nogueira, que, na semana passada, teve encontros em Lisboa com o vice-presidente do União, Antonio Rueda. Do lado oposto, está o presidente da Câmara, Arthur Lira, que enxerga muito mais benefícios para o partido deixando tudo como está. Lira quer barrar a intenção de Nogueira de levar a sigla para a oposição ao governo Lula. Tem outras vozes influentes ao seu lado, como os deputados Aguinaldo Ribeiro, relator da reforma tributária, e Fernando Monteiro, sobrinho do ministro da Defesa, José Múcio.

Política
Governadores da Amazônia pressionam Marina por Margem Equatorial
5/07/2023Os governadores que integram o consórcio da Amazônia Legal pretendem agendar uma reunião com a ministra Marina Silva. As tratativas são capitaneadas por Helder Barbalho, do Pará. Os chefes do executivo estadual querem ter mais voz nas discussões que envolvem o bioma amazônico, notadamente nas questões com impacto econômico. Eles se ressentem de maior representatividade junto ao próprio Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama. O alvo principal é a Margem Equatorial: os governadores fazem pressão para que o órgão ambiental autorize os projetos de exploração e produção da Petrobras na região. Trata-se do lobby político de sempre. Afinal, enquanto a Petrobras não apresentar seu novo estudo aos órgãos ambientais, reforçando seus argumentos técnicos que a exploração é racional e não predatória, conforme foi considerada pelo Ibama, nada vai andar com Marina. A ministra nem está tão inflexível assim. Mas não vai deixar passar o tal “pré-sal amazônico” sem fortíssimas evidências técnicas de que a exploração de petróleo na região não vai macular sua gestão e imagem.
Política
O “plano de saúde” dos parlamentares
5/07/2023Conta feita na ponta do lápis no gabinete do presidente da Câmara, Arthur Lira: estica daqui, puxa dali, ao longo do mês de julho o governo deverá liberar aproximadamente R$ 2,3 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde para atender emendas parlamentares. Não vai parar por aí. A tendência é que as requisições de verbas aumentem com o avanço nas votações do arcabouço fiscal e da reforma tributária, os dois projetos em tramitação no Congresso de maior interesse do governo neste momento. Ressalte-se que, somando-se a derrama prevista para julho, o orçamento da Saúde ainda terá algo em torno de R$ 6,5 bilhões para as emendas parlamentares.

Política
Jair Bolsonaro deixa a família Cid ao relento
5/07/2023De acordo com uma fonte próxima a Jair Bolsonaro, o ex-presidente teria se esquivado de pelo menos duas tentativas de contato feitas pelo general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, seu ex-ajudante de ordens no Palácio do Planalto. Segundo o RR apurou, a frustrada interlocução se deu por meio do general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência. Nos círculos militares, o general Mauro Cid não esconde sua irritação com a postura de Bolsonaro diante do cerco da Justiça ao seu filho, preso desde 3 de maio. Não é só. O Alto-Comando tem procurado manter uma prudente e asséptica distância do caso. No caso específico, não faz mais do que a sua obrigação. Aliás, as Forças Armadas entraram em modo de reabilitação da sua imagem, denegrida com rara vontade pelo ex-presidente e agora inelegível Jair Bolsonaro.
Esse processo de desgaste reputacional começa ainda no governo Temer, com o célebre tweet do mais respeitado oficial do Exército à época, o general Villas Bôas, às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula no STF. O ex-comandante do Exército ganharia um assento no Palácio do Planalto na gestão Bolsonaro, assumindo um cargo simbólico. Villas Bôas, que tem uma doença degenerativa, já não tinha condições de produtividade de assumir função alguma. Mas, como diz o “inelegível”, ele e Villas Bôas “têm um segredo”. Essa informação não prestada, cujo sigilo foi reprisado várias vezes por Bolsonaro, para o gáudio do general, devia ser algo capaz de abalar a República. Ficou nos guardados de secos e molhados do ex-presidente.
Política
A metamorfose política de Ibaneis Rocha
5/07/2023Como diria Leonel Brizola, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está “costeando o alambrado”. Bolsonarista de carteirinha, ao menos até o ano passado, Rocha tem feito movimentos de aproximação com o presidente Lula, em especial por meio da ala governista do MDB, leia-se Renan Calheiros. No curto prazo, tenta garantir que o Fundo Constitucional do Distrito Federal fique de fora dos limites impostos pelo novo arcabouço fiscal. No médio prazo, busca, desde já, o apoio do governo a sua candidatura ao Senado em 2026. Um dos possíveis cenários é que Rocha enfrente na eleição a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Política
PT x Centrão: quem fica com o caixa de Itaipu?
30/06/2023Itaipu virou um fio desencampado entre o PT e o Centrão. Gleisi Hoffmann quer emplacar o ex-deputado federal Pedro Guerra na diretoria financeira da estatal. A cadeira hoje é ocupada por André Pepitone, ligado ao PSD. Desde o início do governo Lula, há uma disputa velada pelo cargo. O próprio Pepitone, que ocupava o comando da área financeira de Itaipu durante a gestão Bolsonaro, chegou a ser exonerado. Ficou fora da empresa por apenas duas semanas. Ressalte-se que Itaipu é um feudo de Gleisi.
Política
Republicanos querem o comando da Funasa e mais um troco
29/06/2023As negociações do governo com o Republicanos, de Marcos Pereira, vão além da indicação do novo presidente da Funasa. Segundo o RR apurou, o Palácio do Planalto já acenou com a possibilidade de esticar o orçamento da estatal para este ano, inicialmente da ordem de R$ 3,4 bilhões. A engorda se daria com a transferência de projetos hoje pendurados em programas da Pasta das Cidades, ao qual a Funasa está subordinada. A questão é como cobrir um santo sem desagradar a outro, no caso o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho.

Destaque
Bolsonaro já se movimenta para acionar Corte Interamericana dos Direitos Humanos
28/06/2023Jair Bolsonaro vai usar e abusar do discurso da vitimização. O RR apurou que a defesa do ex-presidente pretende recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA caso se confirme sua condenação pelo TSE. De acordo com a mesma fonte, a estratégia foi discutida no fim da tarde de ontem entre Bolsonaro e seus advogados. A defesa do ex-presidente, em especial o advogado Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, já fez consultas informais ao Tribunal. Os emissários contam com um interlocutor privilegiado: o advogado Rodrigo Mudrovitsch, um dos sete juízes da Corte Interamericana. Mudrovitsch foi indicado ao cargo pelo próprio Bolsonaro, em dezembro de 2021. No processo, o ex-presidente alegará ser alvo de perseguição política e de não ter tido direito a ampla defesa. As chances de a argumentação vingar são ínfimas. Na prática, é o que menos importa. Mais do que um movimento jurídico efetivamente com o intuito de reverter uma eventual decisão da Justiça Eleitoral brasileira, o recurso à Corte da OEA deve ser interpretado como um ato político. A iniciativa teria suas serventias: no plano doméstico, ajudaria a atiçar a base de seguidores do ex-presidente, sobretudo como munição para as redes sociais; no âmbito internacional, poderia ser usada para mobilizar apoios de líderes da extrema direita.

Política
Um afago de Lula a José Sarney
28/06/2023O Palácio do Planalto cogita nomear o atual embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, para o comando da PPSA. À frente da estatal do pré-sal, que vai ganhar novo fôlego na gestão Lula após ser praticamente escanteada por Jair Bolsonaro, Carreiro teria, por exemplo, a missão de conduzir o programa de aumento da oferta de gás natural, já anunciado pelo governo. Não é de hoje que o Planalto busca um cargo para repatriar Carreiro e fazer um afago a José Sarney, seu tutor político. Outra hipótese já aventada foi aninhar o embaixador e ex-ministro do TCU na diretoria de relações institucionais da Petrobras.

Política
Gleisi faz campanha por Wellington Dias na Casa Civil
27/06/2023A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem jogado mais óleo fervente na fritura do ministro da Casa Civil, Rui Costa. No entorno do presidente Lula, Gleisi tornou-se uma das vozes favoráveis não apenas à demissão de Costa, mas à indicação do ex-governador Wellington Dias para o seu lugar. Essa movimentação de peças se casa com a ideia que o próprio Lula vem matutando de entregar a gestão do Bolsa Família a um aliado de Arthur Lira. A saída de Dias da Pasta do Desenvolvimento Social abriria caminho para a chegada de um nome indicado pelo presidente da Câmara. Seria um prêmio de consolação – dos mais valiosos. Como se sabe, Lira queria mesmo o Ministério da Saúde. No entanto, como se sabe mais ainda, para a Lula a ministra Nísia Trindade, referência internacional na área, é intocável.

Política
O candidato de Rodrigo Pacheco para a PGR
26/06/2023O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem trabalhado junto ao Palácio do Planalto pela indicação do mineiro Antonio Carlos Bigonha, sub-procurador-geral da República, para o cargo de PGR. Pesam a favor de Bigonha as duras críticas que costuma fazer ao papel policialesco do Ministério Público, um discurso capaz de impulsionar apoios políticos para a sua nomeação. Por enquanto, a sucessão de Augusto Aras é uma grande incógnita. Lula já verbalizou que não seguirá a lista tríplice votada pelo MPF, encabeçada por Luiza Frischeisen. E, conforme o próprio RR já noticiou, o presidente flerta com a ideia de reconduzir o próprio Aras para mais um mandato.

Política
Arthur Lira constrói mais um “puxadinho” na Codevasf
26/06/2023Não satisfeito em abocanhar uma parcela expressiva dos cargos existentes na Codevasf, Arthur Lira quer também criar novas cadeiras na estatal. O presidente da Câmara negocia com o governo o aumento do raio de ação da empresa, com a sua extensão para Amazonas, Rondônia e Roraima. Pouco importa se os três estados ficam a milhas de distância das duas bacias hidrográficas que estão na origem da criação da estatal, como o seu próprio nome sugere – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. O crescimento da jurisdição da Codevasf abrirá caminho para a abertura de escritórios e, consequentemente, a criação de novas superintendências e outras funções comissionadas, que valem para ouro para o Centrão. Nada muito diferente do que já foi feito no passado: a estatal é um mosaico de “puxadinhos”, que já alcança 16 estados. O “estica e puxa” mais recente se deu em 2020, quando o governo Bolsonaro estendeu a área de atuação da Codevasf a Paraíba, Rio Grande do Norte e Amapá – este último para atender ao então presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Política
Mudanças à vista no Banco do Brasil?
23/06/2023O ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana, trabalha com afinco para abrigar Nelson Martins, funcionário de carreira do Banco do Brasil, em uma das diretorias da instituição. No início do governo, Santana já havia tentado emplacar Martins – assessor especial do atual governador cearense, Elmano Freitas – na presidência do Banco do Nordeste. Mas o cargo acabou nas mãos do ex-governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Martins tem uma longa história de militância no movimento sindical: por dois mandatos seguidos, presidiu o Sindicado dos Bancários do Ceará.

Política
Há muito de Simone Tebet no Consórcio Nordeste
23/06/2023Mais um sinal do prestígio de Simone Tebet: a ministra do Planejamento emplacou Marcelo Britto no cargo de secretário-executivo do Consórcio Nordeste. A indicação ganha ainda mais peso pela forte presença do PT no bloco: quatro dos nove governadores da região pertencem ao partido, entre os quais lideranças políticas muito próximas de Lula, como Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte. Se Britto foi escolhido é porque Fátima foi voz decisiva a favor. Próximo de Tebet, Marcelo Britto é ex-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio. Durante a campanha eleitoral do segundo turno, trabalhou junto à então senadora para reduzir as faíscas entre Lula e o setor. A recompensa chegou.

Política
Sérgio Cabral quer ser um influenciador
21/06/2023O ex-governador Sérgio Cabral está soltinho, soltinho. Além das sucessivas postagens nas redes sociais e de assinar colunas na imprensa, Cabral quer lançar um canal e um programa de entrevistas no YouTube. A pessoas próximas já confidenciou que pretende fazer da iniciativa uma fonte de renda. Pode até ser. Mas Cabral mira mesmo em 2026. Para todos os efeitos, o ex-governador está inelegível. No entanto, apesar de todos os pesares, ainda é um nome capaz de ser um “influencer” no tabuleiro eleitoral do Rio de Janeiro.
Política
O União Brasil que apedreja é o mesmo que afaga
20/06/2023O União Brasil tem adotado uma postura na linha Dr. Jekyll e Mr. Hyde com o governo Lula. De um lado, o “monstro” pressiona por mais cadeiras no Ministério, trabalha pela substituição da titular do Turismo, Daniela Carneiro – filiada ao próprio partido, mas vista como alguém da cota pessoal de Lula -, e ameaça barrar projetos de interesse do Palácio do Planalto no Congresso; por outro, a sigla tornou-se um importante aliado para a aprovação da indicação de Cristiano Zanin ao STF. O “médico”, nesse caso, atende pelo nome de Antônio Rueda, vice-presidente do partido. Rueda tem organizado seguidos encontros de Zanin com senadores, incluindo um jantar na semana passada, em Brasília. Simultaneamente, tem disparado mensagens a parlamentares pedindo votos a favor do indicado pelo presidente Lula. Os próprios colegas do União Brasil já questionam tamanho empenho. Para muitos, o Rueda vice-presidente do partido parece estar trabalhando pelo Rueda advogado: estima-se que o escritório do qual é sócio atue em mais de uma centena de processos em tramitação na Suprema Corte.

Política
Governo remove herança bolsonarista na Antaq
20/06/2023Aos poucos, o governo Lula vai removendo heranças bolsonaristas no segundo escalão. O superintendente de regulação da Antaq, Bruno Pinheiro, está deixando em cargo. Em seu lugar assume o atual superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Agência, José Renato Fialho. A saída de Pinheiro é um passo a mais no desmonte do grupo de poder que deu as cartas no setor portuário durante o governo Bolsonaro, capitaneado por Mario Povia e Diego Piloni. Povia, ex-diretor geral da Agência e ex-secretário de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, hoje ocupa funções burocráticas no órgão regulador, do qual é servidor de carreira. Já Piloni, que antecedeu Povia na Secretaria, cruzou a porta do serviço público para a iniciativa privada e virou consultor da TIL (Terminal Investment Limited), multinacional do setor portuário controlada pela MSC. Na Antaq resta ainda uma representante dessa estrutura que mandou e desmandou na área portuária nos últimos anos: Flavia Takafashi, diretor da Antaq.

Política
PT engrossa a ofensiva do governo Lula contra a Eletrobras
19/06/2023Diretamente ou indiretamente, a investida do governo Lula sobre a Eletrobras se dá pelos mais diversos lados. Segundo um prócer do PT disse ao RR, o partido estuda entrar com ações cruzadas em diferentes instâncias questionando a privatização da empresa. Uma das ideias é ingressar com uma representação no TCU. Ao mesmo tempo, o partido planeja acionar Secretária de Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, alegando que a venda da Eletrobras trouxe prejuízos ao consumidor. Um exemplo, neste caso: ao ser privatizada, a empresa foi obrigada a contratar oito mil MW de usinas termelétricas a gás, que vão entrar em operação entre 2026 e 2030. Esse custo será compartilhado com distribuidoras e, na última linha, vai bater na conta de luz.

Política
Juan Guaidó é o “troféu” da vez para a extrema direita brasileira
19/06/2023Eduardo Bolsonaro está articulando um encontro, em Miami, com Juan Guaidó, líder da oposição na Venezuela. O “03” pretende viajar com outros parlamentares bolsonaristas, como Nikolas Ferreira (PL-MG). Uma das ideias é transmitir o encontro ao vivo nas redes sociais – a arena preferida da extrema direita. O objetivo é criar um fato político em contraponto às recentes mesuras feitas por Lula a Nicolás Maduro durante sua visita ao Brasil. Naquela mesma semana, deputados e senadores aliados de Jair Bolsonaro chegaram a realizar uma reunião virtual com o venezuelano. Bolsonaro, não custa lembrar, foi um dos poucos chefes de Estado que reconheceram o “governo” Guaidó no início de 2019. Na ocasião, ele se autodeclarou presidente da Venezuela.

Política
A intensa agenda de José Dirceu no Rio
17/06/2023
Política
Marcos Pereira pode ganhar um ministério. Mas qual?
14/06/2023Segundo fonte do Palácio do Planalto, Lula cogita dar um ministério a Marcos Pereira, presidente do Republicanos. No xadrez do Congresso, a cooptação do partido é vista como fundamental para atrair uma parcela do Centrão que tem votado predominantemente contra o governo. O problema é que, em vez de organizar, a movimentação dessa peça ameaça desarrumar ainda mais o tabuleiro das relações entre o Executivo e o Legislativo. Pereira já sinalizou a preferência por assumir o Desenvolvimento Regional, Pasta que, entre outras guloseimas orçamentárias, comanda a Codevasf. O problema é que hoje o Ministério pertence a Walder Goez, aliado de Davi Alcolumbre e personagem vital para conter uma possível debandada do União Brasil.
Política
O candidato de Arthur Lira para o Tribunal Superior do Trabalho
13/06/2023O presidente da Câmara, Arthur Lira, está trabalhando com afinco nos bastidores para emplacar o advogado alagoano Adriano Avellino no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Em conversas com aliados nos bastidores, Lira já canta vitória, ou melhor, metade da vitória. Garante que Avellino estará na lista tríplice que será encaminhada ao presidente Lula. O conterrâneo do presidente da Câmara consta da relação de seis nomes votados pela OAB Federal. Desses, os atuais ministros do TST escolherão os três finalistas que serão submetidos a Lula. A vaga está destinada ao quinto constitucional da advocacia.
Política
Candidato ao Ministério das Comunicações quer o cargo porteira fechada
12/06/2023Há uma aresta nas negociações com o União Brasil para a troca no Ministério das Comunicações. O que se diz nos bastidores do Congresso é que o deputado Celso Sabino (União-PA), principal candidato ao posto hoje ocupado por Daniela Camargo (União-RJ), está exigindo um acordo porteira fechada. Ou seja: com a prerrogativa de trocar cargos chaves na estrutura de comando da Pasta. Isso incluiria a presidência da Embratur, uma cadeira sensível, hoje pertencente a Marcelo Freixo (PT-RJ).

Política
Governo quer CPI para investigar exploração eleitoral de estaiais
7/06/2023A presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, tem sido assediada por vivandeiras do PT em busca de CPIs. No caso, a CPI seria voltada à investigação e instalação de inquérito contra os gastos impostos às estatais em função de motivações essencialmente eleitorais. A contribuição do corpo técnico das companhias públicas, com o apoio de auditorias externas independentes, daria conta do recado. A missão se resume em levantar a qualidade, destino e necessidade do gasto, quem ordenou, quem cumpriu a ordem e quanto custou ao Erário a malversação dos recursos. Atenção: a CPI envolveria todas as estatais. Ressalte-se, por exemplo, que a própria Petrobras já é alvo de um processo no TCU. A Corte investiga o programa de doação de gás de cozinha e de cestas básicas mantido pela estatal no ano passado – informação antecipada pelo RR (https://relatorioreservado.com.br/noticias/tribunal-de-contas-investiga-uso-eleitoral-da-petrobras/) e posteriormente noticiada pelo G1. Há suspeitas de dupla irregularidade: doação em época de campanha eleitoral e atividade alheia ao escopo e às atribuições da Petrobras.
A presidente da CEF, Rita Serrano, tem sido o primeiro alvo solicitando apoio técnico para subsidiar o pedido de instalação da CPI porque já botou, inclusive, a boca no mundo. Segundo o Valor Econômico, Rita quer postergar a devolução de um empréstimo do Tesouro de R$ 5 bilhões, em parte gastos com finalidades discutíveis, digamos assim. A presidente da CEF disse que, se esse pagamento não for renegociado, a restituição do montante neste ano irá comprometer a liquidez do ano. Um levantamento consolidado do valor dos gastos políticos imorais, extraídos dos entes públicos, nos últimos cinco governos, daria uma boa dimensão da farra distributiva do dinheiro público que os políticos usam em prol dos seus interesses eleitorais.
Os dois parlamentares mais encantados com a iniciativa são Gleisi Hoffmann e Lindbergh Faria, que têm abraçado causas comuns. O RR duvida, contudo, que um grupelho ou mesmo todo o PT consiga as assinaturas necessárias para a instalação da CPI, que já está sendo chamada na dentro do partido de “Comissão de Caça às Bruxas”.
Política
Verbas na veia e uns cargos de lambuja
7/06/2023Além da liberação recorde de R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares em um único dia, a aprovação da MP da Reestruturação dos Ministérios custou uma leva de cargos. O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), vice-presidente do Congresso, foi agraciado com a indicação de João França para a diretoria de Controle e Risco do Banco do Nordeste. Já Arthur Lira levou, de troco, três superintendências regionais da Sudene.
Política
Operação Hefesto avança sobre o Ministério da Educação
5/06/2023A Operação Hefesto pode estar descobrindo uma casa de maribondos dentro do Ministério da Educação. Segundo uma fonte da própria corporação, a Polícia Federal apura a participação de mais dois funcionários da Pasta no suposto esquema criminoso para a compra de kits de robótica em Alagoas, investigações que triscam no presidente da Câmara, Arthur Lira. Ambos trabalhariam em conjunto com Alexsander Moreira, servidor do MEC apontado pela PF como um dos suspeitos de envolvimento nas fraudes. Moreira era coordenador-geral de Apoio às Redes e Infraestrutura Educacional, área do Ministério com poderes sobre o sistema de transferências de recursos por de saiu o dinheiro para a aquisição dos kits. De acordo com as investigações, no âmbito da Operação Hefesto, a maior parte das vendas irregulares a Prefeituras de Alagoas teria sido feita pela Megalic, do vereador de Maceió, João Catunda, próximo a Arthur Lira.

Política
O family office dos Bolsonaro
2/06/2023Segundo um importante parlamentar do PL, Jair Bolsonaro está tentando pendurar mais um dos seus na folha salarial do partido: o filho Jair Renan. A justificativa? O “04”, de 25 anos, seria responsável por coordenar uma espécie de ala jovem do PL. Ajudaria, assim, a complementar sua renda: Jair Renan ganha aproximadamente R$ 9,5 mil como assessor no gabinete do senador Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário da Pesca e bolsonarista de carteirinha. Ressalte-se que Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro já recebem do PL, cada um, cerca de R$ 41 mil.
Política
Carlos Fávaro defende distribuição de cargos para aplacar bancada ruralista
1/06/2023O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, trabalha junto ao Palácio do Planalto pela indicação de um integrante da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) para a Secretária de Política Agrícola da Pasta. Um dos nomes cotados é o deputado Fabio Garcia (União Brasil-MT), coordenador político da FPA. O cargo hoje é ocupado interinamente por Wilson Vaz, servidor de carreira da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Fávaro tem pregado junto ao presidente Lula o uso de cargos estratégicos do Ministério para agregar capital político e tentar mitigar a relação turbulenta do agronegócio com o governo. Não custa tentar podar um galho aqui e outro acolá, mas a má vontade da bancada ruralista com Lula está na raiz.
Política
A conta da Codevasf não entra no arcabouço fiscal
29/05/2023Arthur Lira sempre ganha. Segundo um influente deputado da base governista, os deputados federais já apresentaram cerca de R$ 200 milhões em emendas junto à Codevasf, uma espécie de “agência de fomento do Centrão”. Os pedidos de verbas se intensificaram nas últimas duas semanas diante da votação do projeto do arcabouço fiscal na Câmara. Com a ida da proposta do Senado, o valor da “contrapartida” deve aumentar nos próximos dias.

Política
Caixa Econômica pretende repor até três mil funcionários
24/05/2023Segundo informações filtradas da própria Caixa Econômica, a diretoria do banco negocia com os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet autorização para realizar um concurso público. Estudos da área administrativa da instituição indicam que a CEF tem um déficit de pessoal superior a 18 mil funcionários. Entre 2015 e 2022, mais de 15 mil postos de trabalho no banco foram fechados sem reposição. A ideia da diretoria seria preencher ao menos três mil vagas. Vai ter de correr. O projeto do novo arcabouço fiscal, como se sabe, impõe uma trava para a realização de concursos públicos.
Política
Fernando Bezerra é um líder do governo sem mandato no Senado
23/05/2023O ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma, Fernando Bezerra (MDB-PE), tornou-se uma espécie de 82º senador – a Casa tem 81 integrantes. Mesmo sem mandato desde fevereiro, Bezerra vem atuando informalmente nos bastidores do Congresso em busca de apoio a pautas de interesse do governo Lula. O trabalho tem sido recompensado: Bezerra já conseguiu emplacar o aliado Henrique Bernardes na diretoria da cobiçada Codevasf e negocia com o Palácio do Planalto duas indicações para a Sudene.

Destaque
Simone Tebet planeja lançar sua versão do Plano Nacional de Desenvolvimento
18/05/2023A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem projetos mais ambiciosos do que ficar apenas tocando o cotidiano da Pasta. Tebet vem tentando convencer o presidente Lula a lançar uma espécie de Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). A iniciativa permitiria à ministra enfeixar sob a sua regência projetos hoje dispersos em outros ministérios e órgãos da administração federal. Ou seja: ao centralizar a gestão de uma miríade de propostas e programas, Tebet passaria a deter o poder de criar o mapa sobre o futuro da Nação. Hoje, o governo é apoiado pelo IPEA, IBGE, BNDES, as secretarias da Fazenda – e do próprio Planejamento – e a Receita Federal. Ainda tem o comitê estratégico do BNDES, o Conselhão, a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, para não falar do projeto de criação do Conselho Superior de Economia da Presidência. Mesmo com toda essa traquitanda, o governo não tem plano, não tem projeto, não tem um horizonte mais bem definido para coisa alguma que não seja a sua quermesse com o Centrão. Tebet quer trazer para si a missão de realizar esse plano.
Simone Tebet era uma menina quando o então ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso, juntou o melhor da Inteligência brasileira no início dos anos 70 para construir a muitas mãos o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). No Ipea, onde se discutiam as ações, não havia crivo de ideologia, mas de competência. Isso, ressalte-se, na fase mais implacável da ditadura. Contudo, Reis Velloso, com seu jeito meio de monge, segurava o rojão. Os dois PNDs, concordando ou não com o teor, marcaram uma década de investimentos em infraestrutura e reformas profundas, e deram um horizonte ao país. Tebet parece ter intuído que falta algo similar no atual governo.
Para levar seu projeto adiante, Simone Tebet poderia convocar especialistas de várias áreas do poder público, além de nomes da academia, técnicos do setor privado e militares. Tebet juntaria esse povo todo no seu “Projeto Manhattan” do crescimento econômico – alusão ao programa de pesquisa e desenvolvimento que produziu os primeiros artefatos nucleares na Segunda Guerra Mundial. No caso do Brasil, seria uma bomba atômica em relação ao planejamento existente no país. Simone Tebet quer abrir picadas para os novos investimentos, com a redução da insegurança e uma relação de prioridades.
A iniciativa da ministra do Planejamento é pretensiosa. Ela deixaria nas mãos de Lula o que poderia ser o mais próximo de um roteiro de estadista. É compreensível que Simone Tebet queira um upgrade na sua Pasta. Afinal, ela é a ministra do Planejamento sem o planejamento. A despeito das futuras ambições políticas da ministra, seria muito bom a Nação poder não só enxergar suas mazelas, mas qualificar e quantificar seus problemas centrais e buscar uma saída no tempo. É parte expressiva do que o investidor precisa: um guia para alinhar suas expectativas com o futuro de longo prazo que que deveria estar sendo desenhado e avalizado pelo governo.
Política
Procura-se um cargo para Marilia Arraes
17/05/2023O híbrido de presidente do Solidariedade e líder sindical Paulinho da Força tem feito gestões junto ao próprio Palácio do Planalto na tentativa de emplacar Marilia Arraes em uma diretoria do Banco do Nordeste. Seria um prêmio de consolação. Paulinho trabalhou intensamente pela indicação da neta de Miguel Arraes para o comando da Sudene. Perdeu a queda de braço para o senador Humberto Costa (PT-PE), que cravou o nome de Danilo Cabral no cargo.

Destaque
Lula sobe no “palanque” para anunciar mudanças do Minha Casa, Minha Vida
16/05/2023O Ministério das Cidades e a Secom estão embalando um pacote de boas notícias no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para serem anunciadas pelo próprio presidente Lula. Até o início de junho a Pasta vai encaminhar ao Conselho Curador do FGTS a proposta de zerar o valor de entrada para financiamentos na faixa 1 do programa, uma promessa de campanha do petista. A medida favorecerá o estrato mais baixo do MCMV, famílias com renda mensal de até dois salários-mínimos. Pelas regras atuais, os beneficiários do programa posicionados nessa faixa têm de pagar, logo na partida, algo em torno de 20% do valor do imóvel, o que acaba funcionando como uma cláusula de barreira. Outra mudança prestes a sair do forno é o aumento do número de parcelas do financiamento, vinculada à ampliação dos subsídios do FGTS.
A ideia da Secom é que Lula anuncie a medida em um grande evento no Nordeste. Fortaleza é a principal candidata – está prevista para as próximas três semanas a entrega de aproximadamente 900 imóveis do Minha Casa, Minha Vida na capital cearense. O Nordeste – proporcionalmente o maior colégio eleitoral do PT – é o alvo principal das mudanças no MCMV. Ao lado do Norte do país, trata-se da região com o maior número de construtoras que deixaram o programa habitacional nos últimos quatro anos. Com as medidas, o governo quer atrair novas empresas para o Minha Casa, Minha Vida.
Política
Clã Bolsonaro à beira de um ataque de nervos
16/05/2023Carlos Bolsonaro, ao que parece, entrou em uma espécie de “surto político”. Segundo fonte próxima ao clã, além de ter bloqueado as redes sociais de Jair Bolsonaro, “Carluxo” está em pé de guerra com os irmãos. Nos últimos dias, teria rechaçado tentativas de contato por parte de Flavio e Eduardo. Os rancores têm se acumulado desde a campanha eleitoral. Mas, segundo a mesma fonte, a gota d´água veio com a ausência de qualquer declaração de Eduardo e Flavio em defesa de Carlos, após a recente divulgação de um lado pericial do Ministério Público do Rio de Janeiro atestando a prática de “rachadinha” no gabinete de “Carluxo” na Câmara dos Vereadores do Rio.
Política
Uma voz a mais no governo pela volta da Petrobras ao setor de fertilizantes
15/05/2023A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem defendido dentro do governo a retomada dos investimentos da Petrobras em fertilizantes. Vem tratando do assunto diretamente com o seu colega Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. A questão é de interesse direto do Mato Grosso do Sul, seu estado. O retorno da estatal ao setor significará, entre outros projetos, a retomada da construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 da Petrobras no município de Três Lagoas. Estima-se o custo para a conclusão das obras na casa dos R$ 3 bilhões.

Política
Um curto-circuito petista dentro de Itaipu
15/05/2023A distribuição de cargos em Itaipu Binacional está provocando uma saia justa dentro do PT. O presidente do lado brasileiro da hidrelétrica, Ênio Verri, estaria cozinhando até onde pode a nomeação do ex-deputado federal André Vargas como assessor especial da companhia. Seu nome enfrenta resistências dentro do Conselho e da própria direção da estatal. Mas Verri dificilmente vai conseguir atender aos pleitos interna corporis contra a chegada de Vargas. O ex-parlamentar, assim como o próprio Verri, é uma indicação direta da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Vargas foi um dos petistas condenados pelo então juiz Sergio Moro, na Lava Jato. Em dezembro do ano passado, a sentença foi anulada pelo STF. Em fevereiro, a assessoria de Itaipu chegou a soltar nota negando a contratação de André Vargas. No que depender de Gleisi, muito em breve terá de publicar outra, informando sobre a sua nomeação.
Política
Base bolsonarista pressiona Tarcísio a subir o tom contra o MST
12/05/2023A base do governador Tarcisio Freitas em São Paulo, essencialmente “bolsonarista”, vai apertar o cerco ao MST. Ontem, deputados governistas da Assembleia Legislativa, à frente o PL, articulavam um pedido formal a Tarcísio para que a Polícia Militar desmonte os acampamentos de sem-terra no estado. Por ora, a ação da PM tem se limitado ao monitoramento das áreas. Os parlamentares pregam que o governo deve dar uma resposta mais dura às recentes invasões em São Paulo, notadamente na região de Presidente Prudente. No fim das contas, tudo faz parte da guerra de nervos que antecede a CPI do MST na Câmara dos Deputados.

Política
Gleisi quer a cabeça do ministro das Comunicações
10/05/2023A presidente do PT, Gleisi Hoffman, interrompeu a trégua ao União Brasil: nos bastidores, tem feito forte pressão pela demissão do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Já teria até um nome para o cargo: Cezar Alvarez, ex-assessor da Presidência da República no primeiro mandato de Lula e ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações no governo Dilma Rousseff. A indicação conta também com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Gleisi decidiu reabrir fogo depois que o União Brasil votou de forma unânime para derrubar as mudanças no marco legal do saneamento que haviam sido feitas pelo presidente Lula. Some-se a isso as manobras feitas no Congresso, com o apoio de parlamentares do União Brasil, para o adiamento da PL das Fake News.

Política
Lula vai ter de “acumular” a Presidência e as Relações Institucionais
9/05/2023Cerca de 70% do aumento de receita necessário ao cumprimento da regra fiscal do governo estão, de uma forma ou de outra, vinculados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, segundo uma consultoria política de Brasília. O espaço conquistado por Lira preocupa o Palácio do Planalto porque até agora o governo não conseguiu criar uma interlocução mais efetiva com o presidente da Câmara. Ou seja: a caravana das mudanças no Orçamento e nas regras fiscais não está andando nem com o toma lá e dá cá que rege as relações com o Congresso. Foi esse o motivo do pito do Presidente Lula no ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Se não se resolver com Lira, o governo não vai andar. Lula sabe que a batata de Lira vai assar na sua mão.
Não se vê entre seus colaboradores ninguém com capacidade de articulação do próprio Lula. O presidente está irritado porque gostaria de avançar no projeto de se tornar uma liderança mundial, o que impactaria de fora para dentro sua gestão. A função acumulada de ministro das Relações Institucionais, altera, pelo menos temporariamente, seus planos. Provavelmente vai viajar menos do que previa e retornar a missão prioritária de desenroscar o nó górdio para as contas públicas que se tornou o Congresso.

Política
Oi pode jogar no mesmo balaio todas as gestões do PT
9/05/2023No que depender da oposição, a CPI da Americanas vai ser uma quitanda de secos e molhados, onde caberão as mais diversas mercadorias. Segundo informações que circulam a boca miúda no Congresso, além da já manifesta intenção de escarafunchar outras empresas de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, o PL e parte do PP enxergam a Comissão como um trampolim para investigar, ou melhor, requentar eventuais irregularidades em companhias identificadas com gestões petistas. Um dos nomes recorrentemente citados nas conversas é o da Oi, que está em sua segunda recuperação judicial. A empresa carrega no seu DNA alguns genes do primeiro governo Lula: a Oi nasce do projeto de criação da “supertele” brasileira, que teve no então ministro da Casa Civil, José Dirceu, um de seus principais artífices.
A princípio, o estratagema pode soar até com algo nom sense. Mas a história está cansada de reforçar uma máxima referente a CPIs: sabe-se como começam, mas nunca se sabe como vão terminar. Assessores do senador e ex-ministro Ciro Nogueira já estariam, inclusive, garimpando eventuais dados de ordem contábil para justificar uma possível investigação da Oi. De acordo com uma fonte do PP ouvida pelo RR, um desses fatos seria a descoberta, em 2018, de cerca de R$ 6,3 bilhões em depósitos judiciais que estavam indevidamente lançados no balanço da operadora. Nogueira, ressalte-se, é desde já um dos personagens mais fortes da CPI. É dele, por exemplo, a indicação do deputado Júlio Arcoverde (PP-PI) para presidir a Comissão.

Política
PL avalia “esconder” Michele Bolsonaro
5/05/2023No rastro da Operação Venire e das acusações de falsificação da carteira de vacinação de Jair Bolsonaro, a cúpula do PL, à frente Valdemar da Costa Neto, está reavaliando a estratégia de exposição de Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama vai iniciar exatamente a partir deste fim de semana uma intensa agenda de reuniões e participações em eventos públicos. Até segunda ordem, o encontro do “PL Mulher” programado para este sábado, em São Paulo, está mantido. Mas, segundo o RR apurou, lideranças do partido no Pará, Paraíba e Rio Grande do Sul já manifestaram a intenção de cancelar eventos com a presença de Michelle marcados para os próximos dias. De acordo com a mesma fonte, ontem no fim da tarde, Valdemar e aliados discutiam a possibilidade de Michelle participar de algumas dessas agendas apenas de forma remota, por vídeo, como maneira de evitar o assédio da imprensa

Política
Bolsonaro tem o lobista “perfeito” contra a tributação de recursos no exterior
3/05/2023Jair Bolsonaro está se preparando para entrar no lobby contra a tributação dos recursos de brasileiros no exterior. O seu ponta de lança junto ao mercado financeiro, como não poderia deixar de ser, será Paulo Guedes. Caberá ao ex-ministro da Economia fazer a cabeça de investidores contra a proposta. Bolsonaro não poderia ter um lobista melhor do que o seu velho “Posto Ipiranga”. Guedes é um expert no assunto, com o estímulo de batalhar em causa própria. O ex-ministro mantém sabidamente uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, em sociedade com a filha. Para quem não se lembra, em depoimento na Câmara dos Deputados, Guedes se recusou a divulgar os dados aos parlamentares, alegando que as aplicações já haviam sido declaradas à Receita Federal. Pois bem, Paulo Guedes não deu disclosure antes à offshore, mas terá de dar agora, caso haja alguma inconsistência nos valores.
Política
Frente Parlamentar da Agricultura se arma para CPI do MST
28/04/2023A bancada ruralista já está reunindo farta munição para a CPI do MST. Segundo o RR apurou, a Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) contratou serviços de monitoramento para rastrear líderes dos sem-terra nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. O objetivo é flagrar convocações para invasões de fazendas. A FPA está recolhendo também vídeos que comprovariam supostas ações criminosas do MST em propriedades rurais. Nos bastidores do Congresso, os ruralistas falam em “desmascarar” os números do Incra. Segundo o órgão, nos três primeiros meses do ano, 13 fazendas foram invadidas pelo MST. Membros da Frente Parlamentar da Agricultura dizem ter provas de que o número é pelo menos o triplo.
Política
Vai ter salário-mínimo no 1º de maio?
20/04/2023Vale do Anhangabaú, dia 1º de maio. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem trabalhado junto a Lula a ideia de que esses seriam o cenário e a data ideais para o anúncio da nova política de reajuste do salário-mínimo. O presidente estaria entre os seus: a boa nova seria divulgada durante os eventos em celebração do Dia do Trabalhador, que estão sendo organizados conjuntamente por diversas de centrais sindicais – entre as quais CUT, Força Sindical, e CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil). A questão é ter o que apresentar. O governo corre contra o relógio para formatar uma proposta. Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o Ministério da Fazenda estuda usar a variação do PIB como indexador do mínimo.
Política
A classe operária vai ao “Conselhão”
14/04/2023O Palácio do Planalto quer inflar a participação sindical dentro do novo “Conselhão”. Além das grandes centrais nacionais, a ideia é rechear o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES) com representantes da classe trabalhadora de segmentos expressivos da indústria. Um exemplo: segundo o RR apurou, o governo já convidou para o colegiado o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo, Sergio Luiz Leite. A Federação Única dos Petroleiros também terá assento no CNDES. Além disso, o governo pretende arregimentar ainda entidades ligadas a servidores públicos, notadamente de segmentos mais sensíveis do funcionalismo, como Justiça e Polícia Federal. E vem mais por aí.

Política
Agora só falta Campos Neto se acertar com o governo
13/04/2023Há uma lufada de ar arejando os mercados. Bolsas subindo, dólar caindo, curva dos juros futuros em declínio e sinais de queda consistente da inflação. Sem querer fazer autoelogio, é tudo aquilo que o RR cantou que ocorreria depois do anúncio do arcabouço fiscal. Falta agora a fase 2: trazer Roberto Campos Neto para a quadra das boas notícias. Meio caminho já está andado. O balanço de riscos foi suavizado, por tudo que foi dito acima e pela melhoria do ambiente internacional. Campos Neto caminha para reduzir os juros em 0,25 ponto percentual em maio – no mais tardar em junho, mesmo mês em que o CMN se reúne para detonar o nível de 3% da meta de inflação. Campos Neto também já comprou que o target atual tem de ser corrigido, até porque a meta, como está, é incumprível. A não ser que a Selic chegasse a 26,5% – nas palavras do próprio presidente do BC. Nesse caso, a autoridade monetária distribuiria cicuta para todo o povo brasileiro. Campos Neto recebeu um paper acadêmico irrefutável que prevê uma queda, no mínimo, de 4 a 5 pontos da Selic em dois anos, se a meta de inflação subir para 4%. É como se ela caísse dos atuais 13,75% para cerca de 8%. O juro real desabaria.
A seguir, o segundo passo: o maior entendimento entre BC e BNDES. Como se sabe, o BNDES de Aloizio Mercadante vai despejar dinheiro na economia. A cartilha do BC reza que a medida suaviza a potência da política monetária freando a queda dos juros. Mercadante diz que tem de onde tirar os recursos sem que eles saiam do caixa do Tesouro. Ele não acredita nessa história de que fomento creditício e Selic são inimigos mortais um do outro. No final, com o mercado, que não é mau nem bom, sancionando a melhora das expectativas e havendo bom senso político, os dois bicudos, Mercadante e Campos Neto, podem dar uma bitoca. Em tempo: o presidente do BC acredita para valer nos modelos econométricos que dão a tônica da política monetária. Mas está aprendendo que, além dos números, existe a política, uma visão que ficou rarefeita durante o mandarinato de Paulo Guedes. Deu no que deu. Mas os sinais são de que a autoridade monetária está menos inflexível. Uma excelente notícia. Afinal, como dizia Lord Keynes, “A realidade muda, eu mudo”.

Política
Bolsonaro monta a sua escolta pessoal no PL
13/04/2023Aos poucos, Jair Bolsonaro vai transformando o PL em sua empresa familiar. Bolsonaro quer agora que o partido contrate Silvinei Vasques, o controverso diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal durante o seu governo. Vasques ficaria responsável pela estrutura de segurança do próprio Bolsonaro e da ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro. No entorno do próprio ex-presidente, o que se diz é que o convite seria uma retribuição aos “serviços prestados” pelo policial. Vasques é investigado pelo STF pelos bloqueios em rodovias feitos pela PRF no dia do segundo turno da eleição presidencial, que teriam dificultado o acesso de eleitores a locais de votação. Uma parte expressiva das interdições se concentrou na Bahia, um território sabidamente “lulista” – o candidato do PT recebeu 72% dos votos. Ressalte-se que, além de Bolsonaro e de Michelle, o PL já abriga na sua folha de pagamentos o general Braga Netto e três assessores diretos do ex-ministro da Defesa.
Política
Funasa é a nova prebenda desejada por Arthur Lira
12/04/2023Arthur Lira tem dito a boca miúda nos corredores da Câmara que vai “trazer a Funasa de volta”. Lira está fazendo pressão para que o governo volte atrás na decisão de extinguir a instituição. Indiretamente o jogo de empurra com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em torno da votação das MPs ajuda as suas pretensões. O fim da Funasa está previsto na Medida Provisória 1.156, parada no Congresso – Pacheco já prorrogou sua vigência até 30 de maio. Com isso, Lira ganhou tempo. A missão do presidente da Câmara, ressalte-se, não é simples, não obstante o seu notório poder de barganha junto ao Palácio do Planalto. Na prática, o governo já começou o desmanche da Funasa, com a transferência do seu orçamento para os Ministérios da Saúde e, principalmente, das Cidades. Este último assumiu cerca de 97% do montante, ou algo em torno de 97%.

Política
Josué Gomes quer colocar Haddad na cara do gol junto aos empresários
6/04/2023O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, está dando tratos à bola para a organização de um mega almoço em apoio ao ministro Fernando Haddad, reunindo todas as classes produtoras. É coisa para já. O evento se daria em São Paulo, como seria de se prever. Gomes quer colocar mil empresários no recinto. Na ocasião, Haddad explanaria sobre algumas linhas da reforma tributária. O tema está mais para provocar dificuldades de digestão do que boas lembranças do repasto no palato. Ainda assim, a tendência é que a maior parte dos presentes aplauda Haddad de pé. Até agora, ele merece. Em tempo: de alguma forma, Gomes vai beber em fontes do passado. Quem viveu se lembra dos almoços e jantares organizados durante o regime militar pelo então presidente da Federação Nacional de Bancos (Fenaban), Teophilo de Azeredo Santos, em apoio aos diversos ministros da área econômica. Eram reunidas centenas de empresários – quase sempre no Rio de Janeiro, ainda desfrutando os resquícios dos bons tempos de capital federal – para bater palmas aos ministros da hora. Não que eles precisassem de apoio, afinal o regime garantia a adoção das medidas por mais antipáticas que fossem. No entanto, o beija-mão era o sentido final da liturgia. Os militares saíram de cena, mas o rito dos eventos, ao que parece, está voltando.
Política
Uma central sindical na contramão do governo Lula
6/04/2023O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi escalado pelo Palácio do Planalto para aplainar o relacionamento entre o governo e a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). A entidade tem sido uma voz dissonante em comparação a congêneres alinhadas à gestão Lula, como CUT, Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT). O presidente da CSB, Antonio Neto, foi a única grande liderança sindical a criticar a decisão do governo de voltar atrás e reajustar os juros dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas. CUT, Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores, que têm representantes no Conselho Nacional da Previdência Social, votaram a favor do aumento.
Carlos Lupi, ressalte-se, já falhou nas primeiras tentativas de trazer a CSB mais para perto do governo. Em janeiro, Antonio Neto reuniu-se com o presidente Lula. Mais recentemente, no início de março, participou também de um encontro com Fernando Haddad. Em ambos os casos, Lupi foi o principal articulador da sua presença. Ainda assim, o presidente da CSB segue disparando sua metralhadora giratória contra o governo. Ainda que indiretamente, a relação desarmônica vai para a conta do ministro do Trabalho. A Central dos Sindicatos Brasileiros apoiou Ciro Gomes – do PDT, de Lupi – nas eleições presidenciais do ano passado. Pelo jeito, ainda está em campanha.
Política
Ruralistas e indígenas têm um “conflito” marcado no Congresso
5/04/2023A bancada ruralista está plantando uma semente polêmica no Congresso. A Frente Parlamentar da Agricultura pretende apresentar um projeto de lei que obrigue a União a indenizar fazendeiros que tiverem suas terras invadidas por indígenas. A ideia não é exatamente inédita. Em 2013, houve discussões no Congresso em torno do assunto. De lá para cá, essa agenda se tornou ainda mais complexa, pelo aumento do número de conflitos entre proprietários de terras e etnias indígenas em várias regiões do país, notadamente no Norte e Centro-Oeste. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de assassinatos por disputas fundiárias na Amazônia Legal cresceu 150% em 2022, na comparação com o ano anterior.
O debate acontece num momento em que o Governo Lula prometeu que a Funai vai retomar os estudos antropológicos sobre terras em disputas no país, em paralelo às demarcações praticamente suspensas na gestão de Jair Bolsonaro. O Conselho Indigenista Missionário fez chegar ao Congresso pedido para que qualquer decisão seja tomada somente depois da realização de audiências públicas. Não se sabe se a Frente Parlamentar da Agricultura terá essa paciência.

Política
Bolsonaro quer fazer um tour pela extrema direita internacional
5/04/2023Mal voltou ao Brasil, Jair Bolsonaro já deve subir no avião novamente. Pelo menos no que depender das articulações feitas por Eduardo Bolsonaro. A ideia é que o ex-presidente visite líderes internacionais da extrema direita. Segundo fonte próxima ao clã, entre os nomes estão o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

Política
Bolsonaro vai ser fiscal de Lula no YouTube
4/04/2023De volta ao Brasil, Jair Bolsonaro vai retomar suas lives semanais. A recomendação partiu de Carlos Bolsonaro, notório estrategista da comunicação nas redes sociais. A ideia é que Bolsonaro use as transmissões para fazer oposição aberta ao governo Lula no front que lhe é mais favorável, a internet. A ideia é que o ex-presidente aponte erros da gestão petista, sempre confrontando com números do seu governo. Seria uma forma de Bolsonaro manter a mobilização entre seus apoiadores mais fiéis, valendo-se das mídias digitais. As lives vão permitir, por exemplo, uma farta produção de recortes, com falas mais contundentes de Bolsonaro, a serem viralizadas nas redes e nos grupos de WhatsApp e Telegram.
Política
Governo mira no jabuti da previdência privada deixado por Bolsonaro
3/04/2023Na condição de presidente do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, trabalha internamente para derrubar a Resolução nº 53 da entidade, aprovada em março do ano passado. A decisão do CNPC passou a permitir a “rescisão unilateral do convênio de adesão por iniciativa da entidade”. No governo Lula, a medida é vista como um jabuti do governo Bolsonaro para flexibilizar a extinção de planos de previdência privada e a retirada de patrocinadores das fundações, especialmente entre as empresas públicas. Não por coincidência, a pressão maior para que o governo mande a Resolução nº 53 pelos ares vem das entidades que representam trabalhadores de estatais, como o Sindipetro.

Política
Lewandowski a caminho do Conselhão?
31/03/2023Segundo o RR apurou, Lula convidou o ministro do STF Ricardo Lewandowski a integrar o novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS). Além de empresários, economistas e representantes da sociedade civil, há informações de que o presidente da República quer reunir no “Conselhão” um time notável de juristas. Outro nome que circula no Palácio do Planalto é do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Lewandowski passaria a integrar o CDESS no início de maio, logo após a sua aposentadoria do Supremo. O ministro, não custa lembrar, foi indicado para o STF pelo próprio Lula, em 2006.

Política
O que preocupa mesmo Campos Neto é o “arcabouço parafiscal”
30/03/2023A entrevista “macroprudencial” de Roberto Campos Neto, marcada em horário praticamente coincidente com o anúncio do arcabouço fiscal pelo ministro Fernando Haddad, teve o cuidado de não tocar em um dos principais fantasmas da autoridade monetária com materialização garantida no governo Lula: as políticas parafiscais expansionistas. De forma mais clara, Campos Neto e seus técnicos sentem fobia pelo BNDES e por Aloizio Mercadante. Na verdade, a aversão à forma de atuação e – por que não dizer? – à própria agência de fomento antecede a chegada de Mercadante. Na gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, a desconstrução do banco já estava escrita antes da primeira hora do governo Bolsonaro. Campos Neto vem repetindo o mantra nas atas do BC com mais cuidado do que Guedes. A mudança da TLP com prováveis subsídios em linhas de crédito especial e o aumento expressivo dos investimentos são considerados como redutores da potência da política monetária. Por essa ótica, mais gastos do BNDES, mesmo sem os “famigerados” subsídios, contribuiriam para a manutenção ou elevação dos juros.
Mercadante realizou um mega seminário no banco para passar o recado de que a era da anemia do BNDES findou. Nem tão ao sul, nem tão ao norte. O BC tem razão em parte quando alerta para que o banco de desenvolvimento não volte a ser o torrão de açúcar de outros tempos. Mas também não é o caso de transformar a instituição em apêndice da política monetária. Hoje, as atenções do BC estão menos voltadas para o arcabouço fiscal – já sabido de cor e salteado por Campos Neto e por seu colegiado – e mais para o marco das PPPs. O fundo soberano garantidor para que as PPPs deslanchem nos estados e municípios pode desaguar em uma igualmente “famigerada” política fiscal expansionista. Nesse assunto, o BC está boiando.
O marco das PPPs ainda está em construção, e as cifras em processo de revisão. O anúncio é que ele sai na semana que vem. A ver como o BC vai esgrimir seus argumentos em relação ao impacto das duas variáveis e do arcabouço fiscal na sinalização futura da Selic. Fica faltando ainda a questão da incumprível meta de inflação. O RR aposta que a autoridade monetária vai ceder. Não só os “farialimers”, mas também os bancões estão no modo “juros mais baixos”. A banca ganha dinheiro com as taxas altas. Mas a partir de certo ponto, os juros “matam a galinha” em função do aumento insustentável da inadimplência. Vai ser difícil Campos Neto manter uma Selic de 13,75% além desse semestre. E olhe lá!

Política
A volta do general Heleno
30/03/2023Jair Bolsonaro quer reeditar a dobradinha com o general Augusto Heleno. Corre em Brasília que Bolsonaro pediu a Valdemar da Costa Neto que o PL contrate o ex-ministro. Heleno atuaria como assessor direto do ex-presidente. Um dos ativos do general é a sua extensa rede de colaboradores, composta majoritariamente por militares da reserva – alguns deles integraram sua equipe no Gabinete de Segurança Institucional. Parece até que Bolsonaro quer ter seu próprio GSI…

Política
Governo Lula pretende tirar Memorial da Anistia do chão
30/03/2023O governo estuda retomar as obras do Memorial da Anistia, em Belo Horizonte. A construção do monumento, idealizado para homenagear os perseguidos pela ditadura militar, foi interrompida em 2019, logo no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro. Ao retirar o projeto da gaveta, a gestão Lula vai avançar em um terreno cheio de delicadezas. Por toda a carga simbólica envolvida, trata-se de uma iniciativa com o potencial de despertar sensibilidades, notadamente entre os militares, entre os quais já grassa uma resistência ao presidente Lula. Como se não bastasse, o Memorial da Anistia remete também a suspeitas de irregularidades. As obras – conduzidas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Prefeitura de BH, com apoio da Caixa Econômica – já consumiram cerca de R$ 28 milhões, quase seis vezes o valor originalmente previsto (R$ 5 milhões). Em 2020, o Ministério Público Federal abriu investigações, e a Polícia Federal chegou a indiciar 11 pessoas ligadas à UFMG. O caso acabou arquivado por falta de provas.

Destaque
Governo Lula planeja um “revogaço” na venda de agrotóxicos
27/03/2023O governo Lula prepara um “revogaço” de medidas da gestão de Jair Bolsonaro que flexibilizaram a venda de defensivos agrícolas no Brasil. Um dos principais alvos é o Decreto 10.833, assinado por Bolsonaro em outubro de 2021. Ele alterou a Lei 7.802, mais conhecida como “Lei dos Agrotóxicos”, abrindo brecha para a comercialização no país de uma série de produtos até então proibidos. Alguns deles, inclusive, estão banidos pela União Europeia – casos das substâncias tiametoxam, triflumurom e imidacloprido, entre outras. Além de vedar a distribuição desses produtos no país, o Palácio do Planalto quer também devolver ao Ministério da Saúde a prerrogativa de avaliar e autorizar ou não o uso de agrotóxicos empregados em campanhas de saúde pública, extinta pelo Decreto 10.833. Um exemplo: o popular “mata-mosquito” utilizado no combate à dengue nada mais é do que um defensivo agrícola – dos grupos químicos organofosforados, carbamatos e piretróides, cuja exposição excessiva pode gerar danos crônicos à saúde humana.
Jair Bolsonaro criou uma espécie de “liberou geral” na venda de defensivos agrícolas. Durante os quatro anos de mandato, o seu governo autorizou a venda de 2.182 produtos, uma média de 45 aprovações por mês. Trata-se de um recorde na série histórica da Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, iniciada em 2003. Com as porteiras abertas, a gestão Bolsonaro notabilizou-se por outra marca: a liberação de 98 substâncias inéditas no Brasil. Até então, o recorde anterior pertencia ao segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (58 autorizações). Lula pretende usar o “revogaço” dos agrotóxicos como mais uma mensagem à comunidade internacional do compromisso do seu governo com políticas ambientais mais rígidas. Segundo informações apuradas pelo RR, o presidente planeja anunciar as medidas durante a Cúpula da Amazônia – prevista para junho ou julho.
Há outras ações engatilhadas. O governo pretende também barrar a tramitação no Congresso do projeto de lei nº 1.459/2022, que recebeu de ambientalistas a alcunha de “PL do Veneno”. A proposta afrouxa as regras para aplicação de agrotóxicos e reduz o poder da Anvisa e do Ibama no controle dessas substâncias. O PL já foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado e está liberado para votação em plenário. A rigor, pode ser colocado em pauta a qualquer momento por Rodrigo Pacheco. Ou seja: ao contrário da mudança do Decreto 10.833, que poderá ser feita pela própria Presidência da República, barrar a “Lei do Veneno” depende de uma articulação com o Congresso. A missão não é simples. Há uma notória pressão da bancada ruralista e de empresários do agronegócio pela aprovação do PL. Será um ponto de fricção justo no momento em que o governo Lula tenta se aproximar do setor.

Política
Lula quer aumentar a dose de veneno contra Moro
24/03/2023O RR apurou que o presidente Lula encomendou ao ministro da Justiça, Flavio Dino, que coloque lenha nas “armações” do senador Sérgio Moro, principalmente em fatos inéditos comprometedores e vinculados à Lava Jato. Está valendo também o desenterro de ossos da operação. Tudo que possa comprometer Moro e sustentar o discurso de que as ameaças do PCC ao ex-ministro são uma “farsa”. É uma espécie de macarthismo versão petista.
Se o veneno será, de fato, inoculado não se sabe. Mas com certeza ficará guardado no paiol de Lula. Um exemplo dos fatos comprometedores de Moro, que podem ganhar uma dimensão maior, dependendo da narrativa e novas informações, é a relação do ex-juiz com a CIA. Ela existiu – ou existe. Mas pode ir de um simples comparecimento a um curso de extensão à suspeita de espionagem.
Seja como for, Lula destampou um bueiro no qual o risco de afogamento no equívoco é muito mais seu do que o de Moro. O senador estava quieto no seu canto, lambendo as feridas da sua participação no governo Bolsonaro. Lula veio e colocou os holofotes sobre o ex-ministro, levantando ilações sobre uma operação realizada pela Polícia Federal, subordinada a Dino e, em última instância, a ele próprio. Moro só tem a agradecer. O presidente construiu uma pantomima na qual ele interpreta um personagem que anda em círculos, oscilando entre a tolice e a vilania. Lula alimenta seus inimigos com seu estoque de suspeições equivocadas. E o que é pior, tende a fazer do emblema “avançar ou avançar” a marca do seu governo. Avançar mesmo que seja em direção ao abismo.
Política
Uma gambiarra trabalhista na ciência e tecnologia
24/03/2023Enquanto não consegue conter o êxodo de cérebros, o governo estuda uma medida para aproveitar o conhecimento de cientistas e pesquisadores brasileiros que hoje moram no exterior. A ideia é que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, subordinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, passe a contratar essa mão de obra qualificadíssima de forma temporária, e não obrigatoriamente por concurso. Esses profissionais seriam alocados entre as 28 unidades de pesquisa, institutos e autarquias vinculados à Pasta, entre as quais o CNPq, o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais e a Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Política
As “boas notícias” de Geraldo Alckmin
23/03/2023Um fato curioso chamou a atenção dos presentes na reunião entre Geraldo Alckmin e líderes sindicais na última segunda-feira, em Brasília – encontro antecipado pelo RR. Segundo um dos participantes, de repente o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria abriu uma pasta onde podia se ler o sugestivo título “Boas notícias”. Alckmin tirou alguns papeis e começou a discorrer sobre medidas do governo com impacto positivo sobre a indústria e a preservação de empregos no setor. Citou, com certa ênfase, a mudança das alíquotas de uma série de produtos. Ao fim do encontro, disse aos sindicalistas que o conteúdo da pasta vai aumentar nas próximas semanas.

Política
Geraldo Alckmin quer ser o “embaixador” da Zona Franca de Manaus
20/03/2023O RR apurou que Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento e da Indústria, vai participar da reunião do Conselho de Administração da Suframa, no próximo dia 24 de março. Alckmin quer aproveitar a data para apresentar à indústria local os planos do governo Lula para a Zona Franca de Manaus. O vice-presidente tem se apresentado como uma espécie de embaixador da Zona Franca junto ao Ministério da Fazenda, comprometendo-se a interceder para que não haja uma grande mordida nos benefícios fiscais da região.
Em tempo: uma coincidência de agendas, ressalte-se, pode dar um caráter ainda mais relevante à presença de Alckmin. A viagem de Lula para a China está programada exatamente para o dia 24. Ou seja: Alckmin deve chegar a Manaus como presidente da República em exercício.
Política
Arthur Lira monta mais uma capitania no governo
17/03/2023Arthur Lira está mandando e desmandando na área portuária, entre outras. Lira se movimenta nos bastidores para fisgar duas das cinco superintendências da Antaq, todas ainda ocupadas por indicados pelo governo Bolsonaro. O presidente da Câmara mira, principalmente, na Superintendência de Regulação, atualmente comandada por Bruno de Oliveira Pinheiro. Não vai parar por aí. De acordo com a mesma fonte, Lira articula com o governo a transferência de Diogo Holanda Pinheiro, seu afilhado político e atual administrador do Porto de Maceió, para um cargo na Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). Seria um upgrade, uma vez que o terminal de Alagoas, terra do presidente da Câmara, está subordinado à estatal. O remanejamento faz parte de um acordão com o PT, que já tem um nome para o comando do Porto de Maceió. Ninguém perde nada e todos saem satisfeitos.

Política
Governo Lula vira concessão de parques ambientais de pernas para o ar
17/03/2023O RR apurou que o governador do Ceará, Elmano Freitas, manifestou ao presidente Lula e à ministra Marina Silva o interesse do estado em assumir a concessão do Parque Nacional do Jericoacara. O governo federal não apenas cancelou a licitação da unidade de conservação como deve suspender todo o plano de desestatizações do setor herdado da gestão Bolsonaro – conforme o RR antecipou.
A importância do eventual acordo com Elmano Freitas extrapola as fronteiras do Ceará. A transferência do ativo pode servir de modelo para outros casos similares. No Ministério do Meio Ambiente, segundo a mesma fonte, já se discute até mesmo a possibilidade de uma gestão compartilhada entre União e estado. A recém-criada Secretaria de Bioeconomia e Recursos Genéticos, inclusive, já recebeu a missão de desenvolver projetos voltados ao aproveitamento bioeconômico dessas áreas.
Há ainda casos delicados nesse terreno, que triscam a segurança jurídica. O governo federal, por exemplo, tem flertado com a ideia de anular a licitação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, realizada no apagar das luzes do mandato de Jair Bolsonaro, em 22 de dezembro do ano passado. O leilão foi vencido pelo Parques Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura, ligado ao Banco Daycoval. O próprio governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, já formalizou ao governo Lula o interesse em assumir a concessão da unidade.

Destaque
Por onde anda Paulo Guedes
16/03/2023Quem quiser encontrar o “psicanalista das finanças”, Paulo Guedes, pode dar uma passada no Gávea Golf Club, no Rio de Janeiro. Guedes dá suas consultas informalmente em um grande salão. Coisa de rei. Alguém que não esteja à altura dos grandes interesses tratados com o ex-ministro naquele recinto pode simplesmente passar e dar um adeusinho. Guedes adora a ideia de se tornar um economista pop. Enquanto vai cumprindo sua quarentena, o ex-ministro da Economia segue analisando a “alma” dos negócios que passam por seu “divã”. É apenas um rito de passagem. Como já disse o RR. Guedes tem um leque de alternativas onde pode se aboletar. Todos os caminhos levam à fortuna.

Política
Risco Cabral preocupa petistas
10/03/2023
Destaque
José Dirceu está de “volta” ao governo
10/03/2023O ex-ministro José Dirceu não pretende retornar à ribalta da política ou mesmo ter qualquer proximidade explícita com o governo, mas voltou a trocar figurinhas diretamente ou através de terceiros com Lula. Dirceu tem aconselhado o presidente em decisões relevantes. É dele, por exemplo, a recomendação de que Lula coloque a Petrobras no centro do seu governo. A estatal, mesmo sendo uma vaca leiteira, foi tratada na gestão Bolsonaro como uma empresa da qual a União deveria se livrar, privatizando-a tão logo houvesse condições políticas necessárias. Na concepção do ex-presidente, influenciado pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, a Petrobras era vista tão somente em termos do valuation e dos recursos que poderiam ser distribuídos sob a forma de dividendos. De acordo com a fonte do RR, Dirceu disse textualmente a Lula, em contato pessoal, que a estatal deveria ser uma das protagonistas da sua gestão. A empresa teria todas as condições de ser um dos eixos geradores de riqueza que o governo precisaria, quer seja como realizadora e indutora de investimentos no mainstream – leia-se pré-sal; quer seja como a grande puxadora de projetos para renovação da matriz energética, um dos principais discursos de Lula no exterior. Dito e feito.
Mais recentemente, o ex-ministro sugeriu ao presidente que, após a nomeação de Dilma Rousseff para o banco dos Brics ou Novo Banco do Desenvolvimento, iniciasse um processo de descontaminação do então titular, Marcos Troyjo. Dirceu, segundo a fonte do RR, considera que o diplomata, apesar de tingido por berrante tintura bolsonarista, pode ajudar o governo em articulações no exterior, mesmo que com um cargo informal. Troyjo teve um papel relevante no primeiro mandato de Lula. Foi ele que acompanhou José Dirceu nos contatos com o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney; com o chefão do FMI, Stanley Fischer; com o presidente do FED, Ben Bernanke; e com o poderosíssimo Secretário do Tesouro, Lawrence Summers. Poucos sabem, mas foi nessa rodada de encontros que saiu a indicação e convite ao banqueiro Henrique Meirelles para assumir a presidência do Banco Central. Troyjo é um pragmático, que adora o poder.
Dirceu não quer colocar a cabeça para fora dos encontros reservadíssimos com os principais quadros do PT e dirigentes de outros partidos que considera fundamental para que o governo tenha uma amplitude política, tal como Renan Calheiros, por exemplo. Ficar malocado faz parte também do seu projeto de defesa. Dirceu é condenado a cumprir pena de 40 anos, ainda que a prisão seja domiciliar, devido ao processo do Mensalão. Foi como essa visão estratégica que não compareceu à posse de Lula, preferindo ficar distante da pompa, sentado na grama e sendo saudado pelos companheiros petistas com o epíteto que mais lhe agrada, “El Comandante”.
Somente em um momento José Dirceu saiu da toca: em fevereiro, por ocasião do evento comemorativo dos 43 anos do PT, quando foi saudado por Lula como “agente político e militante da maior qualidade”. Entre Lula e Dirceu, ou mesmo entre Dirceu e a presidente do PT, Gleisi Hoffman – que não pensa igual a Dirceu, diga-se de passagem, sobre a estratégia para o partido – há um canal de contato mais visível e estreito: o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, filho do ex-ministro. Zeca articula no Congresso, papeia aqui e acolá, leva e traz as informações. É uma prova de que Dirceu está sem estar no alto comando das decisões do PT.
Não custa lembrar que Lula se referiu a José Dirceu como um dos responsáveis por sua eleição, com um conselho singelo e potente ao mesmo. Quando os petistas já estavam eufóricos, considerando que a probabilidade do ex-presidente voltar ao Poder era grande e estava dada, alguns dirigentes encasquetaram que o bom caminho era fazer uma campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Dirceu fez chegar ao então candidato do PT que a estratégia acabaria por ressuscitar a tese da terceira via, que já adormecia aparentemente sem volta. Emplacou seu raciocínio. E, ainda que possa se dizer que a contribuição tenha sido modesta, o fato é que ajudou a emplacar Lula na presidência.

Política
Sindicalistas param no gabinete de Haddad e Alckmin
10/03/2023Segundo o RR apurou, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, deverão ter, nos próximos dias, encontros com lideranças sindicais. Há reuniões engatilhadas com os presidentes da Força Sindical, Miguel Torres, e da CUT, Sergio Nobre. A presença de Alckmin se justifica pela pauta principal das conversas: os sindicalistas vão encaminhar propostas na tentativa de acelerar a geração de emprego, o que passa pelo aumento dos postos de trabalho na indústria. No entanto, sua importância vai além dos temas tratados. Durante a campanha eleitoral, o ex-tucano teve um papel relevante na interlocução com o movimento sindical, aproximando-se dos principais dirigentes do setor. No entorno do governo, há quem diga que essa relação tem um pé em 2026. Alckmin não quer ser identificado apenas com as questões e pleitos do empresariado.
Em tempo: as conversas de Haddad e Alckmin com os representantes da classe trabalhadora chamam atenção também pelo timing. Ocorrerão às vésperas dos protestos convocados pelas centrais sindicais para o próximo dia 21 de março. As entidades prometem manifestações contra os juros altos não apenas em frente à sede do Banco Central em Brasília, mas também em todas as demais cidades que tiverem representações da instituição. Um assessor próximo a Alckmin arrisca que todo esse fuzuê vai bater na porta do presidente do BC, Roberto Campos Netto, a quem é atribuída a responsabilidade dos juros altos e por zelar pelo pleno emprego. Todos os movimentos emanados do PT acabam desaguando também em pressão pela saída de Campos Neto.

Destaque
Bolsonaro pretende contra-atacar o escândalo das joias na mesma moeda
7/03/2023Olho por olho, dente por dente. Assim o clã Bolsonaro planeja contra-atacar o escândalo das joias. O RR apurou junto a fontes próximas à família de que o ex-presidente e seus filhos pretendem lançar um pedido de auditoria dos bens valiosos ofertados a Lula durante os seus dois primeiros mandatos. Por intermédio de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, parlamentares aliados já teriam sido acionados para requisitar formalmente no Congresso uma devassa dos presentes recebidos pelo petista de outros chefes de governo entre 2003 e 2010. A ideia é atribuída, principalmente, a Carlos Bolsonaro, a quem caberia a missão de inflamar a militância “bolsonarista” nas redes sociais em torno da investigação. O objetivo não é apenas criar um fato diversionista, para eclipsar a denúncia de que Jair Bolsonaro supostamente tentou trazer irregularmente para o país joias doadas à ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, no valor de aproximadamente R$ 16 milhões. Os filhos do ex-presidente entendem que é possível enredar Lula na teia que seus próprios assessores lançaram ao vazar informações da Receita Federal contra Bolsonaro.
No fim de semana, segundo as fontes ouvidas pelo RR, os filhos de Bolsonaro já começaram a levantar munição contra Lula. A premissa é que o telhado do atual presidente é de vidro. Em março de 2016, por exemplo, a Lava Jato determinou a busca e apreensão de itens ofertados ao petista que estavam guardados em um cofre do Banco do Brasil em São Paulo. Os bens teriam sido indevidamente incorporados ao acervo pessoal de Lula e não ao da Presidência da República. Não consta entre esses itens a presença de joias ou de bens de notório valor. A parte não é necessariamente o todo. O entorno de Bolsonaro aposta que uma auditoria pode trazer à tona fatos ainda não devidamente apurados. Um exemplo: até hoje não ficou claro o papel da OAS nessa história. Tão logo Lula deixou o governo, a empreiteira teria ajudado a bancar o armazenamento de algumas das doações ao petista. Há ainda uma questão de escala que pode ajudar na vendeta dos Bolsonaro: estima-se que Lula tenha recebido cerca de 1,4 mil objetos de chefes de estado classificados como de “cunho pessoal” ao longo de oito anos.
Está claro que o governo Lula decidiu garimpar fatos e cifras para criminalizar Jair Bolsonaro. Foi assim, logo no início de mandato, com o vazamento de dados do cartão corporativo do ex-presidente. A família Bolsonaro quer pagar na mesma moeda, ainda que a sua esteja um pouco “depreciada”.

Política
Lula vai chamar líderes partidários às falas
7/03/2023Segundo o RR apurou, antes da viagem à China, no fim do mês, Lula vai convocar os líderes de todos os partidos na Câmara e no Senado para uma reunião. A articulação está sendo conduzida pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. A ideia é que o próprio presidente da República vá ao Congresso para se encontrar com os parlamentares, o que daria um peso simbólico e uma dimensão maiores ao evento. Lula conclamaria os parlamentares a apreciar pautas de “interesse do Brasil”, como o novo salário-mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e a MP da reoneração dos combustíveis e do imposto sobre a exportação de petróleo bruto.
Política
O lento reencontro entre o Brasil e a ciência
6/03/2023A gradativa recomposição do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia já começa a surtir efeito. Nos dois primeiros do ano, houve um aumento de 30% nos pedidos de bolsa para pesquisas científicas em comparação com igual período em 2022. Um exemplo: o número de projetos para estudos na Antártida já supera em três vezes o limite de vagas para pesquisadores na Estação Comandante Ferraz, a base brasileira na região. No início do ano, o presidente Lula anunciou uma correção de 40% nos valores das bolsas para mestrado e doutorado da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), de onde sai boa parte das verbas para os estudos científicos. A meta do Ministério da Ciência e Tecnologia é conceder 54 mil bolsas para mestrado neste ano, seis mil a mais do que em 2022.
Política
O ministro da defesa da família Bolsonaro
6/03/2023O general Braga Netto recebeu uma nova missão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro da Defesa será o responsável por montar o esquema de segurança de Bolsonaro quando do seu retorno ao Brasil – a data ainda é uma incógnita. Além dos agentes da PF a que todo o ex-presidente tem direito, o efetivo também deverá ser composto por policiais aposentados pagos pelo PL. Enquanto Bolsonaro não chega, “Braga” cuidará também da segurança pessoal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fará uma série de viagens pelo Brasil. Também às custas do partido.
Política
Ministério da Justiça reforça a defesa depois de gol contra
3/03/2023O Ministério da Justiça, mais precisamente a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vai abrir um processo administrativo contra a colombiana Viva Air. Trata-se da típica tranca depois da porta arrombada. A companhia aérea já vinha dando sinais de que sucumbiria a uma grave crise financeira. Ainda assim, seguiu vendendo passagens no país até a última terça-feira, quando anunciou a suspensão de suas operações. Segundo informações colhidas pela Pasta da Justiça, há mais de uma centena de bilhetes já comercializados no país. Além da rota entre São Paulo e Medellín, a principal da Viva Air no Brasil, a empresa voa, ou melhor, voava também da capital paulista para Buenos Aires, Cidade do México e Miami.
Política
Rui Costa invade a jurisdição de outros Ministérios
2/03/2023A concentração de poderes sob o guarda-chuva de Rui Costa, ministro da Casa Civil, está provocando atritos interministeriais. Os mais insatisfeitos são os ministros dos Transportes, Renan Filho, e de Portos e Aeroportos, Marcio França. Segundo o RR apurou, Costa vem conduzindo negociações relacionadas às respectivas áreas sem envolver as duas Pastas. Um exemplo: nos últimos dias, o secretário de Assuntos Federativos da Casa Civil, André Ceciliano, tem feito reuniões com governos estaduais para discutir a liberação de verbas federais para projetos ferroviários e portuários previstos no PAC sem passar pelos dois ministérios. Se o critério é prestígio e proximidade com o presidente Lula, muito provavelmente Rui Costa vai continuar atropelando Renan Filho e Marcio França.

Política
Campos Neto lança um sinal de trégua ao presidente Lula
28/02/2023O que tem a ver o Pix internacional com a moeda do Mercosul? Dependendo da ótica, muito ou nada. A priori, a despeito da lógica ou prioridade, a medida não deixa de ser um agrado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a Lula, que ouve como música qualquer manifestação favorável ao fortalecimento do bloco sul-americano, com o protagonismo do Brasil. O Pix internacional significaria, portanto, o aceno de Campos Neto para uma trégua com o Palácio do Planalto e o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que apoiam a moeda comum do Mercosul – o “sur real”, como vem sendo chamada pelo mercado e internamente pelo próprio BC.
Chama a atenção o prazo estimado para a implementação do novo sistema: são dois anos, praticamente o prazo para o vencimento do mandato do presidente do BC. O Pix internacional é um meio de pagamento, sem os inconvenientes do “sur real”. Além do mais, é bem mais abrangente, porque atrai outros países além das fronteiras do Mercosul, a exemplo da Colômbia, Equador e Chile, conforme antecipou o presidente do BC. É curioso a Argentina não aparecer nas citações de Campos Neto. O seu presidente, Alberto Fernandez, foi o maior entusiasta da criação da moeda comum entre os países do bloco. Só falta agora, Campos Neto ceder e reduzir a Selic em um dedinho, buscando a partir daí um acordo de redução dos juros nos países do Mercosul. Mesmo em um tempo no qual pululam propostas hiper-heterodoxas, seria efetivamente surreal, não obstante o gáudio de Lula.
Política
As marcas de Marcelo Castro nas estradas do DNIT
28/02/2023Há pegadas do senador Marcelo Castro (MDB-PI) no asfalto do DNIT. O parlamentar, relator do Orçamento, estaria fazendo articulações em Brasília pela permanência de Luiz Guilherme Rodrigues de Mello na diretoria de Planejamento e Pesquisa do órgão. No cargo desde 2019, Mello é casado com uma sobrinha de Sebastião Vitor Braga Ribeiro, mais conhecido como “Tião Sorriso”. Ribeiro, por sua vez, é cunhado de Castro. As estradas que interligam a família do senador e o DNIT não param por aí. Em 2010, quando comandava a superintendência do Departamento no Piauí, Ribeiro, ou “Tião Sorriso”, foi alvo de denúncias de favorecimento à construtora Jurema, de propriedade dos irmãos de Castro. Por sinal, entre 2017 e 2022, quando o atual ministro da Integração, Wellington Dias, governava o Piauí, a Jurema recebeu cerca de R$ 236 milhões em contratos com o estado.

Destaque
Alckmin quer destravar importações pelo regime especial do Ex-Tarifário
27/02/2023Geraldo Alckmin e seus assessores no Ministério do Desenvolvimento e da Indústria estão quebrando a cabeça para equacionar um passivo deixado pela gestão Bolsonaro. Segundo RR apurou, há mais 27 mil pedidos de concessão do Ex-Tarifário represados no Ministério, à espera de análise. Trata-se do regime tributário especial que permite a importação de máquinas e equipamentos sem similar nacional com imposto reduzido ou, em alguns casos, até mesmo com alíquota zero. Por conta dessa pilha de processos acumulada, uma parcela razoável das importações de bens de capital e de informática estão travadas, provocando um efeito dominó, com atrasos e, em alguns casos, até mesmo com a suspensão de projetos da área industrial. Os setores automotivo e de tecnologia estão entre os mais afetados – um volume considerável das importações de máquinas e peças desses dois segmentos é feita por meio do Ex-Tarifário. No caso da indústria automobilística, mais de 300 componentes são beneficiados pelo regime tributário especial. O RR entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento, que não se pronunciou.
Para um governo que ressuscitou a Pasta da Indústria, com a promessa de frear o derretimento do setor, destravar as requisições de importação pelo Ex-Tarifário se torna prioridade. Os setores da indústria mais afetados por essa bola de neve têm buscado canais de interlocução com Geraldo Alckmin na tentativa de acelerar a avaliação dos pedidos. Em 2021, por exemplo, em razão dessa morosidade, as importações beneficiadas pelo Ex-Tarifário somaram aproximadamente R$ 12 bilhões, R$ 2 bilhões a menos do que em 2020. Estima-se que, no ano passado, o número tenha sido ainda menor.

Política
Gleisi corta Itaipu em fatias e serve à base aliada
23/02/2023A presidente do PT, Gleisi Hoffmann está costurando uma espécie de Tratado de Tordesilhas de Itaipu, com objetivo de dividir a estatal entre partidos da base aliada. Pelo desenho traçado, segundo o RR apurou, MDB e PSD indicariam os titulares das diretorias jurídica e financeira. Já o PT ficaria com as diretorias administrativa e de coordenação. Ressalte-se que o partido já emplacou o deputado federal Enio Verri no comando do lado brasileiro da usina binacional.

Política
Bolsa Família vira “garoto propaganda” dos 60 dias de Lula III
17/02/2023O Palácio do Planalto prepara o lançamento da primeira grande campanha publicitária do governo Lula. Segundo o RR apurou, a ideia é usar o relançamento do Bolsa Família, previsto para a próxima semana, como mote para enfeixar as medidas mais importantes dos primeiros 60 dias de gestão. O governo pretende bater bumbo, sobretudo, em relação às iniciativas de maior impacto social, como a recriação do Minha Casa, Minha Vida e o pagamento de R$ 600 aos beneficiários do próprio Bolsa Família.

Política
CGU tem uma flecha apontada para Bolsonaro e aliados
15/02/2023A tragédia Yanomami é apenas a ponta do iceberg. Segundo o RR apurou, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius de Carvalho, articula com o TCU a realização de uma devassa mais ampla nos gastos do governo Bolsonaro com populações indígenas em todo o país. A intenção é ir além da auditoria instaurada às pressas pelo Tribunal de Contas da União em janeiro, concentrada basicamente nos recursos destinados às aldeias Yanomami. Políticas de saúde, envio de vacinas, construção de escolas, segurança, programas de apoio a atividades econômicas de subsistência, notadamente pesca e agricultura, etc. O governo Lula quer destrinchar todas essas cifras. Com a devassa, a CGU pretende produzir provas para criminalizar a gestão Bolsonaro pela situação de vulnerabilidade dos povos indígenas. A ideia é municiar o STF. O ministro do STF Luis Roberto Barroso já determinou abertura de investigação contra Bolsonaro e autoridades da sua gestão por possível crime de genocídio contra a comunidade Yanomami, processo este que pode ser estendido a outros territórios indígenas do país.
O alvo principal é Jair Bolsonaro. Mas há flechas apontadas também para seus colaboradores diretos. De acordo com a mesma fonte, CGU e TCU pretendem fazer uma investigação transversal, destrinchando não apenas a execução orçamentária da Funai, mas também a destinação de verbas de outros órgãos com impacto direto sobre as condições sociais nos territórios indígenas. Entram nesse rol, por exemplo, os Ministérios da Saúde, da Família e do Desenvolvimento Social e a Funasa (Fundação Nacional da Saúde). Vai sobrar até para o ex-vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Um dos focos da investigação será o Conselho Nacional da Amazônia Legal. Uma das atribuições do CNAL, comandado pelo general Mourão, era fiscalizar e combater ilícitos ambientais e fundiários em toda a Região, que concentra 424 Territórios Indígenas, ou o equivalente a 98% da extensão de todas essas áreas de proteção no país.

Política
Romário pode trocar de time, ou melhor, de partido
15/02/2023Corre a boca miúda dentro do Senado que o PSD, de Rodrigo Pacheco, já abriu as portas para a filiação de Romário. O Baixinho passou a ser visto como adversário pela ala bolsonarista do PL, seu partido. Ainda que Romário não tenha revelado publicamente sua escolha, todos dão como certo que ele votou no próprio Pacheco na eleição para a Presidência do Senado, preterindo o ex-ministro Rogério Marinho, candidato do PL e do ex-presidente Jair Bolsonaro. O eventual vira-casaca do ex-jogador teria um peso razoável na divisão de forças no Senado, consolidando o PSD como a maior bancada da Casa. O partido de Pacheco passaria a ter 17 senadores, contra 11 do PSL – por uma dessas ironias, o número da camisa que consagrou o Baixinho.

Política
Margareth Menezes terá de brincar o “Carnaval do compliance”
15/02/2023O carnaval da ministra da Cultura, Margareth Menezes, vai ter duas faces. De um lado, será a celebração da cantora em um cargo merecido. Margareth é ativista de diversos grupos culturais na Bahia e traz a representação do seu gênero e da sua cor. Por outro lado, haverá o patrulhamento do camarote da ministra, em Salvador, com questionamentos sobre patrocinadores e valores. Uma alternativa será suspender o camarote. Difícil. Outra, que parece ainda mais improvável, seria abdicar de qualquer sponsor. Seja como for, salve Margareth!
Política
Ex-ministro de Dilma entra na fila para o STF
14/02/2023A ex-presidente Dilma Rousseff soprou ao pé do ouvido de Lula a indicação de Eugênio Araújo para o STF – duas vagas vão se abrir neste ano com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Aragão foi ministro da Justiça de Dilma por dois breves meses, entre março e maio de 2016. Era o titular da Pasta quando a “chefe” foi afastada da Presidência. Ressalte-se que, durante o período de transição, Aragão integrou o Comitê de Transparência, Integridade e Controle, por indicação de Dilma. Mas STF é outra história. Seu nome enfrenta resistências dentro do próprio PT. Araújo associou-se recentemente ao advogado Willez Tomaz, tido como um personagem próximo do MDB e, mais precisamente, do grupo político do “golpista” Michel Temer.

Política
Área fiscal vai dominar reunião de Haddad e assessores
13/02/2023A reunião de Fernando Haddad com todos os seus assessores na primeira hora de amanhã, antes do encontro com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, tem por objetivo não só a mudança da meta de inflação. Haddad vai ouvir seus auxiliares sobre os argumentos prós e contra em relação ao target de 3,25%, em 2023, e 3%, em 2024. Mas quer consultá-los mesmo sobre os compromissos que o governo pode assumir na área fiscal, para anunciá-los após a reunião do CMN, na próxima quinta-feira. Haddad tem consciência de que a mudança da meta, em um primeiro momento, servirá de estilingue para que o mercado saia quebrando vidraças. As boas notícias no campo fiscal funcionariam como contrapeso a uma decisão que as instituições financeiras abominam. Até talvez porque as metas de inflação ambiciosas têm um papel implícito: manter as taxas de juros sempre um degrau acima do que o necessário. Os rentistas agradecem felizes. Se tivessem um lobby suficiente forte, faziam o BC puxar a meta para 1%.

Política
Lula vai tatuar o 8 de janeiro na pele de Bolsonaro
13/02/2023O 8 de janeiro passou demais do ponto. Esta é a reflexão que vem sendo feita no bunker bolsonarista, notadamente por Eduardo Bolsonaro. Segundo o RR apurou junto a interlocutores do parlamentar, o “03” tem pregado intramuros que os ataques em Brasília tiveram um grande vencedor: Lula. E, por consequência, um grande perdedor: o próprio Jair Bolsonaro. Em uma espécie de mea culpa interna corporis, Eduardo, principal responsável por levar a “Cartilha Bannon” para dentro do clã político, tem defendido a tese que o estímulo aos protestos foi um enorme erro de cálculo. O raciocínio é que os protestos deram ao presidente da República munição de sobra para bombardear Jair Bolsonaro e colar nele a pecha de “golpista”, “conspirador” e “criminoso”. A barbárie na capital federal produziu cenas que poderão ser fartamente usadas por Lula na campanha do “terceiro turno”, “ quarto turno” etc.
O presidente não vai deixar o 8 de janeiro e seus mentores intelectuais caírem no esquecimento. Vide o discurso na reunião com líderes de partidos da base aliada na última quarta-feira, quando, mais uma vez, o presidente voltou à data: “Hoje não tenho dúvida de que isso foi arquitetado pelo responsável maior de toda pregação do ódio, da indústria de mentiras, de notícias falsas, que aconteceu nesse país nos últimos quatro anos”.
Na guerra de narrativas, trata-se de um enredo de difícil desconstrução por parte de Bolsonaro e de seus. Assim como Lula afugenta o eleitorado flutuante – ou seja, aqueles que não são nem “lulistas” nem “bolsonaristas” – com suas declarações raivosas contra o presidente do Banco Central ou ao recorrer à anacrônica e puída mensagem da “guerra de ricos contra pobres”, o mesmo se aplica a Bolsonaro quando seu nome é indexado a depredações, vandalismo e destruição.
A leitura dos fatos que Eduardo Bolsonaro tem verbalizado junto aos seus é eivada de pragmatismo. A essa altura, pouco importa quem financiou, quem mandou, quem viralizou ou quem depredou: o 8 de janeiro serviu para unir ainda mais os principais adversários de Jair Bolsonaro na República, com consequências políticas e, sobretudo, jurídicas ainda insondáveis. Os atos criminosos amalgamaram a coalizão entre os Três Poderes, notadamente entre o Palácio do Planalto e o STF – ou, dando nome aos bois, entre Lula e Alexandre de Moraes. Não se sabe se Bolsonaro chispou para a Flórida porque já tinha spoilers do 8 de janeiro, mas certamente não volta de lá muito em razão do 8 de janeiro.
Política
Lira indica aliado para diretoria do Banco do Nordeste
13/02/2023O RR apurou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, trabalha nos bastidores pela indicação de Romildo Rolim para uma das diretorias do Banco do Nordeste (BNB). Rolim já presidiu o BNB por duas vezes. Na mais recente, em 2021, foi apeado do cargo por interferência direta de Valdemar da Costa Neto, que denunciou supostas irregularidades na gestão da carteira de microcrédito do banco. Lira parece estar mandando e desmandando no Banco do Nordeste. Na semana passada, em visita a Vitória (ES), anunciou de viva-voz que o BNB terá um escritório na cidade. Falou como se tivesse sido o mandatário da medida.
Política
Tem pimenta demais no vatapá de Rui Costa e Jaques Wagner
13/02/2023Uma disputa provinciana está respingando na relação entre um dos ministros mais próximos de Lula e o líder do governo no Senado. Rui Costa, titular da Pasta Civil, e Jaques Wagner têm travado uma queda de braço pelo preenchimento de cargos políticos na Bahia. A divergência mais recente se deu com a indicação de Aline Peixoto para o Tribunal de Contas de Salvador, patrocinada por Costa. Wagner trabalhou intensamente para emplacar um nome da sua cota, mas perdeu a parada para o ministro da Casa Civil. Segundo informações que circulam dentro do PT, as desavenças envolvem também indicações para a diretoria da Embasa e da Bahiagás. O impasse está deixando um terceiro petista em maus lençóis, o governador baiano Jerônimo Rodrigues, que não quer desagradar nem a Costa e nem a Wagner.

Política
DNIT ainda pertence ao governo Bolsonaro
10/02/2023Ainda tem muita obra para ser feita no DNIT. Mesmo após o afastamento do general Antônio Leite dos Santos Filho do comando geral do órgão e da saída de outros diretores, há um cluster bolsonarista que permanece incrustado na autarquia, dando as cartas em assuntos estratégicos. Esse protetorado vem agindo, sobretudo, com o objetivo de reestatizar concessões para atender interesses de parlamentares vinculados a Jair Bolsonaro e aliados do ex-presidente, a começar pelo próprio governador Tarcísio Freitas. O que se diz nos corredores do DNIT é que Freitas, funcionário de carreira do Departamento, mantém uma relação de chefe para subordinado com o diretor geral interino, Euclides Bandeira de Souza Neto, e com o diretor de Planejamento e Pesquisa, Luiz Guilherme Rodrigues de Mello. Ambos ascenderam ao primeiro escalão da autarquia em 2019, com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto e Freitas no Ministério da Infraestrutura. Para se ter uma ideia da pressão que, à época, Bolsonaro e Freitas imprimiram nas escolhas, tanto Souza Neto quanto Mello foram nomeados sem passar pela sabatina no Senado. Na ocasião, por interveniência direta do então presidente do Senado, David Alcolumbre, o Congresso alterou às pressas uma MP assinada por Bolsonaro. Com isso, devolveu ao Senado a prerrogativa da sabatina obrigatória para diretores do DNIT.
Além de nomes na primeira prateleira decisória do DNIT, o “bolsonarismo” ferve feito asfalto quente em cargos vicinais, mas com razoável poder regional – ou seja na ponta de chegada das verbas e na execução orçamentária. Segundo o RR apurou, uma das trilhas leva a Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, ainda com forte influência nas superintendências do DNIT na Bahia e no Ceará. Por sua vez, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, segue com tentáculos esticados dentro das representações do órgão no próprio estado e no Rio Grande do Sul. Na Superintendência do Rio de Janeiro, quem controla o “tráfego” é um seleto grupo de parlamentares do PSD. Já o PP, de acordo com a mesma fonte, permanece firme e forte movimentando os títeres dentro do DNIT no Piauí e no Maranhão – onde as cordas estariam nas mãos do ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O intuito principal dessa “teia bolsonarista” é aproveitar o tradicional ziguezague de início de governo para preenchimento de cargos com o objetivo de abocanhar as rodovias que hoje se encontram com pendências de ordem administrativa ou jurídica. Aumentar a carteira de estradas sob gestão do DNIT é meio caminho andado para forçar a ampliação das verbas do órgão e, consequentemente, o escoamento desse dinheiro pelas respectivas capitanias políticas. É praticamente o ovo da serpente de um novo orçamento secreto chocado às custas da reestatização de rodovias quase a fórceps.
O caso ganha ainda mais gravidade pelo fato de o DNIT ser historicamente um sugadouro de recursos públicos. Um dos maiores escândalos aconteceu com o próprio Tarcísio Freitas à frente do Ministério da Infraestrutura. Em 2020, a Polícia Federal desbaratou o que à época ela própria chamou de um “sistema institucional de desvio de recursos públicos” a partir do orçamento do DNIT. Segundo as investigações, o esquema afanou mais de R$ 500 milhões em verbas do Departamento, notadamente com fraudes em licitações.

Política
TSE apura irregularidades na conta do PL
8/02/2023Segundo o RR apurou, o ministro Alexandre de Moraes deverá intimar, nos próximos dias, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Desta vez, o processo não diz respeito a atos golpistas. O motivo é a suposta irregularidade nas contas do PL, o partido de Jair Bolsonaro. Costa Neto terá de comprovar que a quantia de R$ 1,1 milhão liberada pelo PL em dezembro foi efetivamente aplicada no pagamento de salários dos funcionários da legenda. O TSE recebeu denúncias que os contratados pela CLT não estão sendo integralmente remunerados. Ressalte-se que, no ano passado, o TSE já bloqueou R$ 22,9 milhões das contas do PL por litigância de má fé, quando do pedido de auditoria extraordinárias nas urnas eletrônicas sem justificativa plausível.

Política
Janja, Dilma, Tebet e Dweck podem formar um conselho particular do presidente Lula
8/02/2023Se Lula fosse o general Macbeth, da tragedia do dramaturgo inglês William Shakespeare, já teria encontrado suas três “bruxas”. Hécate, a feiticeira chefe, seria a primeira-dama, Janja, que, nessa versão palaciana da peça, não necessita do exercício da profecia. Janja simplesmente faz acontecer. As demais “bruxas” seriam Esther Dweck e Dilma Rousseff – ressalte-se que o uso do termo “bruxa” é somente uma estilização, para compor o relato shakespeareano do governo Lula. Dweck, nomeada ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos é notória encrenqueira. Agora mesmo, arrumou uma rusga com a ministra Simone Tebet, tirando colaboradores do seu gabinete. Dilma Rousseff dispensa apresentações. A ex-presidente, hoje uma espécie de ministra sem mandato, é o elo entre Janja e Dweck. A primeira-dama foi funcionária de Itaipu por indicação de Dilma – desconhece-se se Lula teve alguma influência na iniciativa. Quem assistiu à posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES pode testemunhar a deferência de Janja a Dilma. Ela colou na ex-presidente, cheia de mesuras, e a conduziu para ficar próxima a Lula. As duas tricotam quase todo o dia.
Dweck, por sua vez, foi secretaria do Ministério do Planejamento e subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil durante o mandato de Dilma Rousseff. As duas pensam igual, mas a ex-presidente mantém a ascendência sobre sua ex-colaboradora. Dweck é uma das organizadoras do livro “Economia Pós-Pandemia: Desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico”. O pessoal do “tal mercado” que correu para ler as propostas contidas na obra se arrepiou todo. A poderosa ministra da Gestão participou do grupo de transição e esteve presente, juntamente com o diretor de Planejamento Estratégico, de Saneamento, Transporte e Logística do BNDES, Nelson Barbosa, em reuniões com a equipe econômica de Bolsonaro, inclusive com o então ministro da Economia, Paulo Guedes.
Janja vem tentando convencer Lula sobre a conveniência de criação de um conselho, vinculado ao Palácio do Planalto, composto pelas “feiticeiras”. De quebra, haveria uma concessão à presença da ministra do Planejamento e Orçamento, sanando a fricção entre Tebet e Dweck. Caso se confirme a formalização dessa instância de aconselhamento, ela será o mais emponderado conselho da República. Tem potencial para atrapalhar muito as decisões palacianas e infernizar a vida de vários ministros. Mas vamos dar o benefício da dúvida: também pode ajudar, de preferência se os assuntos não envolverem política econômica. Por enquanto, Lula vai escrevendo sua versão da peça teatral anglófona, trocando o regicídio de Duncan, o rei da Escócia, pelo linchamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Certamente, tem o apoio do trio Janja, Dilma e Dweck. Durante anos, Macbeth foi chamada de “peça amaldiçoada”. Posteriormente, foi considerada uma das mais notáveis obras do bardo inglês. Tomara que assim seja com o enredo construído pelo “Macbeth de Garanhuns”. Ao contrário da tragédia original, seja uma peça reconhecida pelo seu sucesso. Neste caso, para a governança do país.
Política
Brasília e Nordeste não se entendem sobre o custo da água
8/02/2023O preço da água tornou-se um ponto de fricção entre o governo federal e alguns estados do Nordeste, exatamente o maior reservatório eleitoral do presidente Lula. O motivo do atrito é o pagamento pelo uso de recursos hídricos do Rio São Francisco. Brasília gasta por ano cerca de R$ 300 milhões na distribuição de água do manancial para Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba e pretende repassar parte desse custo às unidades federativas. Ressalte-se que já existe uma determinação da Agência Nacional de Águas a favor da cobrança. Os estados, no entanto, vêm protelando a assinatura de um contrato com a Codevasf. O presidente do Consórcio Nordeste, João Azevedo, esteve recentemente em Brasília tentado negociar cláusulas do acordo. No Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, que conduz o assunto, a iniciativa é vista como uma tentativa de postergar ainda mais o início da cobrança.
Política
Procura-se um cargo para Ricardo Berzoini
8/02/2023O PT de São Paulo está tentando emplacar o ex-ministro Ricardo Berzoini na presidência do Postalis, o fundo de pensão dos Correios. A articulação é conduzida pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O nome de Berzoini, no entanto, está longe de ser um consenso dentro do partido. A principal resistência a sua nomeação vem da própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Berzoini chegou a ser indicado para o comando dos Correios, mas não pode assumir por não ter curso superior completo. O Postalis, ressalte-se, é um território de péssima lembrança nos governos do PT. Alvo de denúncias de corrupção e desvios, o fundo teve um rombo de R$ 7 bilhões e chegou a sofrer intervenção da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar)

Política
Lula faz da posse de Mercadante o “8 de janeiro da política monetária”
7/02/2023Um dos ensinamentos do ex-ministro Mario Henrique Simonsen era o seguinte aforismo: “Quem não tem o que dizer não tem nada que falar”. Lula não deve ter lido ou ouvido Simonsen. O presidente está falando sobre o que não sabe e não deveria dizer sobre Banco Central independente, juros, câmbio e meta de inflação. O terreno é sensível e envolve uma corrente de transmissão terrível para os mais pobres: baixar a Selic no grito aumenta os juros futuros, afasta os investidores e deprecia o câmbio, o que eleva a inflação.
Desde o início do seu mandato, o impacto das declarações de Lula sobre política monetária e meta de inflação nas mídias foi muito superior ao das declarações moderadas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscando apagar os incêndios. Segundo levantamento exclusivo feito pelo RR, as declarações de Lula descendo a lenha no target de inflação geraram 7.102 notícias desde a posse, contra 2.739 de Haddad tentando acalmar a fúria do patrão. Com relação à Selic, foram 1.884 notícias com o presidente dizendo que os juros teriam de ser reduzidos na marra porque “são uma vergonha”, contra 253 matérias de Haddad tratando suavemente do nível da taxa básica.
Lula fala da ata do Copom e do relatório de inflação do BC. Ele não entende do assunto e nunca leu qualquer uma dessas peças. As intenções do presidente podem até ser boas. Os juros do Brasil estão entre os cinco maiores do mundo há décadas – atualmente estão em 1° lugar. Deveriam, sim, ser motivo de um debate acadêmico consistente. Mas isso teria de ser feito sem arroubos e não com gritaria no auditório do BNDES, como Lula fez, ontem, durante a posse de Aloizio Mercadante.
Lula descasca também a meta de inflação. Outro assunto que não foi feito para ser tratado pela Presidência da República. A meta deveria ser revista, sim. O RR, aliás, tem batido nesta tecla há tempos. Alguns dos maiores especialistas em política monetária defendem a iniciativa. Mas o assunto não deve ser motivo de bravata. Todas essas questões não podem ser antecipadas. Não há por que falar sobre meta de inflação excitando os mercados. Se o CMN (Conselho Monetário Nacional) entender que ela deve ser mudada, troca-se a meta e pronto. Sem alarido prévio.
Os juros, por sua vez, não são um desejo pessoal do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A fixação da Selic é resultante da análise de um modelo que roda centenas de variáveis no campo macroeconômico. O acompanhamento da evolução dos preços de cada produto pelo BC é mais amplo do que a apuração do índice de preços do IBGE. Quem decide sobre o patamar da Selic não é Campos Neto, mas ele e um colegiado. Lula quer que a decisão sobre os juros seja política, o que será um desastre. Era melhor que pensasse que os juros somente aguardam o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e a segunda fase das medidas de equilíbrio das contas públicas para caírem naturalmente.
É difícil entender o que o presidente pretende. Se quer fritar Campos Neto e tirá-lo do cargo, dessa forma hostil vai criar uma confusão nos mercados que pode levar, inclusive, a um ataque especulativo. O Banco Central independente é um assunto para o Congresso e não para o Palácio do Planalto. Aliás, BC independente ou autônomo é um eufemismo que, em última instância, quer dizer que o primeiro não é manipulável e o segundo, sim. O presidente tem tratado desses temas como se estivesse em um palanque de campanha, esbravejando e gesticulando furiosamente. Deveria falar dessa forma sobre a fome, a gestão hídrica no Nordeste e a tragédia humanitária nas aldeias Yanomami para as plateias respectivas. A postura de Lula é inexplicável. Pode fazer muito mal ao país. E amansar a memória dos desserviços que seu antecessor fez ao Brasil.
Política
Já é possível enxergar dias melhores no telescópio do Observatório Nacional
7/02/2023Em reunião na semana passada na sede do Observatório Nacional, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, garantiu que haverá uma recomposição do orçamento do órgão. Os recursos virão, notadamente, do desbloqueio total do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O governo Lula deixou morrer de morte morrida a MP 1.136/2022, editada na gestão Bolsonaro, que estabeleceu restrições à aplicação do FNDCT. A Medida Provisória caducou no último domingo, destravando integralmente os mais de R$ 9 bilhões do Fundo. A crise financeira do Observatório Nacional, como de toda a área da Ciência e Tecnologia, se acentuou com o seguidos cortes de orçamento nos últimos quatro anos. Mais antigo centro astronômico em funcionamento da América do Sul, o órgão sofre, principalmente, com o êxodo de cientistas e a dificuldade de reposição dos seus quadros

Destaque
Governo quer maior disclosure das empresas “prejudiciais” à saúde
6/02/2023Até que ponto as empresas que fabricam produtos notoriamente nocivos não deveriam ser obrigadas a dar disclosure mais amplo as suas informações contábeis? Esta é uma discussão que começa a brotar dentro do governo. Há vozes favoráveis a uma mudança na legislação para que companhias de determinados setores, a começar pelas indústrias do tabaco e de bebidas alcóolicas e intensivas em açúcar, tenham que publicar regularmente demonstrações contábeis “extraordinárias”. A premissa é que hoje muitas empresas danosas pelo seu próprio core business – ou seja, que fazem “mal” pelo simples fato de existirem – estão desobrigadas de prestar contas dos seus atos à sociedade. A BAT Brasil é um exemplo didático. Em 2015, após 70 anos na Bolsa, a antiga Souza Cruz fechou seu capital. Desde então, permanece protegida, atrás de uma espessa nuvem de fumaça, sem qualquer imposição legal para dar visibilidade ao impacto social da sua operação. Até parece que não produz cigarros.
As regras atuais atingem igualmente as empresas e são razoavelmente difusas. De acordo com o art. 133, § 3º, da Lei 6.404/76 (Lei das S/A), mesmo as sociedades anônimas de capital fechado devem divulgar relatório da administração, demonstrações financeiras e parecer dos auditores independentes (se houver). Em outubro de 2021, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, editou uma Portaria (nº 12.071) desobrigando empresas de capital fechado com receita bruta anual de até R$ 78 milhões de publicarem seus balanços em jornais de grande circulação. No caso das empresas limitadas, a questão é ainda mais complexa. Em outubro de 2018, a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF) reverteu decisão proferida em primeira instância e suspendeu a obrigatoriedade das publicações de demonstrações financeiras por sociedades limitadas de grande porte. Segundo o TRF, a correta interpretação do artigo 3º da Lei n.º 11.638/07 não imputa às sociedades de grande porte, não constituídas sob a forma de sociedade por ações, a obrigatoriedade da publicação de demonstrações financeiras. De acordo com a Corte, cabe a estas companhias, exclusivamente, o cumprimento das obrigações da Lei das S.A. em relação à escrituração e elaboração de demonstrações financeiras. O fato é que, no caso das sociedades anônimas sem ação em bolsa e das sociedades limitadas, o conceito de “publicar” é bastante relativo. Algumas das informações dessas empresas costumam ficar arquivadas na Junta Comercial. É “publicar” para que ninguém veja.
As conversas travadas no governo são apenas o fio da meada. A tendência é que o tema ganhe profundidade e amplitude. As discussões sobre a obrigatoriedade de disclosure das informações financeiras não ficariam restritas a empresas com produtos maléficos à população, mas a todas as big companies. Nesse caso, haveria um determinado sarrafo a partir do qual as companhias teriam de dar transparência a seus indicadores socioambientais, que poderia se basear em critérios como faturamento, patrimônio ou número de funcionários. Ressalte-se que a maior abertura das informações empresariais não é assunto novo e já circulou com diferentes matizes. Há alguns anos tramitou no Senado projeto de lei (nº 632/2015, de autoria do então senador Valdir Raupp) com a proposta de que todas as companhias de grande porte, mesmo que sociedades limitadas, passassem a divulgar os balanços contábeis para “promover a transparência e a publicidade empresarial”. O projeto foi engavetado em 2017, mas, a julgar pelos debates travados no governo, pode ser resgatado e servir de base para uma mudança na legislação. A título de curiosidade: O PL nº 632/2015 estabelecia como linha de corte para a obrigatoriedade na publicação de balanços ativos totais superiores a R$ 240 milhões e receita bruta anual acima de R$ 300 milhões. É pouco.
Trata-se de um tema que perpassa também a questão tributária, notadamente no que diz respeito às empresas “nocivas” à sociedade. O governo tem a intenção de ressuscitar o projeto de criação um gravame específico para produtos comprovadamente prejudiciais à saúde. O próprio ex-ministro Paulo Guedes, o mais liberal dos liberais destas plagas, tentou avançar nessa direção com o que ele próprio chamou de “Imposto do Pecado”, uma taxação extra que incidiria sobre cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos com adição de açúcar. Uma estrada cruza com a outra: a criação desse tributo automaticamente exigiria uma maior transparência das demonstrações financeiras dessas companhias, bem como do seu impacto social.

Política
Simone Tebet cata tudo que é grão para o IBGE
6/02/2023A ministra do Planejamento, Simone Tebet, trabalha dentro do governo para que o IBGE, subordinado a sua Pasta, concentre o levantamento e a divulgação das projeções de safra agrícola. Hoje, essa função está duplicada dentro do governo federal e é feita também pela Conab. Nos últimos anos, no entanto, as estimavas anunciadas por esta última têm sido alvo de críticas no próprio agronegócio, pela elevada dispersão e pelo método de apuração de dados. A maior parte do trabalho tem sido feita de forma remota pela falta de orçamento para o envio de técnicos às regiões agrícolas. Até aí como se o IBGE nadasse em dinheiro..
Política
Brasil ainda cava um lugar na Parceria das Américas
3/02/2023O Itamaraty mantém tratativas para que o Brasil entre, em um segundo momento na Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, iniciativa costurada pela Casa Branca e anunciada formalmente na semana passada. O governo Lula faz gestões para levar na carona a Argentina, que também ficou de fora da relação inicial de países-membros do acordo multilateral. Segundo informações que circulam no Ministério das Relações Exteriores, este será um dos assuntos em pauta no encontro entre Lula e Joe Biden, em Washington, previsto para este mês.
Política
Queda de braço pelo comando da Suframa
2/02/2023Parlamentares da base aliada têm feito lobby junto a Geraldo Alckmin pela indicação de um político da região para o comando da Zona Franca de Manaus. O favorito é o ex-deputado Bosco Saraiva, que tem o apoio do senador Omar Aziz. Alckmin resiste à ideia. Quer um economista no cargo. Segundo uma fonte próxima, o vice e ministro do Desenvolvimento chegou a pensar em deslocar Uallace Moreira para a Suframa – a Superintendência da Zona Franca. Mas o economista da Universidade Federal da Bahia acabou sendo nomeado para a Secretaria de Desenvolvimento Industrial, Comércio, Serviços e Inovação da Pasta.
Política
Paulo Bernardo está com um pé em Itaipu
2/02/2023Corre em Brasília a informação de que, até o fim desta semana, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo será nomeado para a diretoria financeira de Itaipu. A hidrelétrica binacional está na cota de indicações da presidente do PPT, Gleisi Hoffmann, ex-mulher de Bernardo. Em tempo: o ex-deputado federal André Vargas, que foi filado ao PT entre 1990 e 2014, está cotado para uma das cadeiras do Conselho de Administração de Itaipu.
Política
Os votos de Arthur Lira na ponta do lápis
31/01/2023Ontem, no fim da tarde, em conversa com um importante líder partidário, Arthur Lira assegurou ter 420 votos certos para a sua reeleição à presidência da Câmara. Ou seja: mais de 80% do colégio eleitoral da Casa. Sinal do prestígio de Lira junto ao Palácio do Planalto: sua expectativa é ter o voto unânime dos 68 deputados do PT.

Destaque
Ministério da Saúde injeta sangue novo na Hemobrás
30/01/2023A ministra da Saúde, Nísia Trindade, iniciou estudos com o objetivo de revitalizar e ampliar a Hemobrás, fabricante de derivados de sangue criada no primeiro mandato de Lula, mais precisamente em 2004. A prioridade é concluir as obras de construção dos 17 prédios previstos no projeto original do complexo fabril da empresa, localizado na cidade de Goiana (PE). Segundo o RR apurou, o governo planeja ainda aumentar a capacidade instalada da estatal: no caso do plasma, por exemplo, a meta é ampliar a produção de 500 mil litros para algo em torno de 700 mil litros por ano.
Nísia Trindade e sua equipe tratam a expansão da Hemobrás como fundamental para reduzir o déficit de hemoderivados no Brasil e a dependência da indústria internacional. Em alguns produtos, as importações respondem por mais de 50% do consumo interno. Somente com a aquisição de imunoglobulina, o governo gasta por ano algo em torno de US$ 120 milhões. O custo e, não raramente, a falta de derivados atingem, sobretudo, a rede do SUS. A situação se agravou durante a pandemia de Covid-19, com o elevado número de internações de pacientes em estado grave e, consequentemente, um boom na demanda por hemoderivados. A expansão da Hemobrás se encaixa ainda no projeto do governo e, mais precisamente do BNDES, de investir no complexo industrial da saúde.
A Hemobrás tem uma trajetória repleta de solavancos. As obras se arrastam desde 2005 e já consumiram mais de R$ 2 bilhões. Ao longo desse período, a estatal foi atacada por “sanguessugas”, leia-se um esquema de corrupção desbaratado, em 2015, pela Operação Pulso, da Polícia Federal. O governo Bolsonaro ensaiou a privatização da Hemobrás, mas, como tantas outras promessas de desestatização, o projeto ficou no papel.
Política
Um olho nos yanomami e outro na própria eleição
30/01/2023Nos últimos dias, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) tem feito intensas articulações junto a parlamentares do centrão em busca de apoio à representação criminal contra a ex-ministra Damares Alves, em razão da dramática situação dos povos indígenas yanomami, em Roraima. Na prática, a peregrinação da deputada gaúcha se mistura à sua campanha eleitoral por uma vaga na mesa diretora da Câmara. O PT quer lançar Maria do Rosário como candidata à vice-presidente da Casa na chapa de Arthur Lira. Ressalte-se que o desejo do partido nem sempre é o desejo de Lula, que opera com uma lógica própria. O presidente, à la Martinho da Vila, quer ir devagar, devagarinho em relação à sucessão da Câmara, sem criar qualquer aresta com Arthur Lira. O case Eduardo Cunha está vivo na sua memória.

Política
Petistas duelam pela presidência do Banco do Nordeste
27/01/2023A disputa pelo Banco do Nordeste (BMB) esquentou. A indicação do ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara, que já era dada como certa no governo, passou a ter concorrência dentro do próprio PT. O ministro da Educação, Camilo Santana, trabalha pela nomeação de Nelson Martins, assessor especial do governador do Ceará, Elmano Freitas. Por sua vez, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, defende a escolha de Luiz Carlos Farias, secretário de Inclusão Sócio-Econômica da Pasta. Farias já ocupou uma diretoria no Banco do Nordeste. Ao mesmo tempo, é o seu handicap e o seu calcanhar de Aquiles. Farias é considerado próximo de Stelio Gama, diretor do Instituto Norte Cidadania. A entidade cuidava da operacionalização do Crediamigo, a carteira de microcrédito do BNB. A parceria foi desfeita no governo Bolsonaro, depois que Valdemar da Costa Neto levantou suspeições sobre a relação entre o banco e a ONG.

Destaque
Governo Lula ensaia um arriscado remake na indústria naval
27/01/2023A gestão Lula ensaia um preocupante volta ao passado. O governo pretende usar o BNDES e, mais especificamente, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) na proa de um projeto de ressurreição da indústria naval brasileira. A ideia é aumentar o orçamento do FMM e, consequentemente, os empréstimos feitos pelo banco de fomento com recursos do Fundo. O governo enxerga uma oportunidade de estimular a produção de plataformas e equipamentos destinados à instalação de eólicas offshore, segmento que deverá ter uma pesada onda de investimentos no Brasil. Outra proposta em discussão é usar o FMM para fomentar a renovação da frota de apoio à Petrobras – medida que, a julgar pelo track records dos governos do PT, viria acompanhada do aumento dos índices de conteúdo local.
A missão caiu no colo de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No que depender da sua vontade, Alckmin tem outras prioridades à frente da Pasta, como, por exemplo, o complexo industrial de saúde e área de defesa. No entanto, cumprindo os desígnios de Lula, que já manifestou por diversas vezes a disposição de reativar a indústria naval no país, Alckmin tem mantido interlocução com o setor. Segundo o RR apurou, representantes da construção naval já fizeram chegar a Alckmin a proposta de criação de um projeto nos moldes do antigo Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo da Petrobras).
Ao longo do governo Bolsonaro, o Fundo da Marinha Mercante aguou. Entre 2019 e 2022, os repasses do FMM somaram aproximadamente R$ 3,3 bilhões. A cifra liberada em 2020, por exemplo (R$ 350 milhões), foi a mais baixa dos 13 anos anteriores. Nos quatro anos anteriores (de 2015 a 2018), o Fundo da Marinha Mercante havia financiado cerca de R$ 12,6 bilhões em projetos. Isso em um período em que a Lava Jato já havia destroçado boa parte da indústria naval.
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas é difícil entender o que o governo pretende. Por mais que mire em novas oportunidades de impulso à indústria local – como no caso das eólicas offshore -, o projeto de apoio da indústria naval com dinheiro do FMM repete uma política adotada nos governos de Lula e Dilma que deu errado. Muito errado. Mais do que isso: a investida remete a episódios escabrosos com a aplicação de recursos públicos em empresas como Sete Brasil e OSX.
Política
Embaixador em Buenos Aires assume a pleno vapor
27/01/2023O Itamaraty não perdeu tempo. Já costura um encontro do diplomata Julio Bitelli, indicado nesta semana como novo embaixador do Brasil em Buenos Aires, com a equipe do ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. Em pauta, as primeiras tratativas formais para o possível apoio do BNDES à construção do gasoduto Nestor Kirchner.
Política
Carlos Fávaro tenta aparar arestas com a FPA
27/01/2023Considerada a mais ativa do Congresso, com cerca de 250 deputados e senadores, a Frente Parlamentar da Agricultura vai ser recebida pelo ministro Carlos Fávaro no próximo dia 6, em Brasília. A data coincide com a primeira semana do ano legislativo. Não será uma conversa relaxada. Integrantes da FPA vão cobrar de Fávaro seus recentes ataques a entidades do agronegócio com acusações de apoio a atos antidemocráticos. No passado, o clima entre as partes era bem melhor. O ex-senador e empresário foi homenageado pela FPA. Lá se vão seis anos quando Carlos Fávaro, então parlamentar, reconheceu o papel da entidade para o desenvolvimento do agronegócio nacional.
Política
Ministério dos Esportes estuda romper convênio com ONG de Daniel Alves
27/01/2023A ministra dos Esportes, Ana Moser, avalia o rompimento da parceria entre a Pasta e o Instituto Dani Alves, ONG pertencente ao ex-jogador da seleção brasileira. A entidade recebe cerca de R$ 3,5 milhões por ano em repasses do governo federal. Trata-se de uma decisão difícil. De um lado, uma causa nobre: o Instituto desenvolve uma série de ações voltadas a crianças e adolescentes em situação de carência; do outro, a inevitável contaminação da imagem da ONG pela acusação de estupro que pesa contra Daniel Alves, preso em Barcelona. Segundo o RR apurou, a pressão pelo fim do convênio vem também de outras Pastas – são 11 Ministérios ocupados por mulheres.
Política
Um nome que vai e volta à beira do cais
26/01/2023Empresas do setor portuário têm feito lobby junto ao ministro Marcio França pela indicação da advogada Jacqueline Wendpap, CEO do Instituto Praticagem, para um cargo no recém-criado Ministério dos Portos. No ano passado, o segmento tentou, sem sucesso, emplacar Jacqueline em uma diretoria da Antaq.

Destaque
Sucessão na Petrobras entra na mira de Arthur Lira
25/01/2023A Petrobras entrou na lista de “faturas” de Arthur Lira em troca do apoio ao governo. Segundo o RR apurou, há uma articulação nos bastidores, liderada pelo presidente da Câmara, para a permanência de Rodrigo Costa Lima e Silva na diretoria executiva de Refino e Gás Natural da companhia. Funcionário da estatal há 17 anos, com passagens pelas áreas de Exploração e Produção, Gás e Energia e Estratégia, Lima e Silva está no cargo desde janeiro de 2021. De lá para cá, sobreviveu às mais diversas turbulências e às seguidas trocas de comando na Petrobras na segunda metade do governo Bolsonaro. A diretoria comandada por Lima e Silva é nevrálgica. Pode até não definir o preço dos combustíveis – prerrogativa que cabe à diretoria de Comercialização e Logística. Mas, no fim do dia, tem um papel determinante para a execução da política de precificação da estatal, ao gerenciar a ampliação ou redução da capacidade de refino da empresa. Há ainda uma questão de fundo que aumenta ainda mais o interesse de Lira e do Centrão pela cadeira. A volta do PT ao poder significa um empoderamento automático da diretoria de Refino. Lula não apenas vai engavetar a desmobilização de ativos no setor como já anunciou publicamente a intenção de construir novas refinarias.

Política
Zema tenta jogar para escanteio os prejuízos do estado com o Mineirão
25/01/2023O governador Romeu Zema entrou em campo e chamou para si a missão de apaziguar os ânimos com Ronaldo Nazário, dono da SAF do Cruzeiro. O objetivo de Zema é fechar um acordo para que o time volte mandar seus jogos no Mineirão. Ronaldo rompeu com a concessionária da Arena e decidiu que todas as partidas do Cruzeiro em 2023 serão disputadas no Estádio Independência.
Como o Atlético-MG está prestes a inaugurar seu próprio estádio, em parceria com a MRV, o Mineirão corre o risco de ficar sem jogos de futebol neste ano, limitando-se a uma parca agenda de shows. E o que Zema tem a ver com isso? A conta do prejuízo do estádio bate diretamente nos cofres de Minas Gerais. Pelo acordo de concessão, a administradora do Mineirão, a Minas Arenas – consórcio formado por Construcap, Egesa e HAP -, tem direito a receber uma compensação do estado caso não atinja um determinado faturamento
. Some-se a isso o fato de que o governo de Minas ainda está pagando da reforma do Mineirão para a Copa do Mundo de 2014. E a conta é salgada. Entre 2013 e 2022, o estado repassou mais de R$ 1 bilhão à concessionária, entre custos da obra e verbas de ressarcimento por metas de receita não alcançadas.

Política
Bancada ruralista quer permanência de vice-presidente do BB
25/01/2023Há uma articulação da bancada ruralista pela permanência de Renato Naegele na vice-presidência de Agronegócio do Banco do Brasil. Sob sua gestão, a carteira de crédito rural do BB chegou à marca de R$ 300 bilhões, com um acréscimo de R$ 100 bilhões em um período de um ano e meio. O lobby pró-Naegele tem algumas curiosidades. Um dos principais articuladores para que o executivo siga no cargo é o senador Wellington Fagundes (PL-MT), até outro dia um bolsonarista de carteirinha, que tem feito tentativas de aproximação com o governo Lula. Além disso, em certo momento da gestão Bolsonaro, a bancada ruralista chegou a ter entreveros com Naegele por dificuldades de ter alguns de seus pleitos junto ao BB atendidos. Pelo jeito, esse problema deixou de existir.

Política
Depois dos helicópteros, governo de Minas vende seus imóveis
24/01/2023Após vender a participação do estado na fabricante de helicópteros Helibrás, o governo mineiro pretende se desfazer de uma série de ativos imobiliários pertencentes à Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais). O portfólio inclui terrenos, salas e prédios comerciais e até o histórico casarão onde funcionou o cassino de Lambari. Espremendo tudo, o governo Zema estima que poderá arrecadar algo em torno de R$ 200 milhões com a venda dos principais imóveis. Some-se a isso o corte de despesas que a medida trará. Um exemplo: o estado teve de desembolsar cerca de R$ 60 milhões na reforma da antiga sede do Bemge, em Belo Horizonte, dinheiro que não conseguirá recuperar mesmo com uma eventual alienação. O imóvel está avaliado em apenas R$ 40 milhões.

Política
Governo vai recompor os estoques oficiais de grãos
24/01/2023Uma das missões do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, é reestabelecer os estoques oficiais da Conab. O governo trata a medida como prioritária para ter um instrumento de calibragem dos preços dos alimentos. A gestão Bolsonaro praticamente abriu mão desse mecanismo, mantendo estoques rasantes de grãos. Para recompor essas reservas com velocidade, uma das medidas do governo Lula será uma mudança nas regras para as doações internacionais de alimentos, feitas notadamente à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Elas seguirão sendo feitas, mas em ritmo menor e apenas com autorização da Conab, de acordo com o volume de estoques de grãos.
Política
Procura-se um lugar para Izabella Teixeira no governo
24/01/2023O governo Lula ainda busca uma posição “executiva” para Izabella Teixeira, que, em certo momento, chegou a estar cotada para reassumir o próprio Ministério do Meio Ambiente. Uma das hipóteses aventadas é indicá-la como representante permanente do Brasil junto ao PNUMA, o Programa de Meio Ambiente da ONU, posto tradicionalmente ocupado por um diplomata de carreira. Ela acumularia a função com a cadeira no Conselho de Administração do BNDES. Anteriormente, assessores de Lula chegaram a cogitar a nomeação de Izabella para um cargo na estrutura de poder do Ministério do Meio Ambiente, como o comando do Ibama, ou para o Conselho do Amazônia. No entanto, o relacionamento entre a ex-ministra e Marina Silva é meramente protocolar. Ambas têm diferenças históricas que dificultariam a coabitação.

Política
Alckmin coloca o pé na estrada
23/01/2023Geraldo Alckmin vai realizar mais viagens aos estados – e não apenas a São Paulo, onde fez a sua carreira política. Uma das visitas de trabalho já acertada é a ida a Mato Grosso do Sul, para supervisionar a construção da ponte entre Porto Murtinho, no Brasil, e Carmelo Peralta, no Paraguai. Trata-se de projeto de infraestrutura da Rota Bioceânica. Quando concluído será um dos principais canais de transporte de cargas entre os países da América do Sul, com conexões com outras rodovias, ferrovias e hidrovias da região. Alckmin vai se envolver também com projetos de infraestrutura que tenham conexão com a indústria.

Destaque
Complexo industrial da saúde está na lista de prioridades do BNDES
20/01/2023A ministra da Saúde, Nísia Trindade, receberá um presente do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Um dos setores escolhidos como prioridade na política de investimentos do banco é o complexo industrial da saúde. Nísia é presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Não é de hoje que defende a expansão da instituição para que ela se torne a maior exportadora de vacinas da América Latina. Agora, está há dois passos do paraíso. Ressalte-se que a Fiocruz já tem uma notória inserção no mercado internacional. Por intermédio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), a Fundação figura entre os 15 maiores fabricantes de vacinas para países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2021, por exemplo, exportou mais de 7,4 milhões de doses de imunizantes contra meningite meningocócica e febre amarela. No caso desta última, estima-se que a Fiocruz já tenha comercializado mais de 180 milhões de unidades para aproximadamente 70 países. O apoio do BNDES poderá permitir um salto na fabricação desses produtos, mas, sobretudo, transformar a Fundação em uma fornecedora mundial de vacinas contra a Covid-19, globalmente competitivas. Atualmente, a Fiocruz tem capacidade de produzir, por ano, algo em torno de 180 milhões de doses e exportar até 75 milhões de unidades desse volume.
Nísia Trindade é a pessoa certa no lugar certo para comandar um plano de fortalecimento do complexo industrial da saúde no Brasil. Além da produção de vacinas, a injeção financeira do BNDES poderá se espraiar pela produção de equipamentos e de outros insumos. Um dos projetos com maior potencial de crescimento já está dentro de casa: a fabricante de insulina Biomm, da qual o banco de fomento tem 8,6%. A empresa tem ainda como acionistas uma miríade de fundos e investidores, entre os quais, por sinal, um velho conhecido do PT: o empresário Walfrido dos Mares Guia, que comandou o Ministério do Turismo no primeiro mandato de Lula. Após um início titubeante e uma longa demora para entrar na fase operacional, a Biomm já produz quatro tipos de insulina, além de medicamentos utilizados no tratamento de câncer de mama em estágio inicial e metastático e trombose venosa profunda.
Política
Canto da sereia
20/01/2023Rogério Marinho vai procurar o senador Eduardo Girão nos próximos dias. Trata-se de uma derradeira tentativa de demovê-lo do plano de concorrer à Presidência do Senado, em fevereiro, contra Rodrigo Pacheco e o próprio ex-ministro. A depender do rumo da conversa, Marinho poderá até oferecer uma vice-presidência do Congresso ao cearense, como forma de seduzi-lo à proposta

Política
Mais um juiz federal no encalço de Lula
18/01/2023No meio dos ataques antidemocráticos, o governo Lula ainda tem de administrar um engasgo diplomático. Segundo o RR apurou, o ministro da Justiça, Flavio Dino, solicitou ao Itamaraty que faça uma representação formal ao Ministério das Relações Exteriores da Argentina contra o juiz federal Alfredo López. No último dia 8, em meio aos atos criminosos em Brasília, o magistrado argentino escreveu em sua conta no Twitter que se tratava de um “levante popular contra o comunista e ladrão Lula”. López é notório na Argentina por suas posições conservadoras. Em junho de 2021, por exemplo, causou polêmica ao ordenar a suspensão da lei que liberou o aborto no país.

Política
Governo Lula planeja acionar Steve Bannon na Justiça
17/01/2023O governo brasileiro pretende processar na Justiça norte-americana o ideólogo, estrategista e guru da extrema direita, Steve Bannon. Conversações já estão sendo realizadas pela área de relações externas do governo Lula com o Departamento de Estado norte-americano. O GSI, comandado pelo general Gonçalves Dias, também participa dos entendimentos, buscando colaboração do FBI para rastreamento das comunicações de Bannon com Bolsonaro, seus filhos e bolsonaristas de proa. O estrategista estaria por trás da rede de blogs internacionais responsável pela produção maciça de fake news sobre o episódio de vandalismo em Brasília. O “noticiário” das mídias de Bannon subverte os fatos. As “informações” são de que o governo brasileiro está fazendo prisões em massa à margem da Justiça, criando campos de concentração, cerceando a liberdade de ir e vir e manipulando e censurando a imprensa.
Bannon, como se sabe, foi condenado por desacato ao Congresso dos Estados Unidos. O “bruxo” foi uma espécie de eminência parda de Donald Trump, responsável, entre outras traquinagens, pela criação da rede trumpista na internet. No auge do governo Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, era o responsável pelos contatos e aconselhamento estratégico com Bannon e o falecido filósofo Olavo de Carvalho. O “03” organizou, inclusive, um jantar de Bolsonaro, em Washington, com sua cúpula estratégica internacional, digamos assim, juntando Olavo e Bannon. O evento teve, propositalmente, uma publicidade ampla.
Steve Bannon nomina Jair Bolsonaro como líder da extrema direita mundial. Ou seja, não há nenhum “político” no mundo que tenha poder de comando ou convocação sobre 20 milhões de cidadãos, no mínimo. Um verdadeiro exército. É atribuído a ele a frase de que os atentados em Brasília somam o equivalente a dezenas de invasões do Capitólio, fichinha perto do ocorrido na capital do país. O projeto do governo brasileiro é somar esforços com o governo Biden para colocar o “bruxo de Donald Trump” no xilindró. Já vai tarde para a prisão.
Política
A volta dos que não foram no Ministério da Ciência e Tecnologia
17/01/2023O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anulou a Portaria nº 57, de 1º de janeiro, que decretou uma leva de exoneração de diretores de institutos e autarquias vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Com isso, todos os 27 nomes afastados voltaram aos cargos anteriores. Um dos primeiros atos assinados pelo presidente Lula, a Portaria causou forte reação dentro da Pasta. Parcela expressiva dos diretores foram eleitos, cumprem mandato e não poderiam ser exonerados. A insatisfação interna foi ainda maior pelo constrangimento a que os servidores foram submetidos: a maior parte deles soube do afastamento na manhã do dia 2 de janeiro, durante a própria cerimônia de posse da ministra Luciana Santos, conforme o RR informou.

Política
Golpe na Fiesp
16/01/2023Durante a tarde, será possível saber se o golpe de Paulo Skaf – o Bolsonaro da Fiesp – e seus generais da reserva, os sindicatos amotinados, conseguirão depor o atual titular da entidade, Josué Gomes da Silva. Desde a primeira hora do seu mandato, Gomes da Silva, vem sendo ameaçado pela conspiração do pelego Paulo Skaf. O RR cobriu com detalhes a movimentação do golpista nos bastidores. Skaf apostava na reeleição do ex-presidente. Com Lula, perde muito da sua força política. Agora mesmo, segundo informou o Valor Econômico, Josué almoçará com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Ou seja, algumas horas antes da reunião dos golpistas

Política
Cúpula da América Latina fará desagravo ao governo Lula
16/01/2023Depois de Joe Biden, será a vez de líderes da América Latina expressarem seu apoio a Lula. Segundo informações que circulam no Itamaraty, a Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac) vai aproveitar a reunião de cúpula dos próximos dias 23 e 24 de janeiro para fazer uma manifestação em defesa da democracia e das instituições brasileiras e em desagravo ao presidente recém-empossado.

Política
Mais uma aposta errada de Paulo Guedes
16/01/2023Mais um projeto de privatização da era Paulo Guedes vai para a gaveta. O governo Lula decidiu suspender o processo de venda das loterias instantâneas da Caixa Econômica, a Lotex. A rigor, a iniciativa foi um rotundo fracasso da gestão Guedes. Em 2020, o governo Bolsonaro chegou a leiloar a Lotex. Mas o bilhete de premiado não tinha nada. A italiana IGT (International Game Technology) e a norte-americana SGI (Scientific Games International), que formaram o consórcio vencedor, devolveram a empresa à Caixa por falta de acordo com o próprio banco para distribuição das loterias. Desde então, a CEF vinha tocando o processo de desestatização quase às escuras. Por duas vezes, o governo passou tentou fazer um novo leião, mas desistiu por falta de candidatos.
Política
Marcio França busca nomes-âncora para o Ministério dos Portos
16/01/2023Emissários de Marcio França sondaram dois nomes para compor as secretarias do Ministério dos Portos: Ogarito Linhares e Adalberto Tokarski. Ambos carregam dois handicaps: não têm qualquer ligação com empresas privadas da área portuária e possuem experiência no setor. Linhares foi diretor de Outorgas Portuárias do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Tokarski, por sua vez, ocupou o cargo de diretor-geral da Antaq.

Política
A sucessão de Augusto Aras já começou
16/01/2023A sete meses do fim do atual mandato de Augusto Aras, já há movimentações dentro do Ministério Público Federal de candidatos à Procuradoria Geral da República. O que se diz nos corredores do MPF é que os subprocuradores Níveo de Freitas e Mario Luiz Bonsaglia já estão em campanha. Outro nome forte entre os colegas é Nicolao Dino, irmão do ministro da Justiça, Flavio Dino. Consta, no entanto, que seu nome enfrenta resistências dentro do PT. Nicolao teve participação marcante no TSE, ao lado de Rodrigo Janot, na análise dos pedidos de cassação dos mandatos de Dilma Rousseff e Michel Temer. Em algumas vezes, de público, declarou que todas as premissas para um “julgamento técnico” da chapa estavam colocadas. Temer sobreviveu ao processo e deu o troco: nomeou Raquel Dodge para o cargo de procuradora-geral da República, em 2017, desprezando a lista tríplice enviada pelo MPF, na qual Nicolao havia sido o mais votado.
Em tempo: em algum momento, ressalte-se, o governo Lula chegou a cogitar a permanência de Aras na Procuradoria-Geral da República – conforme o RR informou, mas a ideia foi detonada pelo comando político do PT. Leia-se Gleisi Hoffman, Rui Falcão e Jaques Wagner.

Política
O nome de Camilo Santana para o Banco do Nordeste
13/01/2023O ministro da Educação, Camilo Santana, está triscando na jurisdição de Fernando Haddad. O ex-governador trabalha pela nomeação da economista cearense Silvana Parente, funcionária de carreira do Banco do Nordeste, para a presidência da instituição. Depois da Caixa e do BB, seria mais um banco federal comandado por uma mulher. Que venham mais.

Política
Será que o capital e o trabalho vão se entender?
13/01/2023O ministro Luiz Marinho quer montar uma espécie de comitê no âmbito da Pasta do Trabalho, reunindo representantes do movimento sindical e empresários. Esse “conselhinho” teria como principal objetivo discutir propostas para a revisão da reforma trabalhista do governo Temer. De uma certa forma, e fazendo as devidas ressalvas, a medida será um ingresso no túnel do tempo. Mais precisamente no governo Dilma Rousseff. Em seu governo, foi criada pelo secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, uma comissão tripartite, composta pelo Palácio do Planalto, empresários – notadamente da construção pesada – e sindicatos de trabalhadores para discutirem questões de ordem social envolvendo as partes. Com a Lava Jato, foi tudo para o espaço.

Política
O que eles disseram ao telefone?
12/01/2023Além do pedido de prisão, o RR apurou que o ministro Alexandre de Moraes vai determinar a quebra de sigilo telefônico e de mensagens do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. A decisão se estenderá também ao governador afastado Ibaneis Rocha e ao ex-comandante da Polícia Militar do DF, coronel Fabio Augusto. Moraes mira exatamente nas conversas mantidas entre os três na véspera e no dia dos ataques criminosos a prédios públicos em Brasília.

Destaque
Palácio do Planalto discute a convocação do Conselho de Defesa Nacional
12/01/2023O Palácio do Planalto tem aconselhado Lula a convocar o Conselho de Defesa Nacional. A iniciativa é defendida por alguns dos mais próximos assessores do presidente da República. A ideia seria manter o Conselho permanentemente reunido até a debelação de movimentos golpistas e a identificação e responsabilização de seus articuladores e financiadores. A medida permitiria a Lula levar para dentro do colegiado todas as discussões sobre a crise institucional e, sobretudo, as ações de enfrentamento dos ataques antidemocráticos e seus autores. Ou seja: em última instância, o presidente da República dividiria a responsabilidade com os demais integrantes do Conselho de Defesa em relação a decisões sensíveis.
A convocação do órgão teria uma miríade de serventias, tais como reafirmar a posição de Lula como comandante-em-chefe das Forças Armadas; trazer para perto do governo os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e, principalmente, da Câmara, Arthur Lira, que têm agendas a latere do Palácio do Planalto; e, ainda que uma iniciativa singela frente às demais, fortalecer o ministro da Defesa, José Mucio. De acordo com o Artigo 91 da Constituição, todas essas autoridades, mais o ministro da Justiça, Flávio Dino, participam do Conselho de Defesa Nacional. A medida permitiria ainda mitigar a proeminência das Forças Armadas no caso de decretação de um eventual estado de defesa ou estado de sítio, prerrogativa constitucional do Conselho, que atende à convocação do presidente da República.
O convívio permanente com os três comandantes militares, que, pela Constituição, também integram o colegiado, seria uma forma de endossar o poder civil sobre as Forças Armadas, aplacando os oficiais recalcitrantes em relação a Lula. Como se sabe, mesmo que escrito nas pedras sagradas da lei, o poder institucional se afirma na prática dos governantes nas situações mais críticas. Até porque não é época para alimentar fantasias anacrônicas de ordem ideológica e vitaminar as expectativas golpistas de uma horda de vândalos. O problema nacional é muito maior e mais grave.
Política
Venezuela volta ao mapa da diplomacia brasileira
12/01/2023O chanceler Mauro Vieira pretende viajar a Caracas para participar da reabertura da embaixada brasileira na Venezuela. Seria um gesto eivado de simbolismo: o governo Bolsonaro fechou a representação diplomática na capital venezuelana e praticamente rompeu relações com o país vizinho.
Política
OEA envia delegação ao Brasil contra os ataques à democracia
12/01/2023Os atos criminosos do último domingo mobilizam entidades internacionais. Segundo o RR apurou, a OEA vai enviar à Brasília uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Entre outras autoridades, os comissários vão se reunir com o ministro da Justiça, Flavio Dino, além de encontros com organizações da sociedade civil. A CIDH deverá ainda divulgar um manifesto endossando o pleno funcionamento das instituições democráticas no Brasil.

Política
Aliado de Bolsonaro quer tirar o poder de Lula nas nomeações para o STF
11/01/2023O ex-ministro Rogério Marinho, candidato de Jair Bolsonaro à presidência do Senado, trabalha nos bastidores em busca de apoio para uma PEC polêmica e oportunista. Marinho vai propor um rodízio na indicação de ministros para o STJ e o STF: o Congresso se alternaria com a Presidência da República na nomeação de integrantes das duas Cortes, seguindo o que ocorre, por exemplo, no TCU. A curto prazo, a PEC de Marinho teria como objetivo ceifar uma das duas indicações para o Supremo que Lula terá o direito de fazer em seu mandato, com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, previstas para este ano.

Política
Ministério da Justiça cogita prisão de Bolsonaro nos Estados Unidos
10/01/2023Há quem pense no entorno de Flávio Dino em prender Jair Bolsonaro ainda que em solo norte-americano. Para isso, seria necessário criminalizá-lo e fazer um acordo com o governo de Joe Biden. Os interlocutores do ministro da Justiça consideram que, sem uma ação enérgica sobre Bolsonaro, o Brasil vai acabar tendo de conviver com o terrorismo. Mas também há quem considere a medida perigosa, pois o encarceramento do ex-presidente, hoje provavelmente o representante máximo da extrema direita no mundo, poderia levar a uma reação explosiva dos seus grupos de apoio. Não custa lembrar que Bolsonaro teve quase metade dos votos no segundo turno e, desde 2018, concentra um grupo fixo de legionários que corresponde a aproximadamente um terço do eleitorado. O problema maior é o grau de radicalidade desses apoiadores. Tem gente que está disposta a ou matar ou morrer. De qualquer forma, é preciso encarar a questão Jair Bolsonaro. Sua liderança aberta e descarada sobre um exército de vândalos é uma afronta ao Estado brasileiro. Se nada for feito, o país caminha para a barbárie. Resta ver como se comportam as Forças Armadas do país: se são profissionais ou “bolsonaristas”. Por enquanto, não há resposta, mas só um enigma.

Destaque
Flavio Dino quer Força Nacional de Segurança “independente” dos estados
10/01/2023O ministro da Justiça, Flavio Dino, pretende mudar a legislação sobre o uso da Força Nacional de Segurança (FNS). A proposta, que já vinha sendo discutida no âmbito da equipe de transição, passou a ser tratada como prioridade após os atos criminosos do último domingo, em Brasília. A ideia é que o governo federal tenha plenos poderes para determinar o envio de tropas da FNS sem a necessidade de pedido e muito menos de anuência do chefe do executivo estadual. Trata-se de uma medida sensível. A área de segurança pública é uma prerrogativa dos estados. Não obstante a proposta criar uma potencial zona de fricção com os governadores, Dino tem defendido que o ambiente institucional exige manobras mais firmes e que o governo central precisa dispor de um instrumento de atuação direta na segurança para preencher eventuais lacunas deixadas pelas polícias estaduais.
Hoje, o uso da Força Nacional de Segurança está em uma zona cinzenta do ponto de vista legal. O decreto nº 7.957, de 2013, alterou a redação original do decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004. Segundo o Artigo 4º, “a Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”. O novo texto suscita interpretações de que qualquer ministro teria poder para requisitar o emprego da corporação. No entanto, não é este o entendimento do STF. Em 2020, a Suprema Corte determinou, por nove votos a um, a retirada da Força Nacional de Segurança de dois municípios da Bahia. As tropas haviam sido enviadas por ordem do Ministério da Justiça, sem a concordância do governo do estado. No último fim de semana, por exemplo, o Ministério da Justiça somente autorizou o envio de agentes da FNS a Brasília após ofício do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, requisitando a presença da corporação na capital federal.
Os planos de Flavio Dino passam também pela ampliação do efetivo da Força Nacional de Segurança e pelo aumento da remuneração dos agentes. Hoje, a FNS conta com aproximadamente 1,3 mil integrantes, número considerado limitado por Dino e sua equipe para momentos mais graves, como o do último fim de semana.

Política
O downgrade de Neri Geller não tem fim
10/01/2023Procura-se um lugar para Neri Geller no governo. A nova ideia que ganhou força nos últimos dias é a sua nomeação como assessor especial do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Será um prêmio de consolação, caso Fávaro não consiga emplacar a proposta de cisão da Conab e criação de uma agência de inteligência agropecuária, que seria comandada por Geller. A ideia enfrenta a resistência de Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, que articula a transferência da Conab para a sua Pasta. Desde a transição, Geller sofreu um impressionante downgrade. Inicialmente cotado para assumir o próprio Ministério, o parlamentar foi preterido por Fávaro. Posteriormente cogitado para a Secretaria de Política Agrícola, perdeu a queda de braço para Wilson Vaz de Araújo, funcionário de carreira da Conab.
Política
PT mergulha de cabeça na reeleição de Pacheco
10/01/2023Gleisi Hoffmann tem trabalhado nos bastidores pela reeleição de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado. Nos últimos dias, concentrou-se nas articulações junto a Arthur Lira, com o objetivo de assegurar os votos do PP. O PP tem seis senadores, um contingente que, na ponta do lápis, pode ser decisivo para evitar a vitória do oposicionista Rogério Marinho (PL), ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Jair Bolsonaro. A principal moeda de troca sobre a mesa é o apoio do PT à recondução do próprio Lira à Presidência da Câmara.

Política
O benchmarking para a revisão da reforma trabalhista
9/01/2023O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, articula uma viagem à Espanha para se encontrar com sua congênere, Yolanda Díaz. A agenda não poderia ser outra: a revisão da reforma trabalhista brasileira, uma das prioridades de Marinho. Yolanda Díaz é uma referência no assunto. Foi ela quem conduziu, no ano passado, as mudanças na legislação trabalhista espanhola, em parte desmontando a reforma feita em 2012 pelo governo de centro-direita do então primeiro-ministro Mariano Rajoy.

Política
Há horas em que silêncio das Forças Armadas não faz bem ao Brasil
9/01/2023
Política
Nem tudo vai mudar na Caixa Econômica
6/01/2023A nova presidente da Caixa Econômica, Rita Serrano, avalia manter no cargo alguns dos vice-presidentes da gestão anterior. Segundo informações apuradas pelo RR, já teria convidado a atual vice-presidente de Negócios de Varejo, Thays Cintra Vieira, a permanecer no posto. Thays, ressalte-se, chegou a estar cotada para assumir a própria presidência do banco.
Política
Rui Costa monta a sua “Super Casa Civil”
6/01/2023O ministro Rui Costa quer aumentar ainda mais o poder da Casa Civil. Segundo o RR apurou, Costa tem defendido que a Infra S.A, criada na gestão Bolsonaro, seja desfeita, com a consequente reativação das duas estatais que lhe deram origem – a Valec e a EPL (Empresa de Planejamento e Logística). O ministro quer levar esta última para a Casa Civil. A EPL passaria a ser um órgão voltado à formulação de projetos vinculados ao PPI (Programa de Parcerias de Investimento) e ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ambos já sob o guarda-chuva do Ministério. Ressalte-se que alguns dos empreendimentos incluídos no PPI começaram a ser gestados dentro da EPL. Em tempo: e a Valec? Uma vez recriada, a estatal permaneceria no Ministério dos Transportes, sob o comando do ministro Renan Filho.
Política
Lupi quer concurso público para suprir déficit de servidores da Dataprev
6/01/2023Segundo o RR apurou, Carlos Lupi vai solicitar aos ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet, a realização de um concurso público para a Dataprev. A recomposição do quadro de servidores da estatal é vista pela equipe do ministro Lupi como fundamental para reduzir a enorme fila de pedidos de aposentadoria represados no INSS, que já chega a 5,5 milhões de requisições. Estima-se que a Dataprev – responsável, entre outros serviços, pelo processamento da base de dados da Previdência – tenha um déficit de mais de mil servidores. E poderia ser pior: em 2020, o ministro Paulo Guedes determinou a demissão de 500 funcionários da estatal, mas o governo acabou voltando atrás. Em 2017, a gestão de Michel temer chegou a realizar um concurso para a Dataprev, prevendo 1.073 vagas. No entanto, menos de 200 dos aprovados foram convocados. O governo Bolsonaro estendeu a validade do certame, mas ela expirou em maio do ano passado, o que exige a realização de novo concurso.

Política
Dilma Rousseff planeja recorrer à Comissão de Anistia
5/01/2023Uma agenda sempre delicada paira sobre este início de governo Lula. Os advogados de Dilma Rousseff estudam entrar com um recurso junto à Comissão de Anistia. Em abril do ano passado, o colegiado negou o pedido de indenização feito pela ex-presidente por perseguição durante a ditadura militar. Na ocasião, a Comissão entendeu que Dilma não fazia jus por já receber um benefício similar do governo do Rio Grande do Sul. A defesa da ex-presidente alega que o julgamento foi político, e não técnico. A Comissão de Anistia está vinculada ao antigo Ministério da Mulher, na ocasião comandado por Damares Alves.
Política
Há vagas de sobra na Pasta da Ciência e Tecnologia
5/01/2023O quebra-cabeças do Ministério da Ciência e Tecnologia ainda está longe de ser concluído. A ministra Luciana Santos tem encontrado dificuldades para preencher as cadeiras da própria Pasta e de entidades vinculados a sua estrutura. Há mais de 30 cargos de confiança ainda vagos, notadamente nas 16 unidades de pesquisa do Ministério, entre os quais o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Em tempo: a posse de Luciana Santos, na última segunda-feira, foi marcada por um forte clima de constrangimento. Dirigentes de 11 institutos e unidades de pesquisa ligados à Pasta souberam praticamente durante a cerimônia que estavam demitidos. Ou seja: participaram do evento já desinvestidos dos respectivos cargos. Suas exonerações haviam sido publicadas no Diário Oficial da União do mesmo dia, em meio a 1.204 nomes afastados de cargos DAS 5 e DAS 6 na administração federal.

Política
A classe trabalhadora vai ao Ministério de Alckmin
4/01/2023Geraldo Alckmin fez questão de convidar dirigentes das maiores centrais sindicais do país para a sua posse no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, logo mais, às 11 horas. O gesto tem seu simbolismo: Alckmin quer reforçar a ideia de que representantes da classe trabalhadora serão chamados a participar de discussões no âmbito da sua Pasta, notadamente da formulação de propostas para a indústria. O vice-presidente e ministro se aproximou dessas entidades durante a campanha eleitoral. Um de seus principais interlocutores é o vice-presidente da Força Sindical, Sergio Leite.
Política
PT quer Silvio de Almeida em suas fileiras
4/01/2023O PT estendeu um tapete vermelho para que o novo ministro dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida, se filie à legenda. Desde já, o partido enxerga em Almeida um ativo eleitoral para o futuro. Vide o que aconteceu ontem: o contundente discurso de posse do professor e filósofo, em favor das minorias e dos povos tradicionais, teve grande repercussão na mídia e nas redes sociais. Ressalte-se que Almeida tem uma proximidade com o PSOL – chegou a ser cotado como vice de Guilherme Boulos em uma possível candidatura ao governo de São Paulo, que acabou não se consumando.
Política
Um petista puro-sangue na área de Transportes
4/01/2023O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) está cotado para integrar a equipe de Renan Filho no Ministério dos Transportes. O PT de São Paulo trabalha para que ele assuma a Secretaria Executiva da Pasta. Tato foi secretário de Transportes da cidade de São Paulo nas gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad.

Política
Lula discute crise fiscal com governadores
3/01/2023Lula pretende agendar para os próximos dias uma série de encontros com governadores para discutir a grave crise fiscal dos estados. A bola de neve não para de crescer. Entre janeiro e outubro de 2022, a arrecadação das unidades federativas caiu 0,3% em relação ao mesmo período no ano anterior, ao passo que as despesas correntes cresceram 6,2%.

Destaque
Marina Silva freia concessões de parques nacionais e unidades de conservação
3/01/2023A lista de privatizações e concessões brecadas pelo governo Lula deverá aumentar. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pretende rever o plano de desestatização de parques nacionais e unidades de conservação ambiental, lançado na gestão de Jair Bolsonaro. Os empreendimentos serão analisados caso a caso. Mas, a julgar pelos estudos preliminares feitos pela equipe de transição do meio ambiente, a tendência é que Marina suspenda a concessão de boa parte dos 18 parques federais e nove unidades, localizados em 12 estados, hoje incluídos no PPI (Programa de Parceiras de Investimento). Alguns critérios serão observados pela ministra e sua equipe para a interrupção do processo de privatização, notadamente o impacto sobre o bioma e os povos tradicionais que habitam as respectivas áreas.
Um dos exemplos mais citados por assessores de Marina é o do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. A região é ocupada por mais de 1,6 mil famílias de produtores rurais, além de 43 comunidades tradicionais. Outro caso que tem merecido atenção especial é o Parque da Serra do Cipó, também incluído no PPI. A área reúne milhares de indígenas, sobretudo os Krenac, e extrativistas. Segundo denúncias encaminhadas por ONGs a assessores de Marina Silva, o projeto de concessão desses dois parques vinha sendo tocado pelo governo Bolsonaro com pouca ou nenhuma consulta às populações locais.
Além da proteção à biodiversidade e aos povos locais, Marina Silva vislumbra que os parques nacionais e as unidades de conservação poderão ser transformar em vetores de desenvolvimento econômico e social em suas respectivas regiões. Nos planos traçados por Marina e sua equipe, o ICMBio vai trabalhar em conjunto com a recém-criada Secretaria de Bioeconomia e Recursos Genéticos para aumentar o aproveitamento bioeconômico dessas áreas, principalmente a partir de projetos voltados ao manejo sustentável.

Política
Zona Franca é um calcanhar de aquiles de Alckmin
3/01/2023Geraldo Alckmin pretende agendar para os próximos dias uma reunião com empresários da Zona Franca de Manaus para, digamos assim, quebrar o gelo. A migração da Suframa para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e, consequentemente, para a alçada de Alckmin, está provocando burburinho na região. Nos últimos dias, circula entre empresários locais uma antiga declaração de Alckmin, dos anos 90, criticando os benefícios fiscais para as indústrias da ZFM. Não é a primeira vez que a fala do vice-presidente é exumada, fazendo recrudescer velhas arestas. Em 2006, quando era candidato à Presidência da República, Alckmin teve de fazer uma reunião com empresários locais para desmentir rumores de que, se eleito, acabaria com a Zona Franca.

Política
Fávaro quer esticar seu latifúndio de poder até o BB
3/01/2023O senador Carlos Fávaro (PSD-MT), futuro ministro da Agricultura, tenta avançar mais algumas jardas na estrutura de Poder do governo Lula. Favaro quer emplacar o futuro vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, em substituição a Renato Naegele. O titular do cargo está sentado sobre uma dinheirama, leia-se a carteira de crédito rural do BB, acima dos R$ 300 bilhões.

Destaque
Governo Lula terá prazo mais longo para cumprir novo enquadramento fiscal
2/01/2023Até junho, período estipulado para o governo de Lula apresentar o novo arcabouço fiscal, Fernando Haddad e seus assessores terão tempo para fazerem contas e exercitarem a criatividade. Mas já existe uma certeza: o prazo para o cumprimento da restrição fiscal será bem maior do que o atual de um ano. Segundo emissário do RR junto aos economistas que assessoram Haddad, o novo intervalo para o enquadramento fiscal será de quatro a oito anos. É um espaço de tempo muito mais longo para perseguir um resultado primário que colabore para reduzir a trajetória da dívida pública. Hoje, a verificação se os gastos couberam ou não no teto é anual. Se as despesas não ficarem dentro das regras ao término de 12 meses, pronto, a equipe econômica está crucificada. A questão é que, se por um lado a extensão prolongada do tira-teima orçamentário torna mais fácil arrumar as contas públicas, por outro é muito menos justificável o descumprimento das metas fiscais. Ficam o ônus e o bônus com o PT. Quem pariu Mateus que o embale.
Política
Sucessão na Embrapa enfrenta resistência interna corporis
2/01/2023Carlos Fávaro assumiu o Ministério da Agricultura tendo que administrar expectativas internas que dificilmente serão atendidas. Há uma mobilização do corpo técnico da Embrapa, vinculada à Pasta, pela permanência de Celso Moretti na presidência da estatal. Agrônomo de formação e funcionário de carreira da Embrapa, Moretti é bastante respeitado dentro da Embrapa. No entanto, as chances de Moretti seguir no cargo são reduzidas. Fávaro já sondou Silvio Crestana para voltar à presidência da Embrapa, posto que ocupou entre 2005 e 2009. Além disso, pesa também contra Moretti a sua identificação com a ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, responsável pela sua nomeação para o comando da estatal.
Política
Governo Lula acelera para cima de empresa de Nelson Piquet
2/01/2023O nome do novo presidente do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), vinculado ao Ministério da Agricultura, ainda não está definido, mas uma de suas primeiras missões, sim. O futuro governo vai esmiuçar o contrato de prestação de serviços entre o Inmet e a Autotrac, empresa de rastreamento de frotas pertencente a Nelson Piquet. O acordo é cercado de suspeições, alimentadas pela notória proximidade entre Jair Bolsonaro e o ex-piloto, bolsonarista de carteirinha. A Autotrac foi contratada pelo Inmet em 2019, sem licitação, para fornecer equipamentos usados no sistema de comunicação de dados e controle de estações meteorológicas. Em 2020, foi firmado um aditivo. Há informações de que o contrato prevê a possibilidade de seguidas renovações até 2026. Piquet, ressalte-se, doou R$ 500 mil para a campanha de Bolsonaro à reeleição. Consultada pelo RR, a Autotrac não se manifestou

Política
Serviço de Inteligência da PM-DF atuará em peso na posse de Lula
30/12/2022O RR apurou que, por determinação direta do governador Ibaneis Rocha, todo o efetivo da área de Inteligência da Polícia Militar do Distrito Federal foi destacado e estará de serviço durante o fim de semana. Vai reforçar o esquema de segurança montado para a posse de Lula.

Política
O teatro continua: Bolsonaro deve se encontrar com Steve Bannon nos EUA
30/12/2022Eduardo Bolsonaro quer aproveitar a viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos para articular um encontro do pai com Steve Bannon nos próximos dias. Nada muito diferente do script seguido pelo clã Bolsonaro ao longo dos últimos quatro anos. Na cenografia bolsonarista, a visita de Bannon serviria para alimentar fantasias golpistas dos apoiadores mais radicais do futuro ex-presidente. Há cerca de duas semanas, o estrategista do ex-presidente Donald Trump deu declarações incentivando Bolsonaro a decretar intervenção militar e impedir a posse de Lula.

Destaque
Governo Lula quer zerar imóveis atrasados do Casa Verde Amarela em até um ano e meio
30/12/2022A reconstrução do Minha Casa, Minha Vida será uma obra lenta, feita tijolo por tijolo. Diante das restrições orçamentárias, o futuro governo já identificou que dificilmente conseguirá implantar todas as diretrizes formuladas para o programa de uma só vez. Haverá um escalonamento de prioridades. Além da já anunciada recriação da Faixa 1, para famílias com renda inferior a dois salários-mínimos, o foco principal neste primeiro ano de mandato será retomar e concluir as obras paradas do atual Casa Verde Amarela, deixadas como herança pelo governo Bolsonaro. Ao todo, são quase cem mil casas em atraso, mais do que o dobro do número registrado em janeiro de 2019, quando da posse de Jair Bolsonaro (aproximadamente 40 mil imóveis). Segundo o RR apurou, cálculos feitos pela equipe de transição apontam que, se as obras forem retomadas até o fim de janeiro, é possível entregar mais de 60% dessas habitações ainda neste ano e o restante até meados de 2024. Para isso, será necessário desembolsar aproximadamente R$ 1,8 bilhão. Ou seja: somente com o passivo deixado pelo governo Bolsonaro no Casa Verde e Amarela, o governo Lula vai queimar quase 20% dos recursos liberados pela PEC da Transição para o Minha Casa, Minha Vida – cerca de R$ 10 bilhões no total.
De acordo com levantamento feito pela equipe de transição, aproximadamente 70% dos imóveis em atraso estão localizados na Região Norte e Nordeste. E cerca da metade corresponde a empréstimos feitos a famílias com renda até dois salários-mínimos. São contratos pendentes da antiga Faixa 1, extinta pelo governo Bolsonaro no fim de 2019. É a tempestade perfeita. A maior parte do déficit habitacional no Brasil se concentra justamente no Norte e Nordeste e atinge a população com até dois salários.

Política
Augusto Aras III pode entrar em cartaz no governo Lula
30/12/2022Não será surpresa, em Brasília, se Lula reconduzir Augusto Aras à Procuradoria Geral da República. O presidente eleito precisa “segurar” o Ministério Público. Aras está mais do que testado nessa missão. Dos 90 pedidos de investigação contra Bolsonaro engavetou 76. Há quem diga que conversas já foram iniciadas.
Política
Operação Carro Pipa seca por falta de dinheiro
30/12/2022Nos estertores do governo Bolsonaro, o Ministério do Desenvolvimento Regional encaminhou ao Ministério da Economia um pedido de verba suplementar da ordem de R$ 70 milhões, para fazer custear a Operação Carro-Pipa em oito estados do Nordeste. Segundo o RR apurou, parte do dinheiro foi liberada em conta-gotas nos últimos cinco dias. Desde outubro, o abastecimento de água na região tem sido feito de forma irregular por falta de recursos. E a aridez financeira será empurrada para o governo Lula. Segundo uma fonte da Pasta ouvida pelo RR, até o momento não há verbas disponíveis para honrar os pagamentos da Operação Caro Pipa previstos para janeiro.
Política
Bancada do PT no Centro-Oeste quer cargo na Educação
30/12/2022A bancada do PT no Centro-Oeste tem feito pressão para que a deputada federal Rosa Neide (MT-PT) assuma um cargo no Ministério da Educação. A professora chegou a estar cotada para comandar a gestão do cobiçado Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que tem um orçamento superior a R$ 60 bilhões. No entanto, a indicação teria sido rechaçada pelo próprio ministro Camilo Santana, que designou para o posto a atual secretária de Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba.
Política
A dupla vitória de Rui Costa no PPI
30/12/2022A queda de braço entre Simone Tebet e Rui Costa, que precedeu a indicação da senadora para o Ministério do Planejamento, envolveu não apenas a gestão do PPI como um importante colaborador do governador baiano. Além da intenção de levar o Programa de Parcerias de Investimentos para a sua Pasta, Tebet queria indicar um nome de sua confiança para a Secretaria Especial do PPI. Na prática, significaria jogar para escanteio Marcus Cavalcanti, atual Secretário de Infraestrutura da Bahia e braço direito de Costa, que já havia sido anunciado para o cargo. No fim das contas, o petista ganhou tudo: o PPI ficará sob o guarda-chuva da Casa Civil – ainda que com a tal “gestão compartilhada” com o Planejamento – e Cavalcanti assumirá a Secretaria Especial.

Política
Marina quer florestas plantadas sob a sua jurisdição
29/12/2022O RR apurou que Marina Silva, futura ministra do Meio Ambiente, já manifestou ao presidente eleito Lula o interesse em levar para a Pasta a condução das políticas públicas para as chamadas florestas plantadas, ou seja, áreas ocupadas por atividade agrícola. Hoje, essa missão está a cargo do Ministério da Agricultura. Lula não tem muita margem de manobra nesse tabuleiro: ao mexer essa peça, vai agradar Marina e entidades da área ambiental, mas, por outro lado, acabará criando mais um foco de fricção com o agronegócio. Tudo o que os ruralistas menos querem é ter as florestas plantadas sob a jurisdição de Marina Silva.

Política
O antídoto de Lula contra as vivandeiras de quartel
29/12/2022Lula ri quando alguém fala de golpe. Ainda mais antes da posse. O presidente eleito emparedou a hipótese de intervenção militar com a rápida nomeação dos três comandantes das Forças Armadas, seguindo todo o protocolo. Com a indicação em tempo rápido, o seu principal esteio são os próprios novos comandantes, que não têm nenhum desejo de serem caroneiros por um golpe. Quando se pensa que Lula envelheceu nas ideias e no domínio da articulação política, vem sempre uma demonstração que contraria a tese.

Política
Tarcísio Freitas fez um convite a Guedes quase não ser aceito
29/12/2022A recusa do quase ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, em assumir a secretaria da Fazenda do governo de São Paulo não é bem o que parece. Guedes foi sutilmente induzido pelo governador eleito, Tarcisio Freitas, a aceitar a função. Freitas nem sequer insistiu quando Guedes aventou com a possibilidade de ser conselheiro ao invés de secretário. Segundo uma fonte do RR, o novo governador conhece bem o ministro. Sabe como ele é espaçoso. Com Bolsonaro, em um mar de radicalismo, Guedes podia nadar de braçadas com discursos repletos de exageros, assumindo um protagonismo muitas vezes maior do que o do presidente. Esse comportamento não funcionaria com Freitas, que vai ter de negociar com o governo federal. Imagine o secretário de Fazenda produzindo quase que diariamente leads agressivos. Melhor foi nomear um dos colaboradores do ministro. De uma maneira salomônica, todos foram contemplados.

Política
Vice do BB pode ter sobrevida no governo Lula
28/12/2022Assessores de Fernando Haddad cogitam a permanência do atual vice-presidente corporativo do Banco do Brasil, Ênio Mathias, no cargo. Mathias ganhou pontos entre os petistas durante a transição. Foi o principal interlocutor do BB junto ao próprio Haddad e também Aloizio Mercadante e Gleisi Hoffmann.
Política
Arthur Lira sabe muito bem onde Collor quer chegar
28/12/2022Arthur Lira já trabalha para engessar qualquer ingerência da recém-criada Comissão Representativa do Congresso sobre verbas parlamentares. O alvo principal é o desafeto Fernando Collor, escolhido para integrar o colegiado no Senado. Ao apagar das luzes da atual legislatura, Lira quer evitar qualquer chance de Collor manobrar recursos do orçamento e se capitalizar politicamente em Alagoas. A Comissão Representativa do Congresso é um arremedo parlamentar criado às pressas com o objetivo de exercer atribuições de caráter urgente durante o recesso da Câmara e do Senado, ou seja, até o início de fevereiro. E Lira sabe melhor do que ninguém que, entre a maioria dos parlamentares, não há nada com caráter mais urgente do que beliscar verbas do orçamento.

Política
Felipe Neto a caminho do governo Lula?
27/12/2022O nome do influencer Felipe Neto tem sido cogitado no entorno de Lula para assumir um posto no futuro governo, mais precisamente no âmbito do Ministério das Comunicações. Neto ficaria à frente de uma nova área voltada especificamente à formulação de propostas para mídias digitais e o setor de games. Nada a ver com regulação e, sim, com medidas para a expansão dessa indústria, vista, notadamente, como de forte potencial para a entrada de jovens no mercado de trabalho. A questão é se Felipe Neto toparia se afastar de seus lucrativos negócios. Com mais de 44 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o influencer fatura por mês mais de R$ 5 milhões apenas nessa plataforma.

Política
Miriam Belchior fica com o PPI
26/12/2022O futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, deverá anunciar nos próximos dias a transferência do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) para a sua Pasta. É uma vitória pessoal de Miriam Belchior, escolhida para ocupar a Secretaria Executiva do Gabinete Civil. Durante os trabalhos da equipe de transição, Miriam, que vai assumir as rédeas do PPI, foi a principal defensora da transferência.

Política
Um pedacinho de Henrique Meirelles no BNDES
26/12/2022A indicação de Alexandre Abreu para uma das diretorias do BNDES deve ser creditada na conta de Henrique Meirelles. Ambos são próximos desde o governo Temer. Foi Meirelles, ex-presidente do Conselho de Administração da J&F Investimentos, quem levou Abreu para ocupar o cargo de CEO do Banco Original, braço financeiro dos irmãos Batista. Antes, quando assumiu o Ministério da Fazenda, Meirelles trabalhou pela permanência do executivo na presidência do Banco do Brasil. Mas, na ocasião, acabou sendo voto vencido: Temer optou pela nomeação de Paulo Rogerio Caffarelli.

Política
A fiel escudeira de Simone Tebet na economia
26/12/2022Se Simone Tebet for parar no Planejamento, a economista Elena Landau, responsável pelo seu programa de campanha, pode aterrissar na Pasta. Talvez sigam junto com outros tucanos.

Destaque
Há estranhas digitais na carteira de identidade nacional
26/12/2022O governo Bolsonaro tem causado estranheza entre as Secretarias Estaduais de Segurança pela forma como vem conduzindo o processo de implantação da nova carteira de identidade nacional. Há várias pontas soltas e mal explicadas no projeto, pilotado dentro do próprio Palácio do Planalto, mais precisamente pela Câmara Executiva Federal de Identificação do Cidadão (Cefic) – a Cefic responde diretamente à Secretaria Especial de Modernização do Estado, comandada pelo coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva, por sua vez vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República. Um dos fatos que mais têm chamado a atenção é a repentina pressa do governo em aprovar, ainda neste ano, os requisitos de segurança para a produção do documento, estabelecidos pela Cefic. Ao apagar das luzes do mandato de Jair Bolsonaro, há um súbito esforço para se fazer em menos de uma semana o que não foi feito em dez meses. O referido intervalo remete a fevereiro, quando da publicação do Decreto nº 10.977/2022, que lançou o modelo da carteira de identidade. Some-se a isso a reduzida transparência com o que o assunto vem sendo tratado. Segundo o RR apurou, o governo não tem dado o devido espaço às Secretarias Estaduais de Segurança – na maior parte dos estados, responsáveis pela emissão das carteiras de identidade – na discussão das novas normas. Tampouco teria compartilhado com o Comitê de Transição da gestão Lula os estudos feitos pelo governo. Consultada pelo RR, a Cefic garantiu que “todos os órgãos de identificação têm participado ativamente de todas as discussões, inclusive da construção normativa” e “possuem representante nos trabalhos da Cefic”. Está feito o registro. No entanto, de acordo com a apuração do RR, essas “discussões” têm se dado pontualmente e apenas de maneira informal em dois grupos de WhatsApp, um com 30 e outro com 51 participantes.
Há outros pontos sinuosos nessa história, notadamente em relação às normas técnicas para a elaboração da carteira, que acabam servindo de pré-requisito para a contratação das empresas responsáveis pela produção do documento. Recentemente, a Cefic circulou entre órgãos estaduais de identificação a minuta de uma resolução estabelecendo critérios para a confecção do material. O RR teve acesso ao texto e confirmou o seu teor com fonte de uma das Secretarias Estaduais de Segurança. Um dos itens que causou mais burburinho foi o Artigo 3º: “Considerando que o Decreto 10.977/22 é único para as três modalidades do documento, o serviço de confecção da impressão de segurança nos espelhos (estoques bases) das cédulas em papel de segurança e cartão em policarbonato de segurança deverá ser executado obrigatoriamente, nas dependências de uma única unidade fabril localizada em território nacional, não podendo serem produzidas separadamente por empresas reunidas em consórcio e não permitindo subcontratação, visando a segurança das Cédulas de Identificação. Para a identidade em Formato Digital, quando contratado pelos Órgãos de Identificação, o desenvolvimento da solução deverá ser executado obrigatoriamente nas dependências, localizada em território nacional, da empresa credenciada.”
Ainda que apenas um esboço, a norma em questão gerou perplexidade entre os órgãos estaduais de identificação. Em primeiro lugar, a proibição de consórcios e de subcontratações vai na contramão dos padrões mais elementares das licitações públicas. A formação de pools é uma maneira de aumentar a competividade e de fragmentar o contrato entre vários prestadores de serviço, sem privilegiar uma ou duas empresas. Se vier a ser aprovada pelo governo, a resolução vai concentrar todas as etapas de produção e, consequentemente, o valor de todos os contratos estaduais nas mãos de poucas companhias, no máximo duas. A norma alijaria uma série de companhias que fornecem soluções específicas para a confecção de documentos de identidade, a começar pela própria Casa da Moeda, empresa pública responsável pela produção das cédulas de dinheiro, de passaportes e também de identidades. Com a resolução, a própria estatal ficaria de fora do game, o que desde já causa espanto.
Perguntada especificamente sobre a minuta, a Cefic informou que “já elaborou nove resoluções” e confirmou que “outras resoluções foram propostas pelos órgãos de identificação e estão sendo debatidas, no devido processo administrativo”. A Câmara disse ainda que “não estabelece ou veda os requisitos de contratação de serviço. Os entes federados, por meio dos órgãos de identificação, que decidem seus processos de contratação.” De fato, de maneira direta a Cefic não tem poderes para determinar que empresa os respectivos estados vão contratar. No entanto, o estabelecimento de determinadas normas de segurança para a nova carteira cria restrições que podem inviabilizar a participação de boa parte das empresas do setor.
Ainda em relação à minuta que circula entre os estados, outra proposta inusitada chama a atenção: a possível obrigatoriedade de que todo o processo seja executado em uma mesma unidade fabril. Os próprios órgãos estaduais de identificação já constataram que, a rigor, apenas duas companhias atenderiam ao requisito: a Valid e a Thomas Greg do Brasil. Entre todas as empresas gráficas e/ou de tecnologia que atuam no segmento de documentos de identificação, são as únicas que concentram previamente todas as etapas de produção em um mesmo complexo industrial. Sobre esse ponto, a Cefic disse ao RR que “existem atualmente diversas normas sendo debatidas. Os órgãos de identificação solicitaram e propuseram uma minuta à Cefic sobre credenciamento de gráficas. Nesse espectro, os órgãos de identificação propuseram que essas gráficas fabricassem os insumos no mesmo local. Isso é um requisito de segurança, praticado em outras áreas do Brasil, e ainda sendo debatido”. Na conversa com o RR, a Cefic garantiu que “em termos de capacidade para produção do documento, conforme Decreto 10.977/22, atualmente existem três gráficas com capacidade de produção. Aparentemente, existe o conhecimento de mais uma gráfica, ainda a ser verificado, que também possui a capacidade, em um total de quatro gráficas”.
Há outras especificidades de ordem técnica que ameaçam restringir ainda mais a concorrência, como o material a ser usado na confecção das carteiras. O policarbonato é um insumo caro, que os estados não querem e não podem bancar. Nem mesmo as emissoras de cartões de crédito utilizam a matéria prima. A minuta de resolução da Cefic propõe ainda uma intrincada e peculiar combinação de certificados que também não é adotada pelos estados, tais como “ISO 9.001 e 27.0001 relacionados à emissão de documentos de identificação; Certificado ISO 14.298 relacionado à requisitos para um sistema de gestão e impressão de segurança para gráficas; e Certificado de conformidade com as normas ABNT NBR 15.540 para fabricação e emissão de documentos de segurança e de identificação”. Segundo o RR apurou, somente a Valid e a Thomas Greg apresentam todas essas certificações.
Entre os institutos estaduais de identificação e empresas do setor, essa sucessão de coincidências tem alimentado as mais diversas ilações. Há um tiroteio de inferências cruzadas: desde que as regras teriam sido elaboradas on demand até mesmo que players privados poderiam ter colaborado na formulação das normas. A Cefic rebate as suspeições e afirma que “não consultou empresas na elaboração do modelo da Carteira, positivado pelo Decreto 10.977/22.”. Ainda de acordo com a Câmara, “a formulação das regras que incidem sobre os requisitos de segurança, i.e., na produção da carteira, todas as gráficas no Brasil foram consultadas, ou diretamente ou por meio de representantes designados, e participam ativamente dos debates técnicos – inclusive com grupos de trabalhos específicos.” O RR fez também seguidos contatos com a Valid e a Thomas Greg, por meio de sua assessoria de imprensa e/ou área de marketing, mas ambas não se manifestaram até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para o pronunciamento das duas empresas.
Política
Ministério do Trabalho breca mais de R$ 20 bilhões em pagamentos irregulares
26/12/2022Nem tudo é maldito na herança do governo Bolsonaro. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social concluiu um processo de depuração de sua base de dados, limando milhares de cadastros irregulares. Na ponta do lápis, a higienização vai evitar pagamentos indevidos da ordem de R$ 21 bilhões em benefícios previdenciários, seguro-desemprego e seguro defeso.

Política
Mercadante tentou levar Benjamin Steinbruch para Ministério
23/12/2022O Barão do Aço, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, foi sondado por Aloizio Mercadante para ocupar a pasta da Indústria e Comércio. Os dois são unha e carne. Mercadante tinha um argumento adicional para o aceite de Steinbruch: sua própria nomeação para o BNDES. “Vamos ser o Pelé e Coutinho do setor”, teria dito Mercadante, que ficaria “subordinado” ao “Barão”. Mesmo com toda essa animação, o convite não colou. Steinbruch argumentou que vive uma fase de decisões estratégicas na empresa e um rolo com familiares para ver quem é dono de que. O curioso é a malha fina entre os empresários que estavam cotados para a Indústria e Comercio: o presidente da CSN era vice de Paulo Skaf, na Fiesp, que agora tenta demolir seu sucessor na entidade, Josué Gomes da Silva, que, por sua vez, foi convidado para o MDIC e não aceitou.

Destaque
Extensão de concessões rodoviárias entra no radar do governo Lula
23/12/2022Lula já anunciou que seu governo não terá privatizações. O que não disse ainda é que sua gestão provavelmente também não terá reestatizações, ao menos no que diz respeito a concessões rodoviárias. Segundo o RR apurou, a recomendação do comitê de transição para a área de infraestrutura é renegociar individualmente contratos sob pendência, colocando sobre a mesa a possibilidade de reequilíbrio econômico-financeiro e/ou extensão dos prazos de concessão, mediante contrapartidas sob a forma de investimento. Esse movimento envolveria um grupo de empresas entre os quais figuram Arteris Fluminense (BR-101 no Rio); Via040 (BR-040 entre Minas Gerais e Brasília); MSVia (BR-163 no Mato Grosso do Sul); Concer (BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora); e Ecovia (BR-101 no Espírito Santo). As exceções ficariam por conta de concessões que possam ser repassadas a governos estaduais. Nesse caso, a gestão Lula estimularia a transferência do ativo. Um exemplo é a própria Ecovia, leia-se Ecorodovias, em que já existem gestões avançadas com o governo capixaba. Seria uma solução similar à adotada pela Rota do Oeste, responsável pela gestão da BR-163 no Mato Grosso. A Odebrecht Transport (OTP) já acertou a migração do contrato para o estado.
O comitê de transição parte da premissa de que o DNIT não tem condições financeiras de assumir novas operações, mesmo que em caráter temporário e com a perspectiva de relicitação das rodovias mais à frente, modelo com o qual o governo Bolsonaro vinha trabalhando. De acordo com os números já levantados por assessores de Lula, o DNIT está à beira de um colapso. Não é de hoje. No ano passado, a própria diretora financeira do Departamento, Fernanda Gimenez, enviou ofício ao Ministério da Infraestrutura alertando sobre a falta de recursos para o pagamento de obras em rodovias federais e a ameaça de paralisação de todos os serviços. De lá para cá, a situação se agravou. Tanto que a Comissão de Serviço de Infraestrutura do Senado aprovou às pressas uma emenda ao Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) ampliando o orçamento do Departamento de R$ 6 bilhões para aproximadamente R$ 10 bilhões em 2023. Ainda assim, o cobertor é curto demais. O órgão precisaria de pelo menos R$ 23 bilhões para honrar os custos de manutenção e recuperação de rodovias que já estão sob gestão federal. E mesmo que o Congresso autorize o aumento das verbas do DNIT, na prática não é garantia de nada. Neste ano, por exemplo, o Departamento executou apenas 57% do seu orçamento devido ao contingenciamento de recursos. Ou seja: o DNIT não tem dinheiro para cuidar sequer do que já é seu, o que dizer, então, de assumir novas rodovias.
Política
Camilo Santana já tem um nome para o Inep
23/12/2022A atual secretaria de Educação do Ceará, Eliana Nunes Estrela, está cotada para integrar o time de Camilo Santana no MEC. Seria o nome de Santana para o comando do nevrálgico Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entre outras missões responsável pela realização do Enem. O cargo tornou-se uma cadeira elétrica no governo Bolsonaro: o Inep já está no quinto presidente desde janeiro de 2019.

Política
O fantasma da Itapemirim ronda Tarcisio Freitas
23/12/2022O empresário Sidnei Piva, afastado do controle da Itapemirim por decisão da Justiça, vem tentando se reaproximar do governador eleito Tarcísio Freitas. Piva estaria em busca de apoio político na tentativa de retomar o comando da companhia de ônibus. É pouco provável, no entanto, que Freitas queira essa encrenca estacionada perto do seu governo. Piva protagonizou um dos episódios mais constrangedores da gestão do ex-ministro na Pasta da Infraestrutura. Freitas foi um entusiasta de primeira hora do projeto de criação da Ita Linhas Aéreas, do Grupo Itapemirim, apresentado a ele pelo próprio Piva, em reunião no Ministério da Infraestrutura, em outubro de 2020. No mesmo dia, ao participar da live de Jair Bolsonaro, Freitas chegou a “presentear” o presidente com um ônibus em miniatura da Itapemirim e teceu loas à nova companhia aérea. Um mico só. A ITA e a Viação Itapemirim tiveram sua falência decretada pela Justiça.

Política
Um cargo sob medida para Eduardo Bolsonaro
23/12/2022Sem Jair Bolsonaro na Presidência, o “bolsonarismo” busca, desde já, capturar posições de protagonismo no Congresso. Valdemar da Costa Neto articula a candidatura de Eduardo Bolsonaro para a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O “03” ocupou o cargo entre 2019 e 2021, quando esteve cotado, inclusive, para assumir a Embaixada do Brasil em Washington. Valdemar, segundo um senador do PL em conversa com o RR, chegou a cogitar a candidatura de Eduardo para a vice-presidência da Câmara. Mas a articulação foi “desarticulada” já na raiz por Arthur Lira, que não ter uma sombra como essa no comando da Casa.
Política
Observatório Nacional enxerga alguma verba do outro lado do telescópio
22/12/2022O Observatório Nacional (ON), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, deverá receber um financiamento de R$ 16 milhões da Finep. A diretoria do ON negocia também uma repasse de R$ 4 milhões do Serviço Geológico Brasileiro. É a tour de force da instituição para viabilizar a compra de novos sismógrafos marítimos. Atualmente, o Observatório conta com 97 estações de medicação, boa parte, no entanto, antiga em com sérias dificuldades de manutenção devido aos tremores orçamentários.

Política
Uma conta cada vez mais longe de Aécio Neves
22/12/2022Em conversas reservadas, o governador Romeu Zema já jogou a toalha em relação à probabilidade de Aécio Neves ser punido e ressarcir os cofres públicos pelos desvios na construção da Cidade Administrativa. A própria Controladoria-Geral de Minas Gerais e a Advocacia-Geral do Estado tratam a hipótese de condenação do tucano como remota, após a sua recente vitória no STF. O ministro Alexandre de Moraes despachou para a Justiça Eleitoral de Belo Horizonte a denúncia do Ministério Público de corrupção nas obras, realizadas durante o governo de Aécio. As investigações apontam para irregularidades da ordem de R$ 750 milhões. Com isso, o governo Zema já considera o caso praticamente encerrado, restringindo-se aos acordos firmados com a Novonor (ex-Odebrecht) e a Andrade Gutierrez. Ambas se comprometeram a ressarcir o estado em cerca de R$ 330 milhões.

Política
Um revés a mais para Geraldo Alckmin?
21/12/2022
Política
Vem mais conselho pela frente no governo Lula
21/12/2022A “conselhite” tradicional do PT, como não poderia deixar de ser, foi incorporada pelo governo Lula. Na área econômica, estão previstos dois conselhos: o primeiro, já anunciado pelo próprio presidente, será para assessorá-lo diretamente; o segundo será criado por Fernando Haddad com a missão de auxiliá-lo no Ministério da Fazenda. Especula-se que a conta dos Conselhos aumentará com a indicação do Ministério do Planejamento.

Política
Mais um colaborador de Guedes deve aterrissar no governo de Tarcisio Freitas
21/12/2022Na impossibilidade de contar com o próprio Paulo Guedes em sua equipe, Tarcísio Freitas segue garimpando nomes na equipe do ministro. Após a indicação de Samuel Kinoshita, ex-assessor de Guedes, para a Secretaria de Fazenda de São Paulo, o novo alvo é Pedro Capeluppi, atual secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia. Capeluppi teria um chapéu semelhante no governo de Freitas, cuidando das privatizações no estado, a começar pela Sabesp.

Política
Lula vai pisar no Superior Tribunal Militar?
21/12/2022Assessores de Lula estão articulando uma visita do presidente eleito ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) ainda para esta semana. Desde que foi eleito, o petista já cumpriu agendas no STF, TSE, TCU e, mais recentemente no STJ, onde esteve na última segunda-feira. Entre as Cortes máximas do Judiciário, depois do TST, ficaria faltando apenas o Superior Tribunal Militar, um terreno mais delicado.

Política
Bolsonaro vai dar ao menos “Feliz Natal”?
21/12/2022Até ontem não havia no Palácio do Planalto qualquer definição se Jair Bolsonaro vai ou não fazer o tradicional pronunciamento de Natal do Presidente da República à Nação. O tema virou uma espécie de “segunda faixa presidencial”: Bolsonaro silenciou e não dá pistas a assessores do que fará.

Política
Janja demarca suas posses no futuro governo
20/12/2022Janja começa a assustar o entorno do presidente. A futura primeira-dama está criando suas cotas dentro do governo como se fosse uma vice-presidente particular de Lula. Enquanto sorri e dança para o presidente, vai fazendo suas exigências: quer indicar a futura titular do Ministério das Mulheres e abocanhar dois cargos: um no segundo escalão dos Ministérios das Cidades; e outro, no Desenvolvimento Social. Lula deve aquiescer.

Política
Bolsonaro deixa um alçapão no caminho de Lula
20/12/2022A decisão do governo Bolsonaro de encerrar os trabalhos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) foi interpretada por assessores de Lula para a área militar como uma armadilha. Se deixar tudo como está, o futuro presidente será pressionado por entidades de direitos humanos e mesmo pela comunidade internacional a revogar a medida; se recriar a Comissão, Lula muito provavelmente vai criar mais uma área de indisposição com os militares.
Política
Desenvolvimento Regional pede verba emergencial para pagar carros-pipa
20/12/2022Nos estertores do governo Bolsonaro, o Ministério do Desenvolvimento Regional solicitou à Pasta da Economia uma verba extra de R$ 21 milhões, em caráter de urgência. O dinheiro é para manter ativa, até o fim do mês, a Operação Carro-Pipa, que atende as populações rurais atingidas pela seca e estiagem. O caixa secou. Sem a liberação das novas verbas, o Ministério não conseguirá contratar novos carros pipas e sequer pagar dívidas pendentes. Desde o início deste mês, o serviço funciona precariamente, com o cancelamento do serviço em várias cidades por falta de pagamento.

Política
Até quando Lula vai escantear Marina e Tebet?
19/12/2022Se Lula anunciar mais uma leva de ministros hoje e não indicar Marina Silva e Simone Tebet entre eles, vai fortalecer as versões malévolas que circulam nos bastidores: que está cedendo à pressão do Centrão e do PT por mais cargos; que vai apresentar para as duas somente a xepa das pastas para que elas recusem; que é um traíra mesmo; ou, então, que Janja brecou as duas por ciúme ou alguma marra. Lembrai-vos que há precedentes de bullying feito pelo futuro presidente com a própria Marina em mandato pretérito. Mas o RR se recusa a acreditar que Lula vá fazer uma bobajada dessas. De qualquer forma, o simples fato de não ter indicado as duas moças a quem deve uma parte da sua eleição antes ou pelo menos junto aos marmanjos do PT é um péssimo sinal.

Destaque
Luiz Marinho quer criar o “Ministério do Emprego”
19/12/2022Luiz Marinho, futuro ministro do Trabalho, levou a Lula uma proposta para fortalecer o Ministério do Trabalho, transformando-o em uma espécie de “Ministério do Emprego”. A ideia é a migração para a Pasta do Economia Solidária, hoje administrado pelo Ministério da Cidadania, no âmbito do projeto Inclusão Produtiva Urbana. Marinho quer transformar o Economia Solidária em um vetor para a geração de postos de trabalho, notadamente do primeiro emprego. Para isso, pretende, inclusive, recriar a Secretaria Nacional de Economia Solidária, instituída pelo próprio governo Lula em seu primeiro mandato – à época, o órgão foi comandado pelo professor Paul Singer. Marinho quer também acelerar os trâmites para adesão de pequenos empreendimentos ao programa. Hoje, segundo números obtidos pelo Comitê de Transição para a área do trabalho, há mais de cinco mil pedidos represados no Ministério da Cidadania.
A intenção do novo ministro é fortalecer ações de estímulo à criação de pequenos empreendimentos voltados à comercialização de bens e de serviços. No ano passado, de acordo com o Cadastro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários (CadSol), foram cadastrados 20.634 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), beneficiando cerca de 1,423 milhão de pessoas.

Política
Lula vai fazer propaganda do seu “pré-governo”
19/12/2022Lula vai reunir as melhores propostas feitas pelos seus 800 colaboradores dos grupos temáticos e transformá-las em um agenda de governo, com prestação de contas através de diversos meios de comunicação, usando inclusive verbas de publicidade do governo. O presidente eleito quer sair do jugo do mercado e trazer a população para as demais pautas, quer sejam da educação, segurança, saúde, entre outras. Lula se sente capturado pela ditadura do mercado. É essa camisa de força que o leva a dar declarações de enfrentamento, verdadeiras bazófias que só dificultam o discurso mais sensato de governo. A missão é marchar com o povo e não ser monitorado pela Faria Lima, mesmo que decisões fundamentais da economia obrigatoriamente passem pelo cluster financeiro paulista.
Política
Paulo Bernardo ganha força para assumir Itaipu
19/12/2022O ex-ministro Paulo Bernardo, integrante da equipe de transição, está cotado para assumir a presidência de Itaipu Binacional. Seu nome conta com importantes apoios dentro do PT, notadamente de Dilma Rousseff, de quem foi ministro das Comunicações, e da presidente do partido, Gleisi Hoffmann – com quem foi casado. No caso de Dilma, é quase um acerto de contas com o passado. Em 2015, a então presidente da República nomeou Paulo Bernardo para a direção-geral de Itaipu. No entanto, se viu obrigada a volta atrás: na mesma semana em que o petista tomaria posse, Sergio Moro enviou para o STF documentos com o suposto repasse de recursos ilícitos para Gleisi, então casada com Bernardo.
A escolha do futuro nº 1 de Itaipu tem ainda mais importância no mosaico de cargos da área de energia devido a uma circunstância especial. No próximo ano, Brasil e Paraguai terão de negociar o novo Tratado de Itaipu – o atual, em vigor desde 1973, expira no mês de abril.

Política
O nome de Marina para o Conselho da Amazônia
16/12/2022O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, que integra a equipe de transição, ganhou força nos últimos dias para assumir o Conselho da Amazônia. Sua indicação tem a simpatia de Marina Silva, mais forte candidata a assumir o Ministério do Meio Ambiente. Galvão foi demitido do comando do Inpe pelo presidente Jair Bolsonaro por divulgar dados do desmatamento da Amazônia.
Política
Paulinho da Força deve ter um naco no Ministério do Trabalho
16/12/2022Os sindicalistas, ao que tudo indica, vão dominar o futuro Ministério do Trabalho. Além da nomeação de Luiz Marinho como titular da Pasta, Jefferson Coriteac está cotado para assumir a Secretaria do Trabalho. Trata-se de um nome da cota do deputado Paulinho da Força, do Solidariedade. Coriteac, que faz parte do comitê de transição, é um dos fundadores do partido e braço direito do sindicalista. Na esteira do apoio de Paulinho da Força ao governo Temer, foi secretário especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário em 2017 e 2018.

Política
Alckmin está “exilado” na vice-presidência
15/12/2022Há uma sensação de desencanto no grupo de políticos do PSB e de antigos companheiros do PSDB que apoiaram a participação de Geraldo Alckmin no governo do PT. O sentimento é de que o vice-presidente foi escanteado. Alckmin entrou cotado para acumular o Ministério da Fazenda. Não aconteceu. Ficou, então, de indicar o ministro. Não indicou. Restou colaborar na montagem da equipe econômica, mas, até agora, nenhum nome anunciado entra na sua cota. Antes, Alckmin havia sido cogitado também para ministro da Defesa. Bulhufas. Ainda há vários ministérios a serem preenchidos. Mas, tirando Planejamento, Saúde, Educação ou alguma grande estatal, o resto é xepa. Vai acabar sobrando para o vice o papel de poste. Pois bem, em que pesem as diferenças entre ambos, lembrai-vos de Michel Temer: vice-presidente maltratado nunca dá certo.
Política
Banco do Nordeste é objeto de cobiça de Eunício de Oliveira
15/12/2022Eunício de Oliveira, eleito deputado federal, voltou com tudo ao game. Tem se movimentado no entorno de Lula para emplacar aliados no comando do Banco do Nordeste (BNB) e na Codevasf. Para o BNB, o nome de Eunício é um velho conhecido do banco: Romildo Rolim, que já ocupou três mandatos na presidência da instituição, sempre com as bênçãos do parlamentar cearense. Olhando-se para o passado, pode se dizer que o emedebista está sendo até modesto na articulação para fazer “apenas” o presidente do Banco do Nordeste. Em 2017, no governo Temer, Eunício e seu grupo político cravaram sete executivos em cargos de direção no BNB.

Política
Futuro governo monta plano para retomar obras paradas
14/12/2022A promessa de Lula de que vai fazer do regate das obras paradas uma usina de empregos está entre as prioridades do grupo de transição da economia. O presidente Jair Bolsonaro deixou um cemitério de 14 mil obras paradas. O cálculo é que um montante de R$ 14 bilhões seria suficiente para colocar uma parcela expressiva em andamento, gerando dezenas de milhares de empregos. O comitê de transição trabalha com um orçamento para investimentos em infraestrutura da ordem de R$ 50 bilhões, sendo que R$ 24 bilhões sairão de receitas extraordinárias fora do teto. O restante virá do orçamento, que ganhou um espaço de mais de R$ 70 bilhões com a retirada das despesas sociais, prevista na PEC da Transição. Não estão nessa conta os recursos que Lula pretende trazer do exterior sob forma de fundos dirigidos que gerarão investimentos, a exemplo do meio ambiente.
A despeito de investimentos que virão para o greenfield, pode-se afirmar, portanto, que a recuperação das obras paradas será a grande frente de empregos de Lula. O desafio é como atrelá-la ao Bolsa Família, criando uma ponte para que os beneficiários do assistencialismo migrem para o mercado de trabalho e se tornem cidadãos na plenitude do termo.

Política
Economistas do PT são candidatas ao comando do BB
14/12/2022Os nomes de duas economistas do PT entraram na pauta de especulações para a presidência do Banco do Brasil: Juliane Furno e Laura Carvalho. Ambas pesam como chumbo nas ações do banco. Talvez seja melhor fechar o capital do BB.
Política
Será que a Polícia Rodoviária vai repetir a dose?
14/12/2022Assessores de Lula pretendem se reunir nesta semana com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para acertar detalhes do esquema de segurança para a posse do presidente eleito. O próprio Flavio Dino, sucessor de Torres, participará do encontro. Há uma preocupação específica em relação à Polícia Rodoviária Federal. Os auxiliares de Lula vão pedir formalmente a Torres que a corporação não faça operações que possam afetar a chegada de caravanas à Brasília na virada do ano. As ações da PRF no Nordeste no dia do segundo turno ainda estão frescas na memória petista.

Política
Mercadante no BNDES não é um bom sinal. Mas podia ser pior
13/12/2022Lula bateu o martelo da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES na véspera da sua diplomação. A conversa já vinha rolando há um bom tempo, mas o presidente eleito empurrava a definição para frente. A alternativa ao BNDES seria a indicação de Mercadante para a Petrobras. Mas dentro do grupo mais próximo do presidente a nomeação para a petrolífera foi considerada como uma sinalização mais arriscada. O próprio Mercadante concordou. Afinal, o banco de fomento não tem ações em mercado nem o impacto que a estatal tem nas bolsas de valores. Fora o fato de que, pelos notórios eventos pretéritos, a escolha do presidente da Petrobras tem de ser feita com muito carinho.
Havia dúvida como se daria a relação de Mercadante com o futuro ministro da Indústria e Comércio – especula-se que o mais cotado é o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva – tendo em vista o tamanho que o economista possui no PT e junto ao próprio Lula. A pergunta é se o titular do banco não ficaria maior do que o ministro, pilotando um verdadeiro enclave dentro da Pasta. No passado, o excessivo empoderamento do então presidente do BNDES, Guido Mantega, gerou atritos com os ministros Antônio Palocci e Luiz Furlan, além do presidente do BC, Henrique Meirelles. Deu no que deu.
Quanto aos dizeres de Lula de que não fará privatizações, a declaração está em linha com o discurso de campanha e é um recado sobre a linha de atuação que o banco terá sob a gestão de Mercadante. Com certeza, havia outros nomes de gabarito, próximos do vice Geraldo Alckmin e com uma aceitação muito maior pelo mercado. Mas está dado. O sinal não é bom.

Política
Guedes e Haddad fazem uma transição como deve ser
13/12/2022
Política
TCU é território hostil para Jair Bolsonaro
13/12/2022Até o início da noite de ontem, o Palácio do Planalto não sinalizou ao TCU se Jair Bolsonaro comparecerá na posse de Bruno Dantas na presidência da Corte, marcada para amanhã, às 9h. No gabinete de Dantas, a presença de Bolsonaro é considerada pouco provável. Primeiro porque Lula e Geraldo Alckmin já confirmaram presença. Além disso, Dantas tem o apoio político de Renan Calheiros, desafeto de Bolsonaro. Como se não bastasse, dentro do TCU Dantas é um dos principais defensores dos processos que investigam possíveis irregularidades no pagamento do Auxílio Brasil.

Política
Presidente da Caixa pode ter cargo no governo de Tarcísio
12/12/2022Após a intenção frustrada de ter Paulo Guedes na sua gestão – informação antecipada pelo RR -, Tarcísio Freitas reduziu sua expectativa e desceu alguns degraus na hierarquia do Ministério da Economia. Freitas sondou a atual presidente da Caixa Econômica, Daniella Marques, para integrar o seu governo. Daniella é próxima de Guedes. Por indicação direta do ministro, ocupou o cargo de secretária especial de Produtividade e Competitividade da Pasta da Economia. De uma forma ou de outra, Freitas continuará namorando Guedes através dos seus prepostos.

Política
Bernard Appy vai ou não para a equipe econômica?
12/12/2022Na medida em que o domingo ia se derretendo, ontem, às 21:19, o ex-secretário do Ministério da Fazenda e diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), Bernard Appy, dizia em um grupo de economistas que não foi convidado para um cargo junto à Fernando Haddad. “Se for convidado, aceitarei se o projeto for bom. Ou poderei também colaborar através do Centro de Cidadania Fiscal”. Appy é considerado o nome mais provável entre todos os cogitados para fazer parte da equipe econômica. É o responsável da já emblemática PEC 45, da reforma tributária, que roda que nem um pião no Congresso, sem sair do mesmo lugar. É uma daquelas “unanimidades” que ninguém quer chamar de sua. Na pauliceia, diz-se que Appy está para a PEC 45 como Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal, está para o “imposto único” ou Eduardo Suplicy para a “renda mínima”. São projetos de uma vida. Mas parece que Haddad comprou o projeto. A ver. Sem Appy, não haverá a PEC 45, e sem a PEC 45 não haverá Appy.

Destaque
“Revogaço” do futuro governo mira nos fundos de pensão
12/12/2022O “revogaço” que se anuncia no governo de Lula pode envolver também a área de previdência privada. Entidades representativas de beneficiários de grandes fundos de pensão, como Previ e Petros, levaram a assessores do presidente eleito a proposta de reversão da Resolução nº 53 do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), aprovada em março deste ano. A medida alterou as regras para a saída de patrocinadores de fundos de pensão, criando brechas favoráveis aos mantenedores. A resolução permitiu a “rescisão unilateral do convênio de adesão por iniciativa da entidade”, o que é visto por algumas representações de trabalhadores de estatais – ecossistema onde estão as maiores fundações do país – como uma manobra do governo Bolsonaro para flexibilizar a extinção de planos específicos ou mesmo a retirada de patrocinadores.
Desde então, a medida tem gerado uma barafunda de interpretações conflitantes, inclusive entre as próprias entidades que representam uma determinada categoria. É o caso, por exemplo, dos petroleiros, beneficiários da Petros. A FUP (Federação Única dos Petroleiros) chegou a se manifestar classificando a resolução nº 53 de “falsa polêmica” e afastando o risco de saída de patrocinadores. Por sua vez, o Sindipetro-RJ enxergou ameaças e solicitou ao CNPC consultas públicas para discutir as mudanças.

Política
Jair Bolsonaro não foi presenteado pelo mundo
12/12/2022Um indicador curioso de que Jair Bolsonaro virou as costas para o mundo tanto quanto o mundo virou as costas para Jair Bolsonaro. Segundo levantamento já feito pela Presidência da República, Bolsonaro terá direito a levar 42 itens catalogados como presentes de caráter pessoal, recebidos de chefes de estado e autoridades estrangeiras. São oito objetos oriundos de países da América, quatro da Europa, dois da África e 29 da Ásia. Na conta, ressalte-se, não entram itens classificados como de interesse público, que costumam permanecer no acervo da Presidência. Nesse quesito, a diferença do presidente que sai para o presidente que volta é abissal. Em oito anos de governo, estima-se que Lula tenha recebido cerca de 1,4 mil objetos de chefes de estado classificados como de cunho pessoal.
Política
Fundo do Centro-Oeste vai ter R$ 9,5 bilhões para investir em 2023
12/12/2022O Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) vai se reunir na próxima semana para deliberar sobre o orçamento de 2023. Segundo uma fonte do colegiado, o comitê vai aprovar o montante da ordem de R$ 9,5 bilhões. Será o último encontro durante o governo Bolsonaro. Dentro do próprio Conselho, a expectativa é de mudanças no perfil da carteira com a chegada de Lula à Presidência, com um foco maior, por exemplo, na agricultura familiar. Durante a campanha, o petista sinalizou a possibilidade de criar fundos dentro dos fundos constitucionais (Fundo de Financiamento do Centro-Oeste – FCO; Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE; Ficha de Cadastro Nacional de Empresas – FCN) para financiar especificamente cooperativas agrícolas.
Política
A “volta” do imposto sindical?
12/12/2022Não se pode dizer que o comitê de transição para a área de trabalho e previdência esteja dividido. Mas a proposta com o objetivo de dar algum fôlego financeiro aos sindicatos tem a simpatia, ainda que tímida, de alguns dos seus integrantes. Por outro lado, a pressão dessas entidades para sua capitalização é grande. Os sindicatos ganhariam um pequeno percentual em cima de acordos coletivos de trabalho. O “sucess fee sindical” seria calculado sobre o valor do aumento real, ou seja, a diferença acima da inflação do período. Na prática, seria quase a volta do imposto sindical obrigatório travestido com outro figurino. Pode ser que com o decorrer das discussões a proposta ganhe fôlego. Mas a julgar pelo que disseram ao RR fontes do comitê de transição, a medida é difícil de emplacar.
Política
DNIT empurra contencioso com empreiteiras para o governo Lula
9/12/2022O governo Bolsonaro jogou (mais) uma batata quente no colo do próximo governo. Segundo o RR apurou, o DNIT praticamente suspendeu as tratativas que vinham sendo mantidas com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e a Aneor (Associação das Empresas de Obras Rodoviárias). Por meio das duas entidades, empreiteiras que prestam serviço em rodovias operadas pela estatal reivindicam o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Alegam que a inflação fez disparar os preços de insumos como aço e concreto. Enquanto o novo governo não chega, as construtoras apertam o cerco na Justiça: há uma série de pedidos de liminares contra o DNIT, exigindo o reequilíbrio dos contratos. Procurado, o Departamento foi protocolar: disse que “está sempre aberto ao debate técnico de assuntos relativos à atividade de infraestrutura” e que “as empresas contratadas pela Autarquia têm direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de todos os seus contratos, conforme indicado na Lei nº 8666/1993”. Especificamente sobre o pleito da CBIC e da Aneor, nenhuma palavra.
Política
O tango diplomático de Katia Abreu
9/12/2022A senadora Katia Abreu está cotada para assumir a Embaixada do Brasil em Buenos Aires. A ex-ministra da Agricultura de Dilma Rousseff teria um papel relevante no âmbito do Mercosul e nas discussões para a costura do acordo com a União Europeia. O agronegócio é um dos pilares do tratado com a UE. Katia tem um handicap para a função. Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, estabeleceu conexões com autoridades diplomáticas dos países vizinhos. Um de seus principais interlocutores é o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli.

Destaque
Passado “petista” pesa a favor na sucessão da Polícia Rodoviária Federal
8/12/2022O futuro governo avança em um dos mais delicados processos de sucessão no aparelho de segurança pública. O RR apurou que o atual coordenador nacional de Comando e Controle da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Stênio Benevides, é o nome mais cotado para a direção-geral da corporação. Sua indicação partiu do senador eleito Wellington Dias, um dos petistas mais influentes junto a Lula. Benevides foi superintendente da PRF no Piauí durante o governo de Dias. Seu histórico “petista” passa também pelo Ceará e pela proximidade com o ex-governador Camilo Santana. Benevides chefiou a PRF no estado entre 2015 e 2017, durante a gestão de Santana.
Por todas as circunstâncias, a escolha do futuro comandante da Polícia Rodoviária Federal tornou-se um processo relevante, que tem sido cuidadosamente conduzido por auxiliares de Lula. Benevides é tido como um policial com notório grau de influência dentro da corporação e de perfil apaziguador. Ou seja: alguém talhado para asserenar os ânimos interna corporis. As tensões na Polícia Rodoviária Federal se acentuaram no período eleitoral, com as tentativas de instrumentalização da corporação pelo presidente Jair Bolsonaro. O atual diretor-geral, Silvinei Vasques, tido como um bolsonarista de carteirinha, é investigado pela Polícia Federal por suposta omissão em relação aos bloqueios de rodovias por apoiadores do presidente. Some-se a isso as polêmicas operações feitas pela PRF em estradas federais do Nordeste no dia da votação do segundo turno.
Política
A “via crucis” de Jonathan de Jesus até o TCU
8/12/2022Arthur Lira tem sido pressionado por aliados para recuar na indicação do deputado Jonathan de Jesus (Republicanos-RR) ao TCU, na vaga que cabe à Câmara. O lobby mais forte vem do PL, de Valdemar da Costa Neto, que trabalha pela nomeação de Soraya Santos, deputada do Rio de Janeiro. A tentativa de crucificação de Jonathan de Jesus vem ganhando força nos últimos dias. O parlamentar é citado nas investigações deflagradas pela Polícia Federal na semana passada para apurar desvios de medicamentos no Distrito Sanitário Especial Indígena em Yanomami (DSEI-Y), em Roraima. O atual administrador do DSEI-Y, Mucajaí Ramsés Almeida, foi indicado para o cargo por Jonathan e seu pai, o senador Mecias de Jesus. Os “Jesus” também haviam sido responsáveis pela nomeação de Rômulo Pinheiro, antecessor de Ramsés. Pinheiro foi exonerado do cargo em janeiro deste ano, igualmente por suspeitas de irregularidades.

Política
Denúncias no Butantan respingam em candidato a ministro da Saúde
8/12/2022As denúncias de irregularidades contra o ex-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, têm mobilizado assessores mais próximos de Lula. O entendimento é que o episódio pode ter um peso razoável na escolha do futuro ministro da Saúde. Ainda que indiretamente, a escalada de acusações ricocheteia no médico David Uip, amigo pessoal de Lula e um dos cotados para o cargo. Uip era o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do governo João Doria e chefe de Covas.
Política
O sindicalista que correu por fora
8/12/2022Embora não faça parte formalmente da equipe, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, vem ganhando espaço nas discussões conduzidas pelo grupo de transição da área de Trabalho e Previdência. Entre outros temas, Neto tem levado a assessores de Lula projetos de capacitação da mão de obra, que seriam tocados pelo Ministério do Trabalho, e propostas para o fortalecimento das negociações coletivas entre sindicatos e empresas. A proximidade com a CSB é um afago político de Lula ao PDT e, especial, ao presidente do partido, Carlos Lupi, próximo a Antonio Neto. Entre todas as grandes centrais sindicais do país, a entidade foi a única que não apoiou o petista nas eleições. Ficou ao lado de Ciro Gomes.

Política
Lara Resende e Pérsio Arida preparam nova âncora fiscal
7/12/2022O novo arcabouço fiscal será anunciado em fatias, com as primeiras regras podendo ser apresentadas ainda durante a Copa do Mundo. A arquitetura final para substituição do teto junto com a rearrumação da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Regra de Ouro – criando um marco regulatório fiscal – tem o prazo de conclusão até o segundo semestre de 2024. A engenharia é de André Lara Resende e Pérsio Árida, ambos principais colaboradores na construção de uma nova âncora para o equilíbrio das contas públicas. Os dois economistas, que participam do grupo de transição na área econômica, não pretendem ter cargos no governo, mas aceitaram continuar colaborando na equação do imbróglio fiscal a partir uma instância não executiva, a exemplo do Conselho Econômico que o presidente Lula pretende criar. Lara Resende e Arida pertencem à cota de Alckmin. Ambos foram chamados devido a sua originalidade para encontrar soluções fora da curva na área econômica, vide o Plano Real, além do apoio de primeira hora à candidatura de Lula. O prazo mais largo para a divulgação da nova arquitetura fiscal tornou-se bem mais acessível devido à PEC da Transição. Ela garantirá durante um biênio os gastos de um Bolsa Família vitaminado com alguns programas sociais, liberando espaço no orçamento e facilitando a arrumação dos números do governo. Serão ao menos dois anos de waiver que permitirão aos economistas entregarem sua encomenda com consistência, após uma verdadeira auditoria das contas públicas. Pérsio Arida, que chegou a colocar um pé no Ministério da Fazenda, abdicou de um eventual convite devido às resistências ao seu nome pelo PT. Ser ministro da Fazenda de uma gestão cujo partido tem rejeição ao seu nome logo na primeira hora não é uma boa condição de governança.
Já Lara Rezende provoca um certo frisson no mercado devido às suas conceituações acadêmicas a respeito das novas teorias que relativizam a importância do crescimento e risco de solvência da dívida pública interna. O economista, contudo, conforme apurou o RR, não vai misturar suas concepções teóricas com as medidas monetárias e fiscais. Lara Resende manja das paúras do mercado. No momento, ele está debruçado em engendrar uma solução para fazer com que o passivo interno sirva de âncora fiscal em paralelo com um Banco Central independente. Como se sabe o principal componente do crescimento dívida interna são os juros. Se a Selic sobe um ponto percentual, por exemplo, já faz um estrago no endividamento interno, forçando a um aumento de um resultado primário bem maior.
Uma das decisões já tomadas será a adoção da dívida interna líquida como indicador no lugar da dívida bruta. A medida é tecnicamente defensável. Ela reduz o tamanho do passivo da União, na medida em que, entre outros critérios de contabilidade, desconta as reservas cambiais de mais de R$ 1,6 trilhão cálculo do endividamento. Os economistas mais ortodoxos dirão que a iniciativa é mera prestidigitação. Afinal, muda-se a métrica, mas a dívida no fundo permanece a mesma. Os economistas tucano-petistas, enquanto estudam novas fórmulas, vão discutindo de onde tirar recursos para tapar buracos fiscais em consonância com receitas para o aumento de investimentos. Uma das ideias é propor uma reforma tributária antes de apresentar a nova fórmula que substituirá o teto de gastos – a priori o teto seria mantido durante os dois primeiros anos de governo.
Outra proposta é subtrair dos incentivos fiscais um montante generoso para rearrumação do orçamento. Já existem algumas contas que preveem recursos adicionais de mais de R$ 1 trilhão, em quatro anos, somente com a redução de 30% dos incentivos, retorno ao regime anterior do ICMS de combustíveis e energia e a mudança da estrutura tributária. Com concessões, o cálculo é que os recursos já compromissados pelo governo Bolsonaro e os pretendidos pelo futuro governo Lula cheguem próximos a R$ 1,5 trilhão. Em compensação, irão secar as verbas oriundas das privatizações. Há muito mais receitas a serem capturadas. Na equipe de transição, existe quem aposte que esses trilhões de reais podem aumentar ainda bastante, dependendo do crescimento do PIB e aumento da arrecadação. Na pauta está ainda uma fórmula para desmobilização dos ativos imobiliários da União, medida que Paulo Guedes namorou durante a gestão Bolsonaro inteira, mas não conseguiu levar a frente. Mas vem mais por aí, bem mais. Aguardemos a porção criativa da dupla André Lara Resende e Pérsio Arida.
Política
Kassab tenta emplacar mais um no gabinete de Tarcísio Freitas
7/12/2022Gilberto Kassab quer emplacar o atual ministro do Trabalho e da Previdência Social, José Carlos Oliveira, na Secretária de Emprego e Relações do Trabalho de Tarcísio Freitas. Além do apoio do influente Kassab, que ocupará a Secretária de Governo de São Paulo, Oliveira tem outro handicap: atuou ao lado de Freitas na formulação do modelo do Auxílio Caminhoneiro, quando o futuro governador ainda estava à frente do Ministério da Infraestrutura. Em contrapartida, o apadrinhado de Kassab carrega um ponto bastante negativo: durante a sua gestão no Ministério do Trabalho e da Previdência, a fila de pedidos de aposentadoria parados no INSS explodiu, saindo de dois milhões para mais de cinco milhões.

Política
TCU enxerga outros riscos nas contas do governo Bolsonaro
6/12/2022Além da suspeição de uso eleitoral do Auxílio Brasil, há outras armadilhas contra Jair Bolsonaro armadas no TCU. Segundo uma fonte da Corte, o tribunal já identificou 29 pontos de “alto risco” nos chamados programas finalísticos, guarda-chuva sob o qual entram 66 ações e benefícios, desde o Educação Básica de Qualidade ao próprio Auxílio Brasil. De acordo com a mesma fonte, análises prévias do TCU apontam que cerca de um quarto desses programas têm indícios de descontrole contábil ou, na melhor das hipóteses, problemas de qualidade na gestão.
Política
PL quer colocar multa do TSE no “crediário”
6/12/2022Emissários de Valdemar da Costa Neto já sondaram ministros do TSE sobre a possibilidade de o PL pagar parceladamente a multa de R$ 22,9 milhões aplicada por Alexandre de Moraes. A própria direção do partido considera pequena a probabilidade da Corte acatar o recurso impetrado contra a sanção. O temor é que o valor seja abatido de uma única vez da cota do fundo partidário a que a legenda tem direito.

Política
Ex-presidentes duelam pelo comando da Caixa
5/12/2022Há uma boa probabilidade de um déjà vu no comando da Caixa Econômica: Miriam Belchior e Maria Fernanda Ramos, ambas ex-presidentes do banco nos governos passados do PT, disputam jarda a jarda a corrida para voltar ao posto de CEO.
Política
Lula e Bolsonaro “disputam” espaço na bancada ruralista
5/12/2022Neri Geller, cotado para assumir o Ministério da Agricultura, está no centro de uma disputa de poder no Instituto Pensar Agropecuária (IPA). Geller articula o lançamento de uma candidatura “lulista” à presidência do IPA. O nome mais cotado é o de Marcio Portocarrero, que comandou a secretária de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul no governo de Zeca do PT e atualmente ocupa o cargo de diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O adversário a ser vencido o ex-deputado Nilson Leitão, atual presidente do IPA. Na semana passada, Leitão, fez uma jogada de mestre no tabuleiro da sucessão. Conseguiu aprovar uma mudança no estatuto do Instituto, abrindo caminho para concorrer a mais um mandato. Sua eventual continuidade no cargo será uma vitória, ainda que indireta, de Jair Bolsonaro. E uma derrota de Geller, um dos principais assessores de Lula no agronegócio.

Política
Ibama pode ser um pedaço de Simone Tebet no latifúndio de Marina
2/12/2022O nome de Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico do Mato Grosso do Sul, vem ganhando força para assumir o Ibama no próximo governo. Trata-se de uma indicação de Simone Tebet para um território que, em tese, pertence a Marina Silva, a mais cotada para a Pasta do Meio Ambiente. O comando do Ibama terá uma importância redobrada na gestão Lula. Caberá à nova direção “desmontar o desmonte” feito na era Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente. Muita boiada passou pelo Instituto à revelia do seu competente corpo técnico.

Destaque
Há um silêncio profundo sobre a crise fiscal dos estados
2/12/2022A absoluta ausência de interlocução com o futuro governo já está levando os secretários estaduais de Fazenda a discutirem ações mais contundentes. Segundo o RR apurou, uma das ideias debatidas no âmbito do Consefaz é uma manifestação pública e conjunta sobre a grave crise fiscal das unidades federativas, com o objetivo de criar constrangimento ao próprio Lula. Até o momento, de acordo com a mesma fonte, os secretários estaduais sequer conseguiram formalizar um canal de interlocução com assessores do presidente eleito na área econômica, não obstante as tentativas de agendar uma reunião conjunta em Brasília.
Os estados têm uma bomba fiscal armada para o ano que vem: uma queda de arrecadação estimada em R$ 124 bilhões. O valor se refere às perdas causadas pelas Leis 192 e 194, que alteraram as regras do ICMS sobre os setores de combustíveis, energia elétrica, transportes e serviços de comunicação. Oito estados já conseguiram uma liminar no STF para reduzir o pagamento de suas dívidas à União como forma de compensar a perda de arrecadação com ICMS. Essa lista tende a crescer. Ontem, a secretaria de Fazenda de Goiás, Cristiane Alkmin, anunciou a intenção do estado de também acionar o Supremo. Mesmo com a fileira de processos no STF, há secretários de Fazenda que pregam uma postura ainda mais forte das unidades federativas diante da crise que se avizinha. Nesse caso, o entendimento é que a reação dos estados ainda não foi à altura do que os governadores chegaram a propalar.
A bola de neve vem crescendo mês a mês. Em outubro, a arrecadação dos estados e do Distrito Federal com o tributo caiu 13,2% em comparação com o mesmo período no ano passado. A perda de receita nos setores de energia e de petróleo foi, respectivamente, de 50% e 25%. Em todas as unidades da federação, a variação do ICMS foi inferior ao IPCA entre outubro de 2021 e outubro deste ano.
Política
PT estuda entrar na Justiça por esquema de segurança na posse
1/12/2022A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cogita entrar na Justiça para garantir a liberação das verbas necessárias para bancar o esquema de segurança na posse de Lula. Até o momento, a Polícia Federal não dispõe dos recursos necessários para arcar com diversos custos da operação. Falta dinheiro, por exemplo, para pagar o deslocamento e a estadia de agentes da PF em Brasília, que ficarão responsáveis pela proteção a autoridades locais e estrangeiras. É bem verdade que a Polícia Federal, assim como quase toda a máquina pública, está à míngua. No entanto, no PT, o entendimento é que o governo Bolsonaro está deliberadamente retendo verbas que poderiam ser liberadas para o esquema de segurança da posse.
Política
Conclusão do Censo pode cair no colo do governo Lula
30/11/2022Assessores do ministro Paulo Guedes e auxiliares da equipe de transição de Lula já discutem a hipótese de prorrogação do Censo até o próximo ano. A princípio, o encerramento do trabalho de campo está previsto para dezembro. No entanto, dentro do próprio IBGE, há um consenso de que o processo de levantamento dos dados tem sido duramente afetado pela falta de verbas, ameaçando a qualidade do resultado final. Um dos problemas mais graves é a fuga de recenseadores, que abandonaram o trabalho devido à baixa remuneração. Há cerca de dez dias, o governo Bolsonaro editou às pressas uma MP autorizando a contratação de novos funcionários sem processo seletivo para ocupar os postos vagos. Até o momento, a menos de um mês das festas de fim de ano, apenas 65% do Censo foram concluídos.

Política
As digitais de Belluzzo no futuro governo
29/11/2022O economista Luiz Gonzaga Belluzzo pertence à categoria dos perpétuos. Belluzzo, que esteve na comissão de frente do Plano Cruzado e palpitou em diversos outros planos, é conselheiro de Lula desde os primórdios. Não bastasse a estreita aproximação com o presidente, o economista emplacou seu sobrinho, Guilherme Mello, no Comitê de Transição do Planejamento e Orçamento. Mello tem pouco mais de 30 anos, estudou na Unicamp e é tido como geniozinho. Foi ele que acompanhou Nelson Barbosa, virtual ministro do Planejamento, no encontro da última quinta-feira com o ministro Paulo Guedes. Mello é tido como um dos quadros técnicos certos do futuro governo. Mas, voltando ao professor Belluzzo, este está cada vez mais parecido com um monge. Vive aficionado por livros de história e considerando o presente um apêndice menor no cotejamento com os fatos pretéritos. Não é possível esquecer que Belluzzo, uma pessoa doce e um intelectual sofisticado, apoiou as políticas econômicas do governo de Dilma Rousseff.

Política
Governo Bolsonaro preenche cargos como se não houvesse 2023
29/11/2022A corrida do governo Bolsonaro para ocupar cargos públicos na reta final do mandato produziu mais um rumoroso episódio, desta vez no Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI). A indicação do tecnólogo Antonio Carlos Lobo Soares para a direção do Museu Paraense Emilio Goeldi, mais antiga instituição científica da Amazônia, está causando um disse-me-disse dentro da Pasta. No Ministério, corre a informação de que a nomeação de Lobo Soares teria se dado por interveniência do ministro Paulo Alvim, atropelando, assim, ritos internos para a seleção do novo diretor. Há relatos ainda de que o Comitê de Busca montado pelo Ministério para conduzir o processo teria sofrido pressões para acelerar os trâmites e bater o martelo antes do segundo turno das eleições. Em contato com o RR, o Ministério da Ciência e Tecnologia garantiu que os critérios do “Comitê de Busca foram definidos por membros do Comitê sem qualquer interferência do MCTI”. Está feito o devido registro.
O fato é que o episódio não só tem provocado burburinhos no Ministério da Ciência e Tecnologia como acendeu um sinal de alerta no corpo técnico da Pasta. Ao apagar das luzes do governo Bolsonaro, há o receio de que a sanha aparelhista se estenda a outros órgãos. Neste momento, há cadeiras vagas na diretoria de outras duas unidades vinculadas à Pasta – o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
Política
As portas do STF também estão fechadas para o teatro do PL
29/11/2022Se levar adiante a promessa de recorrer ao STF na tresloucada tentativa de anular os votos de 280 mil urnas, Valdemar da Costa Neto vai encontrar um ambiente tão ou mais hostil do que no TSE. Palavra de um ministro da própria Corte ao RR. Segundo o magistrado, nesse caso a tendência é que o Supremo não apenas confirme como até mesmo aumente o valor da multa aplicada pela Justiça Eleitoral ao PL, no valor de R$ 22,9 milhões. Como se não bastasse todo o jogo de cena que cerca os movimentos pirotécnicos de Costa Neto, o STF tem mantido como padrão corroborar a maior parte das decisões do TSE. Guardadas as devidas ressalvas e diferenças entre cada caso, o próprio ministro da Corte lembrou ao RR do recurso impetrado pelo ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho na tentativa de reverter sua condenação na Justiça Eleitoral. Na semana passada, a 1ª Turma do STF não apenas manteve os oito anos de inelegibilidade de Coutinho, decretados pelo TSE, como aplicou uma multa no ex-governador.

Política
O nome da vez para a Secretaria de Segurança Pública
28/11/2022O RR apurou há pouco que o ex-governador do Ceará Camilo Santana tenta emplacar o delegado da Polícia Federal Sandro Caron na Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça do governo Lula. A articulação tem, inclusive, causado desconforto dentro do PT, uma vez que a indicação de Caron passa ao largo de Flavio Dino, o mais cotado para assumir a Pasta da Justiça. Santana chegou a trabalhar anteriormente pela nomeação do delegado para a direção geral da própria PF. Essa hipótese ainda não está de todo descartada. No entanto, enfrenta resistências do próprio PT em função do passado lavajatista de Caron. O delegado comandava a Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da Polícia Federal durante a Operação que levou Lula para a cadeia.

Destaque
Marina propõe fundo multilateral para a Amazônia
28/11/2022Marina Silva, principal candidata ao Ministério do Meio Ambiente, levou à equipe de transição a ideia de criação de um fundo multilateral para a proteção da Floresta Amazônica. A iniciativa envolveria os seis países que formam a chamada Amazônia Legal, ou seja, Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela. Além de ações de combate ao desmatamento, o fundo seria voltado a financiar projetos sustentáveis na região, do manejo de florestas a investimentos ecossociais, como o apoio a agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais do bioma. Ou seja: o foco não seria apenas o da preservação ambiental, mas também o de estimular a economicidade dos recursos amazônicos, contemplando as sinergias de cada país e mesmo investimentos conjuntos.
Nesse sentido, portanto, a proposta formulada por Marina Silva vai além da ideia apresentada recentemente pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que sugeriu a criação de um bloco dos países amazônicos especificamente para combater as queimadas. O fundo seria ainda aberto a doações de outros países de fora da região, em um modelo similar ao Fundo Amazônia – este restrito a ações no território brasileiro. Na esteira da forte repercussão causada pela participação de Lula na COP27, a ideia é que o petista se encontre com presidentes dos demais países da Amazônia Legal antes mesmo da posse para discutir a proposta.
Política
Polícia Civil de São Paulo já cobra de Freitas aumento salarial
28/11/2022O governador eleito Tarcísio Freitas já sofre pressões para conceder reajuste salarial à Polícia Civil do estado logo no início da sua gestão. Segundo cálculos da própria categoria, a defasagem salarial em relação à inflação acumulada nos últimos oito anos supera os 50%. A missão de conduzir o assunto e, eventualmente, amainar eventuais insatisfações na corporação está a cargo dos delegados Artur Dian e Raquel Bobahi, ambos na equipe de transição de Freitas.
Política
Posse de Lula é a nova missão de Janones nas redes
28/11/2022André Janones está encarregado de cuidar da transmissão da posse de Lula nas redes sociais. Uma das ideias do deputado federal é montar uma espécie de pool entre importantes influencers apoiadores do presidente, liderado por Felipe Neto. Janones, que se notabilizou por enfrentar a campanha de Jair Bolsonaro no terreno onde Carlos Bolsonaro sempre deitou e rolou – as mídias digitais -, tem planos ousados. Diz a quem quiser ouvir no entorno de Lula que a posse será o assunto mais comentado no Twitter em todo o mundo no dia 1º de janeiro.
Política
O embate final entre a ciência e Bolsonaro
28/11/2022Jair Bolsonaro vai terminar seu governo como começou, às turras com a comunidade científica. O RR apurou que algumas das mais prestigiosas entidades da área – como a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a Academia Brasileira de Ciências – articulam o lançamento de um manifesto conjunto contra a gestão Bolsonaro. O estopim é a Portaria 10.136, do Ministério da Economia, publicada no último dia 18 de novembro. O governo retirou o crédito suplementar do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, transferindo recursos para bancar a Operação Carro-Pipa no Nordeste. Nada contra comprar água para o povo nordestino. Muito pelo contrário. Mas a comunidade científica passou quatro anos tendo o orçamento para o setor seguidamente desidratado.

Política
Paulo Guedes “apoia” Nelson Barbosa no próximo governo
25/11/2022O ministro Paulo Guedes, seja qual for sua intenção, tem dito a diversos interlocutores que o ex-ministro Nelson Barbosa, pertencente aos quadros da FGV e hoje integrando o comitê de transição, será ministro de alguma Pasta da Economia no governo Lula. Guedes se encontrou com Barbosa para as primeiras conversas voltadas à transferência de todas as informações consideradas relevantes pelo comitê de transição. O papo entre ambos foi descontraído e afável. Guedes colocou o Ministério da Economia inteiramente à disposição para colaborar em todas as demandas. Guedes considera Barbosa o economista mais bem equipado entre os que estão disputando o rally do Ministério da Fazenda e, em segundo lugar, o do Planejamento. Com relação a Fernando Haddad, acha um despropósito a comparação de que o ex-ministro da Educação poderia ter um papel similar ao de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. “Há uma diferença abissal entre ambos”, teria dito.
Guedes acha que Haddad conhece somente os rudimentos da economia e não tem a dimensão pública de FHC. Quanto a Persio Árida, o ministro da Economia o detesta, como também detesta o economista André Lara Resende. Ele acha ambos despreparados, desatualizados e com formação acadêmica insuficiente. A recíproca também é verdadeira. A “campanha soft” de Guedes pró-Barbosa é o tipo de apoio que ninguém quer. Imagine só, nas atuais circunstâncias, receber a pecha de ser o candidato do “Beato Salu”.

Política
O mercado não dá brecha para Haddad
25/11/2022Não foi ainda dessa vez. A bênção à eventual indicação de Fernando Haddad ao Ministério da Fazenda que deveria ser dada com o almoço de hoje na Febraban não aconteceu. Não que os mercados tenham esfarelado, mas as primeiras reações não foram das mais favoráveis: neste momento, o Ibovespa cai 2,8% e o dólar chegou a R$ 5,39. Ainda assim, até o início da tarde, diversas casas do setor bancário cravavam Haddad para o cargo de ministro da Fazenda do futuro governo Lula. Ele não viria sozinho, mas em duo para condução da política econômica na qual estaria incluso o economista Pérsio Arida, assumindo o Ministério do Planejamento. Se o Planejamento não for empoderado, parece pouco para Arida. A divisão de poder e trabalho terá de ser construída em sintonia fina. Fala-se por exemplo que o BNDES e demais bancos de fomento estariam vinculados a Arida. Ele teria um papel importante na alocação mais eficiente dos recursos públicos. A ver.
Em tempo: um dos assessores mais previsíveis de Fernando Haddad, caso assuma a Fazenda, seria o economista Marcos Lisboa, que já foi secretário de Política Econômica no primeiro mandato de Lula. Ao que consta, no entanto, Lisboa já anunciou que passa essa. Não topa a missão. Queria voos mais altos. O atual secretário da Fazenda do governo de São Paulo, Felipe Salto, seria uma pule de dez para a secretaria do Tesouro. Só que, nesse caso, Salto não está sozinho na disputa. Outro nome no páreo é o de Bernard Appy, economista tributarista autor da PEC 45, que apresenta as diretrizes para a reforma tributária e está mofando no Congresso. Appy, ressalte-se, teve passagem importante pelo governo Lula, quando ocupou a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e a Secretaria Extraordinária de Reformas Econômico-Fiscais. A competentíssima economista Vilma Pinto, diretoria da IFI (Instituição Fiscal Independente), também está cotada para a Secretaria do Tesouro.
Finalmente, teria uma posição de destaque na equipe o professor da Unicamp Guilherme Mello, 33 anos. Mello é uma estrela em ascensão e impressiona pela conjugação de preparo técnico e juventude. Lula acha a maior graça no menino.

Política
“PEC do Estouro” começa a ganhar forma
25/11/2022A assessora de Nelson Barbosa, Esther Dweck, teve reunião com Vilma Dias, do IFI, nesta semana, para consulta e obtenção de dados fiscais para formulação da política econômica do futuro governo e fundamentar a “PEC do Estouro”. Hoje, Esther Dweck convocou os participantes do grupo de trabalho de Planejamento, Orçamento e Gestão do Gabinete de Transição do Governo Federal para uma reunião virtual, além de convidados para contribuírem no trabalho. Esther Dweck não é fichinha. Foi considerada a economista do ano de 2021 pelo Conselho Federal de Economia. As duas economistas estão com um pé no governo. Dweck, aliás, está com os dois pés, seja com Barbosa, seja com Fernando Haddad.

Destaque
Assessores de Lula traçam plano para a segurança das fronteiras
25/11/2022A equipe de transição do governo Lula para a área de Justiça e Segurança Pública está tracejando as primeiras linhas de um plano de combate ao crime organizado especificamente em regiões de fronteira. Nesse caso, o PT deverá beber na fonte do próprio PT. Uma das ideias é a criação de um programa nos moldes do Enafron (Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras), instituído no primeiro mandato de Dilma Rousseff e que acabaria perdendo fôlego nos anos seguintes. Por ora, como tudo na equipe de transição, as discussões são embrionárias. Mas, de acordo com a fonte do RR, um dos pilares desse “Enafron versão 2023” seria a implantação de uma força especial de segurança dedicada exclusivamente ao trabalho de investigações e de ações de campo em áreas de divisa. Essa corporação reuniria agentes oriundos da Polícia Federal e das Polícias Militares e Civis, guardadas as devidas proporções em um modelo similar ao da FNS (Força Nacional de Segurança), que reúne agentes de segurança das polícias estaduais. Ela atuaria lado a lado com as Forças Armadas.
As discussões em torno do tema têm sido conduzidas pelo próprio Flavio Dino, principal candidato a ministro de Justiça e responsável pelo tema “fronteiras” na equipe de transição, e pelo ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, que responde pela “subpasta” de milícias e crime organizado. Entre os integrantes do Comitê de Transição circula, inclusive, um relatório de 236 páginas elaborado em 2016, uma tentativa do então presidente Michel Temer de revitalizar o próprio Enafron – à época, quem estava à frente da Pasta da Justiça era o hoje ministro do STF Alexandre de Moraes.
Fatos recentes compartilhados pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal com o comitê de transição têm alimentado entre os auxiliares de Lula o senso de urgência em relação ao tema. Um exemplo: investigações da área de Inteligência da PF indicam a participação do Exército de Libertação Nacional no assassinato de quatro garimpeiros em Roraima, no último mês de agosto. A referida organização é um braço da extinta (?) FARC que fincou raízes na Venezuela e já tem ramificações em território brasileiro.

Política
Governo Bolsonaro quer desbloquear rodovias… bolivianas
25/11/2022O governo Bolsonaro está empenhado em acabar com os bloqueios nas estradas. Só que na Bolívia. O Itamaraty abriu conversas com autoridades bolivianas na tentativa de destravar o fluxo de caminhões nas rodovias que interligam os dois países. Representantes do Ministério da Infraestrutura também participam das discussões. Entre os principais atingidos estão pesos-pesados da área logística, como a Fedex TNT, que tem uma atuação expressiva na região. Outra empresa afetada é a Agesa, um condomínio de transportadoras que opera o maior porto seco e principal estrutura de despacho aduaneiro do Centro-Oeste. O ponto alfandegário movimenta por dia cerca de R$ 45 milhões.
Estima-se que o prejuízo para transportadores de carga brasileiros já tenha superado a marca de R$ 1 bilhão. As paralisações em algumas das principais rotas – como Corumbá-Puerto Quijarro – se arrastam desde outubro em razão de protestos contra o governo do presidente Luiz Arce. Na semana passada, os líderes da mobilização, notadamente o Comitê Cívico Arroyo Concepción, permitiram a passagem de caminhões e carretas por apenas dois dias – depois de 27 dias consecutivos de bloqueio.
Política
Fernando Pimentel desponta como candidato ao “Conselhão”
25/11/2022Gleisi Hoffmann tem defendido o nome do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel para comandar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, cuja recriação já foi publicamente anunciada por Lula. Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Dilma Rousseff, Pimentel tem bom trânsito junto a diversos setores abrigados sob o guarda-chuva do CDES, tais como o empresariado, entidades da sociedade civil e movimentos sindicais. Uma contraindicação seria o fato de o ex-governador carregar máculas da Lava Jato: chegou a ser condenado a dez anos. Mas, assim como o futuro presidente da República, posteriormente a própria Justiça anularia a condenação.

Política
Janja pode ter um duplo papel na posse de Lula
25/11/2022A colunista Malu Gaspar, de O Globo, trouxe uma das possibilidades de quem poderia substituir Jair Bolsonaro na passagem da faixa presidencial a Lula: um grupo de pessoas que representaria a diversidade do povo brasileiro, ou seja, um indígena, um negro, uma mulher, um trabalhador urbano e outro rural, além de um estudante. Pode ser que role. Mas há um detalhe nessa hipótese que cala fundo no coração de Lula. Trata-se da sugestão de Gleisi Hoffmann de que a mulher do grupo seja a primeira dama Janja. Gleisi é amicíssima de Janja.
Lula quer emponderar a esposa o máximo possível. A participação de Janja no governo e em eventos simbólicos seria a forma de demonstrar respeito, reconhecimento e admiração pelas mulheres. Afinal, elas foram suas principais eleitoras. Em tempo: Janja já está incumbida da organização de toda a cerimônia de posse. O que dizer? Amor, distinção do papel da mulher e empoderamento da companheira do lar são boas mensagens para o início de mandato. Bem melhor do que a simbologia da passagem da faixa por um carrancudo e raivoso Jair Bolsonaro
Política
Lorenzoni blefa com a sua aposentadoria política
25/11/2022Onyx Lorenzoni tem garantido a aliados que vai sair da política para se dedicar aos negócios da família, entre os quais um hospital em Porto Alegre. Quem o conhece, no entanto, tem certeza de que a promessa de Lorenzoni é da boca para fora. Coisa de quem ainda tenta digerir a derrota nas eleições ao governo gaúcho ou – ainda mais provável – valorizar seu passe dentro do PL. No momento, Lorenzoni está em baixa. Será, inclusive, substituído no comando do diretório do partido no Rio Grande do Sul pelo deputado federal Giovani Cherini.

Destaque
Sucessão no Sebrae Nacional deflagra uma guerra interna
24/11/2022Há uma guerra intestina envolvendo o comando do Sebrae Nacional. O atual presidente, Carlos Melles, quer continuar no cargo e disputa o posto com seu diretor de administração e finanças, Eduardo Diogo. Não se trata de um duelo de tapas e beijos. Mas de tiro, porrada e bomba. O contencioso entre ambos é aberto a todas as entidades que formam o Conselho do Sebrae. Melles já teve sua candidatura lançada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Diogo cabala apoios.
A corrida pelo cargo é aceleradíssima, porque o presidente nomeado pelas entidades estatutárias pode ser destituído pelo futuro governo. Destituir um presidente eleito pelas entidades de classe é certamente mais difícil do que retirar um mandatário eleito pelos trâmites normais. O PT tem apreço pela presidência do Sebrae. Não custa lembrar que Paulo Yamamoto, o assessor mais próximo de Lula, já esteve à frente da instituição. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano, quer o cargo, e é provável que tenha o apoio do PT. O sociólogo Luiz Barreto Filho, que já foi presidente do Sebrae, corre por fora.

Política
Trigo transgênico é a semente da discórdia
24/11/2022A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) tem buscado canais de interlocução com o Comitê de Transição com o objetivo de barrar a venda de trigo transgênico no país. Assessores de Lula vêm sendo municiados com relatórios acerca dos danos potenciais à saúde causados pelo produto. Ao lado de ambientalistas, a Abitrigo tem sido uma voz constante contra a comercialização de sementes geneticamente modificadas. Por ora, tem perdido algumas batalhas. Há cerca de um mês, autorizado pelo CTNBio, a Rizobacter Brasil começou a vender trigo transgênico proveniente da Argentina. Em tempo: a gestão Lula vai se deparar com um cabo de guerra. Do outro lado, o agronegócio pressiona pela liberação não apenas das vendas, mas do próprio cultivo de sementes modificadas no país.

Política
Alckmin prega uma aliança para valer no Congresso
24/11/2022Geraldo Alckmin tem defendido que ao menos um dos líderes do governo no Congresso – Câmara ou Senado – seja de fora dos quadros do PT. A indicação de um congressista da base aliada seria mais uma sinalização da real intenção de Lula de governar com um espectro mais amplo de alianças. No caso do Senado, por exemplo, um nome forte para a missão é o de Otto Alencar (PSD-BA). Componente da equipe de transição, mais precisamente do grupo de trabalho do Desenvolvimento Regional, Alencar tem cumprido um papel importante na pescaria de votos para a aprovação da PEC da Transição no Senado. Mais do que isso: o empoderamento de Alencar é um passo chave para atrair o apoio do PSD, que terá a segunda maior bancada da próxima legislatura, com 11 senadores, atrás apenas do PL (14).

Política
Mais uma isca para jogar os militares contra as urnas eletrônicas
23/11/2022O deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS) quer empurrar o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) para o imbróglio das urnas eletrônicas. Pede que o Instituto se manifeste formalmente sobre o assunto, o que é forma de contestar a competência técnica do TSE. Os técnicos do ITA realmente participaram da inspeção das urnas e da produção do relatório do Ministério da Defesa. Mas a responsabilidade institucional sobre assunto cabe à Pasta da Defesa, que já se manifestou de forma definitiva sobre o tema. A tentativa de politizar o ITA é mais um péssimo movimento com o intuito de atrair os militares para o projeto de contestar as eleições.

Destaque
Braga Netto pode comandar a segurança pública em São Paulo
23/11/2022Nem Ricardo Salles, nem Mario Frias. O principal candidato a representar o “bolsonarismo raiz” no governo de Tarcísio Freitas é o general Braga Netto. O nome do ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro na última eleição vem ganhando força para assumir a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O general teria sob o seu comando a Polícia Civil, a Polícia Militar, além da Polícia Rodoviária Estadual – vinculada à própria PM. Ou seja: passaria a chefiar o maior efetivo de segurança pública do país, com mais de 110 mil agentes na ativa. Para efeito de comparação, algo equivalente a um terço do Exército, que soma aproximadamente 340 mil militares.
Braga Netto é do ramo. Em 2018, comandou a intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro. Uma de suas principais missões seria o combate ao crime organizado, notadamente ao PCC, por diversas vezes apontado como prioridade por Freitas durante a campanha eleitoral. A presença de um general do Exército na Pasta seria um forte recado da adoção de uma linha mais dura na política de segurança do próximo governador.
Os maiores impulsos para a nomeação de Braga Netto, como não poderia deixar de ser, vêm do presidente Jair Bolsonaro e de seu núcleo mais próximo, leia-se os generais palacianos. Além do próprio Tarcísio de Freitas, o general seria mais uma peça importante no esforço de Bolsonaro para consolidar um grupo político no maior colégio eleitoral do país. Braga Netto, no entanto, está longe de ser um consenso no círculo político de Freitas. Entre os assessores do futuro governador, há quem defenda uma mudança de rota no comando da segurança pública, hoje já chefiada por um general da reserva do Exército, João Camilo Pires de Campos. Uma das recomendações quem vem sendo soprada no ouvido de Freitas é o fortalecimento da Polícia Militar, com a indicação de um oficial da corporação para a Secretaria de Segurança Pública. Um dos nomes citados é o do atual comandante da PM paulista, coronel Ronaldo Miguel Vieira. Na equipe do futuro governador, há ainda vozes favoráveis a um modelo totalmente diferente, com a extinção da Secretaria de Segurança e o empoderamento dos chefes da Polícia Militar e Civil, que passariam a responder diretamente pela área. Seria uma repetição da estrutura adotada pelo governador do Rio, Claudio Castro.

Política
Prefeitos querem um cascalho para cobrir queda da CFEM
23/11/2022Haja PEC! Prefeitos de Minas Gerais e do Pará fizeram chegar a assessores do presidente Lula a reivindicação de aumento de verbas federais em 2023. Os alcaides alegam que há um razoável risco de não conseguirem honrar o pagamento do funcionalismo e de prestadores de serviço. O motivo principal é a queda no repasse de recursos provenientes da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), distribuídos pela União aos municípios mineradores. Desde janeiro, o valor total pago pelas empresas do setor soma R$ 5,9 bilhões. A expectativa é de que a cifra feche o ano abaixo dos R$ 7 bilhões. Ou seja: a derrama será bem inferior à registrada em 2021 (R$ 10,2 bilhões).
Política
Secura orçamentária atinge fornecimento de água no Nordeste
23/11/2022Problema que muito provavelmente vai cair no colo do governo Lula: os Ministérios da Defesa e do Desenvolvimento Regional estão com dificuldades para pagar a contratação de carros-pipa, responsáveis pela distribuição de água potável no semiárido da Região Nordeste. A questão vem se agravando desde o início do mês, com a secura orçamentária das duas Pastas. E nem adianta olhar para os céus. Apesar das chuvas que vêm caindo em diversos estados, a água acumulada nos açudes não é própria para o consumo, pois não passa por tratamento. No orçamento da União para este ano foram destinados cerca de R$ 300 milhões para o programa de carros-pipas, verba insuficiente para atender a todos os municípios que participam do projeto.

Política
Exército acompanha de perto a saúde do seu futuro comandante em chefe
22/11/2022O comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e o ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, fizeram chegar a Lula e família, através do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o pedido para que oficiais médicos possam visitar e acompanhar a evolução do estado de saúde do futuro presidente. Tradicionalmente as Forças Armadas seguem em detalhes o tratamento prestado ao seu (futuro) comandante em chefe. No caso de Lula, faltam 39 dias para ele assumir a Presidência. Os boletins médicos são aparentemente tranquilizadores. Mas preveem no mínimo 15 dias de silêncio ao futuro chefe da Nação. Pode não significar nada. De qualquer maneira não é uma informação agradável. Ao menos, o câncer do presidente, segundo as informações médicas, está curado. E sua atual e demasiada rouquidão ficaria melhor do que antes da cirurgia. Procurados pelo RR, o Exército e o Ministério da Defesa não se pronunciaram até o momento desta publicação.
As Forças Armadas consideram o estado de saúde do seu mandatário como uma questão de Estado, portanto, boletins médicos à parte, acompanham de perto o diagnóstico e tratamento do paciente. Os militares, constitucionalmente ou não, trazem para si a responsabilidade da garantia da posse do futuro comandante em chefe. Uma lembrança que se quer bem distante, mas está escrita nos anais da história, foi o acompanhamento em tempo integral de Tancredo Neves pelo general Leônidas Pires Gonçalves durante o seu calvário. Teria sido Leônidas, o último general emblemático do Exército, o responsável, juntamente com o jurista e chefe da Casa Civil do governo Figueiredo, Leitão de Abreu, pela garantia da posse do então vice-presidente eleito José Sarney no posto máximo da República. Os tempos mudaram. Lula, por todas as indicações, não sofre de comorbidade séria. Não há ameaça de caráter institucional a sua posse. E os militares já deixaram claro que “quem venceu leva”. E se, alguns nutrem dúvidas do compromisso das Forças Armadas com cada letra da Constituição, não há questionamento quanto à preocupação em relação aos compromissos com hierarquia e a transição de poder. Simpatia por Lula é outra coisa. Mas o petista tira esses protocolos de letra. Já foi presidente duas vezes.

Política
Uma voz importante na área de educação vai falar no Rio
22/11/2022O integrante do comitê de transição da Educação, Henrique Paim, desce agora à tarde no Rio de Janeiro para palestra fechada na Academia Brasileira de Ciência da Administração. Ele deverá apresentar as primeiras tinturas da política da Educação no governo Lula. Paim foi secretário executivo do Ministério na gestão Aloizio Mercadante. Quando este último foi para a Casa Civil do governo Dilma, assumiu o cargo de ministro da Educação. Bastante preparado, com total confiança do PT e ligado à academia, é um dos nomes mais cotados para a Pasta.

Destaque
PT prepara inventário das heranças “malditas” de Bolsonaro
22/11/2022A equipe de transição recebeu uma nova missão. O PT pretende elaborar uma espécie de inventário do governo Bolsonaro, leia-se um relatório detalhando heranças “malditas” que serão deixadas para a próxima gestão nas mais diversas áreas. Além de um gesto político, assessores de Lula enxergam uma serventia nesse “anti-balanço”. Seu conteúdo seria usado para justificar medidas que eventualmente venham a ser tomadas já no início do mandato. Segundo as informações apuradas pelo RR, a iniciativa vai respingar até mesmo em Tarcísio Freitas, que, à frente do Ministério da Infraestrutura, deixou o maior legado da gestão Bolsonaro: investimentos contratados da ordem de R$ 925 bilhões em dez anos. Para efeito de comparação, Freitas valeu por um PAC inteiro – leia-se o Programa de Aceleração do Crescimento, de Dilma Rousseff, que prometia R$ 1 trilhão em investimentos de 2015 a 2018 e não chegou nem perto desse valor. Não por acaso, Freitas tornou-se o principal garoto propaganda do governo Bolsonaro. Talvez, por isso mesmo, o interesse do PT em cavoucar os “defeitinhos” da gestão de Tarcísio Freitas, caso de contenciosos e devoluções de concessões que será empurrado para a frente: são dez grandes ativos, entre os quais os aeroportos do Galeão e de São Gonçalo do Amarante, a BR-163 e a ferrovia Malha Oeste.

Política
Receita Federal “autua” o próximo governo
22/11/2022A pressão do funcionalismo público será um dos grandes desafios do governo Lula. Um dos mais atuantes sindicatos da administração pública federal, o Sindifisco Nacional, formado por servidores da Receita Federal, tem mantido interlocução com parlamentares e auxiliares do presidente eleito. Busca apoio para o reajuste salarial da categoria. Outro assunto na pauta é o aumento do orçamento da Receita Federal. Neste ano, os recursos disponíveis para bancar o custeio do Fisco atingiram o menor valor em uma década. Uma das consequências é que muitos postos da aduana nas fronteiras estão em situação precária. O orçamento escasso se reflete na perda de capital humano. Desde o último concurso, em 2014, nada menos que 3,2 mil auditores e 1461 analistas deixaram seus cargos.

Política
Futuro governo quer desmontar o “GSI da Petrobras”
22/11/2022O nome do futuro presidente da Petrobras ainda é uma incógnita, mas uma de suas primeiras missões já está desenhada. Assessores do comitê de transição na área de energia ligados à estatal – como Deyvid Barcelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) – têm alertado sobre a necessidade de o PT desmontar logo na partida o aparelho de Inteligência instalado pelo governo Bolsonaro dentro da empresa. Conforme o próprio RR já revelou, esse bunker é personificado, sobretudo, na figura de dois militares: o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques e o capitão tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem. Dentro da estatal, ambos carregam a pecha de comandarem uma espécie de “estrutura de espionagem” a serviço direto de Bolsonaro.
Silva Marques chefia a Gerência Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa, área que concentra os dados mais sigilosos dos funcionários da empresa. Nagem, por sua vez, bate ponto como assessor direto da presidência da companhia, com uma resiliência impressionante: já está no quarto CEO. Trata-se de um cargo de confiança. Normalmente assessores da presidência da Petrobras deixam o posto quando há uma troca de comando. Talvez a permanência de Nagem se explique pelo fato de que o seu chefe, de fato, não está na companhia, mas, sim, no Palácio do Planalto.
Política
Um “bolsonarista” na base aliada de Lula
22/11/2022Fechou o tempo nos bastidores do PL. O presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, tem se referido ao senador Wellington Fagundes, do Mato Grosso, de quinta coluna para baixo. Fagundes, nome forte na bancada ruralista, vem deslizando na direção de Lula, inclusive intermediando a interlocução entre assessores do futuro governo e empresários do agronegócio.

Política
“Política armamentista” de Lula já está engatilhada
21/11/2022
Política
Equipe de transição empurra Tarcísio Freitas para o acostamento
21/11/2022O governador eleito de São Paulo, Tarcísio Ferreira, não foi contatado pelo comitê de transição do governo Lula. Tarcísio se diz pronto a dar sua colaboração pessoa, passando informações sobre sua gestão e motivação das suas prioridades. Tem dito também que não tem nada contra Lula e quer manter o melhor diálogo com o governo federal. Freitas não é bobo. Sabe que não se rasga dinheiro. O economista Gabriel Galípolo, ex-presidente do banco Fator e integrante do comitê de transição da Infraestrutura com maior proeminência, não tem demonstrado o menor entusiasmo com essa colaboração, ainda mais que ela se dê de forma pública. Os titulares de Ministério do Bolsonaro e os seus áulicos não são bem-vindos. As informações estão sendo levantadas junto aos técnicos, com ênfase aos quadros de carreira dos diversos órgão de governo. Chega de bolsonaristas.

Destaque
Escolas cívico-militares estão com os dias contados
21/11/2022A equipe de transição do PT na área de educação já está debruçada sobre um tema sensível: o fim do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, implementado pelo governo Bolsonaro. O objetivo é suspender uma iniciativa vista pelo futuro como um projeto de doutrinação e uma interferência indevida no modelo educacional brasileiro. O programa foi a forma encontrada pelo presidente Jair Bolsonaro para ampliar o número de colégios “militares” sem a necessidade de construção de novos estabelecimentos integralmente sob a gestão do Exército. Até o momento, a iniciativa abrange 127 escolas públicas em todo o país. Ressalte-se o “até o momento”. O Ministério da Educação promete converter mais 89 escolas ao sistema até o fim do ano, um custo da ordem de R$ 1 milhão cada uma. Parece até uma vendeta premeditada.
A disparada do número de escolas cívico-militares ao apagar das luzes da gestão Bolsonaro acabará aumentando o desgaste que o governo Lula terá de administrar com a “desmilitarização” na área de educação. O programa envolve as Forças Armadas, ainda que os oficiais participantes do projeto sejam todos da reserva. Na média, os colégios participantes do programa contam com 18 militares inativos para cada mil alunos. Eles têm atuação direta tanto na gestão escolar quanto na formulação do modelo de ensino.

Política
Futuro governo quer barrar novas indicações para a Anatel
21/11/2022O PT foi rápido no gatilho. Os articuladores políticos de Lula foram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para barrar a nova leva de indicações do presidente Jair Bolsonaro para agências reguladoras. Na semana passada, o Palácio do Planalto apresentou o nome do jurista Alexandre Freire para o Conselho Diretor da Anatel, assim como formalizou o pedido de recondução de Miriam Wimmer para o Conselho da cada vez mais estratégica Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
No total, há mais de uma dezena de indicações de Bolsonaro para órgãos reguladores em tramitação no Senado que PT quer brecar. Um dos exemplos mais relevantes é o pedido de nomeação do contra-almirante da Marinha Wilson Pereira de Lima Filho para a diretoria da Antaq. No que depender do futuro governo, nesse caso a já anunciada “desmilitarização” de órgãos federais vai começar antes mesmo do oficial da Marinha assumir o cargo. Na mesma linha, parlamentares do PT se articulam para derrubar também a indicação de Caio Cesar Farias Leôncio para a Antaq. Neste caso específico, o tiro ricocheteia no ministro Ciro Nogueira, padrinho político de Leôncio.

Política
Governador do ES busca apoio para projeto de R$ 1,8 bi
21/11/2022O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), tem feito gestões junto à equipe de transição de Lula em relação à BR-101. Casagrande tenta garantir, desde já, que o futuro governo vai acelerar o processo de relicitação do trecho de 480 km da rodovia no estado devolvido à União pela concessionária Eco 101. Desde então, as obras de duplicação da via entre a divisa com o Rio de Janeiro e a cidade de Mucuri (BA) estão paralisadas. Ou seja: um dos maiores investimentos de infraestrutura do Espírito Santo, da ordem de R$ 1,8 bilhão, depende do novo leilão da concessão.
Política
Nei Geller poder ser o “ministro da reforma agrária”
21/11/2022O deputado Neri Geller (PP-MT), integrante do Comitê de Transição, é tido entre assessores de Lula como nome certo no próximo governo. Mas não necessariamente como ministro da Agricultura. Nos últimos dias, seu nome tem sido citado para a presidência do Incra. Caberia a Geller conduzir um grande programa de regularização fundiária. Durante a campanha, Lula bateu pesado no assunto, inclusive acusando o governo Bolsonaro de maquiar os números de concessão de títulos de propriedade rural em seu governo. Nos cálculos da equipe de transição, dos 400 mil registros firmados pelo Incra durante a gestão Bolsonaro, mais de 80% teriam sido apenas em caráter provisório.

Política
Marina Silva é candidata a um vitaminado Ministério do Meio Ambiente
18/11/2022Marina Silva poderá comandar mais do que um “simples” Ministério. O RR apurou que a equipe de transição de Lula discute a formação de um Conselho vinculado à Pasta do Meio Ambiente, que seria integrado, entre outros, por técnicos e empresários. Alguns dos nomes ventilados são de antigos apoiadores de Marina, tais como os do empresário Guilherme Leal, sócio da Natura, do economista Eduardo Gianetti e da empresária Neca Setubal, esta última já fazendo parte do grupo de transição da área da educação. Todos são bastante prestigiados em suas áreas de conhecimento. Em tempo: parece que a tendência do governo Lula vai ser mesmo o compartilhamento de decisões e o aconselhamento múltiplo.

Política
União Europeia é a próxima parada internacional de Lula
18/11/2022O RR apurou que assessores de Lula articulam um encontro do petista com a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. A visita à mais alta autoridade da União Europeia, em Bruxelas, abriria uma sequência de reuniões estratégicas com o que os auxiliares do presidente eleito – à frente o ex-chanceler Celso Amorim – classificam como a “santíssima trindade” da política externa. Os dois outros vértices desse triângulo são o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, com quem Lula também, pretende se encontrar antes da sua posse – conforme o RR antecipou.

Política
O desafio de silenciar Gleisi Hoffmann
18/11/2022O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, pediu com muito cuidado que a presidente do PT, Gleisi Hoffman, tenha um pouco mais de jeito em suas declarações referentes à área financeira. Gleisi tende a seguir o líder Lula e afrontar o mercado mediante qualquer pergunta sobra a volatilidade dos ativos. Só que Lula é Lula. Somente a ele é concedido o benefício de ter suas declarações relativizadas e contextualizados. Gleisi olha para o mercado como as ele fosse uma entidade ou um ente. Ontem mesmo declarou espevitada que o mercado não tem fome. Ora o “mercado” somos todos nós mediados por instituições autorizadas por nós, que queremos ganhar vantagem uns sobre os outros. Gleisi, advogada firmada, e Guido Mantega, um inacreditável professor de economia, precisam ser convencidos seriamente de que não poder dar declarações sobre economia. Menos mal que Mantega, após uma série de lambanças, deixou o comitê de transição.

Política
Aras ganha pecha de “Oportunista Geral da República”
18/11/2022A manifestação do PGR Augusto Aras atestando a inconstitucionalidade do empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil foi interpretada como um gesto oportunista não somente no Palácio do Planalto, mas também na Advocacia Geral da União. O AGU Bruno Bianco, outro servil colaborador de Jair Bolsonaro, foi o principal avalista da legalidade da medida, lançada às vésperas da eleição. Na equipe de Bianco, o entendimento é que Aras se aproveitou do tema para fazer um sinal de trégua e aproximação com o futuro governo. Ao contrário do AGU, que deixa o cargo automaticamente em janeiro, Aras ainda terá nove meses de coabitação com o futuro presidente – seu mandato vai até setembro do ano que vem.
Política
Lula mira no jovem de baixa renda
18/11/2022Ontem, no fim da tarde, circulava entre assessores de Lula a informação de que o músico Emicida e os influencers Igor Cavalari e Thiago Marques deverão ser convidados para a equipe de transição na área de cultura. O trio teria um papel na formulação de políticas culturais, notadamente, para jovens de baixa renda. Ainda no primeiro turno, Emicida declarou seu voto no petista, a quem chamou de “maior líder político da história do Brasil” em suas redes sociais. Já Cavalari e Marques são os criadores do podcast Podpah, um fenômeno do YouTube, com mais de seis milhões de seguidores. A entrevista do próprio Lula, em dezembro do ano passado, é um dos campeões de audiência do canal. Em 11 meses, soma 9,8 milhões de visualizações.

Destaque
Equipe de transição estuda medidas para brecar despejo de vulneráveis
17/11/2022O futuro governo Lula pretende atacar, logo na partida, uma questão delicada, dramaticamente agravada pela pandemia. Segundo o RR apurou, a equipe de transição discute medidas para conter as remoções e despejos de pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente em cidades maiores do país. Uma das ideias em estudo é a criação de um órgão específico para a área, uma espécie de “Incra urbano”. Caberia a esta nova instância a resolução de conflitos fundiários em região urbana, inclusive com a eventual regularização de imóveis ocupados e a concessão de títulos de propriedade – a exemplo do papel desempenhado pelo Incra em relação a terras. Outra iniciativa em estudo seria o uso de imóveis da própria União com menor valor de mercado para a construção de habitações populares destinadas exclusivamente a receber famílias em situação vulnerável. De acordo com a mesma fonte, governadores e prefeitos também deverão ser estimulados a criar programas estaduais e municipais para acolher pessoas ameaçadas de despejo.
Parte desses estudos está sob o guarda-chuva da ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho, que integra a equipe de transição no Comitê de Cidades. Entre os assessores de Lula, essas medidas são tratadas como soluções de caráter transitório. Há um entendimento de que a mitigação do problema passa por um amplo programa habitacional, na linha da já anunciada recriação do “Minha Casa, Minha Vida” e da retomada da faixa 1 dos financiamentos, voltada à população de baixa renda. O fato é que algo precisa ser feito no curto prazo. A ocupação de imóveis – a maioria deles propriedades abandonadas ou com débitos impagáveis – cresceu mais de 30% desde o início da pandemia. Hoje, segundo números que circulam entre a equipe de auxiliares do presidente eleito, há mais de 135 mil famílias ou cerca de 500 mil pessoas nessa situação.
Com a pandemia, o assunto tornou-se uma questão de calamidade pública, a ponto de envolver o STF e o Congresso. Desde 2020, a Suprema Corte, notadamente o ministro Luis Roberto Barroso, tem proferido seguidas decisões para suspender despejos e remoções de famílias vulneráveis. Barroso é o relator de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF no 828 – que trata sobre o tema. Com base nas decisões do STF, outras instâncias do Judiciário têm seguido pelo mesmo caminho. Em novembro do ano passado, por exemplo, o TJ-SP determinou a suspensão de algumas modalidades de “despejo, desocupações, remoções forçadas e reintegração de posse” no caso de “ocupações anteriores à pandemia, com início fixado em 20/03/2020”.
Algumas das propostas em estudo na equipe de transição bebem na fonte do projeto de lei 1501/22, de autoria da deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), em tramitação na Câmara. A proposta estabelece uma série de regras e procedimentos para a regularização de títulos de propriedade em imóveis abandonados.

Política
“Inimigo” de Bolsonaro está cotado para a Inteligência da PF
17/11/2022Nos últimos dias, o nome do delegado Alexandre Saraiva tem sido citado entre assessores de Lula como forte candidato a uma das diretorias da Polícia Federal. As maiores probabilidades recaem sobre a Diretoria de Inteligência Policial, área estratégica da PF. Seria uma nomeação com forte carga simbólica para a futura gestão Lula. Ex-superintendente da corporação no Amazonas, Saraiva foi afastado do cargo pelo governo Bolsonaro após apresentar uma queixa-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de obstruir investigações sobre extração ilegal de madeira na Amazônia. Desde então, passou a ser inimigo do Palácio do Planalto. Na última segunda-feira, foi formalmente afastado das suas funções pelo atual comando da PF. Um dia da caça, outro do caçador: a partir de 2 de janeiro do ano que vem, os papéis de “perseguido” e de “perseguidor” podem se inverter.

Política
Todos querem uma foto com Lula
17/11/2022Termômetro do prestígio internacional de Lula: até ontem, no fim da tarde (horário local), assessores do petista contabilizavam 35 pedidos de audiência reservada com o presidente eleito por parte de chefes de estado presentes à COP27. Autoridades da União Europeia deverão ter prioridade na concorrida agenda de Lula.

Política
General Villas Bôas fala pelo Palácio do Planalto
16/11/2022O general Eduardo Villas Bôas, ex-Comandante do Exército, está sendo orientado diretamente pelo Palácio do Planalto em suas declarações ameaçadoras ao Estado democrático. Os comunicados são cheios de subtextos e nuances perigosas. Eles passam por várias mãos no Palácio. A aprovação final é do emblemático general. O comunicado mais recente de Villas Bôas, de 15 de novembro segue a toada da nota assinada pelos três comandantes militares, na última sexta-feira. Ou seja: estimular as manifestações em frente aos quartéis “desde que sejam pacíficas”. É bom não esquecer que todas as “manifestações pacíficas” que estão sendo realizadas em frente aos quartéis pedem uma intervenção militar.
Jair Bolsonaro, conforme declarou publicamente, tem uma dívida com Villas Bôas, que ele “não revelará”. Essa “dívida” teria sido responsável, sabe-se lá em que dimensão, pela eleição do capitão. No governo Bolsonaro, Villas Bôas foi tratado como se fosse uma lenda viva, com grandes homenagens, deferências e salamaleques. No dia 29 de outubro, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, o general soltou uma nota fortíssima contra a oposição ao atual governo. A fonte do RR diz que a digital do General Augusto Heleno pode ser identificada em várias partes do texto. Villas Bôas sofre de uma doença degenerativa em estado avançado, mas se encontra inteiramente lúcido e conspirando com seus amigos oficiais palacianos, os generais Heleno e Braga Netto.
O RR considera que é provável, diria mais, que é quase certo que outros comunicados do general Villas Bôas venham pela frente. Ele é o caminho que os generais bolsonaristas e as próprias Forças Armadas encontram para atuar sobre o ambiente psicossocial e político sem ter de se manifestar diretamente. As ameaças militares da lavra de um único general, portanto, vão virar padrão, suscitando uma inevitável interpretação. As manifestações de Villas Bôas podem até ser de caráter pessoal. Mas, pelo seu prestígio e influência nas Forças Armadas, serão lidas como uma fala dos Altos Comandos.
Política
Eunício de Oliveira volta com tudo a Brasília
16/11/2022A intensa movimentação de Eunício Oliveira nos bastidores tem chamado a atenção em círculos políticos de Brasília. Eleito deputado federal pelo Ceará, o emedebista tem buscado novos e antigos colegas da Casa, sensibilizando para futuras votações de projetos de interesse do governo Lula. Tudo tem sem preço. E o de Eunício, neste momento, seria o apoio do PT e de partidos aliados para garantir um cargo na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro do ano que vem. Tem de combinar com Arthur Lira.

Política
Assessores de Lula temem um “pacotaço” de última hora de Bolsonaro
14/11/2022Há um temor entre os assessores mais próximos de Lula, tais como Gilberto Carvalho e Aloizio Mercadante, de que Jair Bolsonaro tenha recomendado a seus ministros a implementação de um “pacotaço” de medidas na saída do governo. Essa iniciativa ampliaria o tamanho do “revogaço”, cuja realização Lula já anunciou desde a campanha. A lógica perversa é a seguinte: quanto maior o número de decisões deste mandato presidencial que o futuro governo tiver de rever, pior será para sua imagem e relação com o mercado. Se depender da disposição de Bolsonaro, Lula vai se desgastar tendo que explicar o “revogaço” de um mar de medidas. Não interessa que elas tenham sido tomadas na última hora e com o intuito de desestabilizar o início do futuro governo. Bolsonaro quer mostrar que é o dono do pedaço até a última hora antes da sua saída.

Política
Guedes e Mantega fazem do BID a rinha dos seu despautérios
14/11/2022O ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn, foi sabatinado ontem para a presidência do BID. Deverá ser eleito no próximo domingo. Goldfajn é um quadro altamente qualificado. Esse é o novelo da história. O Valor Econômico de hoje praticamente bate o martelo do assunto. Mas o fio desencapado está no processo de indicação e no comportamento dos atores envolvidos. A história é tão non sense que vale a pena explorar suas nuances e despautérios. Guardadas as devidas ressalvas, Ilan Goldfajn e Elizabeth Guedes estão no mesmo balaio – o RR noticiou as vergonhosas minisagas de ambos em primeira mão – ver.
Assim como no caso da nomeação da própria irmã para o Conselho Nacional de Educação, nos estertores do governo, a mesma corrida para indicação e a insistência no nome de Goldfajn para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) só demonstra a gula do ministro Paulo Guedes para a ocupação de cargos ao apagar das luzes da sua gestão. Ressalte-se que essa sofreguidão começou duas semanas antes das eleições. Nesse afã aparelhista, Guedes está atropelando praxes que deveriam ser respeitadas nesse processo, sobretudo tratando-se de um governo já com prazo de validade estabelecido. Primeiramente, o ministro e o presidente Jair Bolsonaro registraram oficialmente a candidatura de Goldfajn sem qualquer consulta à oposição. Há exemplos muito mais civilizados vindos do exterior, em que governantes, em períodos eleitorais, aguardaram o resultado do pleito, combinando devidamente com a agência multilateral, ou consultaram seus oponentes antes de uma indicação dessa natureza. Foi o caso do então presidente Nicolas Sarkozy, de direita, que indicou Dominique Strauss-Kahn, um socialista, para a presidência do FMI.
Em mais um procedimento fora dos padrões, o governo brasileiro indicou Ilan Goldfajn sem consultar outros países da região. Historicamente, candidaturas como essa são construídas em consenso, por meio de costuras diplomáticas. Segundo o RR apurou, o Brasil sequer analisou nomes indicados por outras nações latino-americanas, dentro do critério de analisar a melhor opção para a região como um todo.
Ressalte-se ainda que a pressa e a teimosia de Paulo Guedes jogam contra o próprio potencial de representatividade do Brasil em grandes organismos multilaterais. Ilan Goldfajn dirige atualmente o departamento do FMI responsável pelos programas do Fundo para todas as Américas. Trata-se de um posto estratégico. Seria mais proveitoso ter indicado ou trabalhado a candidatura de outro nome para o BID, sem abrir mão da presença de Goldfajn no FMI. Diante da oportunidade de fazer o próximo presidente do Banco Interamericano, o país passaria a ter dois representantes em altos postos internacionais. Por outro lado, é inacreditável a participação bizarra e deselegante do ex-ministro Guido Mantega, que sem ter nenhuma representatividade ou função definida no futuro governo – oremos que faça parte só do grupo de transição – escreveu uma carta de punho próprio à secretaria do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, condenando o nome de Goldfajn, como se tivesse autoridade para tal. Quem é Mantega para proceder dessa maneira?. Como pode isso? O resultado é que a tacanha iniciativa fortaleceu o nome de Ilan Goldfajn junto aos Estados Unidos e demais grandes sócios do BID.
De qualquer forma, Inês é morta. A eleição será na próxima semana, e, independentemente de trololó ou patati patatá na imprensa, o ex-presidente do BC e atual diretor do FMI, Ilan Goldfajn, já está eleito. Agora é permanecer atento e forte, como cantava Gal Costa, vigiando se Paulo Guedes seguirá loteando os cargos do governo em causa própria e torcendo para que Mantega seja interditado em alguma embaixada distante, no governo do PT.

Destaque
Ometto desponta como uma grande “potência energética” no próximo governo
14/11/2022O controlador da Cosan, Rubens Ometto, é candidato a ser no governo Lula, na área de energia renovável, o que a JBS se tornou na cadeia de proteína, a partir de primeira era do PT. Há fortíssimas ressalvas na comparação. Ometto vai colocar o grosso do dinheiro do seu bolso, e não da torneira financeira do BNDES. Quanto à diferença de métodos para obtenção de recursos entre o dono da Cosan e os irmãos Batista, controladores da JBS, a Lava Jato já contou o que havia para contar sobre esses últimos. O prestígio de Ometto com Lula é tanto que possivelmente ele seria guindado a um Ministério caso somente acenasse com a ideia ao amigo. Segundo o RR apurou, o presidente eleito pretende se reunir com Ometto ao voltar da COP 27, no Egito. Será um dos primeiros encontros de Lula com um empresário após a eleição, o que dá a medida do estreito relacionamento do dono da Cosan – ressalte-se que ambos já tiveram duas conversas reservadas durante a campanha. Ometto é visto como um personagem fundamental para os planos do novo governo de estimular fortemente a produção de energia limpa e de combustíveis verdes no Brasil. Ele é um cala boca para os críticos de que o governo Lula quer trocar a seiva do investimento privado pelo subsidiado investimento público.
Vai ter muita grana do empresariado para as renováveis. Os números falam por si: na semana passada, a Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell – anunciou um investimento de R$ 6 bilhões na construção de cinco plantas de etanol de segunda geração. As atenções se voltam também para o hidrogênio verde. A Raízen desponta, desde já, como um dos potenciais candidatos a liderar alguns dos maiores projetos do setor no Brasil. O grupo fechou recentemente uma parceria com a USP com objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde. E se alguém tem álcool de sobra no país é a dobradinha entre a Cosan e a Shell: são 35 usinas, com capacidade de produção de 3,5 bilhões de litros por ano.
Fosse em outros tempos, o próprio Ometto e a Raízen seriam fortes candidatos a “cavalos vencedores”. A repetição desse velho modelo está fora de cogitação para o próximo governo Lula, conforme o RR já adiantou. O que não quer dizer que a Raízen não possa se favorecer de uma nova estratégia de incentivos para o aumento da inserção internacional do Brasil, focada em produtos – caso da energia verde – e não em empresas.

Política
Dilma Rousseff pode ter uma missão atômica
14/11/2022O nome de Dilma Rousseff tem sido especulado dentro do PT para comandar a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), que assumiu o controle da Eletronuclear e de Itaipu após a privatização da Eletrobras. A princípio, pode soar como um cargo menor para uma ex-presidente da República. Mas Dilma teria missões nobres no seu métier de origem, a área de energia: além da conclusão da construção de Angra 3, regeria os estudos para a possível ampliação do programa nuclear brasileiro. Bastaria recorrer aos seus próprios arquivos.
Durante seu primeiro mandato, o governo Dilma anunciou o plano de construir quatro novas geradoras atômicas até 2030 – a presidente chegou a tratar do tema durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU de 2011. No entanto, quem acabou sofrendo um processo de fissão foi o seu próprio governo. De qualquer forma, com a inevitável renovação da matriz energética, mesmo Dilma não pegando a picanha do setor, ela se torna manda-chuva da geração de energia nuclear, o que, em tempos de predominância do ambientalismo, é quase uma carne de primeira.

Política
Municípios reivindicam manutenção dos royalties de Itaipu
14/11/2022Parlamentares do PT no Paraná – à frente a própria presidente do partido, Gleisi Hofmann – já articulam para que o novo Tratado de Itaipu mantenha a distribuição de royalties aos municípios banhados pelo lado da hidrelétrica. O fim do atual acordo bilateral, em agosto de 2023, traz a reboque o risco de extinção do pagamento. Há pressões de grupos políticos do Paraguai pelo fim do repasse.
Os royalties são fundamentais para alavancar a arrecadação fiscal dos chamados municípios lindeiros, ou seja, diretamente atingidos pelo reservatório da usina – 15 no Paraná e um no Mato Grosso no Sul. No ano passado, essas cidades receberam cerca de R$ 550 milhões. Parlamentares do PT querem acelerar, já no início da próxima legislatura, a votação de um projeto de lei que prevê a manutenção dos royalties. Como o autor da proposta, o deputado Gustavo Fruet (PDT-PR), não se reelegeu, o receio é que o projeto perca fôlego na Câmara.
Política
O novo “controlador” do União Brasil
14/11/2022Há um emergente no União Brasil que tem exalado cada vez mais prestígio nesses tempos de transição: o vice-presidente do partido, Antônio de Rueda. Ele praticamente atropelou Luciano Bivar, presidente da sigla, e assumiu conversações com o PT, notadamente com Gleisi Hofmann e Wellington Dias, dois dos principais articuladores políticos de Lula. Em jogo, o apoio do União Brasil no Congresso ao próximo governo. Rueda é um caso de metamorfose típico neste momento em que o Brasil praticamente já trocou de governo. Próximo a Arthur Lira e com razoável prestígio junto ao Palácio do Planalto, não titubeou em rapidamente se afastar de Jair Bolsonaro e se aproximar de que já manda.

Destaque
Um comunicado à feição de Jair Bolsonaro
11/11/2022Há uma bola dividida no que diz respeito à participação ou não do presidente Jair Bolsonaro no comunicado conjunto das Forças Armadas divulgado na manhã de hoje. O RR ouviu uma fonte da Marinha e outra do Exército. Ambas se posicionaram de forma divergente quanto à maior atuação do presidente na iniciativa. Uma das fontes afirmou que ele teve uma participação mais ativa, e, inclusive, Bolsonaro – leia-se seus generais – teria dado alguma contribuição ao texto. Outro informante, por sua vez, disse que a sua atuação foi apenas protocolar. Como comandante em chefe, ele somente teria lido o posicionamento antes da sua divulgação.
Seja como for, o fato é que a nota não dialoga com o passado recente do estamento militar. Durante toda a campanha eleitoral e, principalmente, nos primeiros dias após a eleição, com os bloqueios de rodovias e a presença de manifestantes pró-Bolsonaro na porta dos quartéis, as Forças Armadas mantiveram uma postura exemplar. Conforme o RR noticiou, os Altos Comandos adotaram a firme posição de guardar distância dos protestos.
Hoje, no entanto, o silêncio dos competentes foi quebrado. Soou, preocupante, o ruído dos inconsequentes. Algo que parecia ter sido soterrado no final da eleição presidencial.
A nota conjunta dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica divulgada nas primeiras horas da manhã surpreende negativamente. Como quase sempre ocorre quando os militares triscam na soleira da política, o comunicado gera tensões e confunde o ambiente institucional em um momento bastante sensível, de uma transição de governo já fora dos padrões. A nota dos três comandantes, eivada de sutilezas e subtextos, abre caminho para as mais distintas e enviesadas interpretações.
Tão logo o comunicado começou a circular, as dubiedades contidas da nota passaram a alimentar fantasias, especialmente entre os seguidores de Jair Bolsonaro, notórios pela peculiar capacidade de reinterpretar os fatos à sua maneira. Logo no início, a posição das Três Forças de reafirmar “seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil” é um daquelas declarações que costumam chamar a atenção justamente quando são feitas. Em uma leitura mais aberta, a referência à Lei nº 14.197 – “Não constitui crime […] a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais” – pode soar não só como um estímulo aos protestos, mas como uma provocação a quem, porventura, esteja coibindo os atos. Seria uma mensagem ao ministro Alexandre de Moraes?
A percepção de um atiçamento contra o Judiciário é reforçada em outro trecho, quando explicitamente os comandantes militares tentam colocar o Legislativo em uma posição de proeminência e – por que não? – como um contendor contra eventuais “descaminhos autocráticos”: “Reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.”
No entanto, o ponto que talvez mereça ser mais ressaltado é a sutil intenção dos militares de vestir o figurino de Poder Moderador: “…ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história.” A menção se encaixa sob medida a um discurso já surrado e convenientemente usado por Jair Bolsonaro ao longo de seu mandato: o de que, em caso de impasse entre os Poderes, caberia às Forças Armadas exatamente o papel de agente moderador da República. Essa visão é amparada em uma interpretação tortuosa e capciosa do Artigo 142 da Constituição, com o respaldo de alguns nomes do Direito alinhados a Bolsonaro, como Ives Gandra Martins. O tal Artigo reza que “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
Conforme mencionado, o posicionamento suscita as mais diversas percepções. Segundo uma fonte da área militar, as próprias Forças Armadas entendiam ser necessário responder a pressões de uma parcela da sociedade, que cobrava uma posição pública diante de recentes fatos políticos e institucionais. Nas palavras de um oficial, a nota foi uma “explosão de assuntos que estavam represados”, ao menos entre uma parcela dos Altos-Comandos. Ou o que outra fonte consultada pelo RR chamou de um “caleidoscópio de questões na esfera institucional, que não podiam ficar sem resposta”. Por uma linha de raciocínio razoavelmente difundida nos meios castrenses, o comunicado teria sido, inclusive, um raro momento de bom senso das instituições em meio a “incoerências” e “arbitrariedades”, uma crítica com endereço certo: o STF. Assim é se lhe parece. Contudo, espera-se que o silêncio dos competentes volte a se debruçar sobre o país.

Política
Déficit de servidores federais preocupa comitê de transição
11/11/2022A reforma administrativa, cogitada na campanha de Lula, vai sair. Mas tudo tem seu tempo. O que não deverá superar este primeiro ano de mandato, conforme as melhores recomendações do ramo. No comitê de transição do petista, há um consenso de que, em um primeiro momento, o novo governo terá de realizar concursos públicos para conter o crescente déficit de servidores no funcionalismo federal. Os assessores do presidente eleito não escondem a preocupação com os primeiros números a que tiveram acesso. Um dos casos que mais chamam a atenção é do INSS. A lacuna atual é da ordem de 20 mil funcionários. Somente nos últimos cinco anos, mais de dez mil servidores da Previdência Social se aposentaram, sem a devida reposição. A autarquia tem vivido de pequenas gambiarras. No ano passado, recebeu “emprestados” cerca de 250 funcionários da Infraero. Outro exemplo que tem citado entre os assessores de Lula é a Polícia Federal. O gap é de aproximadamente 6.500 vagas, entre delegados, agentes e escrivães. O último concurso, realizado em 2021, supriria apenas 22% desse déficit, mas nem todos os aprovados foram convocados.
Trata-se de uma bola de neve que só vai crescer. De acordo com a fonte do RR, levantamento realizado pelo próprio Ministério da Economia e já repassado ao comitê de transição mostra que cerca de 25% dos quadros da administração direta federal e de autarquias vão se aposentar até 2026, ou seja, o último ano do mandato de Lula. Olhando-se para um horizonte ainda mais amplo, 2030, esse índice sobe para 40%. Esse maremoto de aposentadorias deverá merecer uma II Reforma da Previdência. Mas, de novo, tudo no seu tempo. O que mais uma vez deverá ocorrer em 2023. Lula, como sempre, parafraseia as lições dos grandes iluministas, a exemplo de Maquiavel, que dizia “faça o mal todo de uma única vez”. O presidente eleito prefere fazer o mal e o bem, tudo ao mesmo tempo.

Política
Um Bolsonaro na Prefeitura do Rio
11/11/2022Valdemar da Costa Neto mira em 2026, com escala em 2024. O presidente do PL defende, desde já, que o clã Bolsonaro, devidamente aninhado no seu partido, lance Flavio Bolsonaro como candidato a prefeito do Rio dentro de dois anos. Flavio é tido como um nome competitivo para enfrentar Eduardo Paes, virtual candidato à reeleição e aliado de Lula. Com mandato até 2026, o “01” não teria nada a perder em caso de derrota na disputa pela Prefeitura. Seguiria com o chapéu de senador e a respectiva prerrogativa de foro. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o plano de Valdemar depende de uma variável fundamental: Flavio Bolsonaro escapar ileso até lá das acusações e dos processos que o ameaçam.
Política
Paulinho da Força não é tão forte assim
11/11/2022A indicação do vice-presidente do Solidariedade, Jefferson Coriteac, para o comitê de transição de Lula, causou atritos na relação entre o partido e a Força Sindical – praticamente um extensão do outro. A central sindical defendia o nome do deputado Paulinho da Força para a equipe. No entanto, segundo o RR apurou, foi o próprio parlamentar que se esquivou da missão, delegando-a para Coriteac. No partido, há quem diga que Paulinho recuou por já saber que não terá o prato principal, ou seja, uma vaga no futuro Ministério de Lula. A ver.

Política
O ministro da Fazenda sai amanhã?
10/11/2022Lula teria mudado de opinião sobre a nomeação do seu ministro da Fazenda somente após a conclusão dos trabalhos do comitê de transição. Há uma enorme probabilidade de indicar o seu novo “Palocci” amanhã. A definição do ministro da Fazenda é considerada uma espécie de âncora das expectativas econômicas. As falas do presidente eleito e do seu coordenador de comunicação, Edinho Araújo, foram consideradas muito ruins mesmo por assessores fãs de carteirinha. Hoje, no fim da tarde, voltaram as especulações de que o ministro deverá ser um banqueiro. E não seria Henrique Meirelles, diga-se de passagem.

Política
Carla Zambelli quer ser uma deputada remota
10/11/2022Advogados da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) têm feito consultas informais à Justiça Eleitoral sobre a possibilidade da parlamentar ser diplomada para seu novo mandato de forma remota. A deputada está em Miami desde o último dia 3, segundo ela própria em “resistência civil”. Entre os próprios assessores de Zambelli há um receio de que a parlamentar possa ser presa ao voltar ao Brasil, por perseguir, de arma em punho, um homem em São Paulo na véspera do segundo turno. O ministro do STF Gilmar Mendes já autorizou o pedido para que Zambelli seja ouvida, remotamente, pela PGR.

Política
Irmã de Paulo Guedes é um caso similar ao quase ministro Decotelli
9/11/2022A nomeação, por Jair Bolsonaro, de Elizabeth Guedes, irmã do ministro Paulo Guedes, como integrante do Conselho Nacional de Educação, a 52 dias do fim do governo, deveria constar em uma CPI. Elizabeth terá um mandato de quatro anos. Ela ascende ao cargo representando a Associação Nacional das Universidades Privadas, da qual era presidente. A ANUP é constituída de entidades de ensino que precisam mais de dinheiro. A PUC, por exemplo, não participa.
Portanto, Elizabeth vai ser uma sindicalista no CNE, órgão que define verdadeiramente a grade curricular do ensino superior nacional. A irmã do ministro poderá fazer determinadas exigências a uma faculdade e não fazer a outras congêneres, a exemplo de cursos, dificultando sua sobrevivência. Antes da ANUP, Elizabeth foi reitora do IBMR. Ela não tem formação acadêmica. Passou à frente de gente da maior respeitabilidade, como a professora titular da Unicamp, Maria Helena, que se dedica ao Conselho há 20 anos e não foi reconduzida.
O mesmo se aplica ao educador Mozart Ramos, também ejetado pelo presidente Bolsonaro. É um caso que deveria ser tratado, no mínimo, como foi o do quase ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli, a quem foi exigido que apresentasse suas credenciais acadêmicas, mesmo tendo sido ungido pelo Planalto. Deu no que deu: Decotelli não conseguiu apresentar o que não tinha. Mostre seus diplomas, Elizabeth!

Política
De Bannon a Orbán, os desvarios no QG bolsonarista
9/11/2022Além de um possível encontro de Jair Bolsonaro com Steven Bannon, a linha de montagem de desvarios do clã Bolsonaro produziu outra ideia tresloucada. Segundo o RR apurou, Eduardo Bolsonaro teria aconselhado o pai a fazer uma viagem à Hungria para se encontrar com o primeiro-ministro Viktor Orbán, um dos líderes da extrema direita na Europa. Na cartilha de escrita errada e linhas tortas do bolsonarismo, a reunião serviria para manter a excitação entre os apoiadores do ainda presidente. Nos grupos de Telegram bolsonaristas, onde a “prisão” de Alexandre de Moraes é anunciada dia sim e o outro também, a ida à Hungria seria o suficiente para alimentar as mais escalafobéticas interpretações.

Política
Lula e Alckmin fazem a romaria da “pacificação”
9/11/2022Lula e Geraldo Alckmin vão fazer uma ampla agenda da distensão. Além dos encontros já marcados com os presidentes do STF, da Câmara e do Senado – respectivamente Rosa Weber, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, a ideia é que ambos façam visitas, nos próximos dias, a outras Cortes superiores. Assessores de Lula já articulam reuniões com a presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, do TCU, Bruno Dantas, e do TST, Maria Cristina Peduzzi. Este último encontro ganha especial relevância diante manifesta intenção do presidente eleito de revisar a reforma trabalhista. São os vértices da política de conciliação, indicação de prestígio e decisões colegiadas.

Política
Indicação de Mantega parece até obra da oposição
9/11/2022A indicação do ex-ministro Guido Mantega, feita ontem, para compor a equipe de transição é uma demonstração de que a desinteligência política, que costuma caracterizar algumas decisões do PT, deve ter contagiado o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin – tido como um experiente articulador. Ouvir o nome de Mantega é o exatamente o que o mercado, sua excelência, não quer. Mesmo que Mantega, um personagem controverso no episódio do Lava Jato e questionado em toda a sua participação nos governos do PT, tenha por algum motivo que constar da equipe da transição, seu nome poderia muito bem-estar entre os últimos da fila, entre os 50 participantes previstos para integrar o grupo. Mas agora….

Política
O que falta a Fernando Haddad para ser digerido pelo mercado?
8/11/2022Causa estranheza o mau humor do mercado com a possível indicação do ex-prefeito Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. Haddad tem mestrado em economia, experiência em gestão pública e foi professor do Insper, celeiro de economistas como Marcos Lisboa e Samuel Pessôa. Haddad seria uma espécie de Fernando Henrique de Lula, feitas as devidas ressalvas em relação à excepcionalidade do citado. Ontem, o dólar subiu 2,2%, com a alta bastante atribuída às especulações em torno do nome de Haddad para o cargo. Hoje, até o início da tarde, declinava em 0,5%. Pode sempre ser um ajuste de posições, pois existe uma série de variáveis influenciando no momento nas cotações – eleição norte-americana, guerra entre Rússia e Ucrânia, variação do preço das commodities, situação institucional do país e mesmo as dúvidas em relação a formação da própria equipe econômica. O Ibovespa, ontem, parece ter combinado sua variação com o câmbio: caiu pouco mais de 2%. Hoje, já sobe 1,29%, com a alta explicada pelas boas notícias vindas da Vale. Os índices e cotações de hoje foram registrados no horário de 14h23.
O RR fez um exercício para identificar o espaço de Fernando Haddad na mídia, em citações positivas e negativas, cobrindo 30 mil veículos entre impressos, onlines e TVs, no intervalo de 11 de maio até hoje. Haddad disparou na curva, com 113.350 menções, mais do que o dobro do segundo colocado, o ex-governador da Bahia, Rui Costa, com 51.720 citações. Sim, é isso mesmo: Rui Costa é o segundo da lista. Outra visão é que o mercado não é um ente tão intangível e estaria trabalhando colegiadamente para um outro nome para a Fazenda. Detonar Haddad seria uma forma de influir a indicação, não esquecendo que o personagem que está na língua dos agentes financeiros é Persio Arida.
Arida parece o mais talhado para o cargo de ministro da Fazenda. O economista, um dos pais do Plano Real, tem uma excelente formação acadêmica no Brasil e no exterior, passagem pela presidência do BNDES, foi conselheiro formal e informal em toda a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi banqueiro – há quem diga que banqueiro, assim como general, padre e juiz, mesmo deixando a função jamais perde o nome de tratamento. Tanto participou de reuniões do comitê econômico da campanha de Lula como está escalado para o comitê de transição do governo Bolsonaro para o do presidente eleito.
Há quem diga que Pérsio Arida não é o que se chama de “operacional”. Mas, nos últimos tempos, o que conta é a equipe econômica do ministro, o que virá em um segundo tempo da partida. Outra curiosidade: a pesquisa do RR revela que a indicação de Pérsio Arida não é um sentimento geral – ele está no fim da fila entre os ministeriáveis especulados para o comando da economia, com apenas 8.181 citações no mesmo período supracitado. Portanto, somente competência pretérita e salamaleques, na prática, não são necessariamente os atributos que contam para a indicação do ministro.
Outros nomes têm sido insistentemente citados para a gestão da política econômica do país. São eles: Henrique Meirelles, Wellington Dias, Alexandre Padilha, Rui Costa e Camilo Santana, não necessariamente nessa ordem de presença constante na mídia. Meirelles dispensa apresentações, mas vamos lá: banqueiro, presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Outra curiosidade: Meirelles, com 18.992 citações, está, em um para lá de inesperado, terceiro lugar no fim da fila, sentado somente na cadeira da frente de Pérsio Arida e atrás de Alexandre Padilha, com 10.787 menções. Wellington Dias, ex-governador do Piauí, assina seu currículo de forma suscinta: bancário, político e escritor. É quem mais dá declarações sobre a futura política econômica do governo Lula. Alexandre Padilha tem em comum com o ex-ministro Antônio Palocci o fato de ser médico. Foi ministro de Relações Institucionais no governo Lula e ministro da Saúde na gestão Dilma Rousseff. Sabe tudo de política. É o terceiro colocado na pesquisa do RR para o cargo de ministro, com 22.771 citações na sondagem.
O “segundão do ranking”, Rui Costa é graduado em economia, trabalhou como consultor de projetos na petroquímica e é um político” PT de raiz”. Ao que indica a pesquisa, pode já estar com um pé na Fazenda. Finalmente Camilo Santana, que segue no último lugar da fila. Santana tem características especiais para o cargo em um momento que o meio ambiente e as commodities parecem ser um quesito importante para qualquer função. É engenheiro agrônomo, professor, foi secretário de desenvolvimento agrário e posteriormente formou-se como mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, além é claro o posto de governador do Ceará. Santana ficou na fila do meio na sondagem, com 17.555 citações.
O que pode se depreender da análise é que os nomes para a Fazenda que estão na “boca do povo”, aliás, na boca da mídia, têm forte trajetória política e não são os medalhões do mercado financeiro. De qualquer forma Lula e Alckmin tem a palavra final.

Política
PT e Lira se acertam sobre escolha para o TCU
8/11/2022O futuro governo Lula e o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, vão acertando os ponteiros em todos os horários. O PT já sinalizou que não vai interferir na escolha do futuro ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que sairá da Câmara. Na prática, o acordo abre caminho para que a indicação saia ainda nesta legislatura, sob a regência do próprio Lira. O seu nome preferido é o deputado Jonathan de Jesus (Rep-RR). O clã Bolsonaro trabalha a favor de Soraya Santos (PL-RJ). No entanto, com a derrota de Jair Bolsonaro, o mais provável é que Soraya fique pelo caminho. Lira não vai desperdiçar munição com um futuro ex-presidente da República.
Política
Tarcísio de Freitas causa incômodo no clã Bolsonaro
8/11/2022Segundo uma fonte palaciana, a reação de Tarcísio Freitas à eleição de Lula despertou a ira da prole de Jair Bolsonaro, notadamente Carlos e Eduardo Bolsonaro. Até aí, tratando-se do quesito raiva nenhuma novidade. Os filhos de Bolsonaro esperavam uma declaração mais forte e refratária ao petista. Freitas disse que manterá “relações republicanas” com o futuro presidente. A interpretação é que o ex-ministro de Infraestrutura começou a escorregar para longe de Bolsonaro. E o que “Carluxo” e Eduardo queriam? Que Freitas levantasse alguma suspeita contra as urnas que também o elegeram?

Destaque
Lula embaralha as cartas do seu Ministério
7/11/2022Lula pode “quebrar” as casas de apostas. Nos cenários traçados para a montagem do seu futuro gabinete surge a possibilidade de um Ministério de ponta cabeça, uma análise combinatória diferente do que vem sendo especulado até o momento. Em todas as listas de candidato à Fazenda, Henrique Meirelles assumiria o Ministério das Relações Exteriores. Caberia a ele comandar as grandes negociações no exterior, voltadas à captação de recursos internacionais. O ex-ministro e ex-presidente do Banco Central cuidaria também da pauta ambiental, cada vez mais geminada com a agenda econômica. Meirelles teria a missão de destravar, por exemplo, os investimentos de fundos soberanos para grandes projetos vinculados à Amazônia – dinheiro esse que sumiu do mapa devido à, literalmente, devastadora gestão de Bolsonaro no meio ambiente. Os governos da Alemanha e da Noruega já anunciaram a intenção de retomar os aportes no Fundo Amazônia. Ou seja: sob certo ângulo, Meirelles teria um pé na economia, ainda que da fronteira para fora do Brasil. Não custa lembrar que não seria a primeira vez que um banqueiro ocuparia o cargo. O “Barão” do Banco Itaú, Olavo Setúbal, também exerceu a função de ministro das Relações Exteriores, durante o governo Sarney.
A ida de Henrique Meirelles para o Itamaraty traz a reboque uma espécie de efeito dominó para a montagem novo Ministério, impactando diretamente em outras escolhas. Segundo um graduado assessor de Lula, nesse cenário crescem as probabilidades de Fernando Haddad assumir o Ministério da Fazenda. Sua nomeação atenderia o perfil idealizado por Lula, desde sempre, para o cargo: ter um político à frente da Pasta. Além disso, registre-se que Haddad não é um neófito no tema: o ex-ministro é mestre em Economia pela USP.
Por sua vez, com a indicação de Meirelles para as Relações Exteriores, Celso Amorim iria para o Palácio do Planalto. De acordo com a fonte do RR, seu nome é especulado dentro do próprio PT para ser um secretário especial de Lula ou até mesmo assumir a Casa Civil. Ainda que a maior expertise de Amorim não seja exatamente a articulação política, o presidente eleito tem profunda confiança em seu ex-chanceler. Mas ressalte-se que são apenas especulações colhidas em meio às feéricas discussões ocorridas no seio do PT.

Política
Procura-se um “abrigo” para o diretor da Polícia Rodoviária
7/11/2022No círculo político de Jair Bolsonaro, há uma articulação junto ao governador Claudio Castro para que o atual diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, reassuma o comando na corporação no Rio de Janeiro. Seria, digamos assim, uma retribuição pelos serviços prestados ao governo Bolsonaro. Vasques está na berlinda desde o último domingo, devido às heterodoxas operações de fiscalização em rodovias durante o horário da eleição, notadamente no Nordeste. Reacomodá-lo na direção da PRF no Rio não será uma tarefa das mais simples. A princípio, a sua presença pode ser um incômodo para Castro. Vasques traz a reboque não apenas o episódio do último domingo, mas as diversas acusações que pesam sobre ele, de espancamento e corrupção a ameaça de morte. O policial, ressalte-se, se notabiliza por uma teia de relações políticas. Além do senador Flavio Bolsonaro, Vasques ascendeu ao cargo por influência também do então governador do Rio, Wilson Witzel. Mantém ainda estreita proximidade do deputado estadual Charlles Batista (PL-RJ), egresso da própria corporação.
Política
Uma ex-presidente no caminho de Ilan Goldfajn?
7/11/2022Além do ex-ministro da Economia, Nicolas Eyzaguirre, Ilan Goldfajn poderá ter outro oponente chileno na disputa pela presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Segundo informações filtradas do Itamaraty, há uma mobilização entre países sul-americanos em torno do lançamento do nome da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet. Curiosamente, não se trata de uma iniciativa formal do governo chileno. A indicação de Bachelet teria o respaldo de Peru e Colômbia, além de países da América Central. A ex-presidente do Chile consolidou uma importante rede de relacionamentos com países da América Central durante sua passagem pelas Nações Unidas. Ela encerrou em agosto seu mandato à frente do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU.
Política
Rui Costa está em todas
4/11/2022Rui Costa está em todas. Candidato a ministro de Lula, também participa ativamente das articulações para a montagem da equipe de governo de Jerônimo Rodrigues na Bahia.
Política
Um votinho a mais
4/11/2022O PT já corteja a senadora suplente Ivete da Silveira (MDB). Com a eleição do bolsonarista-raiz Jorginho Mello para o governo de Santa Catarina, Ivete vai herdar uma cadeira no Senado.
Política
Agenda Lira
4/11/2022O presidente da Câmara, Arthur Lira, quer tirar uma casquinha de uma das últimas medidas da equipe de Paulo Guedes. Lira trabalha para acelerar a votação da MP 1139/22, que amplia os prazos das linhas de crédito do Pronampe. Se não for votada até dezembro, a proposta terá de ser empurrada para a próxima legislatura. Nesse caso, Lira corre o risco de não estar mais na cadeira de presidente da Câmara e não receber os louros da aprovação.

Política
“Motim” na PGR
3/11/2022Pode ser só paranoia. Mas Augusto Aras já enxerga segundas intenções na mobilização dos procuradores que cobram uma investigação contra Jair Bolsonaro por crime de omissão diante do bloqueio de estradas. Na visão de Aras seria o início de uma manobra para desgastá-lo e forçar sua renúncia do cargo de PGR. Seu mandato vai até setembro de 2023. Mas, sem Bolsonaro, Aras vai virar um pato manco.

Política
Brasil e Argentina a pleno vapor
3/11/2022Para a Argentina, é como se Lula já tivesse assumido a Presidência. Na esteira do encontro entre Alberto Fernández e o petista, na última segunda-feira, o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, agendou para a próxima semana uma reunião com assessores de Lula na área de política externa. Um dos temas ser discutido é a simplificação de regras aduaneiras para exportadores e importadores frequentes. A Argentina chegou a levar o pleito ao governo Bolsonaro. Mas desse chão nada brotou.

Política
“Frente ampla” 2
3/11/2022Emissários do PT, como o ex-governador Fernando Pimentel, trabalham para construir pontes entre a futura gestão Lula e Flavio Roscoe, presidente da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais). Bastante próximo de Romeu Zema, Roscoe empurrou a indústria mineira para a campanha de Jair Bolsonaro. A ponto do dirigente empresarial ter sido cotado para assumir um eventual Ministério da Indústria e Comércio em um segundo mandato de Bolsonaro.
Política
Ciro já pulou o muro
3/11/2022Provocação que circula a boca miúda no Palácio do Planalto: se Geraldo Alckmin e Ciro Nogueira vão conduzir a transição, não tem ninguém representando o presidente Jair Bolsonaro?
Política
O mundo quer ouvir o que Lula tem a dizer
3/11/2022O prestígio internacional de Lula pode ser medido pelo frisson da mídia estrangeira. Desde a segunda-feira, o staff de comunicação do presidente eleito já contabiliza 21 pedidos de entrevista de veículos do exterior, entre os quais CNN, BBC e a revista Time.
Política
Mineirices
1/11/2022Romeu Zema e Aécio Neves têm trocado alguns dedos de prosa sobre uma possível fusão entre o Novo e o PSDB, que viraram duas miniaturas na última eleição. Zema, não custa lembrar, barrou uma aliança para que Aécio saísse candidato ao Senado. Mas a necessidade de buscar uma saída para o Novo e o PSDB apaga qualquer ressentimento.

Política
Qual será a política econômica de Bolsonaro se reeleito?
28/10/2022Por enquanto é tudo achismo. Mas há probabilidades nas quais vale a pena apostar. A mais óbvia é a continuidade de Paulo Guedes no cargo. Menos dito é o tempo de permanência na função. O RR conversou com uma fonte frequentadora do gabinete de Guedes sobre essa questão central de um futuro governo Bolsonaro. O prazo cravado é de dois anos. Um biênio seria o período para que Guedes implementasse algo mais do que os rudimentos do seu projeto liberal para o país. O ministro, apesar de toda campanha em favor do teto de gastos, mudaria o expediente de controle. Trocaria, contudo, por limitadores ainda mais rigorosos das despesas públicas. O primeiro ano seria de um waiver em relação ao teto (ver RR de 20 de outubro), até para recompor as despesas excepcionais do ano eleitoral. No segundo ano, a agenda seria do aperto nas contas fiscais.
Antes, as reformas voltariam com toda força. As escolhidas para ficarem como legado seriam a administrativa e a tributária. Mas Guedes tentaria também uma II Reforma da Previdência. O ganho de receita da reforma anterior já foi em parte consumido pela pandemia. O ministro sonha com o regime de capitalização da previdência. Com a força de um primeiro ano de segundo mandato de Bolsonaro e o apoio do Centrão vitaminado, Guedes acha que passa no Congresso. A reforma tributária já está meio que dada. Talvez não seja na extensão do programa que vem sendo dito ou vazado a conta gotas pela equipe econômica.
A reforma mais eficaz e almejada por Guedes seria a administrativa. Do ponto de vista fiscal esta última reforma seria a cereja do bolo. As mudanças seriam bem temperadas, focadas no direito de demissão, regulamentação restritiva dos grandes salários e tratamento diferenciado aos novos contratados. Guedes também mexeria no vespeiro da remuneração e férias dos juízes. O enquadramento do Judiciário seria feito pelo Legislativo, por meio de um acordo com o Centrão. O ministro mudaria o centro da meta de inflação, ampliando para 4,5%, com bandas de 1,5%. Guedes sabe da dificuldade de manter o sopro de crescimento dos três trimestres deste ano com uma taxa real de 8,5% – a taxa básica nos EUA é negativa: -1,2%. Já neste quarto trimestre a economia vai acender o sinal amarelo. Se a economia embicar para baixo, puxando o PIB para menos de 0,5%, todas as correlações fiscais irão piorando.
O projeto das grandes privatizações também já está precificado. Paulo Guedes jogará pesado nesse campo, com absoluto apoio de Bolsonaro. Daí espera-se muito dinheiro. O ministro vai dedicar-se ainda a medidas microeconômicas, notadamente aprovar marcos regulatórios na área de economia. Guedes não mexerá nas regras do salário-mínimo. Dará um aumento real nas primeiras horas do novo governo. O pepino de eventuais mudanças na regulamentação do mínimo ficaria para o futuro ministro da Economia, na segunda metade do mandato. A solução mais provável? Roberto Campos Neto, no final de do seu mandato no BC, em 2024, assumiria o Ministério da Economia. Neto é próximo de Bolsonaro. Tem o aval de Guedes. O presidente do BC pensa parecido com o ministro da Economia, com a diferença de que não sofre de destemperos. O cenário da política econômica com a reeleição de Bolsonaro pode se alterar, é claro. Mas o RR acredita que pouca coisa muda além do que foi dito. Se mudar.
Política
Equipe de governo
28/10/2022Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento de Dilma Rousseff, está cotada para voltar ao governo caso Lula seja eleito. Caberia a ela comandar um programa de concessões de saneamento em parceria com estados e municípios. Miriam tem sido uma importante interlocutora entre a campanha petista e o setor.
Política
Adivinhem de onde?
28/10/2022Acionada pelo STF, a área de Inteligência da Polícia Federal já identificou a origem da fake news contra o ministro Gilmar Mendes. As postagens em questão fazem alusão à imagem de um suposto encontro entre Mendes e um filho de Lula em Roma, que nunca ocorreu.

Política
Mão dupla
28/10/2022A declaração de apoio de José Sarney a Lula teve uma contrapartida: o apoio do PT à candidatura de Roseana Sarney à presidência da Câmara, conforme antecipou o RR em 7 de outubro.

Política
O adversário de Moro na corrida pelo STF
28/10/2022Sergio Moro tem, desde já, um forte concorrente à vaga no STF, caso Jair Bolsonaro seja reeleito. Trata-se de Bruno Bianco, Advogado-Geral da União. Segundo o RR apurou, Bolsonaro considera indicar Bianco para a vaga de Ricardo Lewandowsky, que se aposentará em maio de 2023. O AGU é tido no Palácio do Planalto como um dos integrantes do governo que mais desfrutam da confiança de Bolsonaro. Bianco tem atuado como uma espécie de adviser jurídico do comitê do presidente. Ao longo da campanha, foi regularmente consultado sobre a legalidade de medidas que poderiam ser contestadas pela Justiça Eleitoral. Foi o caso do empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil, que acabou questionado pelo TCU.

Política
A volta de Tereza
27/10/2022Jair Bolsonaro conta, desde já, com a volta de Tereza Cristina ao governo em caso de reeleição. Além da hipótese mais provável, o retorno ao Ministério da Agricultura, o nome da senadora eleita está cotado para o Itamaraty. No primeiro mandato, não custa lembrar, Tereza teve muitas vezes um papel importante na diplomacia com a China. Foi um contraponto aos desvarios de Ernesto Araújo.
Política
Disputa interna
27/10/2022Há um ponto de fissura na base aliada de Jair Bolsonaro. Valdemar Costa Neto tem sinalizado que poderá lançar um candidato do PL para disputar a presidência da Câmara contra Arthur Lira, do PP, em fevereiro do ano que vem. O nome mais cotado é o do deputado Altineu Cortes, do Rio de Janeiro.

Política
Na contramão de Ricardo Salles
26/10/2022Flavio Dino, coordenador do consórcio de governadores da Amazônia, vai sair em road show. Pretende levar aos embaixadores da Noruega, Nils Martin Gunneng, e da Alemanha, Heiko Thoms, a proposta de criação de um fundo para a região, com recursos internacionais. Os dois países europeus figuram, historicamente, entre os maiores doadores do Fundo Amazônia, congelado há quase dois anos.
Política
Skaf vs. Roriz
26/10/2022Paulo Skaf tem usado da sua influência junto ao Judiciário na tentativa de barrar a candidatura do desafeto José Ricardo Roriz Coelho à presidência da Fiesp no ano que vem. Vice-presidente da entidade, Roriz recorreu ao Tribunal de Justiça do Trabalho para garantir sua participação no pleito. Sua candidatura foi impugnada pela comissão eleitoral da Fiesp. Ou seja: por Skaf.

Política
Paulo Guedes faz ato de campanha com o “Dia do Fico”
26/10/2022O ministro Paulo Guedes pretende conceder uma coletiva até sexta-feira para divulgar de forma consolidada todos os projetos que o governo planeja realizar no próximo ano em caso de reeleição. Seria uma espécie de “Diga aos empresários que fico”, sem subtextos e falando diretamente ao PIB. Entrariam no pacote iniciativas novas e medidas requentadas. Quanto mais, melhor. Uma das principais motivações seria justamente mostrar uma profusão de propostas em contraposição à ausência de programa econômico do candidato Lula.
Ao mesmo tempo, seria uma oportunidade de expor os planos de Bolsonaro de uma maneira compreensível e palatável ao povo, ou seja, em linguagem eleitoreira. Entre outros pontos, o ministro pretende tonitruar a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 e da redução da alíquota do ICMS para os combustíveis. Guedes aproveitaria o show off para ressoar também a ideia do Fundo Brasil. Trata-se do projeto mais estrondoso que a equipe econômica de Bolsonaro tem para colocar na mesa nesta reta final da disputa eleitoral.
Ao menos pelas cifras já sopradas pelo ministro. Guedes mencionou a possibilidade da União arrecadar R$ 1 trilhão com a venda de imóveis e outro tanto com privatizações. Cerca de 25% seriam destinados ao com- bate à pobreza e outros 25% para obras públicas, ou seja, geração de empregos na veia. A ideia da entrevista está em sintonia com boa parte da coordenação política da campanha de Jair Bolsonaro. Assessores do presidente entendem que a economia pode vir a ter um papel decisivo na disputa eleitoral. A apresentação de Paulo Guedes teria ainda a serventia de dar ao presidente subsídios e “deixas” para o último debate eleitoral, na próxima sexta-feira. Ainda assim, no QG de campanha existem vozes contrárias à apresentação.
Há quem pondere que as últimas manifestações de Paulo Guedes foram trágicas para os planos de reeleição de Bolsonaro. O entendimento é que o ministro demorou e não foi suficientemente assertivo ao responder às notícias de que o governo estuda, em um eventual segundo mandato, desvincular a correção do salário-mínimo e das aposentadorias da inflação. Some-se a isso o novo vazamento sobre planos da equipe econômica para retirar do Imposto de Renda as deduções com saúde e educação. São temas espinhosos dos quais Guedes não conseguiria escapar em um evento aberto a perguntas da imprensa.
Política
Clube da direita
26/10/2022A campanha de Jair Bolsonaro está tentando obter um vídeo de Matteo Salvini, um dos líderes da extrema direita italiana, em apoio à reeleição do presidente. O expediente já foi usado no primeiro turno, com gravações feitas pelo ex-presidente norte- americano Donald Trump e pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
Política
Hedge
26/10/2022Nos últimos dias, o ex-chanceler Celso Amorim tem mantido interlocução com autoridades diplomáticas dos Estados Unidos. Em pauta, o rápido reconhecimento do governo norte-americano ao resultado das eleições brasileiras em caso de vitória de Lula.
Política
Fogo contra os institutos de pesquisa
26/10/2022Rogério Marinho e Magno Malta, eleitos para o Senado, já “assumiram” seus mandatos. Ao menos quando o assunto é o projeto de lei que criminaliza as pesquisas eleitorais. A dupla de bolsonaristas, conhecida pelo bom trânsito no Congresso, tem feito gestões junto a deputados pela aprovação da proposta em tramitação na Câmara.
Política
Off eleição
26/10/2022Aécio Neves, um dos responsáveis pela erosão do PSDB, tem trabalhado pela fusão do partido com o Podemos e o Cidadania.
Política
Arqueólogo de maldades
26/10/2022O deputado André Janones está debruçado sobre mais de 200 vídeos com entrevistas e depoimentos antigos de Jair Bolsonaro. Foi assim, por exemplo, que garimpou a declaração de Bolsonaro de que quase comeu carne humana de um indígena em Roraima.
Política
Âncora
25/10/2022Assessores econômicos de Lula, a começar por Aloizio Mercadante, têm levado propostas para empresários do setor portuário. O objetivo é acalmar o maremoto no segmento após as notícias de que o petista vai suspender as privatizações do segmento.
Política
Operação tampão
25/10/2022Desde o último sábado, o comitê de campanha de Jair Bolsonaro está trabalhando em ritmo chinês na produção em massa de vídeos para as redes sociais. Trata-se de uma tentativa de compensar a perda de 170 inserções de 30 segundos na TV, por decisão da Justiça Eleitoral, que concedeu uma série de direitos de resposta a Lula.
Política
O último palanque de Bolsonaro?
24/10/2022Jair Bolsonaro cogita comparecer à final da Taça Libertadores, em Guayaquil, no próximo sábado, dia 29 de outubro. A ideia divide seus assessores. Há quem considere um desperdício de agenda Bolsonaro fazer um “bate e volta” no Equador exatamente na véspera do segundo turno. Uma ala, no entanto, entre os quais estaria o ministro das Comunicações, Fabio Faria, acredita que o presidente poderia capitalizar a enorme repercussão do jogo entre Flamengo e Athletico.
O staff de comunicação da campanha chega a fazer projeções sobre a audiência da transmissão da partida. A estimativa é que a exibição do jogo supere os 45 pontos, o equivalente a mais de 11,6 milhões de lares ou 32 milhões de pessoas. Um detalhe importante: a partida será exibida pelo SBT, emissora de Silvio Santos, sogro de Faria.
Para além da audiência per si, a ida a Guayaquil teria um valor adicional para Bolsonaro: seria também uma oportunidade para um encontro com o presidente do Equador, Guillermo Lasso, um dos poucos líderes da direita ainda no poder na América do Sul.
Política
“Fundo partidário”
24/10/2022Corre na Câmara que, nos últimos dias, um seleto grupo de parlamentares do Rio Grande do Sul, do candidato Onyx Lorenzoni, recebeu uma enxurrada de verbas do orçamento secreto.
Política
O perigo mora ao lado
24/10/2022Spoiler dos próximos programas de Jair Bolsonaro no horário eleitoral: Bolsonaro vai vincular duramente Lula ao presidente Alberto Fernández e à crise econômica argentina, com direito a cenas de prateleiras vazias em supermercados. A premissa do staff de campanha é que a Argentina cala mais fundo no eleitorado da classe média do que a já surrada vinculação do PT à Venezuela.
Política
Golpe
15/07/2022Não é nada, não é nada, nos últimos quatro dias, com homicídio e bombas em comícios, foram publicadas 2.884 notícias incluindo a palavra golpe em 844 mídias.
Política
Coreia do Norte
22/02/2022O secretário de Cultura, Mario Frias, não suportou a onda de cobranças nas redes sociais para devolver aos cofres públicos o dinheiro de recente viagem à Nova York. Nas últimas semanas, tem se notabilizado por bloquear opositores e jornalistas em suas contas pessoais. Procurada pelo RR, a assessoria da Secretaria de Cultura informou que “as ações são pertinentes e exclusivamente do secretário”.
Política
Espírito de corpo
9/02/2022O RR recebeu a informação de que a direção do Sindipetro avalia divulgar um manifesto contra declarações feitas por Sergio Moro na semana passada, chamando a Petrobras de “empresa atrasada”.
Política
Furando a fila
27/01/2022Onyx Lorenzoni, pré-candidato ao governo gaúcho, confidenciou a um senador, fonte do RR, que pretende deixar o Ministério do Trabalho em meados de março, duas semanas antes do prazo limite para a desincompatibilização (5 de abril). A saída coincidiria com a troca do União Brasil/DEM pelo PL, que deve ser formalizada no dia 22 de março. O motivo? 22 é o número do partido.
Política
Esforço de guerra
5/01/2022A máquina pública já está em clima eleitoral. Somente no Ministério das Mulheres, estão previstas 29 campanhas publicitárias ao longo de 2022 – informação confirmada pela Pasta ao RR.
Política
Partido da Lava Jato
17/12/2021O ex-procurador Carlos Fernandodos Santos Lima, um dos “homens de ouro” da Lava Jato, bateu o martelo: vai concorrer à Câmara dos Deputados. Junta-se a Sergio Moro e Deltan Dallagnol no Podemos para reeditar a “República de Curitiba”.
Política
Provocação
10/12/2021O vice-presidente, general Hamilton Mourão, articula um encontro com o candidato Sergio Moro.
Política
Pecado capital
29/10/2021O presidente do Banco da Amazônia, Valdecir Tose, treme feito vara verde no cargo. No Palácio do Planalto caiu muito mal a descoberta de que a ONG Amazoncred, supostamente ligada ao PT, mantém contrato com o banco.
Política
Tudo tem seu tempo
21/09/2021DEM e PSL sequer consumaram sua fusão e já há divergências no “novo partido”. Um exemplo: ACM Neto não concorda com a ideia da sigla descartar publicamente, desde já, apoio a Jair Bolsonaro em 2022.

Política
Lei da Mordaça
18/08/2021Uma história para lá de inusitada: sem conseguir agendar uma audiência com Arthur Lira para discutir pontos da MP 1.045/2021, que institui o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), dirigentes de uma grande central sindical partiram para uma solução mais dura. Decidiram alugar outdoors em Arapiraca (AL), redut eleitoral de Lira, para atacar o parlamentar. Mas ficaram só na vontade. Segundo o RR apurou, os sindicalistas foram informados de que todos os painéis da cidade estão reservados “por tempo indeterminado”. À boca miúda corre a informação de que teriam sido alugados por aliados de Lira. Curiosamente, há pouco mais de um mês, apareceu em outdoors de Arapiraca uma mensagem exigindo que o presidente da Câmara abrisse o processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. Pelo jeito, Lira descobriu uma forma de evitar novos reclames desconfortáveis no seu território.
Política
Questão de timing
3/06/2019A Associação Brasileira de Normas Técnicas vai anunciar na próxima semana o novo pacote de regras de instalação de aparelhos a gás para uso residencial. Fosse em outros tempos, o assunto provavelmente passaria despercebido. No atual contexto, com a recente morte de seis brasileiros em um apartamento no Chile, vítimas de vazamento de gás, o tema ganha outro peso.
Economia
Imprimatur
2/05/2019O Ministério da Infraestrutura aguarda para os próximos dias parecer da Advocacia Geral da União (AGU) autorizando a transferência da participação de 40% da Valec na Transnordestina para a União. O sinal verde é determinante para a extinção da estatal.
Política
Agenda trabalhista
28/02/2019O Conselho Deliberativo do FAT marcou sua reunião para 26 de março. O evento é cercado de expectativas: será a primeira reunião do Codefat no governo Bolsonaro, potencializada pela reforma da Previdência. Um dos pontos mais polêmicos da PEC é justamente a limitação do pagamento do abono salarial a quem recebe até um saláriomínimo. Ou seja: mais de 20 milhões de trabalhadores poderão perder esse direito.
Política
Vem cá, Luiza…
31/01/2019Segundo o RR apurou, o Casino teria oferecido a ViaVarejo à Magazine Luiza. Enquanto Luiza Helena Trajano não diz nem sim, nem não, os franceses seguem vendendo uns punhados de ações em bolsa. Em tempo: a empresária tem rondado os Ministérios da área econômica do governo Bolsonaro. Nunca dantes Luiza Helena esteve tão carente de acesso ao poder.
Política
Alta patente
2/01/2019Na esteira do “Caso Queiroz”, o senador eleito Major Olímpio vem ganhando terreno no tabuleiro parlamentar do PSL. Caso Jair Bolsonaro decida “preservar” o rebento Flavio, o PM surge como o nome mais cotado para ser o líder do governo no Senado.
Política
Dono do pedaço
23/11/2018Eunício de Oliveira se desdobra para reemplacar Marcos Holanda na presidência do Banco do Nordeste, cargo que ele ocupou de maio de 2015 a dezembro de 2017. Resta saber se vai dar tempo: o senador tem apenas mais dois meses de mandato.
Política
Imagem e semelhança
15/08/2018Tão ou mais insondável do que o pensamento econômico de Jair Bolsonaro é o posicionamento de seu partido, o PSL, sobre questões fulcrais. Os deputados da sigla não fecharam questão sobre os projetos de lei da cessão onerosa da Petrobras e da privatização das distribuidoras de energia administradas pela Eletrobras, ambos em tramitação no Congresso.
Política
Tucano vs. tucano
4/06/2018O prefeito de Manaus, o tucano Arthur Virgílio, talvez só fique atrás de João Doria no prazer de sabotar a candidatura de Geraldo Alckmin. Virgílio está convidando outros postulantes à Presidência da República a visitar a capital amazonense e apresentar suas propostas a empresas da Zona Franca: já estendeu o tapete vermelho a Flavio Rocha, Rodrigo Maia e Alvaro Dias, todos integrantes da turma do 1% nas pesquisas.
Política
Chiaroscuro
10/05/2018A desistência de Bernardinho em disputar o governo do Rio trouxe alívio a João Paulo Diniz e Luiz Urquiza, sócios da Body Tech. Ambos temiam pela saída do treinador da sociedade. Bernardinho é hoje a grande reserva reputacional da Body Tech, em contraponto ao encalacrado Alexandre Accioly, investigado pela Lava Jato.
Política
Conexão França
20/04/2018Publicamente, o governador de São Paulo, Marcio França, não se cansa de reafirmar o apoio a Geraldo Alckmin. Intramuros, segundo uma fonte presente no encontro entre líderes do PSB e Joaquim Barbosa ontem, França tem sinalizado que seu é junho. Se, até lá, a insossa campanha de Alckmin não decolar, ele e o PSB paulista seguirão outro caminho, aceitando embarcar na virtual candidatura de Joaquim Barbosa. Puro pragmatismo. O que França não quer é afundar junto com o tucano e colocar em risco sua própria reeleição ao governo de São Paulo. O último Datafolha ajudou a minar as convicções do governador paulista: Alckmin segue estacionado nos 7%; e Barbosa, sem qualquer esforço, já apareceu com 9%.
Política
Campanha eleitoral
11/04/2018Consta que Eduardo Suplicy, pré-candidato ao Senado, carrega seu programa eleitoral no celular. Durante a vigília no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no último fim de semana, gravou vários vídeos com Lula.
Política
O plano B de Perillo
16/01/2018Marconi Perillo ainda alimenta a expectativa de vir como vice de Geraldo Alckmin em uma chapa puro-sangue tucana, repetindo, aliás, a dobradinha que assumiu recentemente a direção do PSDB. Mas, se tudo der errado, o que é bem mais provável, Perillo deixa o governo de Goiás em abril e põe na rua a sua candidatura ao Senado. Nem as constantes denúncias de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira seriam um impeditivo para uma eleição dada como certa dentro do PSDB.
Política
Tudo como dantes
28/12/2017A suspensão de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF, decretada pela Fifa, é apenas para suíço ver. O Coronel Nunes, que assumiu temporariamente o comando da entidade, não dá um passo por vontade própria.
Política
O nome da vez
11/12/2017Como a iminente saída dos sócios Marcelo Kalim, Leandro Torres e Carlos Fonseca, quem deve subir alguns degraus na hierarquia de poder do BTG é o acionista Marcelo Flora, responsável pela área digital do banco.
Política
Caixa de campanha
9/10/2017O Movimento Brasil Livre (MBL) está ávido para mordiscar um pedaço do “fundo partidário” criado por Luciano Huck, Nizan Guanaes e Abílio Diniz, entre outros abastados, para financiar candidatos em 2018. A meta do MBL é eleger ao menos 15 deputados federais, a começar por Kim Kataguiri – um dos fundadores do Movimento.
Política
Seis por meia dúzia
29/08/2017A Raízen está perto de fechar a compra dos postos e de uma refinaria da Shell na Argentina. Segundo o RR apurou, a oferta gira em torno de US$ 1 bilhão. Em certa medida, a Shell está vendendo os ativos para si mesma, uma vez que é dona de 50% da Raízen. Na prática, vai dividir a operação argentina com Rubens Ometto, seu sócio na joint venture.
Política
Valuation
29/06/2017Segundo o RR apurou, os novos estudos para o IPO da BR Distribuidora têm como base um valuation da companhia da ordem de R$ 40 bilhões.
Política
Kremlin
15/05/2017Após a associação com a XP, o verbo do momento no mercado é “itausar”. Os Setubal, no entanto, morrem de medo da expressão. Já orientaram sua área de comunicação para “desitausar” geral. A pregação é a de um banco parceiro dos parceiros e “socialista” na gestão e na propriedade.
Política
Não está fácil
28/04/2017Não está fácil para ninguém. Ontem, em Brasília, FHC fez palestra em evento sobre o primeiro ano do exame toxicológico para motoristas profissionais. Ganhou uma baba. Mas não tragou!
Política
De fininho
25/10/2016No que depender da Paladin, dona da Viver, os credores converterão as dívidas de R$ 1 bilhão em equity, assumindo o controle da incorporadora paulista. E os norte-americanos apagarão da memória o dia em que entraram no negócio. O problema é convencer os bancos, especialmente o Santander, que entrou com uma ação pedindo a anulação da recuperação judicial da Viver • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Viver.
Política
Homem do campo
29/08/2016Jovair Arantes (PTB-GO) já está em campanha para a eleição à presidência da Câmara, em fevereiro. Tem organizado diversos encontros com a forte bancada ruralista.
Política
Donos da bola
18/05/2016Um grupo de investidores de Nova York ligados ao candidato republicano Donald Trump tem circulado pelos gramados tupiniquins. Em jogo o interesse de associar a um grande clube brasileiro. Recentemente, estes mesmos investidores tentaram, sem sucesso, comprar o San Lorenzo, de Buenos Aires, e o Atlético Nacional de Medellín.
Política
Alvo certo
4/04/2016O presidente da Unimed do Brasil, Eudes Aquino, articula mudanças no estatuto da cooperativa. Segundo o RR apurou, seu objetivo é agilizar a desfiliação de regionais sem capacidade de arcar com seus custos. Procurada, a Unimed informou que reavalia constantemente “as diretrizes de acompanhamento das cooperativas.”
Política
Vidas cruzadas
22/03/2016A título de curiosidade: Sergio Moro não só foi assessor de Rosa Weber em 2012 como, à época, chegou a entrar na Justiça contra a Universidade Federal do Paraná para ajustar sua carga horária de aulas e, assim, poder trabalhar com a ministra no STF. Quatro anos depois, Rosa é a relatora do pedido de habeas corpus do mais famoso dos investigados por Moro.
Política
Pai zeloso
15/03/2016O coração de pai teria sido determinante na decisão do ex-presidente do PP Pedro Corrêa de fechar sua delação premiada. A Lava Jato começava a triscar nos calcanhares de sua filha, a também ex-deputada Aline Corrêa.