Categoria: Política externa
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Política externa
Está faltando o “M” de México entre os BRICs
24/07/2024O México deveria há muito tempo figurar entre os BRICs, se já não…
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Política externa
Brasil trabalha por acordo entre o anêmico Mercosul e a Associação Transpacífico
22/07/2024Chega a ser comovente o esforço da diplomacia brasileira em relação ao Mercosul….
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Política externa
Bolívia tem mais energia para descarregar no acordo com o Brasil
17/07/2024Energia está se tornando uma das mais valiosas moedas de troca na geopolítica da América do Sul. O governo da Bolívia ofereceu ao Brasil a venda de parte do excedente de eletricidade gerada no país. O volume disponível gira em torno de 1.950 MW. A proposta está em análise no Ministério de Minas e Energia. Em linhas gerais, a operação se dividiria em duas partes. Em um primeiro momento, a energia seria entregue em cidades na região de fronteira, a partir principalmente do departamento de Pando. A segunda etapa conectaria Puerto Suárez a Corumbá, com possibilidade de transferência de 1.000 MW, aproximadamente. A venda de energia seria empacotada em uma parceria mais ampla, envolvendo o apoio do Brasil a obras de recuperação de linhas de transmissão em território boliviano. A Bolívia está com algum crédito. Tudo debaixo do grande guarda-chuva do acordo energético assinado recentemente entre os presidentes Lula e Luis Arce, o que permitirá, por exemplo, o aumento da capacidade de geração da hidrelétrica de Jirau.
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Política externa
Uma saída honrosa para Joe Biden
16/07/2024Análise arguta, como de costume, feita pelo embaixador Jorio Dauster com exclusividade ao RR: “Como presidente da República, Biden não poderá, ao menos nas próximas semanas, bater de frente com Trump, sobretudo se este moderar o discurso falando também em união nacional e serenizar ânimos como espertamente já anunciou. Pois, a meu ver, isso oferece uma saída honrosa para Biden, que declararia renunciar à candidatura a fim de que, como chefe de Estado, pudesse dedicar toda a sua atenção em esclarecer o atentado. E seu (sua) substituto (a) ficaria livre para baixar o porrete quando isso fosse julgado conveniente”.
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Política externa
De petróleo a fertilizantes, o cardápio do encontro entre Lula e Luis Arce
9/07/2024Ontem, em Brasília, corria a informação de que, no encontro de hoje em Santa Cruz de La Sierra, os presidentes Lula e Luis Arce deverão assinar um memorando de entendimentos para investimentos conjuntos em exploração e produção de petróleo e gás no país vizinho. Mais do que isso: os dois chefes de governo vão discutir também projetos de infraestrutura e logística e um acordo para a importação de fertilizantes bolivianos. Em paralelo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai se reunir com seu congênere boliviano, Franklin Molina. Um dos temas tratados será a possibilidade de o Brasil usar o sistema integrado de gasodutos da Bolívia para o transporte de gás de Vaca Muerta, na Argentina. Seria uma alternativa à construção de um novo pipeline em território paraguaio para trazer o gás argentino ao Brasil.
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Política externa
Embrapa ajuda a fertilizar relações diplomáticas entre o Brasil e a África
9/07/2024![](https://relatorioreservado.com.br/wp-content/uploads/2023/04/OEA-RR-28.png)
Política externa
OEA se reúne em compasso de espera com eleição norte-americana
25/06/2024Até ontem, no início da noite, o chanceler Mauro Vieira ainda não havia confirmado se participará ou não da Assembleia Geral da OEA, que começa amanhã, em Assunção. A princípio, a delegação brasileira será chefiada pela secretária-geral do Itamaraty, a embaixadora Maria Laura da Rocha. No próprio Ministério das Relações Exteriores, a possível ausência de Vieira é interpretada como um sinal de que o governo brasileiro espera uma conferência morna, sem deliberações de maior peso.
E há um racional geopolítico por trás dessa previsão. Está será a última Assembleia Geral da OEA antes das eleições presidenciais norte-americanas, em novembro. A tendência é que o Brasil e demais países membros da Organização adotem uma postura mais cautelosa até o resultado do pleito. A OEA dança conforme a playlist da Casa Branca. E a trilha sonora do Trump I ainda ecoa na entidade.
O governo Donald Trump trabalhou para enfraquecer a instituição, como de resto quase todas os organismos multilaterais. O ex-presidente norte-americano sempre demonstrou desprezo por essas instituições. No caso da OEA, o projeto de fragilização envolveu, inclusive, uma tentativa de asfixia financeira, com cortes de US$ 210 mil em financiamentos – sob a alegação de que Agência atuava em prol do aborto. Nesse contexto, há uma corrente na diplomacia brasileira, entre a qual o próprio chanceler Mauro Vieira se inclui, de que não é momento de fazer marola na OEA.
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Política externa
Reunião de cúpula do Mercosul ainda tem um ponto cego para o Itamaraty
24/06/2024O Itamaraty tem encontrado certa dificuldade para fechar a pauta a ser levada pelo presidente Lula ao encontro de chefes de Estado do Mercosul, programado para o próximo dia 8 de julho, em Assunção. O motivo é a incógnita Javier Milei. Até o momento, os canais diplomáticos brasileiros não têm confirmação da presença ou não do presidente argentino. O que se diz no Ministério das Relações Exteriores é que nem mesmo o Embaixador da Argentina em Brasília, Guillermo Daniel Raimondi, tem essa informação. Na última reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro do ano passado, no Rio de Janeiro, ainda que não tivesse tomado posse oficialmente, os demais países abriram a possibilidade de Milei participar na condição de presidente eleito. Mas ele não topou.
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Política externa
Brasil e Uruguai negociam acordo na aviação
14/06/2024O Mercosul vai bem, obrigado! Pelo menos a 11 mil metros de altitude. O RR apurou que o Brasil negocia com o Uruguai um acordo de “política de céus abertos”. A parceria prevê a derrubada do limite para voos regulares semanais entre os dois países, no transporte tanto de passageiros quanto de cargas. As tratativas são conduzidas pelo Itamaraty. Ressalte-se que, em março deste ano, o governo brasileiro firmou um acordo similar com a Argentina. Do lado de cá da fronteira, a medida favoreceria Gol, Latam e Azul, que voam para o país vizinho. Pelo Uruguai, a maior beneficiada seria a SUA (Sociedad Uruguay de Aviación), companhia aérea que está sendo montada pelo empresário local Antônio Rama.
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Política externa
Governo Lula tenta subir o sarrafo das exportações de carne bovina para os EUA
13/06/2024Agenda complexa que está sobre as mesas do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A gestão Lula trabalha em uma proposta a ser levada ao governo dos Estados Unidos para uma mudança nas cotas para a importação de carne bovina brasileira. Hoje, o país tem direito a um limite de 65 mil toneladas/ano com isenção de tarifa.
A intenção é negociar a duplicação da cota – no fundo, no fundo, há quem diga no próprio Itamaraty que a estratégia seria pedir 130 mil toneladas para tentar levar ao menos 100 mil toneladas/ano.
Um dos argumentos do governo brasileiro é que outros países que dispõem de um sarrafo alfandegário maior raramente atingem o limite. É o caso da Austrália e de Nova Zelândia, que usufruem de cotas de 300 mil toneladas/ano.
A Austrália, por exemplo, utilizou apenas 29%, 31% e 55% do seu limite permitido nos últimos três anos. Já o Brasil é um “devora cota”: o teto de 65 mil toneladas foi alcançado já em fevereiro, recorde desde 2020.
Bem, a hora de correr com o pleito é agora: se já é uma negociação complicada com Joe Biden na Casa Branca, imaginem só se o ultraprotecionista Donald Trump voltar à Presidência
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Política externa
Brasil e Argentina devem renovar acordo bilateral no setor automotivo
9/05/2024Boa nova para a indústria automobilística: a “rádio Itamaraty” informa que Brasil e Argentina estão em conversações avançadas para a renovação do acordo de reciprocidade em torno da homologação veicular. Na prática, o tratado, em vigor desde 2022, funciona como uma espécie de fast track para as exportações e importações de automóveis entre os dois países. O certificado de segurança veicular expedido de um lado da fronteira vale também do outro. Desde a mudança de governo na Argentina, as montadoras brasileiras temem pelo rompimento do acordo em razão dos ziguezagues diplomáticos entre os governos Lula e Milei.
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Política externa
Uma cutucada na Venezuela já está de bom tamanho
28/03/2024O caldeirão diplomático da América do Sul deve fervilhar um pouco mais nos próximos dias. Segundo fonte do Itamaraty, o governo do Uruguai tem buscado o apoio dos demais países da região para a divulgação de um manifesto conjunto contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro., e a condução das eleições locais. Argentina e Paraguai já sinalizaram a intenção de assinar o documento. No caso do Brasil, é muito pouco provável que o governo Lula crie um segundo episódio de dessintonia com a Venezuela. Na última terça-feira, o governo de Maduro reagiu duramente à nota publicada pelo Itamaraty questionando o impedimento da candidatura de Corina Yoris, uma das líderes da oposição venezuelana.
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Política externa
Cabo Verde monta um balcão de PPPs no Brasil
22/03/2024A “Rádio Itamaraty” informa: o RR apurou que o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, vai visitar o Brasil ainda neste ano. No campo da diplomacia, será uma retribuição à visita de Lula ao país africano em julho do ano passado; na esfera comercial, no fundo o que interessa mesmo, Neves vem em busca de investidores dispostos a participar do programa de privatizações, de um lado, e de PPPs, do outro, lançado pelo seu governo. Tem ativo para tudo que é gosto em Cabo Verde: energia, setor portuário, telecomunicações, saneamento, entre outros.
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Política externa
O contato diplomático possível entre Brasil e Argentina
12/03/2024O RR apurou que o diplomata Daniel Raimondi, futuro embaixador da Argentina em Brasília, conversou na semana passada com o chanceler Mauro Vieira, no primeiro contato oficial após ter recebido o agrément do governo brasileiro. Raimondi deverá apresentar suas credenciais ao presidente Lula em abril. Com o simples aperto de mãos, o diplomata já terá
Mais interlocução com Lula do que o seu chefe, Javier Milei. Três meses já se passaram desde a posse, e Milei e Lula jamais trocaram uma palavra sequer.
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Política externa
Manifesto contra Nicolas Maduro causa saia justa no Itamaraty
5/03/2024Uma iniciativa da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet está provocando certo constrangimento na diplomacia brasileira, notadamente entre nomes ligados ao PT. Bachelet tem buscado apoio a um documento em repúdio ao fechamento do Escritório da ONU para Direitos Humanos na Venezuela. Até o momento, Celso Lafer foi o único dos ex-ministros das Relações Exteriores a subscrever o manifesto, juntando-se a outros 17 ex-chanceleres latino-americanos. Bachelet comanda a mobilização não apenas com o peso de ex-chefe de governo do Chile, mas também com o status de ter sido Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU entre 2018 e 2022.
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Política externa
Lula negocia aporte dos Emirados Árabes para o Fundo Amazônia
4/03/2024Não obstante um tropeço ou outro, o empenho de Lula no exterior tem gerado resultados consistentes para o Brasil. Segundo informações filtradas do Itamaraty, o presidente negocia diretamente com os Emirados Árabes Unidos um aporte expressivo no Fundo Amazônia. São os primeiros dividendos colhidos pelo Brasil em decorrência do esforço diplomático de Lula para a entrada dos árabes no bloco dos BRICs. Por sinal, desde o início do seu governo, Estados Unidos, Suíça, Dinamarca e União Europeia se juntaram ao rol de países financiadores do Fundo Amazônia. Isso para não falar da retomada dos aportes da Noruega e Alemanha, historicamente os maiores doadores de recursos.
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Política externa
Lula vai ao Vietnã. Em nome do Brasil e do Mercosul
23/02/2024O RR apurou que uma comitiva do Itamaraty e do Ministério da Agricultura embarcará para o Vietnã na primeira quinzena de março. A missão é preparar o terreno para a visita do presidente Lula, ainda neste semestre. A importância da viagem vai além da esfera bilateral: Lula pisará em Hanoi com o objetivo de alinhavar um acordo do país asiático com o Mercosul
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Política externa
Quem será o novo embaixador da Argentina no Brasil?
22/02/2024De acordo com alta fonte do Itamaraty, o ex-senador Federico Pinedo é o candidato mais forte a assumir o cargo de embaixador da Argentina no Brasil. Pinedo é próximo da ministra da Segurança, Patrícia Bullrich, nome bastante influente no governo de Javier Milei. Ele teria também o apoio de Daniel Scioli, que deixou recentemente o posto para assumir o Ministério do Turismo, Ambiente e Esportes. Segundo informações obtidas por canais diplomáticos brasileiros, correm por fora Luis Maria Kreckler, atual cônsul argentino em São Paulo, e Diego Guelar, que já esteve à frente da Embaixada argentina em Brasília no segundo mandato de Carlos Menem.
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Política externa
A “outra” Margem Equatorial no caminho da Petrobras
26/01/2024Ainda que o assunto certamente monopolize a pauta, o encontro entre Lula e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, previsto para a primeira semana de março, não ficará circunscrito às tensões com a Venezuela. Segundo informações filtradas do Itamaraty, o governo guianês já comunicou formalmente à diplomacia brasileira que Ali pretende discutir uma possível parceria para investimentos em exploração e produção de petróleo. A Guiana foi o primeiro país a descobrir petróleo na Margem Equatorial. Suas reservas são estimadas em torno de 11 bilhões de barris. Em tempo: em dezembro, quando perguntado sobre a possibilidade de a Petrobras investir no país vizinho, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse que não era hora de “apostar na Guiana”. Mas, se Lula quiser, será.
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Política externa
Alckmin corre países vizinhos para negociar acordos na área de energia
23/01/2024Geraldo Alckmin é mesmo um vice-presidente para toda obra. Lula pretende enviar Alckmin para uma viagem à Bolívia e Equador em fevereiro. Em pauta, a negociação de acordos no setor de energia com os dois países. O assunto envolve diretamente a Petrobras e a possibilidade de parcerias para investimentos em exploração e produção de óleo e gás nos dois países. A visita de Alckmin aos países vizinhos corrobora a ideia de que o vice-presidente deverá ter, a partir deste ano, um papel mais relevante na área de relações internacionais. Até pela necessidade de Lula se concentrar mais na política interna.
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Política externa
Brasil e Uruguai costuram parceria no espaço
15/01/2024Se, em terra firme, as relações têm sido marcadas por divergências no âmbito do Mercosul, ao menos Brasil e Uruguai têm se entendido da estratosfera para cima. O clima de cooperação envolve a criação da Agência Espacial Uruguaia. O Brasil tem dado apoio técnico ao projeto, que está vinculado aos planos do governo do presidente Luis Alberto Lacalle Pou de lançar satélites, notadamente de defesa e telecomunicações e de captações de imagens para o agronegócio. Recentemente, o brigadeiro do ar Paulo Vasconcellos, ex-diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB), esteve reunido com o Conselho Nacional de Política Espacial, órgão do governo federal uruguaio responsável pela criação da Agência.
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Política externa
Energia venezuelana causa tensão no governo brasileiro
12/01/2024No Ministério de Minas e Energia, há uma preocupação quanto à capacidade de o governo da Venezuela cumprir o contrato de venda de energia para o Brasil. Por falta de investimentos, a hidrelétrica de Guri, a maior do país, tem acusado alguns problemas operacionais, relacionados às interrupções no fornecimento de eletricidade. Em setembro e outubro, a Venezuela sofreu apagões em até 19 dos 24 estados. Só neste ano, foram mais de 40 mil falhas elétricas. O acordo, ressalte-se, tem seus benefícios para o Brasil. Vide o caso da Âmbar, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, empresa já autorizada pelo governo brasileiro a comprar energia da hidrelétrica de Guri. A revenda do insumo no Brasil resultará em uma economia de aproximadamente R$ 1 bilhão em relação à energia produzida por térmicas de óleo diesel que abastecem grande parte de Roraima, o único estado não conectado ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
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Política externa
Governo Lula tenta abrir uma rota para o agronegócio pelo Paraguai
4/01/2024Uma pauta relevante para o agronegócio está na mesa das negociações bilaterais entre Brasil e Paraguai. O governo Lula trabalha para liberar a circulação de caminhões brasileiros do modelo bitrem no país vizinho. As tratativas, digamos assim, ordinárias têm sido conduzidas pelo Itamaraty e pelo Ministério dos Transportes. Mas no próprio Palácio do Planalto, o entendimento é que o assunto exige uma interlocução “extraordinária”, ou seja, gestões diretas do próprio presidente Lula junto ao seu colega paraguaio, Santiago Peña.
Os caminhões bitrem estão proibidos de cruzar a fronteira desde 2019. Com aproximadamente 30 metros de comprimento, sete eixos e peso bruto de até 57 toneladas, os veículos são usados, sobretudo, para o transporte de grãos. A interrupção do fluxo representa um razoável prejuízo para o agro brasileiro, por ter restringido as possibilidades de distribuição de produtos no Mercosul em maior escala. Se os danos aos produtores rurais já são expressivos a valor presente, o tamanho da perda será ainda maior no futuro, caso o Paraguai mantenha a proibição.
Até 2025 deverão ser concluídas as obras de implantação da Rota Bioceânica, que abrirá um corredor logístico para o agronegócio brasileiro até o Pacífico. Serão 3,4 mil quilômetros entre o Porto de Santos e as cidades chilenas de Iquique e Antofogasta. A Rota Bioceânica atravessará o território paraguaio, o que torna fundamental a liberação para a circulação de caminhões bitrem, tanto em termos de custos quanto de tempo. Estima-se que o novo corredor logístico reduzirá em até 15 dias o período necessário para a chegada de grãos brasileiros à Ásia.
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Política externa
Lula e Lacalle Pou tentam aparar as arestas do Mercosul
21/12/2023De primeira: Lula e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, estão articulando um encontro para a segunda quinzena de janeiro, segundo alta fonte do Ministério das Relações Exteriores. Em pauta, o acordo Mercosul-União Europeia – Lacalle Pou é contra – e o possível tratado bilateral entre Uruguai e China à latere do Mercosul – Lula é contra. Ou seja: a conversa já começará com quilômetros de distância a separar os dois chefes de governo.
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Política externa
Brasil busca aliados atômicos para liberar construção de seu submarino nuclear
13/12/2023O governo Lula está buscando o apoio da França e dos Estados Unidos para destravar a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro. O Palácio do Planalto e o Itamaraty têm trabalhado para obter o aval dos presidentes Emmanuel Macron e Joe Biden ao projeto. O objetivo é usar o endosso de duas das maiores potências nucleares do mundo para sensibilizar a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU. A AIEA tem resistido a aprovar a utilização de urânio enriquecido no reator do submarino. A Agência se recusa a abrir o precedente de autorizar um país sem armas nucleares, como é o caso do Brasil, a empregar combustível atômico para fins militares. As tratativas são extremamente sensíveis. Neste ano, o almirante Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, já viajou duas vezes a Viena, onde está a sede da AIEA. Segundo o RR apurou, o governo brasileiro propôs à agência um calendário de inspeções trimestrais ou mesmo semestrais ao Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP), local de montagem das principais peças do reator nuclear da embarcação. Por sua vez, a AIEA exige que o Brasil abra dados sigilosos do equipamento. A Marinha não concorda, por considerá-los segredo militar.
Diante do impasse nas tratativas diretas com a AIEA, o governo Lula decidiu mudar de estratégia e buscar aliados influentes que possam ajudar na negociação com a Agência. É o caso, principalmente, da França, parceira de primeira hora do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub). Tudo tem seu preço. O RR apurou que o governo brasileiro negocia junto ao país europeu à compra de equipamentos para o gerador e a turbina do submarino nuclear. O Brasil também tenta convencer os franceses a cooperarem na montagem do próprio reator dentro do submarino, ajudando a garantir a sua segurança. No entanto, a França resiste a entrar.
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Política externa
Lula vai à Noruega em busca de recursos para o bioma amazônico
11/12/2023Lula disse que vai reduzir suas viagens internacionais. Pero no mucho. O RR apurou que o Itamaraty articula uma visita do presidente a países nórdicos no primeiro trimestre de 2024. O destino principal é a Noruega. O tema prioritário, investimentos na Amazônia.
Política externa
Brasil e Bolívia avançam em discussões na área de fertilizantes
8/12/2023Informação que circulava ontem, em petit comité, no Ministério de Minas e Energia: o governo da Bolívia e a diretoria da estatal YPFB deverão enviar ainda neste ano um esboço de proposta de parceria com a Petrobras na produção de fertilizantes. No mês passado, executivos da companhia brasileira estiveram no país vizinho para tratar do assunto.
Política externa
Brasil deve financiar megaobra de infraestrutura em Angola
5/12/2023Segundo uma fonte do Itamaraty, o governo brasileiro mantém conversações com Angola para financiar um dos maiores projetos de infraestrutura não só do país, mas de toda a África: a construção do Corredor do Lobito. Ao todo, são mais de 1,8 mil quilômetros de ferrovias conectando a República Democrática do Congo e Zâmbia ao Porto do Lobito, na província angolana de Benguela. O foco principal será o transporte de minérios. O empréstimo brasileiro reabriria as portas da África para a exportação de serviços na área de engenharia. Se alguém tiver dúvidas quanto à importância geoeconômica do empreendimento, basta consultar a Casa Branca. Os Estados Unidos já desembolsaram quase US$ 1 bilhão para financiar o trecho da ferrovia em território angolano. Além da venda de equipamentos ferroviários, os norte-americanos têm interesse também em assumir todo o sistema de conectividade, leia-se o desenvolvimento de redes 5G ao longo o corredor logístico.
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Destaque
Milei é o de menos. Uruguai é a maior ameaça à próxima reunião de cúpula do Mercosul
30/11/2023Três dias antes da posse de Javier Milei na Argentina, caberá ao presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle, colocar fogo na 63ª Reunião de Cúpula do Mercosul, marcada para 7 de dezembro, no Rio de Janeiro. Segundo o RR apurou, o Itamaraty tem informações de que Lacalle vai apresentar formalmente uma nova proposta de acordo de livre comércio entre o bloco e a China – a primeira foi levada por ele aos demais países em 2021. No Ministério das Relações Exteriores, a iniciativa é interpretada, desde já, como um jogo de cena.
Brasil e Paraguai são, ao menos neste momento, contrários à aliança comercial entre Mercosul e China. Concentram seus esforços na conclusão do acordo com a União Europeia. Ou seja: Lacalle Pou está deliberadamente enviando uma carta para a qual já sabe a resposta. O presidente do Uruguai estaria, portanto, apenas buscando um pretexto para seguir adiante nas negociações para um tratado bilateral com Pequim, passando ao largo do Mercosul.
Trata-se de um teatro geoeconômico em que cada cena é meticulosamente ensaiada. Na semana passada, Lacalle Pou se reuniu com o presidente e o primeiro-ministro da China, respectivamente, Xi Jinping e Li Qiang. Para todos os efeitos, saiu dos encontros falando da sua intenção de “promover o diálogo com o Mercosul”. Para o Itamaraty e o Palácio do Planalto, a declaração foi ouvida como um blefe. Nesse caso, onde está escrito “Mercosul” leia-se “Uruguai”.
Na própria reunião do dia 7 de dezembro, Lacalle Pou deverá colocar outra carta na mesa, de razoável valor simbólico. Nos canais diplomáticos circula a informação de que o Uruguai vai aproveitar a visibilidade do encontro de cúpula do Mercosul para anunciar sua candidatura a sede do fórum entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) e a China, prevista para o primeiro trimestre de 2024. Será mais um recado da sua proximidade com Pequim.
A preservação do Mercosul desponta como o maior desafio do governo Lula na área de política externa neste momento. A passagem da futura chanceler argentina, Diana Mondino, por Brasília no último fim de semana até trouxe a expectativa de um diálogo com o governo Milei menos áspero do que se anunciava. Já não há o mesmo clima em relação a Lacalle Pou. Além da pressão para fechar um tratado bilateral com a China, o Uruguai é uma pedra no sapato para a assinatura da aliança comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
O governo Lula trabalha para acelerar as tratativas e formalizar o acordo até 10 de dezembro, ou seja, antes da posse de Milei na presidência da Argentina. Tarefa intrincada. São 10 dias para aparar arestas nas negociações que perduram há quase duas décadas.
Política externa
Brasil a caminho da Opep?
29/11/2023Há uma certa expectativa no Itamaraty quanto a um eventual convite formal da Arábia Saudita para que o Brasil entre na OPEP, durante a viagem de Lula àquele país. A Arábia é o mais influente integrante da Opep. Sabe-se que a Venezuela faz o lobby do Brasil para o ingresso no cartel. Jair Bolsonaro tentou, tentou, mas não conseguiu. Mas qual a importância de se tornar sócio do clube produtor de energia fóssil? Do ponto de vista das decisões do país sobre sua política para o petróleo, nada de muito significativo. Mas o status e o marketing no exterior mudam. E marketing é com Lula mesmo.
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Política externa
Brasil costura apoio da Europa e dos EUA para novo fundo global
29/11/2023O Itamaraty e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, têm feito uma série de contatos internacionais em busca de apoio à proposta de criação de um fundo global para preservação de florestas tropicais, que será apresentada por Lula na COP28. Segundo o RR apurou, o Brasil já teria o sinal verde da Noruega e da Alemanha, dois tradicionais investidores do Fundo Amazônia, e da França. O que, na prática, significa dizer o sinal verde da União Europeia. Outro alvo prioritário são os Estados Unidos. O trabalho da diplomacia brasileira se concentra em garantir junto à Casa Branca uma declaração formal de apoio à iniciativa do presidente Joe Biden.
Política externa
OCDE dá sinal verde à “conduta empresarial” no Brasil
24/11/2023Ainda que não seja exatamente uma prioridade da gestão Lula, os trâmites para a entrada do Brasil na OCDE avançaram mais uma casa. O Comitê de Investimentos da entidade referendou os procedimentos do governo brasileiro para a adoção dos padrões RBC (Responsible Business Conduct) – leia-se os princípios de Conduta Empresarial Responsável estipulados pela Organização. Em linhas gerais, trata-se de um selo da OCDE, atestando que os países-membros mantêm um ambiente regulatório estável para atividades empresariais. A apresentação feita ao Comitê pela AGU, mais precisamente por Beatriz Figueiredo Campos da Nóbrega, da Procuradoria Nacional da União de Assuntos Internacionais, serviu para limpar um pouco a barra do Brasil na OCDE. O governo brasileiro está pedindo desconto para quitar uma dívida de 5,1 milhões de euros. O valor se refere à taxa cobrada para ingresso na entidade. A inadimplência perdura desde abril.
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Política externa
Pimenta ou diplomacia? Planalto discute reação a ataques de Milei contra Lula
23/11/2023Há uma divisão dentro do Palácio do Planalto em relação ao tratamento que deve ser dado aos ataques feitos por Javier Milei contra Lula. O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, tem defendido uma reação mais contundente, com a divulgação de um comunicado oficial da Presidência da República repudiando os termos usados por Milei para se referir a Lula – entre os quais “ladrão” e ex-presidiário.
Um impulsivo Pimenta já disse publicamente que o presidente brasileiro só deveria entrar em contato com o futuro chefe de governo argentino após receber um pedido de desculpas. Na contramão de Pimenta, Celso Amorim tem desempenhado o papel que lhe cabe, o do diplomata. Amorim rechaça a ideia de um posicionamento formal contra Milei. Pragmaticamente, prega que o novo presidente argentino ainda está sob os efeitos da disputa eleitoral e as coisas vão se resolver como sempre se resolveram: a partir das relações de Estado.
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Política externa
Embaixador argentino já arruma as gavetas em Brasília
22/11/2023Ecos da eleição de Javier Milei: há um forte burburinho no Itamaraty de que o atual embaixador da Argentina em Brasília, o ex-ministro da Economia Daniel Scioli, vai deixar o cargo antes mesmo da posse do novo presidente. Vai encerrar sua passagem pela Embaixada sem conseguir concluir alguns projetos-chave, como o financiamento brasileiro para o gasoduto de Vaca Muerta – negociação esta que deve ir pelos ares com a eleição de Milei.
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Política externa
Indústria torce para Lula blindar o Mercosul do fator Milei
21/11/2023![](https://relatorioreservado.com.br/wp-content/uploads/2023/10/Lula-onu-rr-16-10.png)
Política externa
Governo Lula aumenta os tentáculos da Apex no exterior
21/11/2023A reabertura do escritório da Apex em Lisboa é apenas o ponto de partida. O governo Lula pretende ampliar significativamente a capilaridade internacional da agência. O projeto é tocado por Geraldo Alckmin e assessores no âmbito do Ministério do Desenvolvimento e da Indústria. A próxima fornada contemplaria a abertura de representações da Apex em Londres, Nova York e Nova Dehli. É a reversão do enxugamento da agência no governo de Jair Bolsonaro. Entre outras cidades, a gestão Bolsonaro fechou escritórios da Apex em Cuba e na África.
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Política externa
México pressiona governo brasileiro por deportação de imigrantes ilegais
10/11/2023De acordo com informações que circulam no Itamaraty, o Instituto Nacional de Migración do México solicitou à Embaixada do Brasil que acelere os trâmites para a saída do país de um grupo com mais de dois mil brasileiros presos tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos. O problema é delicado. Conforme o RR apurou, o México e também os Estados Unidos têm cobrado do governo Lula medidas mais duras para combater quadrilhas que atuam em território brasileiro.
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Política externa
Brasil dá um tiro no pé ao dificultar exportações de armas
9/11/2023O controle de armas de fogo no Brasil é algo abilolado. Quando é bom para o país, prejudica-se a indústria; quando a circunstância é ruim, prejudica-se também. Há teses esquisitas. Por que a Polícia Federal é tão leniente na captura de armas de fora? Por que não faz um disclosure contábil do seu paiol? O que tem lá? Armas estrangeiras ou nacionais? Há uma incompreensão de que as três fabricantes existentes no país ganham dinheiro mesmo vendendo para o exterior.
A grana do armamento vem lá de fora. O que fica aqui dentro é proveniente de roubo de caminhões de entrega, arma velha herdada, furto de armas dos próprios policiais e a crescente demanda do “exército” das milícias e do tráfico. É claro que não é só isso. Mas é muito disso. Pois a política abilolada do governo, para variar, vai na mão inversa. Em um momento em que os bancos europeus aumentaram o financiamento para as indústrias de armas – não falta guerra, não falta cliente – notadamente os alemães, o Banco do Brasil suspendeu suas linhas de crédito.
O motivo seria um acordo com a ONU, que ninguém sabe, ninguém conhece, ninguém segue. A hora era de estimular a exportação de armas, com aumento ainda maior do controle dos artefatos. E botar os dólares no bolso. Imaginem se a Argentina tivesse essa condição. Com zero de moeda forte nas reservas, fabricaria até espingarda de rolha. O que é mais incrível é que a decisão final da indústria das armas foi tomada depois do mais democrático referendo da História do país. Era melhor conter essa tara legiferante e colocar balas, revólveres, pistolas e espingardas em um contêiner e mandar tudo lá para fora. A medida aumentaria o calibre da balança comercial.
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Destaque
Agronegócio bate de frente com governo Lula e União Europeia
31/10/2023O esforço da gestão Lula para lustrar a imagem do Brasil na área ambiental deverá sofrer um incômodo revés. O agronegócio está engajado em duas frentes que têm tudo para despertar reações contrárias da comunidade internacional. Uma delas se cruza com as relações entre o Brasil e a União Europeia: segundo fonte ligada à entidade, a Aprosoja está decidida a liderar um movimento pela continuidade do uso do glifosato nas lavouras brasileiras.
Não está sozinha. Tem ao seu lado representações congêneres do agronegócio da Argentina e do Paraguai. De acordo com a fonte do RR, esse frentão está elaborando um manifesto contra a iminente decisão da UE de banir alimentos agrícolas produzidos com o uso do glifosato. O assunto é extremamente controverso e causa cisão entre as próprias nações do Velho Continente. A Comissão Europeia, braço executivo da UE, recomendou estender a autorização ao agrotóxico até dezembro de 2033.
No último dia 13 de outubro, a proposta foi levada à votação da União Europeia, mas não houve quórum mínimo, um indício de que dificilmente será aprovada. Procurada pelo RR, a Aprosoja não se manifestou.
Os grandes produtores brasileiros correm contra o relógio. Se nada mudar, a partir do próximo dia 15 de dezembro o defensivo agrícola será proibido na Europa. Péssima notícia para o agro brasileiro. O glifosato é o herbicida mais usado no país. Estima-se que esteja presente em cerca de 60% das áreas de plantio. Os efeitos do defensivo são objeto de controvérsia dentro da própria comunidade científica.
Vários países passaram a restringir ou mesmo proibir a substância com base, sobretudo, em um relatório produzido em 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que classificou o herbicida como “provável cancerígeno humano”. Há, no entanto, pesquisas na direção oposta. Entre as de maior repercussão está o parecer científico divulgado, em 2022, pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) atestando que não há evidências de relação do glifosato com casos de câncer.
O lobby internacional pelo glifosato se cruza com outro movimento contundente do agronegócio, este no front interno. Há uma ofensiva no Senado pela retomada da tramitação do projeto de lei nº 1.459/2022, mais conhecido como “PL do Veneno”, que flexibiliza regras para a aprovação e distribuição de agrotóxicos no país. A proposta está parada na Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Casa desde abril, muito em razão do empenho do próprio governo em barrar a mudança na legislação. Mas a “boiada” pede passagem e está prestes a atravessar a porteira. A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina negocia diretamente com Rodrigo Pacheco para que o PL seja apreciado e aprovado na CMA, última etapa necessária para a sua votação em plenário.
Em conversa com o RR, um dos líderes da Frente Parlamentar da Agricultura afiançou que a bancada ruralista já teria 46 votos a favor, cinco a mais do que o necessário para a aprovação.
Política externa
Um raro engasgo nas relações entre Brasil e Argentina
27/10/2023A embaixada argentina em Brasília vai enviar uma reclamação formal ao Itamaraty pela decisão governo brasileiro de mudar as regras para a travessia da fronteira entre Puerto Igúazu e Foz do Iguaçu. É um caso curioso de mudar uma legislação que nunca existiu, pelo menos devidamente regulamentada. Desde o último fim de semana, todos os cidadãos argentinos ou estrangeiros que cruzam a Ponte Tancredo Neves têm sido obrigados a cumprir os ritos de imigração. Até então, por um acordo tácito entre os dois países, o trânsito era livre para permanência em território brasileiro por até 24 horas. O RR apurou que a mudança de procedimento não teria sido previamente informada aos país vizinho. Some-se a isso o fato de que a fila de espera para a imigração chega a três horas, devido ao número insuficiente de agentes da Polícia Federal.
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Política externa
México deixa Brasil de stand by enquanto negocia acordo com Coreia do Sul
24/10/2023O RR apurou que México e Brasil interromperam as negociações diplomáticas que vinham mantendo para mudanças no Acordo de Complementação Econômica, firmado em 2002. O tratado compreende produtos não automotivos. A suspensão se deu a pedido do governo mexicano, que tem outras prioridades na área de política externa. No momento, as atenções do presidente Andrés Manuel López Obrador estão concentradas na negociação de um amplo acordo de livre comércio com a Coreia do Sul. O interesse do governo brasileiro era incluir novos setores no tratado com o México, que estabelece a eliminação ou redução de tarifas de importação para um universo de aproximadamente 800 posições tarifárias (código numérico das mercadorias abrangidas).
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Política externa
Tudo é acerto no jogo de dupla da política externa brasileira
23/10/2023Por maior que seja o prestígio de Celso Amorim junto a Lula, sua presença no Palácio do Planalto está longe de eclipsar a figura do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Indicadores ajudam a desconstruir a percepção de que Vieira seria uma espécie de “chanceler do B”. Mas paremos por aí. Amorim é quem fala no ouvido no presidente, escreve seus discursos e o acalma com seu jeito tranquilo de ser. Mas, apesar da maior intimidade e confiança, há uma divisão de tarefas respeitada pelos dois diplomatas. O ministro carrega o piano do Itamaraty. Não é o “conselheiro de Lula”, mas fala pela chancelaria com conhecimento de causa e respeito da casa. E não deixa o presidente ficar fora do seu raio de atuação. Vieira é o nome da diplomacia brasileira mais indexado ao presidente da República, como mostra levantamento exclusivo realizado pelo RR junto a 210 mil veículos de todo o país. Desde o início do governo, Mauro Vieira é citado junto a Lula em 46.400 registros, contra 29.011 de Amorim. Trata-se de uma diferença de 58% em favor de Vieira.
Nas internas, a influência de Amorim é disparadamente maior. Seu cargo, formalmente, não fica restrito à área externa. Ele é um “assessor para qualquer coisa”, como se diz no Planalto. Portanto, não há comparação de proximidade com Lula: fora Fernando Haddad e Janja, Amorim ganha de todos. A duplicidade na área diplomática atende os objetivos do presidente de fazer o Brasil estar em todos os lugares nos quais haja uma discussão internacional relevante. Há missões de Estado que exigem quase invisibilidade, boa parte delas entregue a Amorim. Outras são típicas do chanceler. Elas são exercidas por Vieira. O ministro das Relações Exteriores pontifica também o noticiário sobre os temas mais sensíveis na área de política externa neste momento. Desde o início do confronto, Vieira soma 2.986 menções junto ao presidente Lula quando o assunto é o conflito entre Israel e Hamas – são cerca de 1,4 mil citações a mais do que Celso Amorim. Parte expressiva do noticiário se refere ao papel do Brasil na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU.
Em relação ao G-20, do qual o Brasil é o atual presidente, a pesquisa também referenda o status de Mauro Vieira como nome mais representativo da diplomacia. São 4.445 referências ligadas ao tema, contra 2.469 de Amorim. Deve-se ressaltar também a exposição do ministro das Relações Exteriores vinculadas aos dois maiores parceiros comerciais do Brasil. Mauro Vieira desponta ao lado de Lula, respectivamente, em 16.810 inserções ligadas aos Estados Unidos e 17.011 registros com assuntos sobre a China. Mesmo assim, em ambas, Celso Amorim surge com aproximadamente 12 mil menções. Muitas delas, provavelmente por estar presente ao lado de Lula.
Entre os temas avaliados na pesquisa, há uma única pauta que aparece mais vinculada a Celso Amorim: a guerra entre Rússia e Ucrânia. São 11.463 citações ao assessor especial de Lula vinculadas ao confronto entre os dois países, contra 10.342 menções a Mauro Vieira. À época, na divisão de tarefas, coube ao assessor especial representar o Brasil nas conversações com Putin sobre a guerra com a Ucrânia. A tabelinha funciona. Existem poucos setores mais harmônicos no governo do que o exercido pelo ministro bifronte, metade Celso Amorim, metade Mauro Vieira.
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Destaque
Ecos da guerra: Embraer ganha vantagem sobre concorrente israelense
23/10/2023O conflito entre Israel e o Hamas poderá abrir caminho para importantes movimentos da Embraer no setor de Defesa. A guerra eclode justamente no momento em que a empresa brasileira e a Israel Aerospace Industries (IAI) travam uma disputa por contratos na América do Sul. Segundo o RR apurou, as duas companhias estão no páreo para o fornecimento de aeronaves militares às Forças Armadas da Colômbia e Argentina.
São negócios fundamentais para a parceria entre a Embraer e a sueca Saab ganhar altitude – leia-se o acordo firmado em abril para a venda conjunta dos caças F-39 Gripen que serão montados em Gavião Peixoto (SP). O contrato de maior interesse da dupla é também aquele que, por uma combinação de fatores, mais poder ser impacto pelos confrontos na Faixa de Gaza: o fornecimento dos novos caças da Força Aérea colombiana, encomenda estimada em mais de US$ 1 bilhão.
De acordo com uma fonte do RR na área militar, a IAI era tida como pule de dez para ganhar a concorrência. Colômbia e Israel têm ligações comerciais históricas na indústria bélica, que fazem a balança pender para este último.
As 22 aeronaves Kfir que a Aeronáutica colombiana pretende substituir foram fabricadas exatamente pela Israel Aerospace Industries. No início deste ano, o país sul-americano fechou um contrato de US$ 130 milhões com a própria companhia para a compra de um sistema de defesa aérea, negócio que já estaria vinculado a um segundo movimento: o fornecimento dos caças. No entanto, o estremecimento nas relações diplomáticas entre Colômbia e Israel fragiliza a posição da IAI na disputa. O presidente colombiano, Gustavo Petro, tem feito pesadas críticas à postura do governo de Benjamin Netanyahu. Petro já mencionou publicamente a possibilidade de romper relações com Israel por conta do “genocídio” na Faixa de Gaza. O timing, ressalte-se, beneficia a dobradinha Embraer/Saab. Os próximos três meses serão decisivos na disputa pelo contrato com a Força Aérea colombiana: o país pretende firmar um memorando de entendimentos com o fabricante até o início de 2024, uma vez que os Kfir só serão utilizados até o fim do ano que vem.
As circunstâncias restringem também o poder de fogo da Israel Aerospace Industrie nas negociações junto à Argentina. Nesse caso, Embraer e IAI concorrem pelo fornecimento do caças que substituirão o Dassault Mirage III, desativados em 2015. Em termos financeiros, trata-se de um contrato inferior ao da Força Aérea colombiana: a estimativa é de aproximadamente US$ 600 milhões. Ainda assim, trata-se de um duelo importante para marcar território no mercado da América Latina. China e Índia também disputam a encomenda. No entanto, Brasil e Israel já estariam em tratativas mais avançadas. Devido às notórias restrições orçamentárias da Argentina, a própria IAI já ofereceu às Forças Armadas locais uma solução meia-sola: a venda de aeronaves Kfir de segunda mão, que teriam de passar por uma modernização em uma de suas fábricas em Israel. A Embraer, por sua vez, tenta emplacar o F-39 Gripen. Tem como trunfo as relações entre os governos do Brasil e a Argentina. E os efeitos que um conflito eventualmente mais longo poderão ter sobre sua concorrente.
O prolongamento da guerra na Faixa Gaza coloca em xeque a capacidade da Israel Aerospace Industrie de abrir novas frentes comerciais neste momento. A indústria de Defesa de Israel está desviando emergencialmente suas linhas de produção para atender às Forças Armadas do país – desde o início do confronto com o Hamas, a IAI passou a operar 24 horas por dia. Some-se a isso o fato de que a empresa já vinha de uma sobrecarga por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, que aumentou a demanda armamentista entre as principais nações da Europa.
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Política externa
Sergio Massa quer Lula como seu garoto-propaganda
20/10/2023Em meio às solicitações de financiamento que têm marcado as relações da Argentina com o Brasil, eis que surge um pedido razoavelmente singelo: ontem, assessores de Sergio Massa fizeram chegar ao Palácio do Planalto um pedido para que Lula grave um vídeo de apoio ao candidato governista à Presidência da República. O objetivo é viralizar o filmete nas redes sociais no fim de semana – as eleições ocorrem no próximo domingo. Seria uma clara resposta ao vídeo que Jair Bolsonaro gravou pedindo aos argentinos que votem em Javier Milei, o candidato de oposição. O depoimento foi postado por Milei em suas redes sociais na última terça-feira, ao lado da frase que já virou um bordão de campanha: “Viva la Libertad, carajo”.
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Destaque
Iveco corre contra o relógio para colocar seus blindados na Argentina
19/10/2023Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, uma negociação comercial com o país vizinho agita os bastidores nas áreas diplomática e militar. A Iveco mantém gestões junto ao governo, notadamente ao ministro da Defesa, José Múcio, para que o Brasil feche até o fim de novembro os termos da venda dos blindados Guarani produzidos em Sete Lagoas (MG) ao Exército argentino. Por termos, entenda-se, principalmente, o financiamento do BNDES, condição fundamental para que a Argentina consiga sacramentar o pedido.
Segundo o RR apurou, na tentativa de viabilizar a operação, a companhia e o próprio governo brasileiro já trabalham com a hipótese de uma cisão na encomenda. Nesse caso, o banco financiaria uma primeira tranche, envolvendo a venda de metade dos 161 veículos previstos originalmente – o que significaria um contrato da ordem de R$ 1 bilhão.
O timing é fundamental. A negociação está diretamente ligada ao pleito do próximo dia 22, na Argentina. A Iveco tenta criar um fato consumado, um hedge para o caso do oposicionista Javier Milei vencer as eleições. Durante a campanha, o candidato de extrema direita tem repetido que vai aumentar consideravelmente os gastos na área de Defesa.
Fala, inclusive, em retornar a níveis de 30 anos atrás, quando o país investia quase 2,5% do PIB no setor – hoje, esse índice não passa de 0,8%. No entanto, em relação especificamente ao projeto de compra dos novos blindados para o Exército, Milei é uma incógnita. Até agora, não deu pistas do que pretende fazer.
O risco é que, uma vez eleito, ele enxergue a operação mais seu fardamento político do que militar. O negócio ficou razoavelmente carimbado como um acordo entre Lula e Alberto Fernandez, sobretudo pela garantia de financiamento do BNDES.
As tratativas para o fechamento do contrato são complexas. Passam não apenas pela Iveco, fabricante dos blindados, e também por canais diplomáticos e militares entre os dois países. O Exército brasileiro está diretamente envolvido nas negociações.
Em maio, o próprio comandante da Força, general Tomás Miguel Paiva, esteve em Buenos Aires, quando teria tratado do assunto com o seu congênere argentino, o general Guilherme Pereda. Além de trabalhar por uma operação importante para a indústria de defesa brasileira, o Exército tem um interesse especial no acordo: detentor dos direitos sobre o Guarani, a instituição pode arrecadar até R$ 140 milhões em royalties caso os 161 veículos sejam vendidos.
Em tempo: há ainda um componente adicional nesse enredo. Na leitura da Iveco, o governo Lula tem um “débito” para honrar. Em julho deste ano, o Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento do Itamaraty vetou a negociação de 450 viaturas Guarani para a Ucrânia. Os veículos seriam transformados em ambulâncias blindadas.
Até hoje, as razões para a decisão não foram esclarecidas pelo governo brasileiro. A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados já requereu ao Itamaraty que explique os motivos do veto. O fato é que a Iveco viu escapar um contrato que poderia chegar a R$ 3,5 bilhões.
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Destaque
Estados Unidos e México cobram do Brasil medidas para estancar imigrantes ilegais
17/10/2023Um tema espinhoso está ganhando peso na pauta diplomática entre Brasil, Estados Unidos e México. Segundo uma alta fonte do Itamaraty, o governo mexicano articula uma reunião entre autoridades dos três países para tratar do problema da imigração ilegal na América do Norte. O encontro deverá ocorrer ainda neste mês na Cidade do México.
O Brasil vai para a discussão em uma posição razoavelmente desconfortável. De acordo com informações filtradas do Ministério das Relações Exteriores, Estados Unidos e México têm cobrado do governo Lula ações mais efetivas para conter o fluxo de imigrantes brasileiros que tentam atravessar clandestinamente a fronteira entre os dois países. Há pressão, sobretudo do departamento de estado norte-americano, para que as autoridades brasileiras arranquem o mal pela raiz, ou seja, combatam quadrilhas que atuam em território nacional. Existem grupos criminosos no Brasil que chegam a cobrar US$ 15 mil por pessoa com a promessa de entrada nos Estados Unidos.
Além disso, Washington quer que o governo Lula mantenha iniciativas severas implementadas na gestão de Jair Bolsonaro que facilitam e agilizam a deportação de imigrantes ilegais. Assessores do presidente para a área de política externa, a começar pelo mais influente de todos, o embaixador Celso Amorim, já cogitaram a possibilidade de revogação de acordos diplomáticos assinados entre Brasil e Estados Unidos em 2019, logo no primeiro mandato de Bolsonaro.
A principal medida é a possibilidade brasileiros serem deportados apenas com atestado de nacionalidade emitido pelo Consulado, sem a necessidade de confecção de um novo passaporte ou identidade – a maior parte dos imigrantes detidos ilegalmente não porta documentos pessoais.
Este é um tema de razoável recorrência na agenda do Brasil com Estados Unidos e México. Nos últimos meses, no entanto, a questão tomou uma dimensão maior. A área de Investigações de Segurança Interna do Immigration and Customs Enforcement’s (ICE), o serviço de imigração norte-americano, e o Instituto Nacional de Migración, seu congênere mexicano, desbarataram uma grande quadrilha responsável por levar brasileiros ilegalmente para os Estados Unidos.
As autoridades descobriram também o uso de duas novas rotas a partir do estado de Yucatán, no Golfo do México, até a região de Nova Laredo, na divisa com o Texas, um trecho de mais de 2,2 mil km. De acordo com números do ICE reportados ao Ministério das Relações Exteriores, mais de 25 mil brasileiros foram presos entre janeiro e agosto tentando entrar clandestinamente em território norte-americano. Trata-se de um volume 18% maior do que o registrado em igual período no ano passado.
A elevação do fluxo de brasileiros se dá justamente no momento em que o governo de Joe Biden implementou mudanças na sua política de imigração, acelerando a deportação dos estrangeiros detidos tentando entrar ilegalmente em território norte-americano. Além disso, Estados Unidos e México também assinaram um novo acordo.
O governo mexicano – que, historicamente atua como um backing vocal da Casa Branca na questão da imigração ilegal – se comprometeu a “despressurizar” as cidades na área de fronteira, agilizando a identificação e deportação de imigrantes ilegais ainda detidos dentro do país.
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Política externa
Ecos das guerras: Brasil aumenta importação de ureia da Bolívia
13/10/2023O Ministério da Agricultura deverá negociar com o governo da Bolívia um aumento, em caráter temporário, das importações de ureia, matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados. Trata-se de um hedge diante do agravamento dos conflitos entre Israel e o Hamas. O receio é que os confrontos possam afetar ou até mesmo interromper o fornecimento de adubo. Aproximadamente 5% das importações brasileiras de fertilizantes vêm de Israel. O produto representa aproximadamente de 44% das exportações israelenses para o Brasil. O Ministério da Agricultura teme também um repique nos preços do insumo. A ureia já vem de um contínuo ciclo de alta no mercado internacional: somete em setembro, o preço subiu 15%, chegando a US$ 400 por tonelada. Some-se a isso os efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia – esta última é um importante fornecedor de fertilizante para o Brasil.
Nesse cenário de incertezas, a Bolívia é uma solução, digamos assim, mais à mão. Os dois governos já costuram uma parceria para investimentos conjuntos na produção de ureia tanto de um lado quanto do outro da fronteira. Foi, inclusive, um dos assuntos tratados em reunião, na semana passada, entre o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e os ministros de Hidrocarbonetos e Energia e do Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, respectivamente Franklin Molina Ortiz e Remy Gonzalez.
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Política externa
Lula calibra o timing e a forma para se posicionar sobre conflitos em Gaza
10/10/2023A partir das conversas mantidas entre Lula e seus assessores de política externa, notadamente Celso Amorim, desde o fim de semana, há três possibilidades sobre a mesa para o posicionamento do Brasil em relação ao confronto entre Israel e o Hamas. Uma delas é o envio de uma carta aberta do presidente brasileiro a todos os 193 países membros da ONU. Outra ideia é um manifestação de Lula por meio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, neste momento presidido temporariamente pelo Brasil.
Do ponto de vista formal, o presidente se dirigiria a um número restrito de nações – o Conselho tem 15 integrantes, sendo cinco permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China). Por fim, a terceira hipótese discutida é um posicionamento de Lula ao G-20. Este seria o caminho menos convencional. A rigor, o “clube” das 20 maiores economias globais é um fórum de ministros da Fazenda e autoridades monetárias.
No entanto, Lula avalia que há um custo de oportunidade. O fato de o Brasil ser o atual presidente do G-20 e sede da próxima reunião de cúpula, no ano que vem, daria uma dimensão maior ao posicionamento. Ressalte-se ainda que o grupo reúne os países que efetivamente decidem e mandam no concerto das nações.
Política externa
Argentina e Venezuela tentam surfar na estiagem de chuvas na Amazônia
10/10/2023Segundo informações filtradas do Itamaraty, nos últimos dias tanto a Argentina quanto a Venezuela sondaram o governo brasileiro sobre o interesse em comprar energia, respectivamente, das hidrelétricas de Yacyretá e Guri. Noves fora a relação de proximidade com o presidente Lula, os países vislumbram a oportunidade de se aproveitar da estiagem no Norte do Brasil e seus efeitos sobre as usinas locais, notadamente Santo Antônio. A hidrelétrica foi forçada a interromper suas atividades devido à forte queda dos níveis de vazão do Rio Madeira, o que levou o governo a acionar as térmicas a gás Termonorte I e Termonorte II. Em contato com o RR, o Ministério de Minas e Energia afirmou que “por ora, descarta a necessidade de recorrer a fontes externas.”. Não custa lembrar que o governo Lula retomou a aquisição de energia da Venezuela, exatamente da hidrelétrica de Guri, que havia sido suspensa logo no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro. Nesse caso, o insumo é usado exclusivamente no abastecimento de Roraima, que está fora do Sistema Interligado Nacional.
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Política externa
Lula e Luiz Arce conversam sobre investimentos da Petrobras na Bolívia
9/10/2023Segundo uma fonte do Itamaraty, Lula terá, nesta semana, uma conversa por telefone com o presidente da Bolívia, Luiz Arce. Vai tratar da retomada dos investimentos da Petrobras na exploração de gás natural no país vizinho. E do interesse do Brasil em estender o atual contrato de fornecimento do insumo, que vence em 2025. Os preparativos para a conversa entre os dois presidentes começaram na semana passada, quando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com o seu congênere boliviano, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz. Na segunda quinzena de outubro, representantes da Pasta de Minas e Energia e da própria Petrobras são aguardados na Bolívia, mais precisamente em Santa Cruz de La Sierra, para encontros com autoridades locais. A ideia é que sejam discutidos projetos para as reservas de San Alberto, Sábalo, Itaú e San Telmo Norte, no departamento de Tarija.
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Política externa
A cirúrgica mensagem de Joe Biden a Lula
29/09/2023Lula está em lua-de-mel com o presidente norte-americano, Joe Biden. O RR apurou que Biden escreveu ao presidente brasileiro para que ele tenha sucesso na cirurgia no quadril e sua recuperação seja rápida. Segundo a mesma fonte, um prestigiado diplomata, a velocidade com o que o presidente dos Estados Unidos se pronunciou é incomum. A preocupação quase imediata com Lula é uma deferência cheia de significado político e importância estratégica, ainda que o presidente brasileiro tenha recebido cartas de apoio de outros chefes de Estado. A mensagem de Biden deflagrou, inclusive, uma discussão nas Relações Exteriores e no Planalto. A cúpula do governo quer divulgar a missiva. Mas a diplomacia acha que dar exposição à manifestação de Biden, isoladamente, será cabotinismo puro. O Itamaraty aceita a publicização desde que todas as demais mensagens também sejam divulgadas. O Planalto é contra. Argumenta que soltar uma lista dilui o peso geopolítico da relação. E coloca Biden no mesmo saco de outros chefes de Estado. Certo é que todas as correspondências serão respondidas com a assinatura pessoal do próprio Lula. O presidente deve aproveitar a ocasião para criar alguma situação de encontro presencial no Brasil ou no país do destinatário. Lula não vai deixar passar essa oportunidade de transformar sua intercorrência médica em uma operação de política externa.
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Destaque
Brasil costura acordo com a Índia para reduzir déficit de medicamentos
25/09/2023Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Narendra Modi durante a reunião de cúpula do G20.
De acordo com informações apuradas pelo RR, a parceria passa pela ampliação do fornecimento de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) produzido na Índia para o Brasil. A ideia é que os dois países também desenvolvam pesquisas conjuntas na área farmacêutica. Na relação de trocas bilaterais, será uma das contrapartidas à recente criação de uma aliança global dos combustíveis entre Brasil, Índia e Estados Unidos, da qual o presidente Lula foi o principal artífice – entre outras medidas, o governo brasileiro se comprometeu a transferir aos indianos tecnologia para a produção de etanol.
O Brasil tem sofrido sistematicamente com a falta de uma série de medicamentos, problema que atinge, sobretudo, a rede pública de saúde. Entre os casos mais graves, há déficit de insulina, de antibióticos, como amoxicilina e azitromicina, e de remédios oncológicos, a exemplo do Trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama. Guardadas as devidas proporções, existem semelhanças entre a indústria farmacêutica e o setor de fertilizantes no quesito dependência externa. O Brasil importa mais de 90% do IFA – o princípio ativo dos medicamentos – usado pela indústria farmacêutica local. Mais de 50% dos insumos vêm de quatro países – Alemanha, Estados Unidos, Suíça e China. A Índia ocupa apenas o nono lugar no ranking dos maiores vendedores de IFA para o Brasil. Há um enorme espaço de crescimento nessa relação vis-à-vis o peso do país asiático nesse mercado.
A indústria farmacêutica indiana é responsável, por exemplo, pelo suprimento de insumos para atender a quase 40% da produção de genéricos nos Estados Unidos. No caso da África, esse índice beira os 60%. A Índia responde ainda por quase 70% da demanda global de vacinas, com destaque para os imunizantes Vacina Tríplice Bacteriana, BCG e sarampo.
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Destaque
Brasil quer colocar seus green bonds na prateleira dos fundos soberanos
20/09/2023A emissão de US$ 2 bilhões em títulos verdes na Bolsa de Nova York, anunciada por Fernando Haddad na última segunda-feira, é apenas parte de uma operação engenhosa no mercado de capitais. A equipe econômica estuda o lançamento de green bonds junto a fundos soberanos árabes. Esta seria a terceira de uma sequência de captações globais planejadas por Haddad e seus assessores. A segunda está prevista para a Europa, no mesmo modelo idealizado para Nova York, ou seja, com a emissão dos títulos em bolsa. Convém ressaltar que a emissão na Nyse é considerada fundamental para o futuro êxito das demais operações.
O pulo do gato está mesmo reservado para o Oriente Médio, com uma colocação de papéis restrita, direcionada especificamente a um sindicato de fundos públicos da região. Trata-se de uma operação criativa, sofisticada e razoavelmente ousada. Na prática, é como se o Brasil estivesse engendrando um novo mercado, a partir de investimentos em bloco de Estados soberanos em um mesmo instrumento financeiro. Entre os potenciais tomadores estão potentados como o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), o Kuwait Investment Authority (Kia), o Public Investment Fund (PIF), da Arábia Saudita, e o Mubadala, também de Abu Dhabi – um quarteto que soma mais de US$ 2,5 trilhões em ativos.
A compra de títulos públicos atrelados a metas de sustentabilidade seria uma forma desses países reciclarem sua riqueza, oriunda e produtora da emissão de dióxido de carbono. Esse cinturão da Opep estaria aplicando seus recursos em papéis rentáveis e, ao mesmo tempo, fazendo uma operação cleaner da sua imagem, uma espécie de “fund washing”. Um mero exercício matemático, com base no volume que será ofertado na Bolsa de Nova York: mantidos os valores constantes, nas três tranches o governo estima arrecadar algo em torno de R$ 30 bilhões até o fim de 2024.
A equipe econômica está convicta de que haverá tomadores de sobra para os green bonds brasileiros, seja os emitidos diretamente em bolsa, seja em uma operação on demand para fundos públicos árabes. Até porque poucos países no mundo têm hoje tanto prestígio e autoridade para falar de metas de sustentabilidade quanto o Brasil. A excelente repercussão internacional do discurso de Lula na ONU que o diga. Entre os chefes de Estado, talvez não exista hoje um melhor “vendedor” de títulos verdes. De quebra, há ainda o fator Marina Silva. A ideia do governo é que a ministra do Meio Ambiente tenha, simbolicamente, um papel maior nos futuros lançamentos de papéis, notadamente na Europa. Aos olhos da comunidade internacional, Marina é vista praticamente como a personificação do compromisso brasileiro com o desenvolvimento sustentável. Sua presença no governo foi fundamental, por exemplo, para a retomada dos investimentos soberanos, mais especificamente da Alemanha e da Noruega, no Fundo Amazônia.
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Política externa
O Brasil ganha ainda mais gás nas relações com Argentina e Bolívia
4/09/2023Economía Negócios, tradicional publicação chilena, trouxe agora uma notícia que mexe consideravelmente com o tabuleiro geoeconômica da área de energia na América do Sul. O presidente da estatal YPFB, Armin Dorgathen, afirmou que, ao longo dos anos, a Bolívia deixará de exportar gás natural à Argentina. A declaração parte de uma premissa razoavelmente óbvia: a produção no campo de Vaca Muerta, que reduzirá gradativamente a necessidade de a Argentina importar gás boliviano. No entanto, o que mais chama a atenção é a declaração mais enfática e de viva-voz de Dorgathen sobre um assunto que tem sido tratado com certo cuidado, quando não através de um jogo de dissimulações cruzadas entre Bolívia e Brasil. Parece até que o executivo quis dar um recado a outro país da América do Sul…
Obs RR: Os desdobramentos de Vaca Muerta sobre o mercado sul-americano não serão imediatos. Mas, olhando-se para o médio prazo, o Brasil começa a ficar em uma posição mais confortável em relação ao gás sul-americano. Ao reduzir as exportações para a Argentina, a Bolívia terá de vender esse volume em outro mercado. E que outro mercado seria se não a maior economia da América Latina? Os movimentos da Petrobras para retomar investimentos em óleo e gás em território boliviano aumentam o poder de negociação do Brasil em relação aos bolivianos. E ainda Vaca Muerta. A possibilidade de o BNDES financiar a construção do gasoduto, vinculada a uma extensão do pipeline ao Rio Grande do Sul, colocam o país em uma posição privilegiada para negociar com a Argentina o fornecimento de gás de Vaca Muerta. E se a Margem Equatorial sair, aí, então, o Brasil fica em uma situação ainda mais positiva à mesa de negociações com seus vizinhos.
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Política externa
Lula vai fazer política externa sem sair de casa
4/09/2023A próxima “viagem” internacional de Lula deverá ser em Brasília. O Palácio do Planalto e o Itamaraty articulam um encontro entre o presidente e embaixadores estrangeiros. Na reunião, Lula deverá bater na tecla dos assuntos que costumam inflar seu prestígio no exterior, como meio ambiente, transição energética e segurança alimentar. Para além da pauta, o evento teria um forte valor simbólico: na última vez que um presidente da República reuniu os embaixadores no Palácio do Planalto, deu no que deu: foi o malfadado encontro de 18 de julho de 2022, quando Jair Bolsonaro atacou o STF e a Justiça Eleitoral e lançou suspeições sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Exatos 347 dias depois, a diatribe rendeu a condenação e a inelegibilidade de Bolsonaro.
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Política externa
Candidata à Presidência da Argentina tenta ganhar o “voto” de Lula
31/08/2023O RR apurou que a candidata à Presidência da Argentina Patricia Bullrich teve uma conversa reservada, ontem, com o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli. Patricia fez questão de desmentir os recentes rumores de que, se eleita, determinaria a saída do país do Mercosul. Ressaltou ainda o interesse em levar adiante parcerias que estão sendo costuradas neste momento entre os presidentes Lula e Alberto Fernández, notadamente na área de energia. Ou seja: mandou recado e falou o que o governo brasileiro gostaria de ouvir. A candidata de centro-direita disputa cabeça a cabeça com o peronista Sergio Massa o segundo lugar nas pesquisas, lideradas pelo “anarcocapitalista” Javier Milei. Massa é o “candidato” do governo Lula. Mas, caso o situacionista não vá para o segundo turno, o Brasil terá de buscar um Plano B. Provavelmente, “B” de Bullrich.
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Destaque
Governo Lula costura aliança entre BRICs e banco de fomento da América Latina
31/08/2023O governo Lula está empenhado em redesenhar o mapa da geopolítica global. Após ser um dos artífices da entrada de novos membros no clube dos BRICs, ainda que em escala menor o Brasil quer fazer algo similar na CAF (Corporación Andina de Fomento). Segundo o RR apurou, o governo pretende liderar gestões para o ingresso de países dos BRICs no banco de desenvolvimento latino-americano. Já existem tratativas para a chegada dos Emirados Árabes e do Catar. Seria só um aquecimento.
O grande objetivo do Brasil é trazer, sobretudo, a China e a Índia, o que aumentaria o poder de fogo da CAF, hoje um organismo de pequeno calibre se comparado a outras agências de fomento multilaterais. Ressalte-se que os dois países já têm um pé na entidade: China e Índia, esta por meio do Eximbank of India, figuram entre os aliados globais da CAF.
Tão ou mais importante do que o efeito concreto dessa parceria é o seu impacto simbólico. O governo Lula tem sido uma força motriz importante para a reconfiguração das alianças multilaterais, a partir de uma nova análise combinatória entre países e blocos. Trata-se de uma construção que tem sido erguida gradativamente, como neste caso específico. Em junho, por exemplo, o New Development Bank (NDB) – o Banco dos BRICs – e a CAF renovaram um acordo de cooperação firmado originalmente em 2016. Na ocasião, Dilma Rousseff, presidente do NDB, e Sergio-Diaz Granados, presidente-executivo da agência latino-americana, citaram textualmente a disposição de “co-financiar projetos de desenvolvimento públicos e privados em países de interesse mútuo”.
Este é um movimento visto como estratégico dentro do Itamaraty. O apoio dos BRICs à CAF reforçaria a posição de liderança do Brasil na América Latina, colocando o país em uma posição ainda mais privilegiada nas relações de troca regionais. Ao mesmo tempo, evidenciaria a proeminência do Brasil entre os próprios BRICs. A inclusão dos Emirados Árabes Unidos e do Catar vai por este caminho. Sob certo aspecto, o ingresso dos endinheirados do petróleo no banco latino-americano seria uma espécie de contrapartida tácita ao empenho do Brasil para inclusão dos dois países entre os BRICs.
De acordo com uma alta fonte diplomática em Brasília, a iniciativa tem também o apoio da Argentina, um membro razoavelmente influente dentro do CAF. Nesse caso, em relação especificamente ao Catar, não há nada de tácito: o voto argentino seria mesmo uma retribuição ao recente empréstimo de US$ 775 milhões do país árabe para o governo de Alberto Fernández quitar obrigações financeiras junto ao FMI.
Como de hábito, não há jogo só de ida na geoeconomia global. Para nações como China e Índia, assim como outros membros dos BRICs, a associação à CAF seria um caminho para aumentar a influência em uma região chave para a economia do futuro. Na América Latina, a começar pelo próprio Brasil, estão alguns dos maiores projetos de transição energética em curso no mundo. O Mercosul, com sua produção de grãos, é um dos grandes fiadores da segurança alimentar no mundo. E quem quiser cobre, cobalto e, sobretudo, lítio terá de fincar bandeira na América do Sul.
Em tempo: além dos BRICs, o Itamaraty trabalha também pela inclusão de países menos abonados da América Latina na CAF. Os dois primeiros seriam Belize e Martinica. O assunto deverá ser discutido na reunião de cúpula da CAF prevista para o próximo dia 14 de setembro, em Madri.
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Destaque
Petrobras pode ser o ponto de fusão entre Brasil e Bolívia no lítio
30/08/2023A retomada dos investimentos da Petrobras em terras bolivianas vai além da exploração de petróleo e gás. A estatal poderá ser uma ponte entre Brasil e Bolívia para uma parceria na produção de lítio. Ainda que incipientes, já existem alguns passos nessa direção.
Segundo o RR apurou, uma comitiva da Petrobras viajará ao país vizinho no mês que vem para visitar reservas do mineral pertencentes à estatal YLB (Yacimientos de Lítio Bolivianos). A delegação deverá percorrer as jazidas de Uyuni, Coipasa e Pastos Grandes, que somam cerca de 23 milhões de toneladas de lítio já comprovadas. De acordo com a mesma fonte, a agenda incluiria também encontros com representantes da chinesa Citic Guoan Corporation e da russa Uranium One Group.
Ao lado da YLB, ambas estão construindo dois complexos industriais opara a extração e processamento do mineral nas reservas de Uyuni e Coipasa, um investimento da ordem de US$ 1,5 bilhão. Em contato com o RR, a Petrobras informou que “está, no momento, desenvolvendo estudos sobre os investimentos para seu Plano Estratégico 2024-2028.” Segundo a companhia, “o direcionador estratégico para a área de gás e energia e renováveis é atuar de forma competitiva e integrada, otimizando o portfólio e atuando na inserção de fontes renováveis, com um indicativo de investir entre 6% e 15% do total previsto em projetos de baixo carbono.
” A Petrobras lembra que “baterias e outras tecnologias de armazenamento de energia fazem parte do contexto da transição energética”. Mas é cautelosa e diz que “atualmente não há nenhuma definição quanto a investimentos ou parcerias neste segmento nem acerca de seu posicionamento no segmento de extração de lítio.”
O próprio ministro de Energia da Bolívia, Franklin Molina, já andou dando spoiler sobre o assunto. Há pouco mais de um mês, em entrevista a uma TV local, deixou escapar a possibilidade de a Petrobras investir em lítio no país. O script idealizado pelo Brasil vai ainda mais longe. O governo brasileiro vislumbra a oportunidade de trazer parceiros internacionais para a produção do mineral do lado de cá da fronteira. Mais do que isso: a parceria com a Bolívia seria o passaporte para um movimento multilateral sabidamente almejado pela gestão Lula: a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”, o bloco que está sendo costurado por bolivianos, chilenos e argentinos, detentores de quase 70% das reservas globais do insumo. O governo brasileiro acreditar estar empilhando créditos para que isso aconteça: além da retomada dos projetos da Petrobras na Bolívia, há conversações para o aumento dos volumes de gás adquiridos do país vizinho.
Política externa
Imbróglio logístico entre Brasil e Argentina chega ao fim
29/08/2023Uma novela diplomática que o RR vem acompanhando no backstage da diplomacia, detalhe por detalhe, está perto do fim: segundo uma fonte do Itamaraty, a Argentina já comunicou ao governo brasileiro que vai suspender a cobrança de pedágio na hidrovia Paraná-Paraguai. Para todos os efeitos, a decisão dos argentinos vai vigorar por 60 dias, o tempo para que o assunto seja discutido no Comitê Intergovernamental da Hidrovia. No entanto, no Ministério das Relações Exteriores, ninguém leva fé que o governo Alberto Fernández vai retomar o pedágio às embarcações que atravessam o corredor logístico. Sobretudo depois que Lula abriu a porta dos Brics para a Argentina e propôs que, na falta de dólares, o país vizinho possa pagar as exportações brasileiras com Yuan. Estava escrito nas estrelas – e no RR – que o governo Lula tinha crédito de sobra para acabar com o contencioso multilateral.
Política externa
E Marcio Pochmann pode acabar em Angola
24/08/2023Segundo fonte do Itamaraty, no encontro de amanhã, em Luanda, o presidente de Angola, João Lourenço, deverá formalizar a Lula o pedido de apoio do Brasil para a realização do Censo local. Nesse caso, caberia ao IBGE ajudar no planejamento, na coordenação das entrevistas e no treinamento dos recenseadores. Desde 1965, quando conquistou a Independência de Portugal, Angola teve apenas três Censos, o último em 2014. E o que o Brasil pode levar em troca? Entre outras pautas, acordos no agronegócio e a possibilidade de exportação de serviços para o grande projeto de irrigação do Cunene, província árida do Sul de Angola.
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Política externa
Lula vai à Angola e Angola vem ao Brasil vender o seu petróleo
21/08/2023O petróleo terá um papel central na pauta da visita de Lula a Angola, nos próximos dias 25 e 26.Os angolanos pretendem buscar investidores no Brasil para atuar na exploração e produção de óleo e gás. Segundo tratativas preliminares entre os dois países, a própria Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis de Angola pretende realizar um road show no Brasil para promover suas futuras rodadas de licitações. Há uma marcada logo ali na frente, em 30 de setembro, quando a agência vai leiloar as bacias terrestres de Kwanza e do Congo. Em tempo: cabe recordar que, em um passado recente, a Petrobras já teve operações de exploração e produção no continente africano, mais precisamente em Angola, Benin, Gabão, Tanzânia e Namíbia, por meio de uma joint venture com o BTG. Um negócio de incômoda lembrança tanto dentro da estatal quanto para André Esteves. Em 2019, a Lava Jato investigou suspeitas de irregularidades na venda dos ativos ao banco.
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Política externa
Diplomatas se reúnem agora em Buenos Aires para discutir cobrança polêmica em hidrovia
17/08/2023O governo argentino convocou uma reunião, agora à tarde, com os embaixadores do Brasil, da Bolívia e do Paraguai, na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Buenos Aires. No encontro, as autoridades argentinas prometem apresentar com detalhes os investimentos feitos na hidrovia Paraná-Paraguai, o que justificaria a polêmica cobrança de pedágio, no valor de US$ 1,47 por tonelada de carga nas embarcações que trafegam pelo corredor fluvial. Um diplomata brasileiro que acompanha as tratativas disse ao RR que o governo argentino deverá alegar, na reunião de hoje, que o tributo não fere o Tratado de Santa Cruz de La Sierra, de 1992. O acordo versa sobre as regras de navegação na hidrovia. Conforme o RR já informou, a cobrança da taxa adicional tem gerado divergências entre os países do Mercosul e pressão de grandes companhias de navegação pela extinção do imposto.
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Política externa
Lula tenta ganhar tempo no difícil encaixe do Mercosul com a China
17/08/2023Informação de alta fonte do Ministério das Relações Exteriores: o governo brasileiro avalia solicitar uma reunião entre os presidentes dos países membros do Mercosul até o fim de outubro. Seria um movimento de Lula, com o apoio da Argentina e do Paraguai, com o objetivo de se antecipar à viagem do presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, a Pequim, programada para novembro. Lacalle Pou insiste na negociação de um acordo bilateral com a China em detrimento de um tratado entre o Mercosul e o país asiático. De acordo com a mesma fonte, Lula deverá colocar sobre a mesa a garantia de que o Brasil não fará mais reduções unilaterais de tarifas de importação de produtos de fora do bloco econômico.
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Política externa
Macron é um fator de apreensão para o Brasil e o Mercosul
15/08/2023A recusa de Emmanuel Macron ao convite de Lula para participar da Cúpula da Amazônia acendeu um sinal de alerta no Itamaraty. Não obstante a boa relação entre ambos e as palavras elogiosas de Macron ao evento, postadas no Twitter na última terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores olha não para a figura, mas para o fundo. A ausência foi interpretada como um indicativo de que Macron vai endurecer ainda mais nas negociações em torno do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente francês tem sido um crítico contumaz dos países da América Latina no que diz respeito as suas políticas ambientais. A França é considerada uma peça-chave para a ratificação do acordo comercial entre os dois blocos econômicos. Tanto que entre os assessores de política externa de Lula, a começar por Celso Amorim, já há quem defenda uma nova viagem do presidente à Europa ainda neste ano, com mais um encontro tête-à-tête com Macron. Por sinal, Paris traz ótimas lembranças recentes. Foi lá que, em junho, fez um discurso histórico por ocasião da Cúpula para o Novo Pacto de Financiamento Global.
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Política externa
Brasil deve voltar a comprar energia da Venezuela
4/08/2023O Ministério de Minas e Energia abriu tratativas com o governo da Venezuela para comprar energia do país vizinho. A ideia é que o acordo com a estatal venezuelana Corpoelec entre em vigor ainda neste ano. O objetivo é garantir o suprimento do insumo para a Roraima, que sofre com o déficit energético. Seria uma solução temporária, até a construção da linha de transmissão Manaus-Boa Vista e a consequente conexão do estado ao Sistema Integrado Nacional. Roraima precisa de energia extra. Ponto. Mas, como quase todos os movimentos da gestão Lula na América do Sul, há segundas intenções que conversam com a política externa do governo.
Um importante projeto acalentado pelo presidente Lula é a entrada do Brasil na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – conforme o RR já informou. A Venezuela, membro fundador da Opep, é tratada no governo como a grande avalista para o ingresso do país na entidade. Nesse caso, qualquer moeda de troca com o presidente Nicolás Maduro passa a ter um valor ainda maior. Dessa disposição de entrar na Opep é que derivam as declarações de que “A democracia é relativa” e “Nicolás Maduro é um presidente democrata”.
O governo Lula não está inventando moda. O Brasil comprou energia da Venezuela por 18 anos seguidos. O acordo começou em 2001, no governo FHC, no auge da crise do apagão. Em março de 2019, logo no terceiro mês de mandato, o presidente Jair Bolsonaro desfez o contrato, uma decisão eivada de uma forte dose de ideologia. Desde então, o abastecimento de Roraima tem sido feito por quatro termelétricas da Roraima Energia. As usinas consomem mais de um milhão de litros de diesel por dia, custo que é subsidiado pelo governo federal. Por ano, Brasília repassa a Roraima cerca de R$ 1 bilhão para cobrir as despesas com o funcionamento das térmicas.
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Destaque
Brasil usa seu crédito com a Argentina para resolver imbróglio fluvial
2/08/2023O governo brasileiro já entrou em campo para desatar um raro nó nas relações diplomáticas com a Argentina. O Palácio do Planalto trabalha para que o governo argentino suspenda a tarifa extra imposta aos navios que circulam no Rio Paraná entre Santa Fé e Confluência, um trecho de aproximadamente 550 quilômetros. Denominada “Via Navegável Troncal”, a taxação consiste na cobrança de US$ 1,47 por tonelada de registro bruto da carga. O “pedágio” fere acordos firmados entre os países do bloco. O assunto subiu para o andar mais alto da República e tem sido objeto de conversas entre o Lula e o presidente Alberto Fernández. O Brasil tem a faca e o queijo na mão para equacionar o imbróglio, dada a notória ascendência de Lula sobre Fernández. Isso para não falar que a Argentina está pires de mão, pleiteando o apoio brasileiro a diversos projetos, a começar pela construção do gasoduto Nestor Kirchner.
A cobrança da tarifa está impondo um custo adicional a empresas de navegação e de logística que operam na Hidrovia Paraguai-Paraná, um dos principais corredores de escoamento de cargas do Cone Sul. Há um pleito de entidades representativas, a exemplo da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação, de que o governo brasileiro interceda no caso. Na última sexta-feira, um episódio aumentou o senso de premência do Itamaraty em resolver a questão. Segundo o RR apurou, a Administração Geral de Portos da Argentina apreendeu o rebocador “HB Grus”, pertencente à Hidrovias do Brasil, que circulava no Rio Paraná. O órgão exigiu o pagamento de US$ 4.232,13 para liberar a embarcação. Consultada pelo RR, a empresa não quis se pronunciar.
No que depender das relações entre Lula e Fernández, os setores e empresas interessados no assunto já podem olhar o futuro com um pouco mais de tranquilidade. É o caso da Arauco. O grupo chileno está investindo mais de R$ 15 bilhões em uma fábrica de celulose em Inocência (MS). No plano logístico do grupo, o Rio Paraná será uma rota fundamental de escoamento. De acordo com informações obtidas junto a fontes do Ministério das Relações Exteriores, além das gestões do presidente Lula junto à Casa Rosada, o chanceler Mauro Vieira vai levar a discussão para o âmbito do Mercosul, na tentativa de acelerar um acordo com a Argentina.
Política externa
O mar não está para peixe nas relações entre Brasil e China
27/07/2023Há uma pauta cheia de escamas nas relações comerciais entre Brasil e China. Nas últimas semanas, as autoridades sanitárias chinesas passaram a fazer testes mais rigorosos e a impor novas exigências para os pescados importados de produtores brasileiros. O Ministério da Agricultura acompanha o caso com razoável dose de preocupação. Existe um receio de que o governo chinês, guardadas as devidas proporções, esteja repetindo uma tática usualmente adotada para pressionar os preços da carne bovina brasileira: criar dificuldades de ordem fitossanitária, incluindo embargos temporários às importações. Não seria a primeira vez. Em setembro de 2020, por exemplo, a China suspendeu as compras da empresa Monteiro Indústria de Pescados Ltda por uma semana, depois que um pacote de peixe congelado testou positivo para o coronavírus.
- O Brasil ainda é um peixinho miúdo no mercado global da psicultura. Mas o setor tem feito crescentes investimentos, muitos deles com apoio do governo, leia-se Embrapa, para aumentar sua inserção nesse oceano global. No ano passado, as exportações chegaram a US$ 24 milhões, recorde histórico. A China representa apenas 10% desse total. Porém, o temor na Pasta da Agricultura e entre as empresas do setor é que eventuais embargos aos pescados brasileiros provoquem um efeito-dominó levando outros países a adotarem o mesmo procedimento. As atenções se concentram, sobretudo, nos Estados Unidos, que absorvem mais de 70% das exportações brasileiras.
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Política externa
Brasil e China semeiam uma nova parceria no agronegócio
26/07/2023O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vem mantendo conversações com o governo chinês para uma parceria na produção de sementes no Brasil. As tratativas se dão no âmbito dos acordos firmados entre os dois países para investimentos conjuntos no agronegócio. O apoio de Pequim poderia se consumar, por exemplo, por meio da LongPing Hitech, uma das maiores produtoras de sementes do mundo. O grupo chinês, que, em 2017 pagou US$ 1 bilhão pelo braço de agroscience da Dow no Brasil, já é um dos grandes players do setor no país. Nos últimos dez anos, o volume total de sementes de soja, milho, algodão, trigo, arroz e feijão saltou de 1,7 milhão para quatro milhões de toneladas por safra. Há estimativas que esse número chegue a seis milhões de toneladas em três anos.
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Política externa
Bolívia pede apoio do Brasil para construir fábrica de fertilizantes
25/07/2023A Bolívia tem feito sondagens junto ao governo Lula sobre o eventual interesse do Brasil em participar do projeto de construção de uma fábrica de amônia e ureia na região de Cochabamba. Os dois insumos são fertilizantes nitrogenados – a dependência brasileira do nitrogênio é de 95,7% da demanda interna. O empreendimento, a cargo da estatal boliviana YPFB, está orçado em aproximadamente US$ 1,3 bilhão. O governo do presidente Luiz Arce mira, sobretudo, na Petrobras. Ressalte-se que a companhia já anunciou o plano de retomar investimentos nos países vizinhos. Assim como sinalizou o seu retorno ao setor de fertilizantes. O projeto da YPFB juntaria uma coisa com a outra. A questão é como o governo Lula justificaria um investimento como esse em território boliviano com o Brasil tendo que importar 85% do fertilizante que consome.
Política externa
Lula e futuro presidente do Paraguai têm um encontro marcado
24/07/2023O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, virá ao Brasil antes da sua posse, marcada para 15 de agosto, para se reunir com Lula. O tema nevrálgico da pauta será a renovação do Tratado Itaipu, que vence neste ano. Segundo informações filtradas do Itamaraty, assessores de Peña na área de política já sinalizaram que o seu governo vai comprar os 50% da produção de energia da hidrelétrica a que o Paraguai tem direito. Na Pasta de Minas e Energia, no entanto, há uma leitura de que o novo presidente do Paraguai quer apenas endurecer na primeira fase de negociações para, à frente, cobrar um preço maior para abrir mão de parte da sua cota.
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Destaque
Governo Lula faz movimentos para distensionar relações diplomáticas com o Uruguai
20/07/2023Em meio a tensões diplomáticas no âmbito do Mercosul, o governo Lula prepara alguns afagos ao Uruguai. Segundo o RR apurou, o Ministério de Minas e Energia deverá autorizar, em caráter temporário, a venda de energia para o país vizinho. A informação, inclusive, já circula junto a um petit comité do setor elétrico, leia-se grandes grupos que têm atuado de forma mais intensa nas exportações do insumo, casos de Engie e AES. As vendas para o exterior estão suspensas desde 11 de junho, como uma medida de segurança energética e preservação dos níveis dos reservatórios com o fim do período de chuvas no país. O recuo seria uma medida de exceção, emergencial, uma política de boa vizinhança em apoio ao Uruguai, que vive a sua pior seca em mais de 70 anos. Nos últimos meses, o país se viu obrigado a aumentar consideravelmente a importação de energia elétrica. As hidrelétricas locais estão operando a apenas 15% da capacidade instalada. O governo brasileiro já sinalizou também a intenção de financiar a compra de equipamentos e tubulações para acelerar as obras de construção de uma adutora a partir do Rio San José, que deságua no Rio de La Plata, às margens de Montevidéu.
Mais do que uma política de boa vizinhança, as medidas do governo brasileiro ganham uma dimensão maior no atual contexto das relações exteriores. O presidente Luis Lacalle Pou tem sido uma voz dissonante dentro do Mercosul e, por consequência, um agente de contestação à própria liderança do Brasil e – por que não dizer? – de Lula na América do Sul. Pou insiste em conduzir negociações para um acordo bilateral com a China à margem do bloco econômico.
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Política externa
Alckmin tem um abacaxi para descascar com a Argentina
13/07/2023Há um problema cítrico sobre a mesa de Geraldo Alckmin, híbrido de vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio. Grandes exportadores de frutas foram a Alckmin pedir que ele interceda junto ao governo argentino para estancar o crescente atraso no pagamento dos embarques ao país. Há relatos de contratos de exportação com inadimplência superior a 120 dias. Do lado de lá da fronteira, as empresas que estão na ponta importadora jogam a culpa para o Fisco argentino, que estaria retendo valores indevidos na aduana. Em tempo: a princípio, pode soar estranho que o setor tenha batido à porta de Geraldo Alckmin e não do Ministério da Agricultura ou mesmo do Itamaraty. No entanto, o segmento, por meio da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas), se aproximou do vice-presidente durante a campanha eleitoral e o período de transição. O presidente da entidade, Guilherme Coelho, já levou a Alckmin propostas para o governo aumentar os investimentos em irrigação.
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Política externa
Há um palanque em Buenos Aires à espera de Lula
10/07/2023Segundo informação filtrada do Itamaraty, Lula fará uma viagem à Argentina até outubro para se reunir com o presidente Alberto Fernández. A data é simbólica: o petista desembarcará em Buenos Aires às vésperas das eleições presidenciais argentinas. Para todos os efeitos, a agenda oficial vai passar por temas prementes, que estão na pauta bilateral: como a venda de gás e o financiamento à construção do gasoduto de Vaca Muerta. No entanto, pelo timing, será difícil dissociar o Lula presidente da República do Lula cabo eleitoral. Na semana passada, por exemplo, ele teve um encontro com o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, candidato da situação à Presidência. Do lado de lá da fronteira, a reunião foi interpretada como uma manifestação de apoio velada – ou nem tanto – de Lula a sua candidatura. Nada muito diferente do que Jair Bolsonaro fez em 2019, ao visitar a Argentina durante a campanha eleitoral. Seu candidato, o então presidente Maurício Macri, foi derrotado.
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Política externa
Lula desponta como o maior cabo eleitoral de Michelle Bachelet na ONU
6/07/2023Há uma outra sucessão, também em 2026, no radar do governo Lula. Mais precisamente do Itamaraty. Segundo o RR apurou, Argentina e Chile têm buscado o apoio do Brasil para a possível candidatura de Michelle Bachelet à Secretaria Geral das Nações Unidas. Atualmente, o posto é ocupado pelo português António Guterres, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro de 2026. A ex-presidente chilena sempre teve a simpatia tanto de Lula quanto de Dilma Rousseff. Em 2019, Bachelet foi alvo de ataques do então presidente Jair Bolsonaro. À época, na condição de Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, fez duras críticas à política de Bolsonaro para a área – ou à falta de uma política. A candidatura de Simone Bachelet seria construída a partir de uma coalizão entre países da América Latina, com o apoio de nações africanas. O presidente Lula teria um papel fundamental na construção dessa aliança e na busca de votos.
O nome de Bachelet desponta com um apelo natural: a Secretaria Geral das Nações Unidas nunca foi comandada por uma mulher. Na América Latina, há outra potencial candidata: a mexicana Alicia Bárcena Ibarra, que disputou – e perdeu – com o brasileiro Jarbas Barbosa a eleição para a direção da Organização Pan-Americana de Saúde. Alicia, que assumiu o Ministério das Relações Exteriores do México, poderia ter o apoio dos Estados Unidos.
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Política externa
Chile e Brasil juntam os fios na energia renovável
4/07/2023Os governos de Lula e Gabriel Boric começam a discutir uma política conjunta de investimentos em energia renovável. Do lado chileno, os projetos seriam desenvolvidos no âmbito da petroleira estatal Enap. Ressalte-se ainda que Boric já manifestou a intenção de criar uma nova empresa pública exclusivamente para a produção de hidrogênio verde. Em janeiro deste ano, não custa lembrar, o Chile firmou um acordo com a Colômbia para investimentos em geração renovável.
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Política externa
Moçambique quer atrair grandes produtores de algodão brasileiros
3/07/2023Em meio aos preparativos para a viagem de Lula à África, em agosto, Brasil e Moçambique negociam possíveis parcerias no agronegócio. Um dos alvos é o cultivo de algodão. Segundo informações filtradas junto ao Itamaraty, os moçambicanos querem o apoio do governo Lula para que grupos brasileiros do segmento passem a atuar no país. Na mira, gigantes do setor, como o Grupo Amaggi, do ex-ministro Blairo Maggi, e a SLC Agrícola. Moçambique, um dos principais produtores de algodão da África, vive um momento conturbado. A inglesa Plexus, que detinha uma parcela expressiva das lavouras de cotonicultura no país, suspendeu suas atividades, deixando mais de 80 mil pequenos agricultores locais praticamente sem renda. O imbróglio se desenrolou por meses. Na semana passada, uma empresa portuguesa comprou parte das operações da Plexus. O governo moçambicano quer aumentar o número de players no setor de algodão para reduzir a concentração na mão de uns poucos grupos. E o Brasil é visto como um parceiro natural.
Política externa
Brasil e Argentina avançam em negociações na área de energia
28/06/2023Na esteira do recente encontro entre Lula e Alberto Fernández, na última segunda-feira, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, deverá desembarcar em Brasília nos próximos dias. Na agenda, duas missões: negociar com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um acordo para a compra de gás do Brasil e discutir o possível empréstimo do BNDES à construção do gasoduto Nestor Kirchner.
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Destaque
Brasil e Estados Unidos negociam acordo contra o terrorismo
27/06/2023O Ministério da Justiça está discutindo com o seu congênere norte-americano, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, um acordo de cooperação voltado especificamente ao combate à chamada criminalidade complexa. Entram nesse rol, entre outras modalidades, os crimes cibernéticos, a lavagem de dinheiro e o terrorismo. Este último é justamente o ponto mais sensível para os norte-americanos. Os Estados Unidos miram, sobretudo, na Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai. Já há algum tempo investigações internacionais apontam a atuação de células ligadas a grupos terroristas na região. Segundo a fonte do RR, os norte-americanos querem intensificar o monitoramento nessa área, incluindo a presença de integrantes do Bureau of Counterterrorism – agência de combate ao terrorismo no exterior. Procurado pelo RR, o Ministério da Justiça não se pronunciou.
O assunto ainda é tratado em uma esfera muito restrita dentro da Pasta da Justiça. O próprio ministro, Flavio Dino, está diretamente envolvido nas discussões com o governo norte-americano, em conjunto com o Itamaraty. Em 2019, não custa lembrar, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, firmou convênios com o próprio FBI e o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security – DHS) para o compartilhamento de informações sobre o crime organizado. Para Dino e sua equipe, não passou de espuma, com poucos efeitos práticos. A ideia agora é que, além da Polícia Federal e do FBI, a atuação conjunta envolva também o Ministério Público e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
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Política externa
Marina vai “vender” o Brasil em reunião de cúpula
26/06/2023A ministra Marina Silva será uma peça-chave na delegação brasileira que participará da reunião de cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia (EU), marcada para os dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas. Marina deverá ter uma agenda de encontros com autoridades da área de meio ambiente da comunidade europeia. No próprio Palácio do Planalto, a expectativa é que a ministra de maior prestígio internacional do governo Lula volte da Bélgica com novos acordos para investimentos em ações ambientais e até mesmo transição energética no Brasil.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já sinalizou a liberação de 2 bilhões de euros para a produção de hidrogênio verde. Segundo o RR apurou junto a fonte do Itamaraty, há gestões para que Noruega e França também anunciem o repasse de novos recursos para projetos de combate ao desmatamento na Amazônia. Nesse contexto, Marina pode se tornar a principal e única estrela da comitiva brasileira, caso Lula leve adiante a decisão de não participar da reunião de cúpula. Durante sua passagem por Roma, lideranças europeias trabalharam junto a assessores do presidente para convencê-lo a estar em Bruxelas no dia 17 de julho.
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Política externa
OEA vai impor sanções aos países devedores: o Brasil é um deles
23/06/2023A participação do Brasil na 53a Assembleia-Geral da OEA, que se encerrará logo mais, às 22 horas de Brasília, foi cercada de uma certa dose de constrangimento. A delegação brasileira, chefiada pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura Rocha, foi porta-voz da promessa do governo brasileiro de que o país quitará integralmente sua dívida com a entidade até agosto. Ressalte-se que os valores estão longe de ser uma fortuna. Há cerca de duas semanas, segundo o RR apurou, o Brasil pagou cerca de US$ 20 milhões. Ainda deve, no entanto, algo em torno de US$ 13 milhões, cifra relativa à cota de 2023, que deveria ter sido quitada em 2 de janeiro. De acordo com fonte do Itamaraty, o assunto ganhou relevância nas discussões a porta fechadas por conta das dificuldades orçamentárias da OEA. Tanto que, ainda hoje, a entidade votará uma proposta com sanções mais rigorosas aos países devedores. A norma sugerida prevê que as nações em débito não poderão indicar candidato para integrar qualquer organismo da entidade; seus estudantes não terão direito a bolsa para custeio de ensino, não poderão sediar a assembleia-geral ou outras reuniões da organização e muito menos votar em qualquer debate, entre outros vetos.
Do jeito que está, a conta não fecha. O atual passivo acumulado dos países membros soma US$ 73 milhões, mais de 65% do orçamento anual da entidade – US$ 110 milhões. A relação de devedores, curiosamente, é encabeçada pelos Estados Unidos e reúne, além do Brasil, Argentina, Barbados, Bolívia, Belize, Equador, Dominica, Granada, Guiana e Haiti.
Política externa
Casa da Moeda vai rodar mais dinheiro para a Argentina
12/06/2023Se há uma empresa brasileira que, literalmente, deve fazer ainda mais dinheiro com as boas relações entre Lula e Alberto Fernández é a Casa da Moeda. Há negociações para que a estatal brasileira fabrique uma nova remessa de pesos argentinos ainda neste ano. Por ora, as tratativas estão trancadas a sete chaves na empresa. Mas, segundo informações filtradas pelo RR, seria um contrato ainda maior do que o executado no ano passado, quando a Casa da Moeda produziu mais de 600 milhões de cédulas de pesos. A empresa brasileira deverá avançar atendendo uma parcela da demanda do Banco Central da Argentina que, nos últimos dois anos, foi suprida por encomendas a outros países, notadamente a China. Consultada pelo RR sobre o novo pedido, a Casa da Moeda disse que as “informações solicitadas sobre o contrato com a Casa da Moeda da Argentina são sigilosas”.
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Política externa
Governo angolano quer financiamento brasileiro para obra da antiga Odebrecht
9/06/2023A agenda da visita do presidente Lula a Angola, prevista para agosto, terá um item indigesto. O governo angolano sinalizou ao Itamaraty a intenção de pleitear um empréstimo para a construção do terminal oceânico de Dande, na província de Bengo, a pouco mais de 60 km da capital Luanda. A obra está orçado em US$ 500 milhões. Seja pelo financiamento à exportação de serviços, seja pelo responsável pela obra -, a OEC, leia-se Novonor, a antiga Odebrecht -, trata-se de um assunto que tem tudo para turvar a viagem de Lula ao país africano. A negociação remonta a operações controversas dos dois primeiros governos Lula, como, por exemplo, o crédito à construção do Porto de Mariel, em Cuba, pela própria Odebrecht.
Em tempo: por uma estranha coincidência, há cerca de dois meses surgiram nas redes sociais informações de que o governo Lula estaria financiando uma outra obra da própria OEC em Angola, a construção de uma ferrovia de 260 km entre as cidades de Luena e Saurimo. O empréstimo foi negado tanto pelo governo brasileiro quanto pela empreiteira.
Política externa
Argentina busca apoio do governo Lula para compras gás
2/06/2023O presidente da Argentina, Alberto Fernández, aproveitou sua passagem por Brasília para negociar com o governo Lula um acordo para a compra de gás. A operação envolveria a transferência de aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos por dia, em um acordo pelo menos até o fim do ano. Na prática, o Brasil atuaria quase como um trader, um intermediário na venda do gás boliviano. O país andino estaria atrasando a entrega de insumo já contratado pela Argentina, algo não muito diferente do que a estatal boliviana YPFB fez com a Petrobras entre 2019 e 2020.
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Política externa
Lula pretende ir à Índia com um olho na África do Sul
30/05/2023De primeira: segundo uma fonte do Itamaraty, no recente encontro com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante a reunião de cúpula do G7, Lula comprometeu-se a fazer uma visita oficial ao país no segundo semestre. A agenda da viagem vai girar em torno da retomada do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul, o Ibas. Para Lula, é quase uma questão autoral em meio à política externa brasileira. O petista teve protagonismo nas tratativas que levaram à criação do Ibas, em 2003, exatamente no início de seu primeiro mandato. Formalmente, o Fórum de Diálogo nunca deixou de existir. Mas foi quase que totalmente abandonado no governo Bolsonaro. Em março, durante conversa telefônica com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Lula tratou também da revitalização do bloco trilateral.
Em tempo: neste momento, nenhuma outra empresa brasileira tem mais a ganhar com a aproximação entre Lula e o governo de Narendra Modi do que a Embraer. A companhia está em avançadas tratativas com as Forças Armadas indianas para o fornecimento de um lote de até 80 cargueiros militares KC-390. Para além desse acordo comercial, a Embraer tem interesses ainda maiores na Índia: o projeto de instalar uma fábrica de aviões regionais no país, ao lado de investidores locais.
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Política externa
Rusgas entre Brasil e Uruguai mobilizam Itamaraty
19/05/2023Em meio aos preparativos para o encontro entre chefes de governo sul-americanos no próximo dia 30, em Brasília, um ponto tem merecido atenção especial do Itamaraty: a possibilidade de um encontro reservado entre Lula e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, com o objetivo de aparar recentes arestas diplomáticas. Segundo informações colhidas pela área de Relações Exteriores do governo, Lacalle Pou atribui a Lula o esfriamento das negociações para um Tratado de Livre Comércio entre Uruguai e China. As tratativas perderam temperatura exatamente após a recente passagem do presidente brasileiro por Pequim. Lula jamais escondeu ser contra o acordo bilateral, defendendo que tratados dessa natureza sejam fechados no âmbito do Mercosul. O mal-estar entre Brasil e Uruguai fica ainda mais evidente pela inclinação de Lacalle Pou de não aderir ao Unasul (União de Nações Sul-Americanas). A ressurreição do bloco é um projeto de política externa quase pessoal de Lula.
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Política externa
Brasil e Argentina navegam em direções opostas sem perder a ternura jamais
18/05/2023Uma raríssima ocasião em que os governos de Lula e Alberto Fernández estarão em lados opostos. Segundo fonte do Itamaraty, o Brasil fechou questão e vai se alinhar a Bolívia, Paraguai e Uruguai contra a cobrança de pedágio imposta por autoridades argentinas na Hidrovia Paraguai-Paraná, no trecho entre o Porto de Santa Fé e a confluência do Rio Paraguai. A posição brasileira será levada, nos próximos dias, à Comissão Intergovernamental da Hidrovia, que reúne os cinco países. Conforme o RR já informou, do lado brasileiro há pressões do agronegócio e do setor de mineração, leia-se a Vale, para que o governo Lula interceda pela derrubada do pedágio de US$ 1,47 por tonelada.
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Política externa
Ex-tucano “convertido” pode assumir embaixada em Lisboa
12/05/2023O ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira está cotado para assumir a embaixada do Brasil em Lisboa. O principal articulador da indicação é o vice-presidente, Geraldo Alckmin, responsável por atrair o apoio do seu antigo companheiro de PSDB a Lula durante a campanha eleitoral. A vacância na representação diplomática brasileira em Portugal depende da movimentação de outra peça: há uma articulação do MDB junto ao Palácio do Planalto para que o atual embaixador, Raimundo Carreiro, volte ao Brasil e seja indicado para a diretoria de relações institucionais da Petrobras.
Política externa
Mais energia para a Argentina e para Alberto Fernández
12/05/2023Segundo informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, o governo brasileiro estuda medidas para viabilizar o aumento das exportações de energia para a Argentina. A Pasta vai autorizar novas empresas a vender o insumo ao país vizinho. Nos últimos meses, grandes grupos do setor, notadamente Enel e Engie, têm se notabilizado no fornecimento de energia aos argentinos. O fechamento de novos contratos seria estimulado também pela linha de crédito especial já anunciada pelo presidente Lula, com o objetivo de aumentar as exportações brasileiras para a Argentina.
Mesmo com todas as ações do governo Lula, o aumento das exportações de energia para a Argentina, de Alberto Fernández, vai depender, e muito, de questões climáticas. A partir deste mês, o Brasil começa a entrar em um período de menos chuvas, com impacto direto sobre os reservatórios das hidrelétricas. O alento é que as usinas saíram do verão com uma “poupança” razoável. Nas hidrelétricas do Sul/Sudeste, por exemplo, os níveis de armazenamento hídrico estão em torno de 88%. Trata-se do maior volume dos reservatórios da região para um mês de maio desde 2000, quando do início da série histórica do ONS.
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Destaque
Arábia Saudita surge como uma peça valiosa na política externa de Lula
10/05/2023Depois dos Estados Unidos e da China o RR apurou que o Ministério das Relações Exteriores articula uma viagem do presidente Lula à Arábia Saudita. O país é visto como uma peça cada vez mais importante no tabuleiro da política externa brasileira. Um dos temas principais da agenda que Lula vai abordar em Riad é um possível acordo na área de fertilizantes. A Arábia Saudita pode vir a ser um parceiro importante para o Brasil reduzir sua notória dependência da Rússia, de onde vêm aproximadamente 25% do total de importações do insumo. A negociação envolveria a SABIC (Saudi Basic Industries Corporation) e a Maaden (Saudi Arabian Mining Company), as duas maiores empresas locais do setor. O país árabe figura entre os maiores produtores e exportadores de adubo do mundo, ocupando o sexto lugar no ranking do comércio internacional do produto. Ainda assim, responde por apenas 3% do volume de fertilizantes importado pelo Brasil.
Outra área de interesse do Brasil é a energia limpa. Segunda maior produtora mundial de petróleo, a Arábia Saudita tem feito uma lenta e calculada caminhada rumo à transição energética. As cifras sobre a mesa são hiperbólicas: o país promete investir mais de US$ 266 bilhões em fontes renováveis até 2030 – a meta é neutralizar suas emissões de carbono até 2060. O Brasil surge como forte candidato a receber um bocadinho dessa dinheirama.
Na mão contrária, o Brasil vislumbra a possibilidade de diversificar sua pauta de exportações para a Arábia, esmagadoramente concentrada em commodities – proteína animal e açúcar, por exemplo, somaram 43% das vendas totais no ano passado. Entre outros setores, o governo Lula poderá entrar em cena para dar um empurrão na venda de aeronaves da Embraer. O governo saudita já sinalizou o interesse em comprar um lote do KC-390, o cargueiro militar fabricado pela companhia brasileira.
Política externa
Uma tabelinha geopolítica entre Brasil e Arábia Saudita
10/05/2023Entre os assessores de Lula para a área de política externa há quem enxergue possibilidades de negócio entre Brasil e Arábia Saudita em áreas menos convencionais. É o caso da geopolítica da bola. Vez por outra surgem especulações sobre o interesse dos árabes de investir no futebol brasileiro, com a compra de participações nas recém-surgidas SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol). A Arábia Saudita tem feito movimentos que sinalizam sua disposição de usar o esporte como objeto de afirmação do seu poderio geopolítico. Em 2021, o Public Investment Fund (PIF) – uma espécie de “family office” da realeza árabe, com mais de US$ 500 bilhões em ativos – comprou o Newcastle, da Inglaterra. Não custa lembrar que o Brasil já entrou na rota de outro investidor soberano do futebol, o City Football Group, pertencente ao Abu Dhabi United Group, leia-se o sheik Mansour bin Zayed. Dono do Manchester City, entre outros ativos, o grupo comprou recentemente a SAF do Bahia. Seria um estímulo para a Arábia Saudita trazer para o Brasil, guardadas, claro, todas as diferenças, a disputa geopolítica travada com Abu Dhabi no futebol inglês.
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Política externa
Brasil estipula prazo para zerar calote na OEA
28/04/2023Informação dos bastidores do Itamaraty: o governo brasileiro sinalizou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que vai quitar seus débitos com a entidade até o fim de maio. O país deve aproximadamente US$ 25 milhões à OEA, segundo o mais recente balanço financeiro da instituição, do último mês de março. Aproximadamente metade desse valor corresponde à contribuição obrigatória referente ao ano de 2023, que completará cinco meses de atraso na próxima segunda-feira. O governo Lula anunciou recentemente que ao longo deste ano vai pagar cerca de US$ 490 milhões em dívidas com organismos multilaterais – herança deixada da gestão Bolsonaro. O maior credor é a ONU: entre as contribuições ordinárias e doações para missões de paz, o país deve mais de US$ 320 milhões às Nações Unidas. É inaceitável que o Brasil, 12a economia do mundo e pretendente a protagonista nas discussões multilaterais, seja um país inadimplente com as instituições mais relevante no concerto das Nações.
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Política externa
Brasil e Alemanha costuram acordo na energia renovável
9/03/2023O Brasil negocia com o governo alemão uma parceria para investimentos conjuntos em energia renovável. Segundo o RR apurou, o tema será discutido durante a visita dos ministros da Economia e da Agricultura da Alemanha, respectivamente Robert Habeck e Cem Özdemir. Ambos desembarcarão em Brasília no próximo sábado para uma série de reuniões não apenas com autoridades brasileiras – entre as quais a ministra Marina Silva -, mas também com representantes do setor privado. Os alemães pretendem financiar projetos de geração renovável e de eficiência energética vinculados a metas de redução das emissões de carbono. Parte expressiva dos recursos deverá ser destinada a projetos de hidrogênio verde.
Em grande parte, os investimentos devem ser creditados ao prestígio internacional de Lula. Se há uma área em que o presidente vem nadando de braçada é na política externa. O governo do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz desponta como um dos grandes parceiros, notadamente na agenda verde. No início do ano, a Alemanha anunciou a liberação do equivalente a R$ 1,1 bilhão para o Brasil, recursos que serão destinados a ações de desenvolvimento sustentável, combate ao desmatamento e inclusão social. Desse total, R$ 192 milhões vão ser aportados no Fundo Amazônia.