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Os planos de transição energética da ArcelorMittal no Brasil estão tomando uma proporção maior. A informação no setor siderúrgico é que o grupo estuda investir na construção de usinas de hidrogênio verde. A prioridade seria o autossuprimento para a produção de aço no país. Mas não só: a companhia vislumbra a oportunidade de vender energia para terceiros, transformando a operação em uma fonte de receita. Trata-se de um projeto que pode ser executado tanto em voo solo quanto ao lado de parceiros.
Não custa lembrar que, no ano passado, a ArcelorMittal Tubarão, do Espírito Santo, firmou um memorando de entendimentos com a EDP para estudar o uso de hidrogênio verde na fabricação de aço. Outro nome que deve ser considerado para uma possível associação com a Arcelor é a Casa dos Ventos. Ambas já são sócias em uma joint venture para a instalação de um complexo de energia eólica na Bahia, um investimento superior a R$ 4 bilhões. E a Casa dos Ventos, de Mário Araripe, já anunciou sua entrada em projetos de hidrogênio verde. Ao menos um empreendimento está em estágio mais avançado.
Trata-se da construção de uma usina no hub de hidrogênio verde de Pecém, no Ceará. Talvez seja apenas coincidência: talvez não. A ArcelorMittal é dona da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), adquirida junto à Vale e às sul-coreanas Posco e Dongkuk. Recentemente surgiram notícias do interesse da siderúrgica em comprar energia do hub cearense. Procurada, a ArcelorMittal não quis se pronunciar. Mas, em abril, em contato com o RR, a empresa informou ter interesse em energias renováveis, mas que não havia nenhum compromisso firmado para a compra de hidrogênio verde de Pecém.
Ainda assim, na mesma ocasião, a siderúrgica confirmou que “há contínuos estudos de viabilidade de investimentos de médio e longo prazo, conectados à estratégia de descarbonização e consolidação do máximo desempenho da unidade de Pecém.”
Em fevereiro deste ano, o principal executivo da ArcelorMittal na Europa, Geert van Poelvoorde, disse que o hidrogênio verde é caro demais para ser usado pela empresa na região.
A lógica pode até valer para a Europa, mas não exatamente para o Brasil, potencialmente um dos dínamos da transição energética global. O país tem farta disponibilidade de água e de fontes renováveis, como eólica e solar, ou seja, o “kit” necessário para a producao de hidrogênio verde. Nesse contexto, os planos da ArcelorMittal para Pecém tendem a escalar níveis mais altos. Há todo um sentido estratégico por trás da possibilidade de a empresa deixar de ser um “mero” consumidor para se tornar um dos investidores do hub de hidrogênio verde de Pecém. A produção própria de energia seria um impulso a mais para um dos maiores projetos no pipeline do grupo no Brasil: a instalação de uma nova laminadora na CSP.
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