Mattel amplia denúncias contra o “cartel da Abrinq”

  • 24/07/2015
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Com quantas bonecas, carrinhos de corrida e jogos de tabuleiro se monta um cartel no Brasil? A Mattel garante ter todas as peças necessárias para compor o quebra-cabeça e responder a essa pergunta. Desde 2006, a companhia bombardeia os fabricantes de brinquedos nacionais e a Abrinq – entidade presidida pelo eterno Synesio Batista da Costa, no cargo há quase duas décadas -, a quem acusa de patrocinar um esquema de cartelização. Esta guerra, travada no front do Cade, terá na próxima semana uma batalha que os norte-americanos classificam como decisiva para dar um “vai ou racha” nessa história. Na quartafeira, dia 29, o órgão antitruste vai retomar o julgamento do processo nº 08012.009462/ 2006-69, parado desde maio do ano passado. Até o momento, a Mattel perde o jogo: três conselheiros já se decidiram pelo arquivamento da ação. Faltam quatro votos. A virada é difícil, mas, nos últimos meses, os norte-americanos reforçaram as denúncias contra a Abrinq e seus associados – fator que teria levado o presidente do Cade, Vinícius Carvalho, a pedir vistas e interromper o julgamento. A Mattel reuniu evidências de que as principais empresas do setor teriam adotado novas práticas de cartel mesmo após a abertura das investigações na Secretaria de Direito Econômico, que deram origem ao processo no Cade. Procurada pelo RR, a Mattel disse que “não se pronuncia sobre andamentos processuais”. Já a Abrinq não quis se manifestar sobre o assunto. A Mattel nunca teve vida fácil no Brasil. Em 2006, levou um duro golpe, quando o Ministério do Desenvolvimento cancelou licenças de importação de brinquedos que já estavam aprovadas em favor dos norte-americanos, impondo sérios prejuízos ao grupo. Foi, então, que a guerra começou. A companhia reagiu e gravou uma reunião na Abrinq em que Synesio Batista e outros dirigentes do setor teriam combinado alíquotas de importação, supostamente com a anuência do próprio Ministério. Além da influência sobre as autoridades da área de comércio exterior, a Mattel teria provas da pressão imposta pelos fabricantes nacionais a redes varejistas, com combinação de preços, venda casada de produtos e até boicotes orquestrados a distribuidores que ousassem furar o bloqueio. Com a palavra, o Cade.

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