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A novidade no libreto da renegociação das dívidas dos governos estaduais foi a atitude corajosa do governador em exercício Francisco Dornelles ao precipitar o processo com a decretação do estado de emergência econômica. O resto estava escrito. Tudo o mais, incluindo o teto de despesas e a privatização como contrapartida – ver RR na edição de 6 de abril –, podia ser encontrado nos alfarrábios de Joaquim Levy e Nelson Barbosa. Lancetar o tumor, contudo, faz toda a diferença. Se o abscesso não fosse exposto por Dornelles, permaneceria encruado, assim como o roteiro para o alongamento do passivo bem guardado na gaveta da Fazenda. Reconhecimento seja feito ao barítono Henrique Meirelles por conduzir com sutileza a liturgia operística da dívida estadual. Não obstante sua vocação nata para dar um caráter marcial a qualquer anúncio, o ministro retirou da medida acentos adicionais de tragicidade macroeconômica. Ficou o dito pelo não dito que os R$ 50 bilhões parcelados até 2018 com seis meses de carência nem sequer resvalarão no déficit primário previsto para o mesmo período. O crédito pela diástole nas contas dos governos estaduais vai para o ministro da Fazenda. Ninguém interpreta Henrique Meirelles como Henrique Meirelles.
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