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A Suzano tem cobrado do governo federal ações mais rigorosas contra as recorrentes invasões do MST a fazendas de sua propriedade. A mesa de negociações criada no ano passado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, com representantes do Incra e do próprio MST, para mediar conflitos fundiários em terras da companhia na Bahia e no Espírito Santo, mostrou-se um placebo. As gestões da Suzano junto ao governo envolvem não apenas autoridades da área de segurança, sobretudo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski e a direção da Polícia Federal, mas também outros órgãos de Estado diretamente envolvidos com a questão.
É o caso da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). Segundo o RR apurou, a empresa vai apresentar na reunião de hoje da CTNBio, em Brasília, um relatório do impacto negativo das ocupações sobre suas atividades de pesquisa e desenvolvimento de eucalipto transgênico, notadamente na Fazenda São Bento, em Açailândia (MA). A Comissão é um lócus estratégico. A Suzano vai à CTNBio com o peso de ser um dos maiores investidores em biotecnologia do país: a empresa desembolsa cerca de 1% do seu faturamento anual, ou seja, o equivalente a R$ 5 bilhões, em pesquisa, desenvolvimento e inovação. As repetidas invasões a fazendas da companhia, com a consequente interrupção das atividades, têm sido um fator de ameaça à manutenção desses investimentos.
Além disso, ao levar a questão para a CTNBio, a Suzano pretende mobilizar as autoridades multiministeriais que compõem a Comissão e estão diretamente envolvidos com a biossegurança no país, entre os quais a Pasta da Defesa. Procurada pelo RR, a empresa não quis se manifestar.
A Suzano é uma das grandes proprietárias de terras do Brasil, com quase três milhões de hectares. A empresa responde por quase um quarto de toda a área de cultivo de eucalipto no país, com aproximadamente 1,7 milhão de hectares de plantação. Acabou se tornando um alvo recorrente do MST, ou de “invasores profissionais”, termo que os advogados da companhia costumam usar. Além da São Bento, outras cinco fazendas da Suzano no Maranhão têm sido objeto de sucessivas ocupações por sem-terra. No ano passado, o MST invadiu também outras três propriedades da fabricante de celulose no sul da Bahia.
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