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Sexta outonal, a s 11h, na Escola de Minas de Ouro Preto, os ectoplasmas de preletores notórios aguardam a cerimônia de aniversário do célebre educandário, criado em 1876. Proseiam próximos a uma janela de madeira secular o ex-diretor do Departamento Nacional da Produção Mineral Glycon de Paiva e o fundador da lendária Consultec, Mario da Silva Pinto, ambos críticos da Petrobras. Os dois geólogos foram alunos da Escola de Ouro Preto e se notabilizaram como conspiradores de boa cepa. Agora, a massa vaporosa de suas almas se mostra preocupada com a estatal. – Caríssimo, o comissariado da República da Petrobras discute, a sete chaves, a necessidade de mais um aumento de capital, ainda neste ano, com o valor ainda dependendo do aumento do preço do combustível, diz Mario da Silva Pinto. – Ué, a Petrobras não foi capitalizada em US$ 120 bilhões e ainda outro dia não recebeu R$ 12 bilhões do BNDES? Incrível! – exclama Glycon. – O curioso é que a companhia diz ter um caixa da ordem de US$ 30 bilhões e garante que sustenta os recursos para seus dispêndios deste ano. Só que nessa megacapitalização que você bem lembrou a empresa também dizia ter um caixa firme. O atual foi construído com o atraso dos projetos e uma política genocida em relação aos fornecedores. Eu desafio a que me digam um projeto da Petrobras que não esteja atrasado. Há mais de 800 contratos de fornecedores com as suas faturas na geladeira, diz Mario Pinto. Ele acrescenta: – Os preços dos combustíveis têm de refletir os preços de mercado. Sem o amortecedor da conta petróleo, que também era um monstrengo, a empresa quebra. Aliás, não quebra, porque é uma República dentro de uma República. Glycon fulaniza o cerne da questão: – E Maria das Graças? Ela não tinha a força? No último trimestre do ano passado, disse que o preço da gasolina seria corrigido até dezembro. Não foi. Agora insiste que será também até dezembro. Só que em setembro de 2012 o dólar estava em R$ 2,03. Nesse intervalo de tempo, saltou para a casa dos R$ 2,40. – Graça é um grão de competência e determinação no présal de problemas da Petrobras. A Dilma gosta dela, mas fica nisso. Superestimaram a moça, afirma Mario Pinto. – Há também o programa de desmobilização de ativos. A estatal quer alcançar US$ 11 bilhões. Eu pago para ver. E o prejuízo projetado com a importação de petróleo é superior a R$ 10 bilhões. Isso com um reajuste de 6% da gasolina. A queda da produção pode ficar entre 7% e 9% neste ano. A Petrobras Biocombustível está se desmilinguindo. E ainda tem a legislação embriagada do présal, com os 30% de participação compulsória nos consórcios de exploração, rebate Glycon. O espírito presente de Glycon de Paiva sintetiza: – Trata-se de uma derivada com as variáveis algébricas do poema “Hino Nacional”, de Drummond de Andrade, ou seja, o Brasil não existe, não existem os brasileiros. Existirá a Petrobras? Obs. Qualquer semelhança com a realidade é coincidência proposital ou apuração jornalística.
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