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Acervo RR
Acendeu uma lâmpada na mente de Benjamin Steinbruch. O empresário teve um momento Arquimedes, mas, em vez de sair pelos corredores da CSN gritando “Eureka”, o brado ouvido dentro da companhia foi “CSA! CSA!”. Segundo um interlocutor muito próximo a Benjamin, o empresário tem acompanhado com grande interesse o desenrolar do desencanto societário em torno da Companhia Siderúrgica do Atlântico. A disposição da ThyssenKrupp de vender sua participação na empresa despertou o dono da CSN. Cenários, possibilidades e números crepitam em sua cabeça. O custo oportunidade solta faíscas como um alto-forno siderúrgico. Pela condição de vendedora quase confessa e em razão da crise econômica na Europa, a ThyssenKrupp já entraria na negociação fragilizada. Dificilmente teria poder de barganha para cobrar um ágio expressivo pelo controle da CSA. Ressalte-se ainda o fato de que a Thyssen tem interesse em acelerar sua saída da CSA devido ao seu reposicionamento estratégico. O grupo pretende focar em projetos de alta tecnologia. Em uma só leva, Benjamin poderia também fisgar as ações pertencentes a Vale, assumindo integralmente o controle da CSA. A mineradora só se associou a ThyssenKrupp para viabilizar o projeto, mas nunca teve interesse em manter um smelter no Rio e, muito menos, comprar a parte dos alemães, como chegou a ser aventado. E o tempo dos projetos siderúrgicos como estratégia empresarial parece ter passado na Vale. Ao comprar as participações da ThyssenKrupp e da Vale, Benjamin Steinbruch poderia criar uma espécie de “Companhia Siderúrgica Nacional do Atlântico”. Ele passaria a ser não só o barão, mas o imperador do aço no Rio de Janeiro. A CSN praticamente dobraria de escala, saltando de 5,6 milhões de toneladas para aproximadamente 10,5 milhões de toneladas de aço por ano. Benjamin ultrapassaria Gerdau e Usiminas, com capacidade instalada, respectivamente, de dez e nove milhões de toneladas ao ano. Ficaria atrás apenas da Arcelor, com 15 milhões de toneladas. Com este conglomerado, Benjamin entraria de vez na disputa para formar a grande siderúrgica do país, movimento iniciado com a venda da Usiminas para a Techint. Sem dúvida é bem mais apetitoso do que comprar usinas dispersas, pequenas e sem competitividade, que estavam mofando nas prateleiras dos Estados Unidos e do Velho Mundo.
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