BRICs terão lugar especial na diplomacia de Lula

  • 20/08/2021
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Devagar, devagarinho, Lula vai fazendo uma inflexão por trás dos panos no seu programa de governo para a política externa. O ex-presidente vem mantendo conversações tanto no âmbito doméstico quanto na esfera internacional – onde tem uma reconhecida rede de contatos – em torno de uma proposta para redesenho dos BRICs e da participação do Brasil no grupo dos países emergentes. A ideia orbita ao redor de dois eixos. O primeiro deles, nada original, é o alargamento dos BRICs, trazendo para o “clube” outas nações que não apenas as quatro originais do acrônimo (Brasil, Rússia, Índia e China), além da já incorporada África do Sul – cuja letra ainda não foi adicionada à sigla.

O segundo ponto é a transformação do Banco dos BRICs em algo mais próximo do Banco Mundial. A instituição teria um braço nos moldes e com a agilidade operacional do IFC (International Funding Corporation), passando, assim, a financiar não apenas Estados soberanos e entes subnacionais, mas também empresas privadas. Para Lula, a incorporação dos BRICs remodelados traria uma lufada de ar fresco a sua política externa. Não quer dizer que o petista esteja brigando com o passado. Tampouco negando a estratégia de intensificação das relações dentro da própria América Latina e com a África, que pautou o Itamaraty durante os oito anos do seu governo. No entanto, novos tempos pedem novas soluções.

Lula entende que há uma super oferta de liquidez no mundo e parte desses recursos poderia ser catalisada com o apoio do Banco dos BRICs e destinada às nações emergentes que fazem parte do grupo. Lula tem sido convencido de que o escopo do bloco precisa ser ainda mais ampliado. Hoje os BRICs são tudo, menos um mercado comum, com um tratado multilateral capaz de potencializar o comércio exterior entre os países. A proposta é de que o candidato pode usar seu prestígio internacional para galvanizar as conversas em torno dessa agenda.

Da mesma forma, o ex-presidente considera que o Brasil pode potencializar suas relações comerciais com os demais membros dos BRICs. Se o “MercoBRICs” fosse criado hoje, a situação comercial entre os países seria a seguinte: no ano passado, o Brasil teve déficit nas transações comerciais tanto com a Rússia (US$ 1,2 bilhão) quanto com a Índia (R$ 1,3 bilhão). No caso da China, por sua vez, o Brasil tem batido sucessivos recordes de superávit. Em 2020, o saldo a favor foi de US$ 33,6 bilhões, o correspondente  dos terços do superávit da balança comercial brasileira. No acumulado dos últimos cinco anos, as exportações para o país asiático superaram as importações em R$ 120 bilhões. Em tempo: Lula pretende usar mais as reservas do Brasil depositadas nas demais agências multilaterais, ou seja, Banco Mundial, BID e CAF.

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