União Química e Biolab acirram litígio entre irmãos

  • 28/04/2015
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O sonho de João de Castro Marques, um dos nomes mais importantes da história da indústria farmacêutica nacional, era deixar uma empresa para cada um dos seis filhos. Para três deles, no entanto, ainda que involuntariamente, acabou entregando uma bomba-relógio. O contencioso entre os irmãos Fernando, Cleiton e Paulo de Castro Marques – que, desde 2008, duelam nos tribunais devido ao descruzamento de suas participações nos laboratórios União Química e Biolab – ganhou um novo capítulo. Acionista do Biolab, com 27,5%, Fernando estaria tentando barrar, na Justiça, os dois principais projetos em curso na companhia, controlada pela dupla Paulo e Cleiton. Seu objetivo seria suspender a construção de uma fábrica em Minas Gerais, orçada em R$ 200 milhões, e a participação do Biolab no Orygen, laboratório de biotecnologia criado nos tubos de ensaio do BNDES. As tensões entre os irmãos vêm de longa data. No entanto, a presença do patriarca sempre impediu que o vulcão entrasse em erupção. Após o falecimento de João de Castro Marques, em 2005, a lava começou a escorrer e logo chegou a  Justiça. No momento, quem trabalha para esquentar a temperatura é Fernando de Castro Marques. Para ele, os investimentos na fábrica mineira e no Orygen seriam lesivos ao Biolab. Fernando argumenta ainda que os dois projetos teriam sido feitos a sua revelia. Pelo acordo de acionistas do Biolab, o empresário tem direito a veto sobre qualquer desembolso superior a R$ 20 milhões. Ou melhor: tinha. No fim de 2012, Cleiton e Paulo conseguiram, na Justiça, afastar o irmão da gestão da companhia. Para Cleiton e Paulo de Castro Marques, é como se Fernando tivesse colocado um bode na sala com o intuito de cobrar caro para tirá-lo. Por cobrar entenda-se o dote exigido pelo empresário para entregar aos irmãos sua fatia no Biolab. Mas, afinal, quanto vale o caprino? Há dois anos, Cleiton e Paulo ofereceram o equivalente a US$ 70 milhões pela participação de 27,5%. Fernando teria exigido algo próximo de US$ 600 milhões. Procurado, Fernando de Castro Marques informou que “não detém qualquer poder de veto, enquanto sua participação na Biolab estiver suspensa por determinação judicial.” O empresário garantiu ainda que não tem interesse em vender sua participação na Biolab. No outro lado da moeda, haveria também divergências em relação ao valor da participação de Paulo e Cleiton de Castro Marques na União Química, controlada por Fernando. A dupla é dona de 35% da empresa. Aliás, por uma incrível coincidência – ou não, como diria Caetano – a companhia participa do capital do outro laboratório de biotecnologia criado sob os auspícios do BNDES, o Bionovis. Ou seja: basta um pequeno movimento para que Paulo e Cleiton respondam a  manobra jurídica de Fernando no melhor estilo olho por olho, dente por dente, brecando a participação da União Química no projeto.

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