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Empresa

Kora Saúde busca um santo remédio para o seu endividamento

22/11/2023
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A Kora Saúde está passando por uma terapia intensiva para a redução do seu nível de alavancagem. Além da venda de imóveis os acionistas da empresa, à frente o fundo Fuji Brasil Partners, discutem a realização de uma emissão de dívida, com o objetivo de alongar o perfil do passivo. Hoje, o endividamento de curto prazo da companhia equivale a 5,8 vezes o Ebitda. Em março deste ano, a Fitch rebaixou o rating da Kora, muito em função da sua dívida.

#Fuji Brasil Partners #Kora Saúde

Painel RR – Mineração

Como o mundo vê o Brasil no mapa do lítio?

19/10/2023
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A decisão dos acionistas da Sigma Lithium de vender o controle da companhia coloca foco sobre o mercado de lítio no Brasil, onde os canadenses já investiram mais de R$ 1,5 bilhão. O comprador da empresa terá uma posição razoavelmente relevante em um país que reúne cerca de 8% das reservas mundiais do mineral. Analistas internacionais se debruçam sobre os impactos da operação e consequentemente sobre a importância do Brasil no grande jogo global do lítio: 

    • Rubens Adams

As negociações para a venda dos ativos da Sigma Lithium beneficiam os exploradores que estão mais avançados na corrida do lítio, reforçando verdadeiros oligopólios do setor. É o que acontece no mundo; é o que pode acontecer no Brasil. https://stockhead.com.au/resources/eye-on-lithium-a-sniff-of-sigma-like-success-has-asx-hard-rock-explorers-moving-to-brazil/ 

  • Sam Klein-Markman

Segundo a Agência Internacional de Energia, a demanda por lítio poderá aumentar até 42 vezes em duas décadas. E o Brasil tem o seu lugar nessa corrida.
https://nacla.org/global-race-lithium-brazil

 

  • Renato Rostás 

O principal atrativo no Brasil para as grandes mineradoras mundiais no de outras companhias é o projeto da Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha. O empreendimento encontra-se ainda na fase 1, com capacidade de produção estimada em 36,7 mil toneladas anuais. A meta para as fases 2 e 3 é que a produção chegue a 104 mil toneladas anuais.
https://www.fastmarkets.com/insights/brazils-sigma-lithium-looking-at-m-a-proposals-after-first-shipments 

  • Rowan Dunne

O Brasil oferece uma posição razoavelmente privilegiada e vinculada a compromissos ESG. Destaque para o Triple Zero Green Lithium, o lítio verde, produzido na Grota do Cirilo. No final de setembro, a Sigma enviou 22,5 toneladas do produto à mineradora suíça Glencore. https://mugglehead.com/sigma-lithium-to-make-third-20k-tonne-shipment-of-triple-zero-green-lithium/ 

      • Déficit à vista 

A BMI, braço de research da Fitch Solutions, alerta para um possível déficit no mercado do lítio por volta de 2025. O motivo seria a demanda da China pelo mineral, que não é suprida pela capacidade de produção e fornecimento das mineradoras. O Fórum Económico Mundial estima que a procura global de lítio ultrapassará os 3 milhões de toneladas métricas até 2030, ultrapassando em muito as 540.000 toneladas métricas produzidas em 2021.
https://economictimes.indiatimes.com/news/international/world-news/chinas-rising-appetite-for-lithium-maybe-the-reason-for-2025-global-shortage/articleshow/104422295.cms?from=mdr 

#Lítio

Destaque

Intercement pode ser o passaporte para a entrada da Argos no Brasil

23/08/2023
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Os Ermírio de Moraes e Benjamin Steinbruch poderão ganhar um concorrente de peso no mercado brasileiro de cimento. Segundo o RR apurou, a colombiana Argos vem mantendo conversas com a Mover, leia-se a antiga Camargo Corrêa, em torno da possível aquisição dos ativos da Intercement. Do lado brasileiro, a aproximação teria sido feita pelo banco norte-americano Houlihan Lokey; pelos colombianos, as gestões são representadas pelo Banco de Bogotá.

Há duas hipóteses sobre a mesa: a aquisição apenas da Loma Negra, leia-se a operação na Argentina, ou de todos os negócios da Intercement – modelo que mais agrada às herdeiras de Sebastião Camargo. Ao todo, são 23 fábricas – 15 no Brasil e oito na Argentina. A Intercement teve, no ano passado, uma receita em torno de R$ 8 bilhões, sendo R$ 3,7 bilhões decorrentes da operação brasileira.

A Argos é um dos maiores fabricantes de cimentos da América Latina, com fábricas não apenas na Colômbia, mas também nos Estados Unidos e Caribe. Esta não é a primeira vez que a empresa – controlada pelo maior conglomerado industrial da Colômbia, o Grupo Empresarial Antioqueño – ensaia entrar no Brasil. Há 10 anos, chegou a negociar a aquisição de ativos colocados à venda por ocasião da fusão entre Lafarge e Holcim. Procurados, Mover Participações e Argos não se pronunciaram.

A venda da Intercement para a Argos, assim como para qualquer outro grupo ainda não presente no Brasil, surge como uma solução mais palatável para as autoridades antitruste. Votorantim e CSN também têm, como sempre tiveram, interesse na operação cimenteira da Mover.

O problema é que muito provavelmente uma negociação com os Ermírio de Moraes ou Benjamin Steinbruch obrigaria a antiga Camargo Corrêa a esquartejar a subsidiária brasileira e vender fábricas em separado. Com a eventual aquisição integral da Intercement no Brasil, a Votorantim pularia de 35% para 52% de market share; a CSN, por sua vez, iria de 20% para 37%, com fatias ainda maiores em regiões específicas do país. Ressalte-se que, há pouco mais de um ano, a empresa de Steinbruch adquiriu os ativos da LafargeHolcim sem restrições do órgão antitruste. Pouco provável que o Cade dê sinal verde para uma operação ainda maior.

A Mover já se desfez das operações da Intercement na África. Não passou de um hors d’oeuvres. O que realmente fará diferença para o caixa da holding é a venda dos ativos no Brasil e na Argentina. Até porque ao negociar a Intercement, o grupo se livraria uma dívida líquida da ordem de US 1,5 bilhão. O elevado passivo foi o principal fator que levou a Fitch a rebaixar a nota de crédito da Intercement de CC para C. O downgrade se deu logo após a cimenteira pedir a credores um prazo adicional de 90 dias para pagar um passivo de US$ 180 milhões.

#Argos #Benjamin Steinbruch #Ermírio de Moraes #InterCement

Destaque

Bons ventos da economia levam Haddad até Nova York

3/08/2023
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Fernando Haddad já arrefeceu a desconfiança da Faria Lima. Agora, terá a oportunidade de fazer o mesmo com Wall Street. De acordo com informações provindas do Ministério da Fazenda, investidores estão organizando uma agenda de encontros de Haddad em Nova York. A ida aos Estados Unidos deverá se dar após a votação do arcabouço fiscal na Câmara, prevista para ocorrer até a segunda semana de agosto. Trata-se de um movimento eivado de simbolismo. Seria a primeira viagem internacional do ministro da Fazenda após a recente elevação do rating do país pela Fitch – informação antecipada com exclusividade pelo RR. Não poderia haver momento mais propício para o tête-à-tête. Além da melhora da nota de crédito do Brasil, Haddad terá a chance de capitalizar também outras importantes conquistas do governo na área econômica, a exemplo da própria aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária. Como se não bastasse, o ministro chegará a Nova York embalado pelo aumento das projeções para o PIB. O FMI já elevou sua estimativa de 1,2% para 2,1%, além de elogiar a política econômica brasileira.

Fernando Haddad deverá aproveitar a viagem para mitigar dúvidas que ainda persistem em relação à economia brasileira. A reforma tributária em suas duas fases – a atual, sobre o consumo, e a próxima etapa, focada na renda – ainda enseja interrogações. Apesar dos inequívocos sinais de melhora e do avanço em medidas estruturantes nos sete primeiros meses do governo Lula, os indicadores mostram que os investidores estrangeiros ainda mantêm alguma dose de receio. De acordo com o Banco Central, o IDP (investimento direto no país) somou US$ 31,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, ou seja, uma queda nominal (sem correção pela inflação) de 26,7% em comparação ao mesmo intervalo em 2022. De qualquer forma, Haddad passa a ser o primeiro-ministro da Fazenda celebrado pela banca estrangeira com 200 dias no governo.

#Fernando Haddad #IDP #Ministério da Fazenda #Nova York

Economia

O próximo gol de Haddad (e de Lula): a elevação da nota de crédito do Brasil

20/07/2023
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O ministro Fernando Haddad teve uma reunião, no finzinho da manhã de ontem, com representantes da Fitch, uma das maiores agências de rating do mundo. Segundo apurou o RR, Haddad só ouviu avaliações positivas, mas não conseguiu extrair nenhuma promessa. Apenas de que uma nova rodada de notas será divulgada antes do fim do ano. Os técnicos da agência se mostraram satisfeitos e elogiaram a demonstração do governo de que vai buscar a disciplina fiscal e simplificará o regime tributário do país. Para Haddad está dado que a Fitch reclassificará a nota do Brasil para melhor. O último movimento da Fitch em relação ao país ocorreu em junho de 2022, quando elevou a nota do crédito soberano do Brasil de negativo para estável, mas manteve o rating em BB-, citando a evolução das contas públicas.  

A Standard Poor´s, outra das gigantes do setor, por sua vez também alterou sua perspectiva do rating do país de negativo para estável e reafirmou o rating do crédito soberano de longo prazo de BB- e de curto prazo em B. O ministro da Fazenda tem igualmente informações de que a S&P está de bem com o Brasil. A terceira das Big Three, a Moody’s, para não destoar, manteve a nota de crédito soberano de Ba2, e também a perspectiva de estável para o rating do país. As três empresas detêm 95% do mercado de avaliação de risco dos países.  

Haddad comunicou na tarde do mesmo dia a boa nova a Lula. A ideia é jogar um mini royal (sequência das cartas de rei, valete e dama no pôquer) na mesa do presidente, ou seja, a elevação das notas da Fitch, S&P e Moody’s. Seria um sinal inconteste de aprovação da sua própria gestão e um subsídio valioso para o discurso de fim de ano do presidente. Além de um formão afiado para que Lula descasque a oposição, em especial a bolsonarista.

#Fernando Haddad #Fitch #Standard & Poor´s

Crédito

Equipe econômica elabora uma versão do “Desenrola” para os fornecedores da Americanas

6/06/2023
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Um dos novatos da Fazenda, levado por Fernando Haddad para o governo, sugeriu uma reunião com o Banco Central para propor a redução do recolhimento compulsório sobre os depósitos a prazo e à vista como uma solução temporária para o desengargalamento do crédito, provocado pela crise das Americanas. Os recursos que deixariam de ser recolhidos ao BC serviriam para cobrir a inadimplência da empresa junto aos fornecedores. Ou seja: essa espécie de “Desenrola” versão Americanas daria fôlego para os próprios bancos refinanciarem essas dívidas. Ressalte-se que a companhia e seus acionistas não ficariam livres de pagar um centavo do que devem. Na proposta idealizada pelo jovem economista da equipe econômica, o próprio BC ou a União passaria a ser o detentor dos créditos contra a rede varejista. Teria de ser feito um encontro de contas ou algum expediente que levasse em consideração a liberação dos recursos do recolhimento para o sistema financeiro e, em contrapartida, a assunção da cobrança da dívida por parte do Estado.  

Trata-se de uma engenharia intrincada, mas com significativo impacto para aliviar o garrote da crise no crédito. O calote da Americanas atingiu mais de oito mil fornecedores, o equivalente a mais de 85% da lista total de credores apresentada pela empresa em seu plano de recuperação judicial (em torno de 9,4 mil). Em termos financeiros, o passivo com essa classe corresponde a aproximadamente 11% das dívidas totais inscritas na recuperação, de R$ 50,1 bilhões. Nesse rol, figuram grandes corporações, com fôlego para aguentar o tranco, como a Samsung, a quem a Americanas deve mais de R$ 1,2 bilhão. No entanto, a fila de fornecedores é, em grande parte, composta por empresas de menor porte, sem gordura para financeira para suportar a inadimplência da rede varejista.  

No caso do recolhimento agir como funding, seria uma forma dos bancos resolverem o problema abrindo, indiretamente, o seu próprio bolso, porque os depósitos retidos no BC são, em última instância, das instituições financeiras. Caso a geringonça ande para frente, há que se ver o que acha o BC, que tem mantido os juros lá em cima para apertar a liquidez e cumprir a draconiana meta de inflação de 3,25%, neste ano, e 3% em 2024. A autoridade monetária teria de fazer um movimento contraditório de fechar a mão que fere com o ferro da Selic e abrir a outra mão, que afaga e irriga com o compulsório.   

Atualmente, conforme a agência de rating Fitch divulgou ao jornal O Globo, o número de empresas no Brasil com chance real de calote subiu de três para 10. Na Fazenda, há quem compare – como a fonte do RR – o episódio das Americanas a uma versão pocket da crise da Federal Home Loan Mortgage Corporation – ou Freddie Mac – e da Federal National Mortgage Association Fannie Mae, os dois pilares do refinanciamento imobiliário dia Estados Unidos. A hecatombe levou o FED a intervir nas empresas e bancos afetados por um risco de quebra generalizado.  

 

#Banco Central #FED #Fernando Haddad #Lojas Americanas

Empresa

Equatorial estuda emissão de títulos para recarregar suas baterias

21/03/2023
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O RR tem informações de que a Equatorial Energia estuda uma captação em mercado. A principal opção sobre a mesa é uma emissão de títulos no exterior. O principal objetivo é reduzir a pressão da dívida de curto prazo sobre o caixa, potencializada pelas últimas aquisições, como a compra da concessão de saneamento do Amapá e a incorporação da distribuidora goiana Celg D, um dispêndio de R$ 1,5 bilhão. Entre setembro de 2021 e setembro de 2022, o nível de alavancagem medido pela relação entre dívida de curto prazo e Ebitda saltou de 2,1 para 3,4 vezes. E não deve parar por aí. Segundo relatório da Fitch, o balanço do último trimestre do ano passado vai apontar um múltiplo de 4,5 vezes. Isso para não falar que o grupo, ainda que indiretamente, sofrerá os efeitos do elevado endividamento da Celg D. A distribuidora carrega um passivo de curto prazo de altíssima voltagem, da ordem de R$ 6,3 bilhões, o correspondente a quase seis vezes a sua geração de caixa. Ainda assim, ressalte-se, o mercado vê a Equatorial por boas lentes, sobretudo em caso de repactuação do passivo. No mês passado, o Itaú BBA elevou o preço-alvo da ação de R$ 28,50 para R$ 37,10

#Equatorial Energia

Ameaça de downgrade paira sobre o Brasil

4/06/2020
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Aumenta o receio de que as agências de rating venham a rebaixar a nota do Brasil. Razões não faltam. Há, neste momento, uma tempestade perfeita para o downgrade, com a combinação entre pandemia, fraqueza institucional, explosivo endividamento público (a terceira maior relação dívida bruta/PIB entre as nações emergentes) e aumento do desemprego. Já ameaçado pela hipótese de um lockout comercial devido à escalada de casos do coronavírus, o Brasil corre o risco também de sofrer um isolamento financeiro como consequência de uma eventual queda do rating. Ressalte-se que já há “jurisprudência” em relação a países fortemente atingidos pela pandemia. Em abril, por exemplo, a Fitch rebaixou a nota da Itália, devido “ao impacto significativo da Covid-19 na economia do país e em sua posição fiscal”. Um pouco antes, a Moody ´s já havia alterado de “estável” para “negativo” sua perspectiva sobre o sistema bancário de seis países europeus – Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda, Itália e França – também por conta dos efeitos do coronavírus sobre a economia. No caso específico do Brasil, a pandemia se soma à crescente turbulência política e institucional. Esta é uma variável de razoável peso para as agências de rating. Vale lembrar que, em abril, a Fitch rebaixou a nota de crédito do México, entre outros fatores, pela sua “erosão institucional”.

#Covid-19 #PIB

O etanol entornou

20/01/2020
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O Grupo USJ, pertencente a um ramo da família Ometto, caminha a passos largos para a recuperação judicial. Sem caixa, a empresa sucroalcooleira tem mais de R$ 1,6 bilhão em dívidas. Em dezembro, Fitch e Standard and Poor’s rebaixaram a USJ para risco de “calote parcial”. E dizer que, no ano passado, a herdeira e CEO da empresa, Carolina Ometto Fontanari, andou recebendo prêmios de “Executiva do ano” no setor.

#Grupo USJ

Kraft Heinz deixa um rastro de desconfiança

25/02/2019
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A matéria publicada pelo RR na ultima sexta-feira referente à abertura de inquérito contra a Kraft Heinz na SEC gerou questionamentos sobre a extensão do problema e o risco de contaminação das outras empresas dos mesmos acionistas, leia-se a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Alberto Sicupira. A apreensão do mercado se concentrou sobre a Anheuser-Busch e, por extensão, a AmBev. A newsletter procurou os diversos órgãos envolvidos neste enredo com o objetivo de elucidar essas dúvidas. Consultada se as investigações sobre a contabilidade da Kraft Heinz poderiam, por algum motivo, se estender à Anheuser-Busch, a SEC declinou de responder. Perguntada se recebeu algum contato de sua congênere norte-americana referente a
este episódio, a CVM informou que “não comenta casos específicos”. O RR procurou também a AmBev. Por meio da assessoria de imprensa, a cervejaria enfatizou não ter qualquer relação com a Kraft Heinz, sendo operações absolutamente distintas e independentes. Faz sentido. O mercado, no entanto, parece pensar diferente e já começou a precificar o custo dessa consanguinidade societária. Na sexta-feira, as ações da Anheuser-Busch InBev caíram quase 4% em Londres.

Além da própria empresa, a SEC também intimou a alta administração da Kraft Heinz? O write down de US$ 15 bilhões feito pela companhia tem alguma relação com a investigação? A SEC também não comenta estas questões. Os escritórios Glancy Prongay & Murray e Rosen Law Firm, que, na última sexta-feira, anunciaram a abertura de investigações em nome de investidores da Kraft Heinz, também não quiseram dar detalhes adicionais.

O RR consultou ainda a trinca máxima da classificação de risco no mundo. Fitch e Moody´s não se pronunciaram. Já a Standard & Poor´s informou ter mantido as classificações quanto ao risco de crédito e à dívida da Kraft Heinz. No entanto, revisou a perspectiva de estável para negativa, refletindo uma “potencial classificação mais baixa nos próximos 12-24 meses”. Imagine-se que seja tempo mais do que suficiente para a SEC esclarecer o caso Kraft Heinz, assim como se saber se o episódio respingou em outros negócios da 3G Capital. Tomara que não.

Risco de ataque ao real deixa BC em estado de alerta máximo

11/06/2018
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O Banco Central não diz e nem vai dizer, mas está preocupadíssimo com a possibilidade de um ataque especulativo ao real. Os principais motivos, igualmente inconfessáveis, são o avançar da campanha eleitoral – na qual os candidatos vão apresentando seus programas de governo, que simplesmente desmontam a gestão Temer –, e as trapalhadas do atual mandatário e equipe, que perderam o controle das reformas, das medidas microeconômicas e das negociações com as entidades de classe. Existem ainda as externalidades, tais como um inconveniente rebaixamento da nota do Brasil pelas três irmãs – Fitch, S&P e Moody’s –, algum relatório de análise de uma dessas pitonisas do mercado de capitais, e ,um default mais grave desses países que estão com a corda no pescoço.

O BC tem munição pesada, não há dúvida, mas o mundo é um oceano de liquidez. Nunca foi tão perigoso dar brechas para o capital internacional. E o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, está cansado de saber desses perigos. As casas bancárias e o noticiário estão tratando o risco da disparada do dólar como algo corriqueiro, “coisas do câmbio flutuante”. Em ordem de artilharia, Ilan lançaria mão de uma bateria intensa de swaps – a despeito do previsível custo fiscal da medida e das críticas esperadas que a iniciativa vai lhe custar –, elevação dos juros Selic, imposto fiscal nas remessas para o exterior (o presidente do BC já ensaiou a mordida, aumentando a cunha fiscal de 0,38% para 1,1%), e, finalmente, a venda à vista de dólares das reservas internacionais.

Na visão do BC, apesar de o Brasil ter uma batelada de reservas, a última medida é a venda do lastro cambial. Ela sinalizaria uma enorme fragilidade do país. Seria como se uma pessoa vendesse o seguro do carro – ou abrisse mão de parte do seu valor – justamente quando sabe que vai irreversivelmente bater com ele. A compreensão é que a situação está pior porque ela tem de vender hedge na “hora da morte”.

É possível que nada aconteça, que as irrigações com swaps no mercado cambial sejam suficientes, que o câmbio seja só um espirro. Ou não. Para todos os efeitos, é preciso desviar a ideia de que a política monetária do BC está mais voltada para os juros do que para os preços. E que as decisões do Copom priorizarão os perigos de desvalorização da moeda. Seria uma confissão do que o BC não quer confessar sob risco de que o que não é pareça que é e se torne o que não deve ser. A questão é como administrar esse “coeficiente de Pinóquio” na condução das expectativas.

#Banco Central

Imprevidência

20/02/2018
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O ministro Henrique Meirelles estava um caco durante o anúncio do refogado de 15 medidas econômicas para amenizar o baque pela suspensão da reforma da Previdência. Para um interlocutor próximo, Meirelles sussurrou: “Vamos ver o que a Fitch e a Moody’s acham…”

#Henrique Meirelles #Reforma da Previdência

O apelo de Meirelles às “pitonisas” do rating

15/01/2018
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A equipe econômica passou a última sexta-feira conversando com a Moody’s e Fitch, as outras duas principais agências de avaliação de risco, tentando evitar que seguissem a S&P Global Ratings e rebaixassem o rating do país. Evitar a unanimidade é considerado essencial por Henrique Meirelles e sua área técnica. A piora em bloco da nota de longo prazo do Brasil pode ter efeito negativo sobre toda a estratégia planejada pelo governo para a gestão da economia, com impacto sobre câmbio, inflação e juros. A preocupação maior, contudo, é com a percepção de solvência do país.

Apesar da melhora de todos os indicadores econômicos, há um consenso de que a situação fiscal se agravou. Apesar de ter sido tratada como uma decisão surpreendente, a pedra da queda no rating já estava cantada no final do ano passado. No dia 20 de dezembro, frente aos rumores de que a nota do Brasil seria rebaixada, Meirelles encontrou-se com as três “pitonisas”, S&P, Moody’s e Fitch. A seguir, anunciou em entrevista que “não procedia a informação de que teria havido uma antecipação de qualquer movimento de rating”. Verdade ou mentira, no dia 22 de dezembro, quase véspera do Natal, o mercado foi inundado pelos rumores de que a S&P rebaixaria a nota do Brasil ainda no final do ano ou no princípio de 2018.

O resultado foi um novo corre-corre para desqualificar a versão como boato. O temor do governo é que a discussão sobre a capacidade de pagamento do país alcance decibéis mais altos. Segundo Insight Prospectiva, informativo exclusivo para assinantes editado pela Insight Comunicação, à exceção da área externa – com um superávit comercial recorde da ordem de US$ 60 bilhões, um reduzido déficit de transações correntes de 0,45% do PIB (US$ 16 bilhões), US$ 75 bilhões de investimentos diretos e reservas cambiais de US$ 380,4 bilhões –, os números da deterioração fiscal são gritantes. Há problemas de fluxo e de estoque da dívida bruta interna, que deverá atingir o limite informal de 80% do PIB, considerado pelas agências como o sinal amarelo para o risco de solvência, em 2018.

O imbróglio da regra de ouro também só piora o cenário, notadamente quando o próprio governo anuncia que a situação em 2019 será ainda bem mais séria. A contabilidade do passivo público é fantasmagórica, seja qual for o ângulo que se observe. Por exemplo: a relação entre dívida corrente líquida e receita corrente líquida, um dos principais indicadores de solvência, atingiu o maior nível dos últimos 10 anos. O governo e sua base aliada estão frente a uma situação limítrofe. Ou aprovam a reforma da Previdência até março ou, então, terão de aumentar impostos (a exemplo da Cide), medida que o ministro da Fazenda nunca descartou. É possível que, na sua avaliação do próprio risco, Meirelles calcule já não estar no cargo quando o gravame for feito. Não faria sentido uma candidatura à Presidência da República lançada imediatamente após uma ampliação da carga tributária.

#Henrique Meirelles #S&P Global Ratings

BB dança seu último tango no Banco Patagonia

3/01/2017
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O Banco do Brasil pretende vender integralmente a sua participação de 58% no bloco de controle do argentino Banco Patagonia. A direção do BB trabalha com dois modelos para a operação. O primeiro deles é uma oferta de ações na Bolsa de Buenos Aires em conjunto com os demais sócios relevantes, notadamente a família Stuart Milne, dona de aproximadamente 21% do capital.

A segunda possibilidade sobre a mesa é a venda direta da sua participação. Os espanhóis do Santander e BBVA, que têm uma expressiva presença no mercado bancário argentino, surgem como potenciais candidatos ao negócio. Procurado, o BB confirmou que, “em conjunto com alguns acionistas, avalia a possibilidade de, eventualmente, propor a realização de uma oferta pública de ações” do Banco Patagonia. Consultado sobre eventuais tratativas com o Santander e o BBVA, o banco não se pronunciou.

A venda da participação no Banco Patagonia está relacionada à necessidade do BB de melhorar os níveis de capitalização para atender às novas regras de Basileia 3. Seu índice de capital próprio é de 9,07%, segundo o balanço do terceiro trimestre. A partir de 2019, o Banco Central exigirá um patamar mínimo de 10,5%. Se não partir para a desmobilização de ativos, dificilmente o BB conseguirá atingir este piso sem um aporte do Tesouro, fato, inclusive, asseverado por recente avaliação da Fitch Ratings.

Tomando-se como base o atual valor de mercado da instituição, a participação total do Banco do Brasil equivale a algo em torno de R$ 3 bilhões. O Banco Patagonia tem o correspondente a R$ 13,2 bilhões em ativos e uma rentabilidade bastante expressiva. Os números de janeiro a setembro indicam um retorno anualizado sobre o patrimônio da ordem de 38%. Para efeito de comparação, o índice de rentabilidade do BB projetado para 2016 é de 15%.

#Banco Central #Banco do Brasil #Banco Patagônia #Santander

Os 30 dias que abalarão os restos do governo Dilma

24/09/2015
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O ano de 2015 acabou. Resta olhar para o porvir. O calendário dos próximos 30 dias vai determinar os próximos três anos. Em qualquer das hipóteses, as decisões a serem tomadas não significarão melhores dias nesse intervalo, mas, dependendo das resoluções, o ruim pode piorar ainda mais. Partindo-se da premissa de que a reforma ministerial já está precificada, a agenda da sinistrose começa na próxima segunda-feira, com a divulgação pela Fundação Perseu Abramo, uma espécie de think thank do PT, de um documento pilotado pelo ex-presidente do Ipea Marcio Pochmann. Além das críticas de praxe à condução da política de estabilização, o arrazoado trará propostas de arrepiar o cabelo, tais como: a recompra de títulos com expansão da base monetária, o que hipoteticamente levaria à queda de juros; redução do compulsório bancário com o crédito direcionado para a expansão do consumo; e CPMF de 0,38%, com o objetivo de redistribuição de recursos para os governos estaduais, sabidamente quebrados. O plano da “novíssima matriz econômica” aceitaria tacitamente uma inflação anual de até 15%, que, por essa lógica transversa, ajudaria a fechar as contas do governo. Algo assim como curar uma facada com doses de morfina. Na hora, alivia a dor, mas, no tempo, mata. O feixe de medidas aparenta ser non sense, mas o governo Dilma Rousseff também não pode ser observado sob a ótica da racionalidade. Ela própria sempre demonstrou simpatia por essa linha de pensamento. O simples fato de o documento vir à tona já vai provocar febre na selva do mercado. Digamos que esse receituário seja só um susto. Ainda assim, os próximos dias prometem. A partir de hoje, com a viagem de Dilma para os Estados Unidos, o Brasil poderá experimentar como o mordomo de velório, Michel Temer, pilota o comboio da crise em meio a rumores de toda a ordem. Ontem mesmo, circulou freneticamente no mercado o boato de que Joaquim Levy já teria anunciado sua decisão de deixar o cargo. Para a semana que vem, as emoções fervilham, com a divulgação da nova pesquisa do Ibope sobre a popularidade de Dilma Rousseff. Não custa lembrar que no último levantamento, de julho, apenas 9% consideraram o governo “bom” ou “ótimo”. Imagine o que ocorreu de lá para cá. Que ninguém relaxe: logo depois vem o Datafolha. Ainda na próxima semana, o Congresso votará os seis vetos presidenciais restantes, entre eles os dois mais nevrálgicos: o reajuste do Judiciário e a vinculação do reajuste do salário mínimo a todos os benefícios do INSS. A montanha russa continua nos dias seguintes, com a expectativa do anúncio pela Fitch da mudança ou não da nota de crédito do Brasil. Para a segunda quinzena de outubro, está prevista a votação do relatório do TCU sobre as contas do governo Dilma em 2014. Nos dias 20 e 21 de outubro, o Copom poderá, ou não, retomar o ciclo de alta dos juros. Na última semana do mês, mais um ingrediente entra no caldeirão: a reunião do FED, marcada para os dias 27 e 28 de outubro. Todas essas medidas estão emolduradas pela variação do dólar no período, que pode levar o BC a vender alguma parcela das reservas cambiais em moeda física. O busílis é saber qual será essa cotação. Especulava-se ontem no mercado que o overshooting poderia ir de R$ 5 a R$ 6. Tudo isso pode ser absolutamente irracional. Ou não.

#CPMF #Dilma Rousseff #Fundação Perseu Abramo #Joaquim Levy #Michel Temer

Elie Horn recua três casas na CCP

28/07/2015
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Não chega a ser uma queima de ativos, mas a venda de um colar de imóveis da Cyrela Commercial Properties (CCP) tem machucado profundamente a autoestima de Elie Horn. O empresário sempre foi um acumulador de projetos e empreendimentos e não um trader do setor imobiliário. Mas entre essa diferença e a pecha de perdedor vai uma distância muito grande. Sua intenção é salvaguardar ao máximo a joia da coroa, a carteira de edifícios corporativos, que inclui, entre outros, o JK Financial Center e o Faria Lima Financial Center. A primeira leva de ativos já está sobre o balcão. A companhia deverá reduzir ainda mais sua participação no centro logístico de Cajamar, do qual detém 50% – no ano passado, já havia vendido 25% para o fundo Canada Pension Plan Investment Board. A CCP planeja também negociar parte de suas ações em dois shopping centers, o Cerrado, em Goiânia, e o Metropolitano, na Barra da Tijuca, no Rio. Procurada pelo RR, a CCP diz “não ter processo de venda de ativos em curso.” Mas afirma que “olha oportunidades, tanto de venda como de compra de ativos”. Para bom entendedor… Nos últimos dois anos, a relação dívida líquida/Ebitda da CCP saltou de três para 7,8 vezes, o que levou a Fitch a rebaixar a nota de crédito da empresa. São esses números associados a um cenário de crise do setor que levam a crer que mais imóveis serão colocados na prateleira.

#Cyrela

Louis Dreyfus com um pé fora dos canaviais

7/05/2015
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A Louis Dreyfus cansou de plantar investimentos e só colher bagaço. O grupo francês colocou a  venda o controle da Biosev, seu braço sucroalcooleiro no Brasil. O pacote reúne 12 usinas, com capacidade para moer cerca de 36 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Um forte candidato a  operação é a Brookfield Asset Management, que também negocia a compra dos ativos da indiana Shree Renuka no Brasil. A gestora de recursos canadense já sinalizou ter cerca de US$ 800 milhões para a aquisição de empresas em dificuldades financeiras na área de bioenergia. A Biosev se encaixa neste figurino. Nas últimas duas safras, acumulou perdas de R$ 2 milhões. Proporcionalmente, a dívida da empresa disparou nos últimos 12 meses. Hoje, o caixa de R$ 200 milhões cobre apenas um décimo do passivo de curto prazo. Há pouco mais de um ano, essa relação estava em 85%. Desde 2009, quando comprou a antiga Santelisa Vale, a Louis Dreyfus nunca soube o que é ganhar dinheiro com açúcar e álcool no Brasil. Os franceses investiram mais de R$ 2 bilhões na Biosev e, em troca, amargam sucessivas safras de prejuízo. Nesse período, as perdas da companhia somaram mais de R$ 3 bilhões. Curiosamente, apesar de todos os pesares, talvez este seja mesmo o melhor momento, aliás, o menos pior para a venda da empresa, graças a uma combinação de fatores exógenos e endógenos. Recentemente, o governo aumentou o índice de mistura de etanol a gasolina de 25% para 27%, o que permitirá ao setor aumentar suas vendas em aproximadamente um bilhão de litros ao ano. No front interno, a boa nova veio pela voz da Fitch. No mês passado, a agência decidiu manter a nota de crédito e remover a observação negativa do rating da Biosev. Há meses, a empresa convivia com o fantasma do rebaixamento da classificação de risco.

#Brookfield #Louis Dreyfus

A lenta agonia do paciente na⼠1 da Unimed

16/03/2015
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Celso Barros era um homem nocauteado ao deixar o Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, na última terça-feira, logo após as eleições para o Conselho Fiscal da Unimed-Rio. Além da derrota da chapa da situação, outros dois golpes certeiros atingiram seu queixo naquela manhã. A apuração nem sequer havia terminado e a palavra “impeachment” já corria pelo salão. Fortalecida pelo resultado das urnas, a oposição, reunida sob a chapa “Segunda Opinião”, articula o pedido de afastamento de Barros do comando da Unimed- Rio, quase três anos antes do encerramento do atual mandato. Seus adversários exigem a contratação de uma nova auditoria independente para exumar a contabilidade da empresa. Na assembleia da terça-feira, já antevendo a derrota, o próprio Barros suspendeu a votação para a aprovação do balanço de 2014. A oposição pretende também abrir a caixa preta da Unimed Participações. Criada em 2010 para viabilizar o financiamento e a construção de hospitais próprios, a subsidiária já responderia por quase metade do passivo do grupo. Consultada sobre o pedido de afastamento de Barros, a direção da Unimed-Rio declarou que “a oposição deve falar por si própria, justificando em que se basearia para essa eventual iniciativa”. A empresa garante também que a Ernst & Young e a Walter Hoy já auditaram o balanço e recomendaram sua aprovação. A cooperativa afirma ainda que a votação das contas foi suspensa “preventivamente por razões de segurança, já que os ânimos entre alguns participantes ficaram exaltados”. Que o diga o vídeo disponível na internet, um flagra do exato momento em que Barros deixa a assembleia escoltado por três seguranças, sob estridentes vaias dos oposicionistas. O coquetel formado por perdas de receita e aumento da dívida, que já estaria acima de R$ 1 bilhão, vem destruindo a saúde financeira da cooperativa. A redução dos anticorpos virais já custou a  empresa o rebaixamento do rating pela Fitch. O maior temor dos médicos que vestem o jaleco de credenciados e sócios da Unimed-Rio é a situação fiscal da empresa. Barros sai pela tangente dizendo que a enfermidade não é tão grave assim. A Unimed alega que “todo o passivo fiscal e tributário em discussão, no valor de R$ 460 milhões, já está provisionado, mas a perspectiva é que ele baixe para R$ 200 milhões.” A cooperativa está contestando, por exemplo, uma autuação da Receita Federal no valor aproximado de R$ 220 milhões. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas pior ainda é o imbróglio com a Prefeitura do Rio, que, há anos, cobra da empresa mais de R$ 730 milhões referentes ao não recolhimento de ISS. O abcesso fiscal tende a aumentar. O RR ouviu de médicos da oposição que a Unimed-Rio é alvo de investigações da Receita Federal por conta de pagamentos feitos diretamente a jogadores e ex-atletas do Fluminense, clube no qual o cartola tricolor despejou algumas centenas de milhões de reais ao longo dos últimos 15 anos. A operadora de planos de saúde afirma que a Receita “apenas solicitou a documentação sobre estes pagamentos” para analisar o recolhimento dos impostos pelos atletas, estes sim, segundo a própria empresa, sob investigação do Fisco. No final, sobrou para os craques das Laranjeiras. De qualquer forma, até prova em contrário, cabe aos acusadores o ônus da prova, e Barros, como se sabe, enverga, mas não quebra. Na sua contagem, ainda há um segundo tempo inteiro pela frente.

O dia em que o dólar bateu nos R$ 4

12/03/2015
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Em um dia qualquer de maio, junho ou julho, o extraordinário Orson Welles, que, em 1938, apavorou a Costa Leste dos Estados Unidos ao narrar pelo rádio uma suposta invasão de marcianos, incorporou em um brasileirinho. O guri, vendedor de jornais, bravejava pelas ruas da cidade com a voz tonitruante de Welles: “Extra! Extra! O dólar chegou aos R$ 4.” O overshooting já se delineava desde o princípio de março com a moeda alcançando os R$ 3,15. Desde então, os extraterrestres invadiram o mercado de câmbio. Tudo ao mesmo tempo agora. Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch rebaixaram o rating do Brasil. O Federal Reserve retirou os estímulos monetários de uma forma mais agressiva do que a prevista. Bancos internacionais recusaram as baixas contábeis no balanço da Petrobras, que teve de antecipar pagamentos dos seus débitos para não entrar em default. O Banco Central se viu forçado a vender US$ 50 bilhões das suas reservas cambiais, que baixaram para algo em torno de US$ 320 bilhões. A queima de moeda física foi necessária devido ao insucesso do lançamento de US$ 35 bilhões em swaps cambiais, cujo estoque saltou de US$ 113 bilhões, em março, para US$ 148 bilhões, o equivalente a 46% das reservas. Esse movimento de redução do lastro cambial, em vez de acalmar o mercado, deixou-o frenético. As remessas de lucros atingiram US$ 16 bilhões – o correspondente a 61% do valor total de 2014 -, com as empresas preocupadas que o dólar não tenha teto. O temor de um ataque especulativo atingiu o governo na fronte. Antes disso, o BC já tinha puxado a Selic para 18%, com viés de alta, em reunião extraordinária do Copom. O INPC anualizado ultrapassava os 10%, segundo previsão das instituições do mercado. De repente, o Brasil empobreceu de forma brutal. O valor de mercado das companhias abertas caiu de R$ 2,1 trilhões para R$ 1,5 trilhão. A título de comparação, trata-se do equivalente a 6,8 vezes as baixas contábeis de R$ 88 bilhões do balanço bastardo da Petrobras assinado por Maria das Graças Foster. A dívida privada em moeda estrangeira subiu de R$ 651 bilhões para R$ 826 bilhões. A Petrobras, que, de alguma forma, estava na origem do cataclismo, viu seu valor de mercado desabar de R$ 111 bilhões, em meados de março, para R$ 81 bilhões. Ou seja: mais do que o orçamento do Bolsa Família inteiro em 2014 (R$ 25 bilhões). Começaram a surgir boatos por toda a parte de que operações de hedge malsucedidas, a exemplo do que ocorreu no passado com as finadas Aracruz e Sadia, pululavam no mercado como lambaris no rio. Num intervalo de 15 dias, Joaquim Levy já havia contabilizado 27 entrevistas a diversos veículos garantido a firmeza do ajuste econômico. O alto-comando do governo reuniu-se com a presidenta Dilma Rousseff para decidir se ela faria um pronunciamento de rádio e TV em caráter emergencial. Xô, Orson Welles! Como se já não bastasse a realidade…

Por água abaixo

20/10/2014
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Além da falta de chuvas, outra ameaça paira sobre a Sabesp. No Palácio Bandeirantes, já se dá como certo o rebaixamento do rating da estatal pela Fitch.

#Secretaria Especial do PPI

Agências de rating falam mal do Brasil três vezes ao dia

14/02/2014
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Que falta faz uma agência de rating para as agências de rating. Os vergonhosos erros durante a crise dos subprimes não foram suficientes para diminuir a claque dessas cassandras viperinas, guiadas pela mão visível da financeirização da economia internacional. Não se sabe bem o que é pior: se a impunidade desses entes amorais cujo objetivo é capturar a soberania do Estado ou a caixa de ressonância que uma mídia abobalhada lhes empresta, sem qualquer compromisso cívico. Caso estivessem vivos, George Orwell, idealizador da figura do Grande Irmão, e Jeremy Bentham, criador do panóptico, o presídio perfeito, achariam que a ficção mais cruel é ainda um ambiente arejado perto da realidade forjada pelas classificadoras de risco. Qualquer palavra balbuciada pelas agências de rating é logo recebida com a força de uma tábua mosaica e instantaneamente disseminada junto a  opinião pública. O RR se deu ao trabalho de contabilizar a presença destas empresas no noticiário. Somente no mês de janeiro, os quatro maiores veículos diários do país Valor Econômico, O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo fizeram 79 menções ao trio de ferro do setor: Moody’s, Standard & Poors e Fitch. Ou seja: em média, a cada dia, esta trinca de ases teve direito a 2,63 referências nas mais influentes publicações do país. Para efeito de comparação, no mesmo período a maior corporação privada do Brasil, a Vale, somou um número de citações nos quatro jornais apenas um pouco superior: 88. Se alguém quiser eleger o inimigo número 1 da credibilidade nacional, ele atende pelo nome de Standard & Poors, protagonista de 46 comentários desabonadores ao país no mês de janeiro. O receituário de morte desses homicidas da reputação alheia é o mesmo: denúncia permanente da deterioração das contas públicas, do aumento dos juros e da queda também , da perda de credibilidade fiscal e monetária, da alta da inflação, da fragilidade do balanço de pagamentos etc. O inferno é que o critério não leva em consideração os matizes das circunstâncias e se alterna conforme o juízo insondável do carrasco. Não há regulamentação para as agências de rating. Elas deslocam decisões de investimento e provocam a arritmia das cotações no mercado de capitais sem esbarrar em nenhuma CVM ou SEC da vida. Para estas harpias, a exigência de uma disciplina além dos valores faz com que as conquistas sociais ou mesmo a democracia fiquem num plano inferior. Na sua visão, as eleições prejudicam a política econômica, uma vez que em um ano de escrutínio é difícil adotar as preconizadas medidas impopulares. O mesmo se aplica a s políticas sociais, recorrentemente tratadas como um estorvo no processo de ajuste fiscal recomendado como solução para todos os males da nação. Se já existissem em 1888, certamente as agências de rating derrubariam a nota do Brasil após a abolição da escravatura.

Dura missão

8/08/2013
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O Ministério da Fazenda está negociando com a Fitch e a Standard & Poor`s para evitar que o país sofra um downgrade, pelo menos neste ano. A missão é notoriamente difícil. No exterior, já se dá como certa a queda do rating.

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