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Vale e Opportunity querem atracar no Porto Sudeste

  • 23/08/2024
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Seis anos após seu turbulento desenlace societário, Vale e Opportunity devem ter um novo duelo pela frente. Segundo o adviser de uma das empresas envolvidas na negociação, a mineradora e a gestora de Daniel Dantas estão na disputa pela aquisição do Porto Sudeste, colocado à venda pelo Mubadala e pela Trafigura. As conversas são conduzidas pelo UBS BB e pela Goldman Sachs, contratados pelo fundo árabe e pela trading de Cingapura.

Tanto a Vale quanto o Opportunity jogam o jogo com uma carta em cada mão. De acordo com a mesma fonte, a mineradora poderia entrar diretamente na operação ou “terceirizar” o investimento, por meio da VLI, empresa de logística portuária e ferroviária da qual é uma das maiores acionistas, ao lado da Brookfield.

O mesmo se aplica ao Opportunity, que teria a possibilidade de comprar o Porto Sudeste de forma direta ou por intermédio da Santos Brasil, da qual é um dos principais investidores. Nesta segunda hipótese, o M&A resultaria na consolidação do grande conglomerado do setor portuário brasileiro, que reuniria um dos maiores terminais de contêineres da América Latina, em Santos, e uma importante estrutura logística para exportação de minério de ferro – no ano passado, cerca de 26 milhões de toneladas saíram do Porto Sudeste.

Em tempo: a eventual aquisição do complexo portuário, localizado em Itaguaí (RJ), dissiparia os rumores sobre a saída do Opportunity do setor – no ano passado, circularam notícias de que a instituição financeira de Dantas teria colocado à venda a sua participação na Santos Brasil.

Do lado da Vale, há todo um contexto em torno do seu interesse pelo Porto Sudeste.

A mineradora já controla um porto na região de Itaguaí, a Cia. Portuária Baía de Sepetiba (CPBS), responsável pela exportação de mais de 17 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado. E, no que dependesse da sua vontade, entraria com as garras afiadas no leilão de arrendamento do IGT 02, o novo terminal de minério de Itaguaí. No entanto, conforme o RR antecipou, o edital da Antaq cria restrições à participação tanto da Vale quanto da CSN na disputa – a siderúrgica controla o Tecar, terminal de granéis de Itaguaí.

As duas empresas têm feito lobby em Brasília na tentativa de derrubar os entraves para a sua entrada na licitação. Porém, até o momento, a Antaq segue firme na sua disposição de impedir uma concentração ainda maior dos embarques de minério de ferro na Baía de Sepetiba nas mãos da mineradora e da siderúrgica.

Ou seja: a Vale – assim como a CSN – está em uma espécie de índex da agência reguladora, ao menos quando o assunto é o complexo portuário de Itaguaí. É justamente essa amarra regulatória que justificaria a entrada em cena da VLI, como candidata à compra do Porto Sudeste. Em conversa com o RR, ao ser perguntada sobre a possibilidade de comprar o empreendimento, a empresa de logística afirmou que “não há nada nesse sentido”. Está feito o registro.

No entanto, o que se diz no setor é que, diante do cerco da Antaq, a saída mais plausível para a Vale não perder o negócio seria a VLI se posicionar na linha de frente da operação de compra do Porto Sudeste. Seria, digamos assim, um “outsourcing societário”.

A aquisição daria à Vale, quer dizer, à VLI uma capacidade adicional de exportação de 50 milhões de toneladas de minério de ferro por ano – ainda que atualmente, o Porto Sudeste opere com quase 50% de ociosidade. O mundo roda, gira, capota e, por vezes, volta ao mesmo lugar. Em 2014, quando do início da derrocada do “Império X”, a Vale chegou a sinalizar a Eike Batista o interesse em comprar o Porto Sudeste. E talvez só não tenha levado porque Eike não podia vender o que já não era mais seu. Mubadala e Trafigura assumiram o ativo, em troca de dívidas do empresário.

#Mubadala #Opportunity #Vale do Rio Doce

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