A estranha relação de Lula e Gilmar Mendes

  • 8/11/2016
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 Não há vazamentos na grande imprensa nem informação sobre quem organizou o encontro e endereço onde ele teria sido realizado. O que o RR conseguiu apurar é que Lula se reuniu com o ministro Gilmar Mendes há nove dias, em São Paulo. Ambos teriam se tratado de forma absolutamente cordial. Procurado pelo RR, o ministro negou o encontro por meio de sua assessoria. O Instituto Lula, por sua vez, não quis se pronunciar. O fato é que, desta vez, os sinos não teriam dobrado para a mídia. Uma confirmação do vaticínio de Marx, profetizando que a história só se repete sobre forma de fraude. Quem não se lembra do último encontro entre ambos de que se tem notícia, no dia 26 de maio de 2012? O tête-à-tête foi articulado por Nelson Jobim a pedido de Mendes (à época, somente essa informação não foi desmentida pelos presentes). Seis horas depois da conversa, o ministro do Supremo despejou na mídia um violento ataque a Lula. Denunciou o ex-presidente por supostamente ter-lhe pressionado a atrasar o julgamento do “mensalão”. Lula foi duro no contra-ataque, colocando em dúvida o caráter do juiz, e Jobim desmentiu publicamente Mendes. Gilmar Mendes e Lula incorporaram o ódio de Feraud e d´ Hubert, os Duelistas, do romance de Joseph Conrad. Mendes tornou-se um dos cinco maiores inimigos declarados do PT, em qualquer ranking que seja feito. Em 2013, quando Dilma Rousseff diz que vai responder às manifestações com uma série de medidas, ele afirma que é puro bolivarianismo. Em 2014, segura o julgamento do financiamento de campanha (o voto ficou suspenso um ano). Ironizou Lula no episódio da condução coercitiva. E deu um beijo de morte no ex-presidente e em Dilma quando concedeu a liminar impedindo a posse de Lula na Casa Civil, com base em um grampo ilegal. A liminar somente foi levada a plenário um mês depois, quando Dilma já estava afastada. Nenhum tucano foi tão tucano.  Antes de 2012, Gilmar Mendes era Dr. Jekyl. Era um juiz discreto e garantista. Ficaram célebres seus habeas corpus por ocasião das duas prisões de Daniel Dantas. Nessa época, batia firme na espetacularização do Judiciário. Sempre criticou os excessos. Capitaneou uma súmula do STF determinando os critérios para utilização das algemas – um deles o risco comprovado de fuga. Passada a fase exemplar, Mendes entra em seu momento de inflexão. Passa a instrumentalizar a franqueza. Ridiculariza os colegas para pressioná-los. Concede liminares agressivas e exagera nos pedidos de vista. Em 2015, sabia-se todos os votos dele antecipadamente. Ganhou três pedidos de impeachment no Senado, todos derrubados por Renan Calheiros. É tido como um empresário do ensino, ou, em um eufemismo que o protege, um “cotista do IBDP”, instituição privada que atende formalmente por Instituto Brasileiro de Direito Público. Portanto, nesse dialeto particular empresário e cotista seriam diferentes. E o lucro?  Lula pode ter se encontrado com uma dessas identidades: o peessedebista, o juiz seletivo, o operador dos meios de comunicação, o pré-julgador de processos. Convém lembrar que Gilmar Mendes é o maior especialista do STF em sistemas prisionais. Quem sabe a confabulação não teria sido por aí…

#Gilmar Mendes #Lula #PT

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