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Por inépcia do governo, um dos mais importantes projetos da área de defesa, fundamental para o complexo trabalho de vigilância das fronteiras, está sendo empurrado para um futuro incerto. Trata-se do programa de “Sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação para a defesa e proteção da Amazônia”, desenvolvido no âmbito do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Sua implantação parecia líquida e certa. No ano passado, o projeto, de aproximadamente US$ 1 bilhão, foi incluído na incensada lista de acordos multissetoriais de mais de US$ 50 bilhões firmados entre o Brasil e a China. Puro tiro de festim. A exemplo da maior parte dos investimentos alinhavados entre Dilma Rousseff e o primeiro-ministro Li Keqiang, virou um acordo para chinês ver e brasileiro desperdiçar. Um ano depois, o governo Dilma ainda não teria apresentado todas as contrapartidas necessárias para garantir o financiamento de agências de fomento chinesas e viabilizar o protocolo de cooperação e transferência de tecnologia. Desde maio do ano passado, quando o ministro da Ciência, Tecnologia e Defesa da China, Xu Dhaze, visitou o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), em Brasília, e posou para as fotos de praxe com o então congênere Jaques Wagner, pouco ou nada andou nas discussões entre os dois países. Ao longo do segundo semestre, técnicos chineses estiveram no Brasil em reuniões preliminares no Ministério da Defesa e na Aeronáutica. Na ocasião, ficou acertada para os meses seguintes a viagem de engenheiros e oficiais da Força Aérea a Pequim. No entanto, nada ocorreu. Como se não bastassem os cortes no orçamento, que ceifaram quase 30% dos recursos do Ministério da Defesa, o projeto se perdeu na incapacidade e imperícia do governo. O que está em jogo é um significativo salto tecnológico no monitoramento de quase sete mil quilômetros de área fronteiriça em uma região marcada por tráfico de drogas, atuação de guerrilhas – caso especificamente das Farc –, contrabando, comércio ilegal de animais, desmatamento, entre outros crimes. O novo sistema de “Sensoriamento remoto” é fundamental para aperfeiçoar e agilizar a coleta de imagens e identificar movimentações atípicas de pessoas e veículos em áreas de fronteira. Seu atraso compromete o desenvolvimento do Sipam, que congrega uma ampla base de dados, colhidos por meio de satélites, radares, estações meteorológicas, além de informações obtidas pelos serviços de inteligência das Forças Armadas.
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