Boeing reserva sua cabine para o comandante da Embraer

  • 8/09/2015
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Em breve, o 787 deverá pousar no Aeroporto Internacional da Filadélfia e dele descerá uma cidadã do mundo de volta à sua querida Pensilvânia. Donna Hrinak está prestes a desembarcar do comando da Boeing no Brasil. Tudo tem seu tempo e o tempo da ex-embaixadora parece ter chegado ao fim. O substituto? Os norte-americanos buscam um executivo brasileiro, que combine perfil técnico, extremo conhecimento do setor aeronáutico e notória autonomia de voo entre os principais gabinetes da República. Um lobista que só falta morar na Boeing jura que ouviu o cochicho: “No Brasil, ele é o melhor”. Quem? Quem? Para os norte-americanos, existe apenas um nome: o presidente da Embraer, Frederico Curado. Além de entregar a gestão da subsidiária a um executivo de primeira grandeza, a presença de Curado ajudaria a Boeing a superar as antipatias que ainda desperta nas mais diversas instâncias do Poder. Permitiria ainda à empresa perscrutar as entranhas, o coração e a alma da Embraer, uma de suas maiores concorrentes no segmento de jatos regionais. A abdução de Frederico Curado não é um desejo simples de se realizar. Nome certo no top ten dos grandes head hunters do país, Curado é patrimônio da Embraer, onde está há 30 anos. Nesse período, passou por todas as áreas e cargos executivos até chegar à presidência, em 2007. Sua posição na empresa corresponde praticamente a de um imperador – algo, diga-se de passagem, natural em se tratando do integrante de uma dinastia iniciada por Ozires Silva e seguida por Mauricio Botelho. Aliás, a Embraer prima pelo baixo turnover em seus postos mais altos. Nessas condições, só mesmo discordâncias graves de estratégia com os acionistas justificariam uma eventual decisão de Curado de trocar de companhia aérea. Por meio da assessoria da Embraer, Frederico Curado negou qualquer contato com a Boeing. A multinacional, por sua vez, garante que não haverá mudanças em sua gestão no Brasil. Dentro da empresa, no entanto, segundo o RR apurou, prevalece o senso comum de que Donna Hrinak já cumpriu sua missão. Conduziu a abertura do escritório no país, em 2011, e emprestou à Boeing seu maior ativo: as relações acumuladas nos três anos em que respondeu pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Por ironia, seu grande ativo foi também seu maior passivo e fator de desgaste no país. Desde que Edward Snowden apareceu para o mundo, qualquer integrante da chancelaria norte-americana passou a ser visto no Brasil como um araponga em potencial. Aliás, é impossível dissociar o episódio de espionagem do grande revés da gestão de Donna: a perda da licitação dos caças da FAB. As viscerais relações entre a fabricante de aeronaves e o Departamento de Estado norte – americano minaram as chances da Boeing. E, ao que tudo indica, selaram a viagem de volta de Donna Hrinak para a Pensilvânia.

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