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Os últimos dias têm sido particularmente tensos para o híbrido de executivo e asset manager Marcelo Claure. Com o chapéu de nº 1 da Shein na América Latina, precisou negociar a toque de caixa um acordo com o governo para atenuar o imbróglio em torno da taxação das empresas de e-commerce asiáticas no Brasil. No figurino de gestor de recursos, por sua vez, Claure está vendo escorrer entre os dedos sua nova investida: a Bicycle Capital, sediada em Miami. Segundo informações que circulam no mercado, o Mubadala está revendo a sua participação no negócio. O movimento se deve à iminente desistência de Paulo Passoni – ex-Softbank, assim como o próprio Claure -, de se associar à Bicycle (conforme publicou o site Pipeline, do Valor Econômico). A avaliação dos árabes é que o risco da operação cresce consideravelmente sem a presença e, sobretudo, o capital que seria carreado por Passoni para o fundo. Caso se confirme, o recuo do Mubadala coloca um ponto de interrogação sobre o próprio futuro da Bicycle. É pouco provável que Claure consiga viabilizar o fundo sem o aporte de US$ 180 milhões prometido pelo Mubadala. A rigor, sobraria apenas Shu Nyatta, um dos fundadores da Bicycle e hoje praticamente rebaixado à posição de funcionário de Claure, sem acesso a deal flow na América Latina. O RR fez várias tentativas de contato com a Bicycle, mas a gestora e Marcelo Claure não se pronunciaram até o fechamento desta matéria. O Mubadala também não se manifestou.
Marcelo Claure, ex-CEO do Softbank Group International, fez uma aposta alta para assumir o comando da Bicycle. Ele comprou mais de 50% da posição de general partner, assumindo, portanto, o papel de gestor. O eventual revés da Bicycle será uma turbulência a mais na (bem-sucedida) trajetória de Claure no mercado financeiro. No ano passado, ele deixou o Softbank em meio a atritos com Masayoshi Son, fundador do conglomerado japonês – um dos maiores investidores globais em venture capital. No grupo, Claure teve um duelo quase sangrento com o indiano Rajeev Misra, gestor do Vision Fund, o grande fundo de capital de risco do Softbank. O embate entre ambos chegou a tal ponto que, em 2020, Misra tentou vincular Claure ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, acusações jamais comprovadas.
Nascido na Guatemala e filho de pais bolivianos, Marcelo Claure é, por si só, uma holding. Como se não bastasse o duplo papel de executivo da Shein e gestor de fundos, Claure tem sua biografia bastante ligada ao futebol. Ainda jovem, chegou a ter um cargo na Federação Boliviana de Futebol. Mais recentemente montou um portfólio de investimentos pessoais em clubes de futebol, que inclui o Bolívar, de La Paz, o Inter Miami e o Girona, da Espanha.
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