Cimento Tupi entra no radar do Grupo Votorantim

  • 1/09/2022
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Mais um M&A à vista no mercado cimenteiro: o Grupo Votorantim vem mantendo conversações para a compra da Cimento Tupi, controlada pela família Koranyi Ribeiro. A empresa estaria avaliada em cerca de R$ 1,8 bilhão. Ou seja: os Ermírio de Moraes podem desembolsar o equivalente a US$ 103 por tonelada instalada. Para efeito de comparação, trata-se de um múltiplo próximo ao que a CSN Cimentos pagou pelos ativos da Lafarge Holcim (US$ 100 a tonelada), em 2021. Mas bem distante do que a própria companhia de Benjamin Steinbruch ofertou pela Elizabeth Cimentos, também em 2021 – US$ 167 a tonelada.

O principal fator de depreciação da Tupi é o seu alto endividamento. Em recuperação judicial desde o início de 2021, a empresa carrega um passivo superior a R$ 3 bilhões. Essa dívida torna a venda do controle uma operação intrincada. Segundo o RR apurou, a Votorantim tem feito gestões preliminares junto aos credores da Tupi. Qualquer investida sobre a companhia passa obrigatoriamente por eles. O ponto mais nervoso são os fundos abutres, que detêm mais de metade dos créditos contra a companhia.

Foi o único grupo de credores que votou contra a proposta de pagamento das dívidas extraconcursais no plano de recuperação judicial da Tupi. Os abutres têm mais de US$ 200 milhões em créditos com a empresa. Procuradas pelo RR, Votorantim e Tupi não quiseram se manifestar. Mesmo com o fardo do endividamento, a Tupi voltou a ser uma peça interessante no tabuleiro da indústria brasileira de cimento. No ano passado, teve uma receita de R$ 491 milhões, 27% a mais do que em 2020. No mesmo intervalo, o Ebitda saltou de R$ 70 milhões para R$ 118 milhões.

A aquisição da empresa permitiria à Votorantim ampliar ainda mais a folgada liderança no ranking do setor, saindo de 35 milhões para 38,5 milhões de toneladas de capacidade instalada no Brasil. De certa forma, ainda que indiretamente, seria uma resposta à investida feita pela CSN com a compra das operações da Lafarge Holcim no Brasil. Com a aquisição, a companhia de Benjamin Steinbruch passou a disputar o segundo lugar do setor com a Intercement, da Mover Participações (ex-Camargo Corrêa), ambas na casa dos 17 milhões de toneladas de capacidade.

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