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Com a experiência de quem escapou da seca no sertão do Rio Grande do Norte e, décadas mais tarde, resistiu a uma concordata que quase incinerou todos os seus negócios, Nevaldo Rocha sabe que, nessa vida, há tempo para se vencer quase tudo, menos o próprio tempo. Aos 88 anos, o fundador do Grupo Guararapes e dono da Lojas Riachuelo tem um encontro marcado com a palavra “sucessão”. Na Guararapes, é grande a expectativa de que o empresário deixe a direção executiva do grupo em 2016, mais precisamente em agosto, quando se encerra seu atual mandato. A partir de então, Nevaldo permaneceria apenas na presidência do Conselho, entregando a gestão a um de seus filhos. Procurada pelo RR, a Guararapes nega mudanças na gestão. Salvo algum fato novo, que ninguém espere por uma disputa fratricida: todas as evidências apontam que o eleito será Flavio Rocha. Aos olhos do próprio patriarca, trata-se do único de seus herdeiros realmente com pendor para a gestão executiva. Seus outros filhos, Elvio e Lisiane, acumulam passagens pela diretoria das empresas, como a área de marketing da Riachuelo, mas hoje a atuação de ambos está concentrada no Conselho do grupo. Já Flavio é CEO da rede varejista e vice-presidente da Guararapes. Nas horas vagas, dedica-se também a bombardear o governo Dilma Rousseff e a fazer o proselitismo do impeachment junto ao empresariado, mas isso é outra história. O fato de o nome do sucessor de Nevaldo Rocha ser considerado uma barbada dentro do próprio grupo não reduz a complexidade do processo. A troca de guarda na Guararapes tem suas sutilezas. Interlocutores privilegiados de Nevaldo sabem que o empresário vez por outra flerta com a ideia de vincular a passagem de bastão a uma reestruturação societária. Por trás da operação, estaria o cuidado do criador em proteger sua criatura de eventuais trepidações no relacionamento entre os herdeiros. A blindagem envolveria a criação de uma empresa de participa- ções que aglutinaria as ações pertencentes a Nevaldo e aos filhos. A nova holding seria amarrada a um rigoroso acordo de acionistas. Nenhum dos herdeiros poderia vender separadamente parte ou muito menos a totalidade de suas ações sem oferecê-las primeiramente aos demais acionistas. A maior preocupação de Nevaldo reside na Lojas Riachuelo, o grande negócio do grupo. Reza a lenda que, no passado recente, fundos norte-americanos acionistas da Lojas Renner teriam sondado isoladamente Elvio e Lisiane Rocha com o propósito de comprar suas participações na rede varejista da família. Encontraram a porta fechada. Mas o episódio serviu de alerta para o patriarca dos Rocha. Ao longo de tantas décadas, Nevaldo já viu muitos impérios empresariais ruírem por dentro
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