Eike Batista está a pleno vapor. Ideias não lhe faltam – esse nunca foi o seu problema. O alardeado projeto da “supercana” – “capaz de produzir três vezes mais etanol por hectare” – é apenas a ponta mais visível dos negócios que vem tentando emplacar. A transição energética é justamente o fio condutor que une suas principais investidas – “Eu acho que Deus não quis que eu mexesse com o mundo sujo do petróleo”, disse o empresário recentemente. Na mineração, onde tudo começou, Eike estaria buscando parceiros para a exploração de terras raras.
Trata-se de um velho objeto de cobiça. Nos áureos tempos do Grupo X, por volta de 2012, o empresário chegou a ensaiar a compra de jazidas de neodímio na região de Araxá (MG). Outro negócio no seu radar é a exploração de grafeno – o Brasil concentra a segunda maior reserva de mineral do mundo, atrás apenas da China. Eike flerta também com investimentos em energia limpa para a mineração de bitcoins.
Trata-se de um processo que exige uma quantidade altíssima do insumo. Nos Estados Unidos, por exemplo, consome aproximadamente 2,3% da eletricidade produzida no país. Essa atividade é praticamente inexistente no Brasil, por conta justamente dos elevados preços do insumo. Nos EUA, o custo de mineração de um único bitcoin gira em torno dos US$ 20 mil. No Brasil, esse valor chega a US$ 45 mil.
Eike Batista tem buscado sócios para as suas novas peripécias empresariais. O nome da Ciclus Ambiental, do Grupo Simpar, é citado à boca miúda como um potencial parceiro. Por sinal, no último dia 8, por volta das 18 horas, Eike foi visto saindo do edifício onde está a sede da empresa, na Rua Renato Paes de Barros, 1017, no Itaim Bibi. Com plantas em Seropédica (RJ) e Belém (PA), a Ciclus é focada na transformação de resíduos industriais em energia elétrica.
Em janeiro, venceu a disputa pela Parceria Público-Privada de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos na capital paraense. Desde julho do ano passado, a empresa detém autorização para a operação de geração e comercialização de energia elétrica no mercado livre, com um excedente de aproximadamente 1,8 MW/h. O RR entrou em contato com a Ciclus, mas a empresa não se manifestou até o fechamento desta matéria.
Enquanto tenta viabilizar múltiplos projetos, Eike Batista afina o seu lado de coach, para o qual sempre teve inegável vocação. Há informações de que já existiria uma fila de espera de aproximadamente 200 interessados em participar da próxima edição do “Eike Xperience”, ainda sem data definida. São três dias de mentoria em um resort, com módulos como “Visão de Águia” e “Do mil ao milhão, do milhão ao bilhão”. Tudo pelo valor de R$ 50 mil.