Abilio Diniz esquenta a “guerra fria” na BRF

  • 11/01/2018
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A mudança a fórceps na presidência da BRF – com o expurgo de Pedro Faria, ligado à Tarpon Investimentos – não foi suficiente para apaziguar os ânimos na companhia. Até porque é difícil distensionar um ambiente com a presença de Abilio Diniz. Por meio de fundos ligados à Península Participações, o empresário estaria adquirindo ações da BRF em bolsa. Diniz teria sido, por exemplo, um dos compradores dos papéis vendidos pelo GIC, fundo soberano de Cingapura, na primeira semana de dezembro. Consultadas pelo RR, tanto a Península quanto a BRF não quiseram se pronunciar; tampouco informaram a participação exata de Abilio na fabricante de alimentos.

O último dado divulgado na imprensa dava conta de uma fatia acionária de 3,99%. Pode ser um mero número de ilusionismo. A eventual pulverização da participação entre diversos fundos permitiria a Abilio ter uma fatia superior a 5% sem obrigatoriamente dar disclosure ao mercado. Tudo absolutamente legal, ressalte-se. A questão mais importante, contudo, talvez não seja quanto Abilio Diniz tem, mas o que o estaria movendo a ampliar lenta e gradualmente a sua participação na BRF?

O permanente estado de fricção societária e, sobretudo, a natureza de Abilio sugerem que o empresário estaria acumulando munição para dias de fúria e combate. É bem verdade que ele jamais precisou de supremacia acionária para mandar e desmandar na BRF: com menos de 4% do capital, dizimou a antiga gestão, derrubou Nildemar Secches, o pai da fusão Perdigão/Sadia, e criou um sistema de apartheid que praticamente alijou Petros e Previ da gestão – a despeito das duas fundações controlarem 22% do capital. Recentemente, impôs o nome de José Aurélio Drummond Jr. para o lugar de Pedro Faria, à revelia dos sócios.

O estilo de Abilio Diniz mais favorece a coalizão de adversários do que a atração de aliados. A própria Tarpon Investimentos é um exemplo. As sucessivas divergências na administração da BRF, potencializadas pelas manobras de Abilio que culminaram na demissão de Faria, sócio da gestora de recursos, funcionam como um teste de resistência para a aliança entre ambos. Hoje, o apoio da Tarpon ao empresário, que sempre fez uma razoável diferença na balança societária da BRF, é algo gelatinoso. Juntas, ressalte-se a gestora, a Previ e a Petros somam 30% da companhia. Numa guerra fria, é uma munição que não precisa ser necessariamente disparada, mas sempre lembrada.

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