Por que o BNDES esconde sua última letra?

  • 3/06/2015
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O cavalo encilhado da transparência social está passando, mais uma vez, a  frente de Luciano Coutinho, sem que este aproveite a oportunidade para montálo. A demonstração de que o “S” não é apenas um apêndice fora de lugar no acrônimo BNDES mataria dois coelhos com uma só cajadada. O banco entregaria, com sobras, o disclosure exigido e criaria uma nova metrificação para a análise do retorno das suas operações para a sociedade. É consenso entre os de boafé que não cabe a  agência de fomento revelar detalhes dos projetos e pedidos de financiamento que lhe são encaminhados, sob pena de instituir uma assimetria de informações em relação a  concorrência. O custo de pedir dinheiro ao BNDES seria a fragilização da capacidade de competição do tomador de recursos. A hipocrisia é preconizar que, em nome da transparência e da condenação do subsídio, seriam entregues somente alguns ovos, quando, na realidade, não só os ovos, mas também a galinha, o galinheiro e toda a cadeia de geração de valor seriam dizimados. O que Luciano Coutinho poderia fazer para calar os fariseus seria surfar mais alto na onda do disclosure. Não consta que o BNDES tenha qualquer relatório de prestação de contas do impacto social dos projetos financiados individualizados. A proposta seria o banco ir além e divulgar o compromisso das empresas com a produção de resultados, nos mais diversos segmentos de interesse da sociedade. Entram neste baralho geração de empregos, impostos, divisas, investimentos em inovação, controle de emissão de gases poluentes, benefícios a  comunidade, desenvolvimento regional, melhorias de infraestrutura etc. Quanto maior o número de indicadores melhor a capacidade de avaliação do retorno social de cada projeto. Esses seriam os verdadeiros “cavalos vencedores”. O banco deve estar repleto deles. É elogiável a iniciativa do balanço social made in BNDES, anunciado ontem por Luciano Coutinho. Melhor seria, no entanto, se a instituição divulgasse o valor agregado de cada projeto, timtim por tim-tim. O maior equívoco do banco é não permitir que os benefícios da sua atuação possam ser julgados conforme os melhores critérios. Parece até que o BNDES não quer desmontar o lobby favorável a sua desconstrução.

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