Bolívia e Venezuela são os novos “epicentros” da Covid-19 no Brasil

  • 21/09/2020
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Como se não bastassem os casos domésticos da Covid-19, o governo está apreensivo com o risco de uma nova onda de contaminações vinda de fora para dentro do país. O ministro da Saúde, o general Eduardo Pazzuelo, já discute com os Ministérios da Defesa e da Justiça a necessidade um reforço no patrulhamento das áreas de fronteira, especialmente nas divisas com a Venezuela e a Bolívia. Há um receio de que o agravamento da pandemia nos dois países vizinhos provoque uma fuga em massa de refugiados para o Brasil. Nos últimos dias, apesar das restrições na fronteira, houve um aumento da circulação de bolivianos entre as cidades de Pando e Epitaciolândia, no Acre.

O caso da Venezuela causa ainda mais preocupação entre as autoridades das áreas de Saúde e de Defesa. A situação na fronteira voltou a atingir níveis críticos e não apenas na divisa entre a cidade brasileira de Pacaraima e a venezuelana de Santa Elena de Uairén – único trecho onde a travessia rodoviária é possível. O Exército monitora o risco de um novo êxodo em larga escala de venezuelanos por meio de rotas clandestinas, notadamente ao norte de Pacaraima. A Venezuela, assim como a Bolívia, figura entre os países sul-americanos suspeitos de carregarem os maiores índices de subnotificações da Covid-19.

O receio do governo brasileiro é alimentado por uma combinação inflamável comum tanto à Bolívia quanto à Venezuela: o alastramento do novo coronavírus vis-à-vis as precárias condições da rede pública de saúde dos dois países. No caso venezuelano, há ainda um agravante: a crescente crise energética. A escassez de combustíveis nos postos da Venezuela tem provocado um efeito-dominó, com a paralisação de parte da frota de caminhões e o desabastecimento de produtos essenciais. Outro fator preocupa o governo: já existe uma concentração excessiva de venezuelanos nas cidades de Roraima próximas à fronteira.

Por conta da pandemia, o governo brasileiro precisou frear o processo de interiorização dos venezuelanos. Em janeiro e fevereiro, por exemplo, mais de três mil venezuelanos foram instalados em outros estados no âmbito da Operação Acolhida. No entanto, a partir de março, os números teriam descido para não mais do que mil imigrantes por mês. Consultado, o Ministério da Defesa informa que “as Forças Armadas mantém sua atuação rotineira nas regiões de fronteira com os países vizinhos”. A Pasta diz ainda que “a interiorização de imigrantes venezuelanos continua em andamento”, mas reconhece que “o processo foi reduzido devido à pandemia”. O governo criou a Área de Proteção e Cuidados (APC), para atender os venezuelanos que permanecem em Boavista.

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